grupo bom jesus de alcoólicos anônimos - existe uma solução
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nada e ela, sozinha, lamentava a sua sorte por ter um filho perdido na vida. Era mentiroso por<br />
natureza e tudo era fácil, pensava eu, mas estava enganado.<br />
Quando fui para a tropa em Paço <strong>de</strong> Arcos, foi o <strong>de</strong>scalabro total. Fora da família e sem ter<br />
ninguém para me controlar, bebia <strong>de</strong> tudo, dia e noite. Quando regressei à terra continuei<br />
bebendo. Casei e năo me lembro <strong>de</strong>sse tempo pois passei-o no "escuro", sem ver nada nem<br />
ninguém. A minha mulher tinha a esperança <strong>de</strong> que eu um dia parasse. Nasceu um filho e<br />
continuei bebendo <strong>de</strong>salmadamente. A minha vida era comandada pelo álcool. Já estava doente e<br />
<strong>de</strong> manhă tremia muito. Tinha que beber para que o meu corpo parasse <strong>de</strong> tremer, para conseguir<br />
trabalhar. Meu Deus! Eu já năo era h<strong>uma</strong>no, era um vegetal. Lutava, năo contra o álcool mas para<br />
conseguir algo que nem sabia o quê - só via a garrafa.<br />
Até que um dia alguém ou um Po<strong>de</strong>r Superior me <strong>de</strong>u a măo e me puxou <strong>de</strong>sse poço em que<br />
anos e anos an<strong>de</strong>i mergulhado. Aconselhado por um médico, pedi ajuda e fui internado num<br />
Centro <strong>de</strong> Alcoologia, on<strong>de</strong> estive quatro semanas. Foi o inicio da minha recuperaçăo. Quando saí<br />
vinha confuso, <strong>de</strong>sorientado e năo sabia o que fazer. Foi entăo que fui a <strong>uma</strong> reuniăo e conheci<br />
Alcoólicos Anónimos. Entrei n<strong>uma</strong> sala cheia <strong>de</strong> caras risonhas e alegres enquanto eu estava<br />
cheio <strong>de</strong> medo e vergonha, o que me fez muita confusăo. Um companheiro <strong>de</strong>u-me as boas<br />
vindas, conversou comigo um bocado e fiquei mais à vonta<strong>de</strong>. Ouvi muitas partilhas e fiquei a<br />
pensar naquilo que tinha ouvido.Mas as primeiras reuniőes năo me faziam sentido, achava que<br />
aquilo năo era para mim, que ali năo era o meu lugar e como era óbvio voltei a beber. Novamente<br />
a minha mulher ficou <strong>de</strong>stroçada mas eu năo queria saber. Para mim, era a bebida quem<br />
mandava. Entăo, Deus teve dó <strong>de</strong> mim e tornei a ir às reuniőes. Tive a humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir ajuda<br />
para trabalhar o programa <strong>de</strong> AA. Assumi a minha impotência perante o álcool e que a minha vida<br />
se tinha tornado ingovernável. Comecei a fazer serviço no <strong>grupo</strong>: fazia o café, limpava a sala e<br />
sentia-me bem. Pela primeira vez na vida estava a ser útil em alg<strong>uma</strong> coisa. Alguém estava a<br />
acreditar em mim e isso era muito <strong>bom</strong>. Sentia-me outra pessoa. Aprendi a ter fé e a ser humil<strong>de</strong><br />
perante mim e perante os outros.<br />
Pela primeira vez na vida estava a ser útil em alg<strong>uma</strong> coisa.<br />
Hoje sou diferente, sou mais h<strong>uma</strong>no. Aprendi a viver um dia <strong>de</strong> cada vez. Năo prometo nada a<br />
ninguém mas sei que quero ser melhor. Hoje o meu filho é um homem e orgulha-se do pai que<br />
tem. Já năo se escon<strong>de</strong> com vergonha <strong>de</strong> mim, vem ter comigo e dá-me um beijo. Como é <strong>bom</strong><br />
sentir o amor do meu filho! Mas choro porque a minha măe já morreu e nunca lhe pedi perdăo pelo<br />
que a fiz sofrer. Sempre que acaba <strong>uma</strong> reuniăo, ao dizer a nossa Oraçăo da Serenida<strong>de</strong> penso<br />
que talvez se orgulhe do seu filho.<br />
Todos os dias agra<strong>de</strong>ço a Deus, como eu O concebo, e a AA por me terem dado esta<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> novo. Faço serviço no meu <strong>grupo</strong> e tento fazer cada dia melhor. Só<br />
assim vou dando mais um passo na minha sobrieda<strong>de</strong>.<br />
Hoje sou feliz graças a Alcoólicos Anónimos e ao meu Po<strong>de</strong>r Superior e peço-Lhe que, aon<strong>de</strong> haja<br />
um alcoólico a sofrer, que a măo <strong>de</strong> AA esteja perto para ajudá-lo como aconteceu comigo. Por<br />
tudo o que passei, hoje digo que vale a pena lutar. Lutei mas vivi e vivo cada dia com o programa<br />
<strong>de</strong> recuperaçăo que me <strong>de</strong>ram com amor em AA.<br />
Pires - Ilha Terceira / Açores<br />
Experiências pessoais - Um dia <strong>de</strong> cada vez<br />
Um dia <strong>de</strong> cada vez