grupo bom jesus de alcoólicos anônimos - existe uma solução
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nas da melhor forma: procuram um convívio são, com familiares e amigos, reencontram-se com o<br />
seu Po<strong>de</strong>r Superior, apaziguam-se; outros, esgotam a sua agonia na embriaguez das noites e nas<br />
ressacas das manhãs, como eu o fiz durante alguns anos.<br />
Regressei pois <strong>de</strong>ssa pausa que, este ano, foi mais <strong>uma</strong> fuga para o <strong>de</strong>serto. Bem po<strong>de</strong>ria ser<br />
aquele lugar <strong>de</strong>sconcertante, on<strong>de</strong> o povo <strong>de</strong> Israel procurava e encontrava Deus <strong>de</strong>safiando as<br />
forças mais adversas e on<strong>de</strong> Jesus se submeteu, durante quarenta dias e quarenta noites, a<br />
privações re<strong>de</strong>ntoras; aquele <strong>de</strong>serto, on<strong>de</strong>, resistindo à tentação satânica, confirmou a Sua força<br />
interior.<br />
Fugi para o <strong>de</strong>serto, também eu, e <strong>de</strong>frau<strong>de</strong>i o contacto com Alcoólicos Anónimos, durante trinta e<br />
seis dias. O bem e o mal lá estavam, <strong>de</strong>batendo-se com ferocida<strong>de</strong>, afrontando dia a dia, hora a<br />
hora, a minha parca resistência ao orgulho, à ambição, ao egoísmo, ao álcool.<br />
Regressei <strong>de</strong>primida, apesar da abstinência. Uma <strong>de</strong>pressão dimanante, por um lado, <strong>de</strong>sse<br />
confronto <strong>de</strong> consciência com os meus comportamentos ten<strong>de</strong>ncialmente compulsivos para o<br />
trabalho, para o isolamento, para o sucesso, para a insatisfação; <strong>uma</strong> <strong>de</strong>pressão agravada pela<br />
letargia perante um programa que <strong>de</strong>scui<strong>de</strong>i, perante a falta <strong>de</strong> reuniões e dos meus<br />
companheiros.<br />
I<strong>de</strong>ntifico agora claramente, a necessida<strong>de</strong> incontornável <strong>de</strong>sse acompanhamento no meu<br />
processo <strong>de</strong> recuperação. A leitura que faço dos dias - em que me distanciei <strong>de</strong> tudo e <strong>de</strong> todos<br />
com quem reaprendi a viver - tem <strong>de</strong> ser só <strong>uma</strong>: quando partir <strong>de</strong> novo para o <strong>de</strong>serto, terei <strong>de</strong><br />
levar na mala três instrumentos elementares: Deus, a literatura <strong>de</strong> AA e formas <strong>de</strong> contacto com<br />
quem me percebe e sabe ouvir.<br />
Fátima<br />
Área 7<br />
Senti que já nada me valia<br />
Recordo que quando cheguei aos Alcoólicos Anónimos, tinha consciência <strong>de</strong> que o álcool<br />
<strong>de</strong>struíra a minha vida.<br />
O admitir que eu era impotente perante o álcool foi algo que não me custou, pois sabia que, ao fim<br />
<strong>de</strong> beber “uns copos”, não conseguia controlar-me… a mim nem a nada mais. Nos momentos em<br />
que estava sóbrio, dava comigo a pensar e a dizer que todos os meus problemas <strong>de</strong>rivavam do<br />
álcool mas, quando saía <strong>de</strong> casa, começava a manipular o meu próprio pensamento e o resultado<br />
era sempre o mesmo: ir beber uns copos. Inventava mil e <strong>uma</strong> <strong>de</strong>sculpas para me embebedar. Ao<br />
fim <strong>de</strong> algum tempo começou a vir o álcool matinal, o que foi o início da queda para o fundo do<br />
meu poço. Quando comecei a beber <strong>de</strong> manhã, <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> ter a noção do que fazia, do que dizia,<br />
enfim comecei a per<strong>de</strong>r todas as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa dita normal. No meu percurso<br />
consumidor <strong>de</strong>ixei um rasto <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição.<br />
Por vezes, custa-me a acreditar que tenha sido eu a fazer todas aquelas insanida<strong>de</strong>s. Recordo-me<br />
<strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa, com ou sem dinheiro, e <strong>de</strong> regressar perdido <strong>de</strong> bêbado, <strong>de</strong>ixando dívidas em<br />
cafés, restaurantes e junto dos amigos dos copos. A minha vida chegou a um ponto em que <strong>de</strong>ixei<br />
<strong>de</strong> ter coragem para sair à rua, por vergonha, medo e outros sentimentos estranhos que, naquela<br />
fase, se instalaram na minha cabeça. Deixei <strong>de</strong> pagar as prestações que tinha assumido. Senti<br />
que já nada me valia, tal era o estado da minha vida. Ao fim <strong>de</strong> uns anos <strong>de</strong> bebe<strong>de</strong>iras, cometi o<br />
maior erro da minha vida: com <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> bebe<strong>de</strong>ira, pus a minha esposa na rua.<br />
Nessa noite fui visitado por companheiros <strong>de</strong> AA que me ofereceram ajuda. Disse que sim sem ter<br />
a noção do que seria. Passei dias <strong>de</strong> dor com a ausência <strong>de</strong> quem eu mais queria e que tanto me