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DE TEATRO - UTFPR

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da primeira turma do TETEF e, espalhados pelas<br />

primeiras filas do teatro da Escola, ouvimos um<br />

tal José Maria Santos falar.<br />

Não sei exatamente porque cada um de<br />

nós decidiu participar do grupo de teatro,<br />

mas lembro que o entrosamento de todos foi<br />

perfeito. Ir aos ensaios tinha um significado<br />

quase religioso. Ter o texto decorado na ponta<br />

da língua era um compromisso moral com o<br />

grupo. Acima de tudo havia uma motivação<br />

permanente criada pelo Zé. “Esses meninos<br />

não falam direito“, deve ter pensado ao ouvir<br />

os primeiros exercícios de leitura. Então<br />

providenciou aulas de dicção. A cada defeito<br />

detectado, lá vinha mais treinamento. Era o Zé<br />

lapidando pedra bruta. Entretanto, engana-se<br />

quem pensar que ele nos tratava com leite e pão<br />

de ló. Nada disso. Era extremamente exigente.<br />

Se precisasse xingar, xingava. Porém, corrigia,<br />

mostrava como deveria ser feito. Elogios verbais<br />

eram raros. Isso frustrava um pouco o grupo até<br />

que aprendemos que o Zé tinha brilhos diferentes<br />

nos olhos: um para às vezes em que ficava bravo<br />

e tinha vontade de nos escalpelar; outro, para<br />

quando estava cansado, pensando, talvez, “onde<br />

fui amarrar meu cavalo branco?”; outro, para<br />

quando estava feliz, para quando vibrava, para<br />

quando ficava orgulhoso. Orgulhoso do que havia<br />

ensinado. Orgulhoso do que havíamos aprendido.<br />

Agora, era ficar atentos no olhar do Zé!<br />

19<br />

As Primeiras Montagens<br />

A Invasão, 1978<br />

O primeiro texto encenado foi O Auto da<br />

Compadecida, Compadecida de Ariano Suassuna. Se a idéia<br />

do regime era impedir o desenvolvimento de<br />

consciência crítica, o Zé começa a subverter<br />

esta dinâmica. Primeiro, nos apresentou o autor.<br />

Depois, fizemos leituras do texto. Em seguida,<br />

os papéis foram distribuídos na base do “você<br />

tem cara desse personagem”. ”. ” Lá fui eu ser o<br />

cangaceiro Severino. Pouco antes da confecção<br />

dos programas, Zé mexeu com a vaidade geral<br />

e nos disse que poderíamos escolher nomes<br />

artísticos. Lembrei de lendas familiares que<br />

registravam o gosto de minha bisavó pelo teatro<br />

e, em sua homenagem, “afrancesei” meu nome.<br />

Acervo Cley Scholz Scholz

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