DE TEATRO - UTFPR
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personalidades, de envolvimentos afetivos, de critérios<br />
intelectuais e éticos, de aspirações.<br />
Até que ponto a arte e a educação influenciam<br />
nossas vidas? Estas interferências humanas agem em<br />
nossa caminhada não se restringindo ao momento: elas<br />
ecoam em diversas freqüências, gerando repercussões<br />
imensuráveis nas decisões humanas, nas memórias, nas<br />
emoções. É importante também lembrar que ao longo da<br />
vida estas experiências podem ter sua valoração alterada,<br />
pois ela não é engessada, mas flutuante, conforme<br />
vivemos e percebemos (ou não) suas repercussões<br />
posteriores.<br />
Seja por uma via positiva ou negativa, a<br />
convivência e a experiência relacionadas ao processo<br />
de Seis Personagens foram definitivas para muitos,<br />
pessoal e profissionalmente. Amizades se selaram,<br />
relacionamentos se romperam. O desafio por encontrar<br />
uma forma de teatro em que pudessem expressar seus<br />
valores e interesses desafiou alguns que, influenciados<br />
pelas vivências teatrais, traçaram suas carreiras no teatro<br />
e em outras áreas afins.<br />
A passagem pelo TECEFET e a experiência com<br />
Cleonice são apontadas por Adriano como uma<br />
experiência definitiva em sua carreira. “Para o TECEFET<br />
escrevi meu primeiro texto a ser encenado (um monólogo<br />
para a Ana Cristine, com direção da Cleonice de Queiróz).<br />
Pra mim, particularmente, a Cleonice foi quem me fez<br />
acreditar que eu poderia trabalhar com isso de verdade.<br />
Foi quem, pela primeira vez, pegou um texto meu e levou<br />
para o palco. A Cleonice abriu muito espaço para o meu<br />
trabalho... montou alguns pequenos textos que escrevi<br />
e resolveu montar o Temos que Procurar, e me colocou<br />
como assistente de direção. Isso foi fundamental pra que<br />
eu me sentisse seguro pra dirigir e trabalhar na área.” área.<br />
Solicitado aos entrevistados que listassem em<br />
ordem de importância de três a cinco coisas que mais<br />
marcaram o período em que estudaram no CEFET<br />
(incluindo ou não o teatro), os aspectos mais citados<br />
foram: o próprio teatro, as amizades, o aprendizado para<br />
vida e a disciplina, a responsabilidade e a organização<br />
que a instituição exigia. Os aprendizados para a vida,<br />
como muitos deles se referem, aparecem ainda antes<br />
da formação técnica e dos conhecimentos adquiridos<br />
(entre estes se encontra menção a aulas de português<br />
e história da arte oferecidas pelos cursos técnicos que<br />
realizaram). A relevância dos conhecimentos técnicos<br />
e do curso realizado é mencionado por apenas três das<br />
onze pessoas que responderam a pergunta, e em quinta<br />
colocação. São os três que, de alguma forma, estão<br />
mais relacionados a alguma atividade profissional em<br />
que o curso técnico é relevante curricularmente para a<br />
obtenção de emprego. Não se poderia afirmar que seja<br />
uma questão de aplicabilidade, uma vez que o design<br />
tem muito a contribuir para o processo de encenação.<br />
Talvez, por influência do tema da entrevista, a resposta<br />
a esta pergunta tenha ficado condicionada. Porém, as<br />
respostas dos entrevistados possuem coerência com<br />
as demais dadas a outras perguntas em que salientam<br />
indubitavelmente a importância do TECEFET para suas<br />
vidas.<br />
Perguntados anteriormente sobre as motivações<br />
para ter ingressado no CEFET, a maior parte das respostas<br />
apontam a influência da família, a boa reputação da<br />
instituição com a excelência em ensino, a gratuidade<br />
do estudo e uma formação técnica que viabilizasse<br />
rapidamente um emprego. Entretanto, apenas dois<br />
entre as onze pessoas que fizeram Desenho Industrial<br />
e que responderam a entrevista indicam o interesse<br />
específico no curso de Desenho Industrial como motivo<br />
do ingresso no CEFET. Nenhum deles menciona as<br />
atividades artísticas como motivadora, porém, num olhar<br />
de retrospectiva, estas acabam por ser consideradas<br />
fundamentais para seu desenvolvimento.<br />
Semelhantemente ao que se observa em outras<br />
instituições educacionais que não possuem um ensino<br />
profissionalizante a educação vai além da instituição, e as<br />
vivências além dos conteúdos objetivos.<br />
Quais foram as opções profissionais<br />
Uma inclinação à área das Artes e da Comunicação<br />
48<br />
Seis Personagens à Procura de um Autor<br />
pode ser notada pelas opções profissionais assumidas.<br />
Considerando que a grande maioria ingressou no CEFET-<br />
PR no Curso Técnico de Desenho Industrial e ainda<br />
buscou atividades como coral, dança de salão ou oficinas<br />
de poesia e redação, não seria de surpreender que na<br />
continuidade de seus estudos e opções profissionais se<br />
encontrasse um predomínio artístico.<br />
Das catorze pessoas, oito obtiveram formação<br />
posterior em teatro (Adriano, Ana, Andrew, Cleber, Flávia,<br />
Giorgia, Henrique e Luciana), ou seja, 57% 57 % do grupo; cinco<br />
em artes plásticas (Kamila em Licenciatura em Educação<br />
Artística, Isabela e Rodrigo em Licenciatura em Desenho,<br />
Flávia em Artes Plásticas com ênfase em Gravura e<br />
Juliana em Bacharelado em Escultura), dois em Letras<br />
(Gisele e Adriano), um tornou-se fotógrafo (Frederico), e<br />
Foto: Saturnino