sistema prisional paulista transformações e perspectivas
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Conselho Penitenciário do Estado - COPEN<br />
ANO 1 – nº 01<br />
Agosto/2011<br />
As idéias e opiniões expressas nos artigos são de exclusiva responsabilidade dos<br />
autores, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Conselho Editorial.<br />
mortos, 25 presos feridos, 3 funcionários mortos, outros 3 feridos. No dia seguinte nova<br />
fuzilaria, com mais doze feridos.<br />
[ ... ]<br />
Teriam os presos imaginado que veriam descer dos céus o helicóptero salvador? Se<br />
imaginavam, estavam enganados. A polícia de São Paulo, em seus vários<br />
departamentos, desde os homens de boina preta da ROTA aos desleixados paisanos do<br />
grupo de ‘tiras’ do DOPS, tem-se caracterizado pela exemplaridade das respostas dadas<br />
às manifestações dos marginais. Exemplar, é claro, quer dizer matar, e a tradição seria<br />
mantida nesse motim. No telhado do Pavilhão 2, no início de tarde de segunda-feira,<br />
jaziam os cinco fugitivos remanescentes mais um refém atingido por engano por um dos<br />
atiradores de elite da PM postado no prédio em frente (p. 24-26).<br />
Entre as pessoas mantidas como reféns pelos presos, sob ameaça das armas,<br />
encontrava-se Walter Erwin Hoffgen, então Diretor de Segurança da Casa de Detenção, o qual<br />
posteriormente foi Diretor Geral da Penitenciária do Estado e atualmente é Assessor Técnico<br />
de Gabinete na Secretaria da Administração Penitenciária. Durante sua vida funcional<br />
Hoffgen trabalhou na Casa de Detenção por mais de duas décadas. Narrou-nos ele, em<br />
conversa recente, os momentos de angústia vividos sobre a marquise do Pavilhão 2; o<br />
sentimento de impotência e desespero ao ver seu colega, agente Valmir, cair ao seu lado,<br />
atingido por disparo realizado pelo atirador da Polícia Militar; e demonstra ainda sentir a<br />
perda, também, dos companheiros Santiago e Adão (os três eram agentes de segurança<br />
penitenciária). Os dois últimos foram baleados e mortos pelos presos, quando estes invadiram<br />
o refeitório, no início da insurreição.<br />
A Casa de Detenção possuía 7 pavilhões que abrigavam presos: 2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.<br />
No denominado Pavilhão 1 funcionava a administração do presídio e o Pavilhão 3 nunca<br />
existiu (seria construído no espaço que, tempos depois, passou a ser conhecido como<br />
“Divinéia”) 7 . O excesso de presos em todos eles, os problemas decorrentes da superlotação,<br />
os efeitos produzidos pela ociosidade, bem como a deficiente assistência (jurídica, médica,<br />
material, social, religiosa etc), teriam sido as causas do evento. Durante os acontecimentos<br />
viam-se faixas fixadas nas janelas do presídio exigindo o afastamento do Juiz da Vara das<br />
Execuções e reivindicando “unificação de penas”.<br />
7 Entre maio de 1974 e janeiro de 1975 a Rede Globo de Televisão transmitiu a novela Fogo Sobre Terra, cuja trama transcorria num<br />
povoado chamado Divinéia. Naquela época presos e funcionários da Casa de Detenção, passaram a denominar “Divinéia” quando se<br />
referiam ao espaço existente entre os Pavilhões 2 e 4, e o nome pegou. Essa foi a origem da denominação, conforme nos narrou Walter Erwin<br />
Hoffgen, segundo o qual, naquele espaço conhecido por “Divinéia”, eram realizados todos os desembarques e embarques dos presos que<br />
chegavam ou saíam da Casa de Detenção.<br />
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