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Você conseguiu construir personagens inesquecíveis em sua tragetória. Piratas do<br />
Tietê e os Gatinhos são apenas alguns exemplos deste universo. Como se dá o<br />
nascimento destas criaturas?<br />
Não sinto que a criação de personagens seja a parte mais forte no que eu faço. Mantive<br />
vários deles meio que por conveniência, porque, no contexto dos quadrinhos,<br />
personagens são um elemento muito reconhecido. Em geral, minhas melhores<br />
experiências são personagens que nasceram dentro de histórias, em situações onde<br />
faziam sentido naquele momento. Alguns deles sobreviveram a esse momento e tiveram<br />
uma certa vida..<br />
Você sempre diz que utiliza personagens clichês, mas acho todos eles únicos. Como<br />
o clichê assume esse perfil diferenciado?<br />
Em personagens como os Piratas, Deus, Overman, usei a representação mais comum em<br />
que pude pensar. Minha intenção era a de que os leitores não tivessem a menor<br />
hesitação em fazer uma classificação inicial da idéia. O que se passa a seguir é um jogo<br />
que me agrada muito: transformar, transportar conteúdos, trocar significados. Fazer dos<br />
Piratas moradores da megalópole atual, de Deus uma pessoa comum, de um super-herói<br />
alguém inserido no cotidiano prosaico.<br />
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Fale sobre "Deus segundo Laerte".<br />
Como disse, parti do deus único da mitologia católica, da representação arquetípica de<br />
um velho senhor todo-poderoso, e tratei-o como uma pessoa comum, com reações que<br />
misturam a metafísica e as terrenidades. Outros elementos da mitologia e da história das<br />
religiões acabaram frequentando as histórias: santos, anjos, demônios, Jesus, Buda etc.<br />
As reações - vindas de pessoas de várias correntes religiosas - a esse trabalho, foram<br />
muito positivas, em geral..<br />
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E a parceria com o Glauco e o Angeli?<br />
Conheci o Angeli antes, quando nós dois começávamos a publicar por aí. O Glauco<br />
apareceu num dos primeiros salões de humor em Piracicaba e logo sentimos uma<br />
identificação forte com ele. O Angeli foi quem criou os veículos da nossa parceria - na<br />
Folha de São Paulo e na Chiclete com Banana.<br />
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Com toda tecnologia atual, o que mudou no mundo das ilustrações.<br />
Pergunta difícil, pra mim. Melhor perguntar para um ilustrador. Sou autor de pouca<br />
técnica… Pra mim, a tecnologia teve maior importância na agilidade com que passei a<br />
fazer e enviar meus trabalhos. Na possibilidade de trabalhar em casa, por exemplo.<br />
Qual o melhor caminho para cartunistas iniciantes?<br />
Não sei responder de modo genérico. Prefiro ver o trabalho do iniciante e dar meus<br />
palpites. Varia muito, essa é a verdade.<br />
Quais os próximos projetos do Laerte? O que está por vir?<br />
Não tenho mais projetos, Fábio. O que está por vir é o que já está vindo…<br />
Beijo!<br />
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