grupo bom jesus de alcoólicos anônimos - existe uma solução
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Experiências pessoais - Tábua <strong>de</strong> salvaçăo<br />
Tábua <strong>de</strong> salvaçăo<br />
O meu percurso com o álcool começou muito cedo. Lembro-me <strong>de</strong>, aos 17 anos, ter bebido muito<br />
no casamento <strong>de</strong> minha irmă e <strong>de</strong> todas as peripécias disparatadas que fiz, alcoolizado, durante e<br />
<strong>de</strong>pois da festa. A partir daí, com a vida militar e a ida ao Ultramar, a minha vida foi piorando.<br />
Todas as situaçőes me serviam <strong>de</strong> pretexto para beber e năo conseguia controlar o meu consumo.<br />
Quando regressei, abran<strong>de</strong>i ligeiramente, pois tinha que refazer a minha vida, só que năo<br />
conseguia controlar. Casei e fui pai mas, nunca <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> beber como alcoólico, porque năo<br />
conseguia beber socialmente. Quando começava nunca parava, e já o fazia a toda a hora.<br />
Arranjava sempre <strong>de</strong>sculpas para me isolar ou ausentar para po<strong>de</strong>r beber. Para resolver os meus<br />
problemas, bebia primeiro e só <strong>de</strong>pois é que me sentia em condiçőes. Começaram as<br />
insanida<strong>de</strong>s, os problemas em casa <strong>de</strong>vido à bebida, os aci<strong>de</strong>ntes e o medo <strong>de</strong>, em cada curva da<br />
estrada estar <strong>uma</strong> autorida<strong>de</strong>, o que me aconteceu alg<strong>uma</strong>s vezes. Com a ajuda do meu Po<strong>de</strong>r<br />
Superior, que nunca me abandonou, percebi que assim năo era vida para mim, que tinha que<br />
mudar <strong>de</strong> caminho. Foi entăo que vi, na igreja que frequento, o número <strong>de</strong> telefone <strong>de</strong> Alcoólicos<br />
Anónimos, para o qual liguei. Pensei que talvez fosse essa a minha tábua <strong>de</strong> salvaçăo.<br />
Fui assistir a <strong>uma</strong> reuniăo e, logo na abertura, disseram-me que eu era a pessoa mais importante<br />
nessa reuniăo. Năo percebi, pois ninguém me conhecia mas, nas suas partilhas, as pessoas que<br />
lá estavam falavam como se me conhecessem pois, o que diziam tocava-me imenso. Parecia que<br />
a minha vida estava ali a ser relatada, mas năo. O que ali estava a ser dito, era a vida <strong>de</strong> todos os<br />
<strong>alcoólicos</strong>. Falaram-me ainda, em olhar para as semelhanças e năo para as diferenças. Eu, que<br />
tinha ido para ver se tinham alg<strong>uma</strong> coisa como "comprimidos, chá, etc., para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> beber,<br />
afinal só ouvia falar. Porém, quando a reuniăo acabou sentia-me outra pessoa. Resolvi voltar e<br />
ainda bem, pois já lá văo alg<strong>uma</strong>s '24 horas' sem beber. A primeira coisa que tive <strong>de</strong> reconhecer e<br />
aceitar, foi a minha impotência perante a bebida e que a minha vida se tinha tornado ingovernável.<br />
Aprendi também que, quando <strong>de</strong> manhă me levantava com a ressaca e culpava sempre o último<br />
copo ou alg<strong>uma</strong> mistura que tinha feito, estava completamente errado pois, o que me fazia mal<br />
era, sempre e só, o primeiro copo. A partir <strong>de</strong>sse momento, fui adiando sempre o primeiro copo<br />
por 24 horas. Se alg<strong>uma</strong> vez năo conseguia, dividia <strong>de</strong> 12 em 12 ou <strong>de</strong> 6 em 6 horas e assim<br />
sucessivamente. Também aprendi que posso utilizar diversas "ferramentas" do programa <strong>de</strong><br />
Alcoólicos Anónimos, como o telefone para pedir ajuda quando necessário, o meu padrinho <strong>de</strong> AA<br />
para me aconselhar e, principalmente, as reuniőes, pois só um alcoólico compreen<strong>de</strong> outro<br />
alcoólico.<br />
Hoje compreendo quăo <strong>bom</strong> é estar em sobrieda<strong>de</strong>.<br />
Arnaldo - Área 6<br />
Experiências pessoais - Guia para a liberda<strong>de</strong><br />
Guia para a liberda<strong>de</strong><br />
Nos primeiros dias <strong>de</strong> sobrieda<strong>de</strong>, a incerteza dos passos seguintes reavivaram-me os fantasmas<br />
<strong>de</strong> trinta anos <strong>de</strong> alcoolismo. Foi um sofrimento que tive muita dificulda<strong>de</strong> em suportar - foi isto que<br />
mais me custou. Dividido entre um mau passado e a dúvida das vinte e quatro horas seguintes,<br />
vou tentar abrir as portas da memória, com a certeza <strong>de</strong> que quando entrei em Alcoólicos<br />
Anónimos, entrei n<strong>uma</strong> nova vida. O companheirismo em AA, aparentemente tímido e frágil,<br />
ajuda-me a <strong>de</strong>struir as duras carapaças que o álcool me vestiu. Preciso <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a rir, a chorar,<br />
a pensar e a falar com o coraçăo, a apreciar as pequenas coisas da vida. Vinte e quatro horas<br />
após vinte e quatro horas <strong>de</strong> sobrieda<strong>de</strong>, vou buscar um pedaço da vida que perdi, com excepçăo<br />
das várias fazes <strong>de</strong> crescimento da minha filha, <strong>de</strong> que năo tenho memória, embora estivesse