You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
alneário construído em 1940.<br />
Refere mais:<br />
Penamacor: “Distante huma legoa de Penamacor<br />
no lugar de Águas de vinte a trinta fogos, desviado<br />
delle cousa de hum tiro de bala nasce<br />
horizontalmente debaixo d’huma rocha pouco mais<br />
ou menos de hum annel d’água clara, com cheiro<br />
hepatico que longe do sitio se percebe: sabor,<br />
semelhante: de calor cerca de 67gr, de F. ou de 15 1/<br />
2 de R. Deixa por onde corre deposito ou lodo fusco,<br />
e tem no mesmo sitio <strong>da</strong> nascente hum pequeno poço<br />
que apenas cobre meio corpo, aonde sem reparos<br />
nem cautela alguma tomão banhos, de cujo uso ain<strong>da</strong><br />
assim narra o povo bons effeitos, dos que são<br />
proprios <strong>da</strong>s águas sulfureas como esta he”.<br />
Unhaes <strong>da</strong> Serra: “Três legoas ao S. O. <strong>da</strong> Covilhã<br />
tambem citado por F. Henriques, denominando-a<br />
Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Covilham, no lugar de Unhaes <strong>da</strong> Serra,<br />
onde “ha hurra fonte de agoa sulphurea, que deti<strong>da</strong><br />
em hum tanque em que se tomão banhos, he remédio<br />
de achaques frios de juntas e nervos; porque cura<br />
gotta arthetica, tolhimentos de braços e pernas; e<br />
assim tambem costuma curar os achaques cutaneos,<br />
como proidos, impigens, bustellas, e uzagres;<br />
segundo as experiencias que nos communicarão; em<br />
consideração <strong>da</strong>s quaes entedemos, que tambem<br />
serão utteys estes banhos, para parlisias, estupores,<br />
vertigens, debili<strong>da</strong>de de estomago, e outros achaques<br />
semelhantes, em que devem uzar-se com prudencia,<br />
e curiosi<strong>da</strong>de, afim de alcançar quaes serão as<br />
virtudes desta agoa que só pelos effeytos se<br />
reconhecem” (9) .<br />
Francisco Tavares termina a sua descrição de<br />
águas com a <strong>da</strong>s Zebras: “a L. de Castello Novo,<br />
entre a I<strong>da</strong>nha e Alpedrinha, e ao S. E. desta última,<br />
Comarca de Castello Branco, junto aos cazaes de<br />
Zebras e de Monte do mesmo nome ha huma Fonte<br />
a que denominão Santa que he sulfurea fria, de cuja<br />
agua se servem os Pastores para curar <strong>da</strong> sarna os<br />
gados e cães, lavando-os; e he provavel que assim<br />
como as suas semelhantes, possa utilizar em bebi<strong>da</strong>,<br />
e em banho quente dos enfermos que necessitão de<br />
hum tal auxilio”.<br />
Concluindo, o autor escreve: “As águas minerais,<br />
pois, merecem ser considera<strong>da</strong>s como remédio de<br />
maior extensão e apropriado a quase to<strong>da</strong>s as<br />
doenças crónicas, e muitas vezes no fim <strong>da</strong>s<br />
agu<strong>da</strong>s” (10)<br />
“At last, but not at least”, as Águas do Alardo<br />
(Castelo Novo) águas de mesa, fracamente<br />
mineraliza<strong>da</strong>s; provocando aumento de diurese e<br />
com subsequente eliminação dos produtos tóxicos,<br />
diminuindo a taxa de ureia nos auto-intoxicados,<br />
melhorando as cárdio-nefrites com albuminúria e<br />
azotúria. Indicações e terapêuticas: rins, diabetes e<br />
afecções hapáticas.<br />
Na introdução <strong>da</strong> obra de Ramalho Ortigão<br />
21<br />
intitula<strong>da</strong> “Banhos de Cal<strong>da</strong>s e águas minerais”,<br />
deparamos com as seguintes palavras de Júlio César<br />
Machado: “Sempre que temos sido grandes, o<br />
havemos devido às águas. Mas agora já seria<br />
caturreira querermos ser heróis por ter an<strong>da</strong>do ao<br />
de cima delas; façamos melhor: bebamo-Ias!...”<br />
Sabemos como são abun<strong>da</strong>ntes na Beira as<br />
nascentes termos-medicinais, e podemos seguir o<br />
conselho.<br />
Porém o uso mais antigo <strong>da</strong>s águas termais como<br />
remédio, foi o banho, sendo o seu uso em bebi<strong>da</strong><br />
muito posterior. No número dos banhos entra o de<br />
vapor de água termal.<br />
E é <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> água sob a forma de banhos<br />
de vapor que R. Sanches faz a apologia, para a<br />
conservação <strong>da</strong> saúde, como “remédio contra a<br />
fadiga, o cansaço do suor, contra a comichão,<br />
reumatismos, sarna e outros males” (11) . “O uso do<br />
banho de vapor <strong>da</strong> água quente parcial ou aquelles<br />
membros aonde he necessário relaxar a pelle, abrir<br />
os poros, e augmentar a transpiração na parte, e<br />
promover o suor, he de tempo immemorial. Das<br />
conheci<strong>da</strong>s vantagens do vapor applicado<br />
parcialmente se passou em casos análogos à sua<br />
applicação geral ou a todo o corpo; e dos vapores <strong>da</strong><br />
simples água aos <strong>da</strong>s águas thermaes, cujas virtudes<br />
experimenta<strong>da</strong>s nos banhos de immersão<br />
autorisarão as esperanças do beneficio dos seus<br />
vapores”. (12) .<br />
Parafraseando Ramalho Ortigão, na obra já cita<strong>da</strong>,<br />
a nossa obrigação como viventes é a vi<strong>da</strong>. (13)<br />
E a água pode muito no Governo do corpo, já o<br />
afirmava Fonseca Henriques. (14)<br />
Segue-se a apologia dos banhos de vapor feita por<br />
R. Sanches.<br />
Notas Bibliográficas<br />
(1) -Luís de Pina, <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong><br />
em Portugal, “Imprensa Médica”, Lisboa, 1956, p.<br />
(2) -Biblioteca Pública de Braga, (Arquivo Distrital<br />
de Braga-Universi<strong>da</strong>de do Minho)<br />
(3) - A. Nunes Ribeiro Sanches, ms. cit., fls.12.<br />
(4) - Manuel Ferreira de Mira, <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong><br />
Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional de Publ.,<br />
1947,p182.<br />
(5) - M.F. de Mira, ob. cit., pp. 9-10<br />
(6) - Francisco <strong>da</strong> Fonseca Henriques, “Aquilégio<br />
<strong>Medicina</strong>l”, Lisboa Oc., Off. <strong>da</strong> Musica, 1726 pp. 4546.<br />
(7) - Francisco Tavares, Instrucções e cautelas<br />
práticas sobre a natureza, diferentes espécies,<br />
virtudes em geral e uso legítimo <strong>da</strong>s águas minerais.<br />
Coimbra, 1810, Ip., pp. 83-85; Ilp. pp.69-71.