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ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010


REVISTA BRASILEIRA DE<br />

TECNOLOGIA CAFEEIRA<br />

FUNDAÇÃO PROCAFÉ<br />

CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA<br />

Capa: Frutificação abundante da cultivar<br />

Sabiá 398, bem adaptada às condições de<br />

região quente, no ensaio em Pirapora-MG.<br />

NOTA DO EDITOR<br />

Neste numero de nossa revista<br />

focalizamos 9 trabalhos de pesquisa<br />

publicados no último Congresso<br />

Brasileiro, com destaque no desempenho<br />

de novas variedades. Na seção de<br />

recomendação mostramos o modo de<br />

fazer a poda de esqueletamento, muito<br />

usada ultimamente, o controle do mato e<br />

as práticas <strong>para</strong> evitar o adensamento do<br />

solo. Na seção de análise caracterizamos<br />

o ciclo bienal de produção de café e<br />

destacamos os desafios no manejo de<br />

cafezais. Nas reportagens abordamos<br />

duas regiões de cafeicultura de montanha,<br />

na Zona da Mata de Minas e no Espírito<br />

Santo e na série estatística analisamos a<br />

previsão da próxima safra. Outras<br />

matérias de interesse estão colocadas na<br />

seção panorama, com destaque <strong>para</strong> a<br />

ferrugem que completou 40 anos no país.<br />

Agradecemos à Empresa<br />

Dupont pelo patrocínio deste numero,<br />

permitindo a manutenção da regularidade<br />

da revista neste inicio de ano. Em função<br />

disto a seção de produtos destaca um<br />

trabalho técnico, que fundamenta a<br />

recomendação de um novo inseticida <strong>para</strong><br />

o controle do bicho-mineiro. Um novo<br />

ativo é bem vindo, pois a praga vem se<br />

mostrando de difícil controle.<br />

ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010<br />

REPORTAGEM<br />

COMO FOI VOCÊ<br />

PESQUISANDO<br />

RECOMENDANDO<br />

PANORAMA<br />

ANÁLISE<br />

- A festa do café em Santa Maria do Marechal-ES 03<br />

- Cafeicultura moderna na região de São Domingos das Dores-MG 05<br />

- Astórico - Foi-se um amigo, ficou seu trabalho 07<br />

- Queda de frutos de cafeeiros em diferentes níveis de uniformidade de florada 08<br />

- Sabiá 398, variedade de cafeeiros arabica mais adaptada a condições de temperaturas<br />

mais altas 09<br />

- Resposta produtiva e econômica da irrigação de cafeeiros arabica na região de<br />

InhapimMG 11<br />

- Produtividade inicial de novas seleções e cultivares de cafeeiros com resistencia à<br />

ferrugem na Zona da Mata de Minas 13<br />

- Baixo vigor na brotação dos cafeeiros Iapar – 59, no pós-recepa, na região de montanha<br />

do Espírito Santo 15<br />

- Adaptação da linhagem de cafeeiros Catucai Vermelho 785/15 às condições da<br />

cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas 16<br />

- Equivalencia na coleta de folhas individuais ou de pares na amostragem <strong>para</strong> análise<br />

foliar do cafeeiro 18<br />

- Avaliação do sistema de recolhimento Mecanizado de café 19<br />

- Espaçamentos na linha de plantio (entre - plantas) das variedades Catuai Vermelho Iac<br />

144 e Acaia 474/19, nas condições de solo e clima da região de Araxá - MG 21<br />

RESPONDE<br />

- Adensamento no solo: Como identificar, prevenir ou controlar 24<br />

- Mato demais, mata 26<br />

- Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo 27<br />

- 40 anos de convivência com a ferrugem do cafeeiro no Brasil 30<br />

- Coró das pastagens “ataca” em cafezais 30<br />

- Encontros sobre cafeicultura se multiplicam 31<br />

- Curso <strong>para</strong> Técnicos do ERJ em Varginha 32<br />

- Sai a programação de Eventos da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> 32<br />

- Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo 32<br />

- Ciclo bienal de produção de café no Brasil 33<br />

- Desafios no manejo de cafezais 35<br />

SÉRIE ESTATÍSTICA<br />

- A safra de café em 2010 38<br />

PRODUTOS E EQUIPAMENTOS<br />

Neste número:<br />

- Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no controle do bicho mineiro do cafeeiro 39<br />

23


CARTA AO CAFEICULTOR<br />

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO<br />

Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold Stephanes<br />

Secretário-Executivo do MAPA: José Gerardo Fonteles<br />

Secretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes Bertone<br />

Diretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu Ferreira<br />

Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio Portocarrero<br />

Superintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos<br />

<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />

Presidente da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>: José Edgard Pinto Paiva<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS<br />

Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes<br />

REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA<br />

Ano 6: nº 17 - JANEIRO/MARÇO - 2010.<br />

Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de<br />

Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia, André L. Garcia e A. V. Fagundes -<br />

MAPA/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.<br />

Diagramação e Impressão: Gráfica Santo Antônio Ltda. - (35) 3265-1717 - Três Pontas-MG<br />

Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cláudia Sgarboza e Thais N. Braga.<br />

Tiragem: 2000 exemplares.<br />

Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere<br />

37026-400 - Varginha/MG<br />

35. 3214-1411<br />

contato@fundacaoprocafe.com.br<br />

e<br />

Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro<br />

20081-250 - Rio de Janeiro/RJ<br />

21. 2233-8593<br />

jb.matiello@yahoo.com.br<br />

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.<br />

Aumenta a safra, a oferta cresce, e os preços...<br />

A primeira estimativa da safra cafeeira, a ser colhida em 2010, saiu agora<br />

em janeiro (ver matéria da série estatística nesta revista), apontando <strong>para</strong> uma<br />

produção cerca de 20% maior do que a passada. Talvez não seja tão grande, como<br />

previsto, pois algumas regiões produtoras, como no estado do Espírito Santo e<br />

Bahia, vem passando por forte estiagem, de mais de 2 meses sem chuva. Também a<br />

florada desigual está atrapalhando e resultará em menos café, de qualidade,<br />

colhido. De qualquer modo, a oferta de café será maior e, assim, os preços, salvo<br />

ocorra algum problema de frio no próximo inverno, deverão permanecer no atual<br />

patamar, ou seja, sem remunerar adequadamente os custos de produção.Até os<br />

produtores de robusta-conillon, antes motivados pela boa renda, agora começam a<br />

reduzir os tratos.<br />

Não podendo atuar nos preços, temos que reduzir custos, selecionando<br />

lavouras, podando e renovando.<br />

www.fundacaoprocafe.com.br


REPORTAGEM<br />

A FESTA DO CAFÉ EM SANTA MARIA DO MARECHAL-ES<br />

Fomos convidados e participamos da Festa do<br />

café, que ocorreu no final de 2009, lá em Santa Maria,<br />

uma comunidade no município de Marechal Floriano,<br />

na Zona Serrana do estado do Espírito Santo.<br />

Dois de nós (Matiello e Saulo) já conhecíamos<br />

a região, pois vimos acompanhando os ensaios de<br />

novas variedades, instalados nas Fazendas dos nossos<br />

colaboradores, César Khrolling e José Stockl, já por<br />

10 anos. Antonio Wander foi pela primeira vez, <strong>para</strong><br />

conhecer uma área cafeeira de montanha, uma região<br />

de pequenos e bons produtores de café.<br />

A viagem foi longa, quase um dia inteiro,<br />

desde Varginha até lá. Chegamos à noitinha e já tinha<br />

comida à nossa espera, aliás, nos 2 dias que ali<br />

ficamos, a hospitalidade foi nota mil. A comunidade,<br />

composta, em sua maioria, por descendentes de<br />

alemães e italianos, nos cercou de muito calor<br />

humano, desses lugares de interior onde a gente é<br />

muito mais gente.<br />

A programação de trabalho também foi muito<br />

proveitosa. Fizemos, em companhia de líderes de<br />

produtores e de Técnicos locais, uma visita de campo<br />

em diversos tipos de lavouras de café e nos ensaios,<br />

<strong>para</strong> analisarmos as suas condições e discutirmos os<br />

problemas que estavam ocorrendo.<br />

Na festa, pela tarde, foi organizado, pelas<br />

associações dos produtores (ADSCM-Assoc. de<br />

desenv. comum. de S.Maria e AGRODISMA- Assoc.<br />

de agro descendentes. de S. Maria) um tipo de<br />

Seminário <strong>para</strong> os produtores, com debates, onde nós,<br />

juntamente com o colega C. Khrolling e o presidente<br />

do INCAPER, Evair Vieira, apresentamos nossas<br />

sugestões e recomendações.<br />

Características da região e das lavouras<br />

observadas<br />

A região de Marechal Floriano apresenta<br />

topografia acidentada, altitude elevada e muita<br />

umidade, o que condiciona o problema de ataque das<br />

doenças Phoma e Ascochyta. Este ataque causa perdas<br />

de produção, pois ele é grave sempre que ocorrem<br />

frentes frias, nesta época, coincidindo umidade e<br />

queda de temperatura, ocorrendo infecção mais séria<br />

sobre as rosetas, nos botões e frutinhos, presentes<br />

entre outubro e dezembro.<br />

No presente ano o ataque foi pequeno, pois,<br />

J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida, Engs Agrs Mapa/<strong>Procafé</strong><br />

Nas 2 fotos, a equipe, composta pelos colegas<br />

Antonio Wander, Saulo e Matiello observa, junto com<br />

os Técnicos e lideres locais, a condição e os<br />

problemas de uma boa lavoura, podada e combinada<br />

com bananeiras<br />

apesar de chuvas ocorridas em out/nov, o clima se<br />

manteve quente. Porem, como a florada foi desigual,<br />

com a presença de botões e chumbinhos na mesma<br />

planta, o risco de ataques futuros permanece devendo<br />

merecer proteção através de aplicações de fungicidas<br />

específicos. O período seco em dezembro-fev não<br />

favoreceu o ataque de Phoma neste ciclo. Esta<br />

estiagem prejudica bastante a produção de café na<br />

região.<br />

As lavouras, em sua maioria, são conduzidas<br />

03


04 REPORTAGEM<br />

Observação dos ensaios de melhoramento<br />

genético, com a introdução e avaliação de novas<br />

variedades de café, na localidade de Rio Fundo.<br />

em sistemas adensados, e essa condição, aliada à<br />

declividade das áreas, torna as aplicações foliares<br />

dificultadas, pois precisam ser feitas manualmente,<br />

ou, em casos de produtores maiores, o que é raro, usar<br />

canhões atomizadores tratorizados, equipamentos<br />

caros.<br />

Neste ano, a florada está muito desigualada,<br />

consequência da falta de stress hídrico no período julho<br />

setembro. Verifica-se, no entanto, que as lavouras com<br />

menor uso de adubos nitrogenados e aquelas de<br />

variedades mais estressadas e de floração precoce,<br />

como o catucai 785-15 estão com comportamento<br />

diferenciado, tendo aberto mais de 70% dos botões. Ao<br />

contrário, aquelas podadas, com bom vigor, e da<br />

variedade catuai atrasaram seu florescimento..<br />

No aspecto nutricional foram observados<br />

problemas de desequilíbrio de magnésio e carências<br />

de boro e zinco, alem do fósforo, este em maior escala.<br />

Isto indica que se deve usar mais o instrumento de reequilibrar<br />

a nutrição, com auxilio nas análises de solo<br />

e de folhas.<br />

Outra observação diz respeito aos bons<br />

resultados na renovação de cafezais usando recepa,<br />

com isso abrindo as lavouras e reduzindo o tamanho<br />

das plantas, <strong>para</strong> o facilitar a colheita, operação mais<br />

onerosa na lavoura cafeeira. Foi recomendado que<br />

este sistema de poda seja aplicado em ciclos mais<br />

curtos que o normal, não buscando somente a maior<br />

produtividade, mas o manejo mais facilitado.<br />

A combinação de cultivos é uma prática muito<br />

interessante, adotada na cafeicultura da região. A<br />

arborização com bananeiras mostra bons resultados,<br />

tanto na melhoria do ambiente como na questão de<br />

renda complementar. Foi orientada a vantagem de<br />

manter e aumentar a diversificação nas propriedades<br />

cafeeiras, substituindo lavouras de café pouco<br />

produtivas. As opções que já vem sendo usadas são<br />

eucaliptos, cedro australiano, verduras e fruteiras.<br />

Na mesa de discussões do seminário na<br />

festa do café, A.Wander (falando). Matiello, Saulo,<br />

Evair e César.<br />

A questão crucial da região tem sido o aspecto<br />

da renda do café. Os custos dos fatores, especialmente<br />

da mão de obra, estão altos e existe carência de<br />

trabalhadores de campo na região. Deste modo, o<br />

custo de produção tem sido elevado e, por isso,<br />

muitos produtores estão abandonando ou tratando mal<br />

suas lavouras. A solução atual, sem melhoria de preços<br />

do café, passa pela seleção de lavouras e tratos<br />

melhores buscando altas produtividades, a qualidade<br />

do café e a racionalização no uso dos insumos, com<br />

economia na sua <strong>aqui</strong>sição e, ainda, buscando, através<br />

da Associação dos produtores, melhores condições<br />

econômicas nas transações comerciais dos produtos.<br />

A redução no custo da colheita é importante devendo<br />

ser buscada com o manejo de lavouras, também mais<br />

produtivas e de porte menor das plantas.<br />

A observação nos ensaios mostrou bons<br />

resultados nos trabalhos, com desempenho superior<br />

do Catucai amarelo 2 SL, do Acauã, do Palma 2 e do<br />

Catucai vermelho Japi, alem de outras seleções ainda<br />

em teste. A parceria com o Mapa e <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>,<br />

com o acompanhamento dos ensaios, está sendo muito<br />

útil <strong>para</strong> testagem e indicação dos materiais genéticos<br />

mais adaptados. Alguns que vem sendo indicados<br />

Lavoura mal tratada, já comum na região, resultado<br />

da falta e alto custo da mão de obra e da baixa renda<br />

com a lavoura cafeeira.


REPORTAGEM<br />

pelos órgão Oficiais regionais, seriam contra<br />

indicados de acordo com os resultados nesses ensaios,<br />

citando-se as variedades Iapar 59, o Paraiso e o Tupi.<br />

Conclusões da viagem<br />

As observações de campo e os contatos e<br />

discussões efetuados foram importantes <strong>para</strong> o melhor<br />

conhecimento dos problemas e de suas soluções.<br />

Os aspectos técnicos mais relevantes na região<br />

são o manejo de podas mais freqüentes nas lavouras, a<br />

sua proteção contra Phoma, a nutrição mais<br />

equilibrada, a seleção de lavouras e sua substituição e<br />

ou renovação, a combinação de cultivos e o uso de<br />

CAFEICULTURA MODERNA<br />

NA REGIÃO DE SÃO DOMINGOS DAS DORES-MG<br />

A cafeicultura de montanha em São Domingos<br />

das Dores, na Zona da Mata de Minas, está de <strong>para</strong>béns.<br />

Com o uso de tecnologia, lavouras de alta produtividade<br />

podem ser vistas em diversas propriedades, a exemplo do<br />

que ocorre nas Fazendas reunidas L e S, uma espécie de<br />

condomínio familiar, que visitamos recentemente, em<br />

companhia de vários colegas do ex-IBC, que atuam na<br />

região, citando-se os Engs. Agrs.Sérgio Stevanato, Edmar<br />

Sobreira e Ubiratan Barros, alem de diversos outros<br />

técnicos e produtores. A visita foi acompanhada dos<br />

proprietários das Fazendas L e S e do Eng. Agr. Marcio<br />

Carvalho, que coordena a área técnica.<br />

A região cafeeira si situa em altitudes ente 600 e<br />

800 m, abrangendo áreas de 3 municípios, sendo, alem de<br />

São Domingos, São Sebastião do Anta e Imbé, os quais, em<br />

conjunto, tem uma área cafeeira estimada em 11mil ha..<br />

Alem disso, no município vizinho, Inhapim, outras áreas<br />

cafeeiras, de clima mais quente, em altitudes na faixa de<br />

500- 600 m, vem sendo desenvolvidas <strong>para</strong> café irrigado.<br />

Bons resultados na irrigação e com novas variedades<br />

Visitamos, inicialmente, as lavouras irrigadas e o<br />

experimento com e sem irrigação, das variedades Acauã e<br />

Os colegas, Engs. Agrs, J.B. Matiello, Márcio<br />

Carvalho e Edmar Sobreira, no meio do campo de<br />

clones de Conillon, a 790 m de altitude, em S.D das<br />

Dores-MG<br />

variedades mais adaptadas, combinando tipos de<br />

maturação e maior tolerância às doenças.<br />

No aspecto de renda, deve-se buscar maiores<br />

produtividades e redução de custos, com apoio em<br />

políticas governamentais que procurem a regulação de<br />

oferta, preços de garantia, crédito e outros<br />

mecanismos, <strong>para</strong> se contrapor à desvalorização<br />

cambial do dólar.<br />

Deve-se louvar a boa organização e o alto<br />

nível social da comunidade de Santa Maria do<br />

Marechal e o espírito de colaboração dos produtores<br />

<strong>para</strong> com o trabalho técnico de experimentação, cujos<br />

resultados estão beneficiando toda a região.<br />

Vista geral de renques de eucaliptos no cafezal,<br />

situados junto aos carreadores, em lavoura em São<br />

Domingos das Dores, Z.Mata-MG<br />

Catucai 785/15. Vimos o grande diferencial produtivo pela<br />

irrigação(por aspersão em malha), que, na média de 2<br />

safras, mostra uma produtividade de 88 scs/ha, 53% a mais<br />

do que as parcelas não irrigadas. Ali também visitamos um<br />

campo de introdução de clones de robusta, o qual está<br />

repetido na região de altitude mais elevada, em São<br />

Domingos, <strong>para</strong> com<strong>para</strong>ção. As plantas estão com alta<br />

carga, na primeira safra, com destaque <strong>para</strong> os clones 2 e 3.<br />

Em São Domingos verificamos os ensaios no<br />

Campo Experimental, com destaque <strong>para</strong> um de<br />

competição de 38 itens, cujas sementes foram enviadas pelo<br />

Mapa/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> e que faz parte de um ensaio<br />

nacional, instalado nas diversas áreas cafeeiras, nos estados<br />

de Minas Gerais, E. Santo, São Paulo e Bahia. Estando as<br />

plantas com 2 anos de campo, já se vê uma pequena carga<br />

inicial e o bom desenvolvimento de vários materiais<br />

genéticos novos. Observamos, também, uma área de café<br />

super adensado, com a variedade Catucai 785-15, irrigado,<br />

do qual se espera cerca de 140 sacas/ha na primeira safra.<br />

Aliás, o plantio de Catucai está se expandindo na região, em<br />

substituição ao tradicional Catuai vermelho IAC 44, tendo<br />

obtido grande aceitação pelos produtores.<br />

Tratando-se, em muitas áreas, da substituição de<br />

05


06 REPORTAGEM<br />

Detalhe do renque de plantas de eucalipto, bem<br />

próximas, na parte superior do carreador, abaixo do<br />

barranco.<br />

cafezais velhos, onde a população do nematóide M.<br />

exígua veio se acumulando, o Catucai e também o Acauã,<br />

tolerantes a esse nematóide, vem tendo melhor<br />

desempenho do que o Catuai.<br />

Diante dos bons resultados alcançados, a difusão<br />

das tecnologias deve ser feita <strong>para</strong> atender a um grande<br />

numero dos produtores da região. Dias de campo tem sido<br />

realizados anualmente. Neste ano vai ser dia 20 de março<br />

Eucaliptos no cafezal<br />

Uma outra observação muito interessante feita na<br />

região foi a experiência local com a instalação de quebra<br />

ventos.<br />

Sabe-se que os renques de quebra ventos em<br />

cafezais são importantes <strong>para</strong> reduzir o efeito prejudicial<br />

Detalhe das plantas de eucaliptos cortadas (vendose<br />

a lenha empilhada), já com a brotação conduzida<br />

(2 brotos/pl) e as árvores que ficaram <strong>para</strong> madeira.<br />

Vista geral do ensaio nacional, de 38 itens, no<br />

campo experimental, em S.D. das Dores-MG<br />

Detalhe da boa frutificação, na 1ª safra, no clone 3 de<br />

conillon, nas Fazendas L e S, a 500 m de altitude, em<br />

Inhapim-MG<br />

de ventos frios, principalmente em regiões de altitudes<br />

elevadas.<br />

Segundo nosso eterno e saudoso professor Dr.<br />

Ângelo P. de Camargo, devem ser implantados renques de<br />

árvores. Ele nos ensinou que as árvores devem ser retas,<br />

flexíveis, não caducifólias, apresentando bom<br />

crescimento, sistema radicular profundo, <strong>para</strong> explorar,<br />

principalmente, áreas de solo não atingidas pelas raízes<br />

dos cafeeiros. Elas devem ter boa resistência a ventos,<br />

poucos problemas com pragas e doenças, sendo, também,<br />

importante a ausência de frutos ou sementes semelhantes<br />

aos do café (<strong>para</strong> não misturar com aqueles, no chão) e a<br />

sua utilidade <strong>para</strong>lela, como fruteira, planta industrial ou<br />

madeira é também desejável.<br />

A planta que preencheria o maior número dessas<br />

características desejáveis é a Grevillea robusta, porem ela<br />

cresce mais lentamente e apresenta problemas de<br />

formigas e doenças de tronco, sendo de difícil<br />

implantação e manutenção.<br />

Na Zona da Mata de Minas vimos que foi<br />

encontrada uma boa solução <strong>para</strong> quebra ventos, por<br />

incrível que pareça, com o uso de renques de eucaliptos<br />

nas lavouras de café. Sabe-se que o eucalipto é uma planta<br />

que cresce muito bem, uma vantagem na instalação rápida<br />

do renque quebra ventos. Por outro lado, sabe-se,<br />

também, que o eucalipto é exigente em água, e, assim,<br />

concorreria muito com os cafeeiros.<br />

A melhor opção encontrada consistiu em plantar o<br />

renque de eucaliptos nos carreadores/estradas, logo abaixo<br />

do barranco, ou seja, na margem superior e dentro das<br />

estradas. Com isso, o sistema radicular das árvores se<br />

desenvolve em nível mais baixo em relação aos cafeeiros<br />

acima. Por sua vez, em relação aos cafeeiros abaixo da<br />

estrada, a maior distância reduz a concorrência. No renque<br />

os eucaliptos são plantados juntos, cerca de 1m entre<br />

plantas, com o objetivo de, também, fornecer madeira <strong>para</strong><br />

a secagem do café. Quando em tamanho adequado as<br />

árvores são cortadas, <strong>para</strong> lenha, sendo raleadas e<br />

aproveitadas de forma intercalada, deixando sempre 30%<br />

de plantas adultas, com isso reduzindo sua concorrência. A<br />

rebrota é aproveitada, <strong>para</strong> corte futuro, podendo-se, ainda,<br />

caso se queira, deixar árvores sem cortar, cada 5-10 m, <strong>para</strong><br />

produção futura de madeira serrada.


COMO FOI VOCÊ<br />

Astórico<br />

Foi-se um amigo, ficou seu trabalho<br />

Mudamos o nome dessa seção da revista,<br />

normalmente denominada “como vai você”, <strong>para</strong><br />

homenagear um grande colega e amigo, nosso e da<br />

cafeicultura na Zona da Mata de Minas. Estamos<br />

falando do Astórico, que nos deixou,<br />

prematuramente, em 01/02/2010.<br />

Astórico Ribeiro Queiroz nasceu no Rio de<br />

Janeiro em 1950, filho de familia de militares. Se<br />

formou em Agronomia em 1973 pela Universidade<br />

federal Rural do Rio de Janeiro, no Km 47, em<br />

Itaguaí.<br />

Começou seu trabalho com café no IBC, na<br />

Divisão Regional de Assistência à Cafeicultura, em<br />

Caratinga, na Zuna da Mata mineira, em 1976. Ali<br />

trabalhou até 1990, quando a autarquia foi extinta.<br />

Desempenhou, nesse período, a coordenação de<br />

trabalhos de AT junto aos Escritórios Locais,<br />

distribuidos na região, atuando na execução do Plano<br />

de renovação de Cafezais, no de Controle à Ferugem e<br />

outros, destacando-se o trabalho de previsão das safras<br />

de café. Em seguida, continuou a atuar no setor<br />

cafeeiro, agora no Mapa/<strong>Procafé</strong>, atuando na área de<br />

pesquisas, na Fazenda Experimental de Caratinga. Ali<br />

foi muito importante na seleção de plantas do<br />

Sarchinovo, depois denominado Acauã. Também<br />

atuou na seleção e fomento do material de Katipó, que<br />

vem sendo plantado regionalmente. Atuou, junto com<br />

o colega Miguel, na seleção do Catucai 785, no<br />

desenvolvimento e distribuição da linhagem de Catuai<br />

amarelo 32 e, ultimamente, colaborou na seleção de<br />

um novo material, híbrido entre o catuai e o bourbom<br />

amarelo, que vem apresentando bom potencial.<br />

Nos últimos anos, por força da sua lotação no<br />

MAPA, passou ao serviço de Fiscalização<br />

Agropecuária, atuando no setor de sementes e<br />

mudas. Porem, Astórico nunca se desligou do café.<br />

Sempre esteve presente e coordenava muitas mesas<br />

de trabalho nos Congressos Brasileiros de Pesquisa,<br />

participava dos Seminários e dias de campo em<br />

diversas regiões cafeeiras.<br />

Astórico sempre foi uma pessoa capaz e<br />

atualizada em sua área, sendo extremamente sério,<br />

honesto e responsável, daqueles que hoje em dia<br />

07<br />

existem poucos. Por isso era considerado como<br />

bravo. Na realidade, ele não contemporizava com<br />

coisas erradas, com pessoas desonestas. Este bom<br />

exemplo sempre nos deu.<br />

Astórico já estava planejando se aposentar,<br />

ainda neste ano. Foi morar em Leopoldina-MG, com<br />

sua esposa Regina. Ali pretendia descansar.<br />

Certamente não ia abandonar o setor cafeeiro, que<br />

tomou boa parte de sua vida. Sua retirada foi forçada<br />

pelo destino. Bom descanso nosso saudoso colega.<br />

Sua contribuição ficará.


08<br />

A queda de frutos do cafeeiro ocorre com<br />

maior intensidade no período do inicio de seu<br />

enchimento (granação), que vai de 80-100 dias pósflorada.<br />

Os trabalhos de pesquisa tem mostrado que a<br />

queda dos chumbinhos está muito ligada ao nível de<br />

enfolhamento das plantas na pré e pós floração<br />

(Matiello Almeida e Miguel Anais do 4º CBPC,<br />

p.268, 1976).<br />

A queda de frutos é explicada diante da<br />

floração profusa (intensa) do cafeeiro e, na granação,<br />

a planta deixa cair os frutos de forma proporcional às<br />

suas reservas disponíveis, as quais, em sua maioria<br />

,são depositadas na folhagem velha da planta, por<br />

isso, quanto mais enfolhada a planta, ou mesmo o<br />

ramo, maior vai ser o pegamento da florada e dos<br />

frutos.<br />

O cafeeiro possui, em condições normais,<br />

floradas um pouco desiguais, normalmente 2-4<br />

floradas no período out-dez, motivadas pelo<br />

amadurecimento desuniforme das gemas florais<br />

seriadas. Em função dessa desigualdade, tem sido<br />

observado, no campo, que na época da queda de<br />

frutos parece ocorrer, sempre, maior queda daqueles<br />

que se encontram menores, correspondentes às<br />

últimas floradas. Os trabalhos de fisiologia do<br />

cafeeiro justificam esse comportamento pelo que<br />

chamam de efeito dreno, com os frutos maiores, com<br />

pedúnculo de vasos também maiores, carreiam mais<br />

PESQUISANDO<br />

QUEDA DE FRUTOS DE CAFEEIROS EM DIFERENTES<br />

NÍVEIS DE UNIFORMIDADE DE FLORADA<br />

J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. Mapa/<strong>Procafé</strong> e Embrapa-café<br />

e Lázaro S. Pereira, Eng. Agr. Fda Ouro Verde.<br />

Frutos de idade<br />

semelhante caem<br />

menos das rosetas<br />

A queda de frutinhos do cafeeiros<br />

ocorre mais em ramos com várias floradas<br />

facilmente as reservas <strong>para</strong> eles, em detrimento<br />

daqueles Em seguida ao semeio peneira-se uma<br />

camada fina do substrato sobre as sementes e está<br />

pronto. No presente trabalho objetivou-se<br />

quantificar a queda de frutos em cafeeiros e Em<br />

seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do<br />

substrato sobre as sementes e está pronto. m<br />

condições de cafeeiros irrigados, onde se provocou<br />

um stress hídrico visando maior uniformidade de<br />

florada. Trabalho anterior dos autores, na mesma<br />

região, quantificou a queda de frutos em plantas na<br />

primeira safra, bem tratadas e com bom<br />

enfolhamento, verificando que a queda média foi de<br />

%dos frutos (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, p.<br />

2008).<br />

Na safra de 2009 deu-se continuidade ao<br />

trabalho, realizado na Fazenda Ouro Verde em<br />

Bocaiuva-MG, em cafeeiros Catuai na 2ª safra,<br />

irrigados por pivô Lepa. Após o stress hídrico, as<br />

plantas floresceram em meados de setembro e até<br />

fins de outubro. No inicio de novembro verificou-se<br />

que as plantas que ficavam na parte mais central do<br />

pivô, as quais, pelo melhor suprimento de água<br />

(Lepas de menor vazão e deslocamento mais lento,<br />

com melhor infiltração) apresentavam frutos de 2<br />

floradas bem distintas. Tomou-se, então, 10 dessas<br />

plantas, bem uniformes em produção e, na mesma<br />

área, também 10 plantas que apresentavam


PESQUISANDO<br />

uniformidade de tamanho dos frutos. Foi avaliada,<br />

em 4 ramos ao acaso, no terço médio das plantas, a<br />

percentagem de frutos em cada florada nas 2<br />

situações de plantas.<br />

As plantas foram marcadas e semanalmente<br />

contou-se os frutos caídos no chão.<br />

Quadro 1 - Resultados de queda de frutos em cafeeiros irrigados, em plantas com diferentes estágios de frutos, Bocaiuva-MG, 2009<br />

Verificou-se que a percentagem de frutos<br />

caídos nas plantas onde a frutificação estava<br />

desuniforme foi mais que o dobro daquela observada<br />

nas plantas onde quase 90% dos frutos<br />

correspondiam a uma mesma florada.<br />

Verificou-se, ainda, que os níveis de queda<br />

observados nas plantas com frutificação mais<br />

desuniforme foram os normais, entre 15-20%,<br />

encontrados em outros trabalhos, quando se trata de<br />

plantas bem enfolhadas. Almeida et alli (já citado)<br />

mostrou que em plantas desfolhadas artificialmente a<br />

parcela de frutinhos caídos correspondeu a 19% com<br />

plantas sem desfolha, passando <strong>para</strong> 40% de queda com<br />

60% de desfolha e <strong>para</strong> 100%, em relação à produção<br />

Resultados e conclusões<br />

Os resultados médios da queda de frutos nas 2<br />

condiçoes de uniformidade de florada avaliados<br />

constam, de forma resumida, e a produção de frutos<br />

na colheita estão colocados no quadro 1.<br />

que ficou na planta, quando a desfolha foi de 90%.<br />

Observou-se que na condição de florada mais<br />

uniforme a queda correspondeu a apenas 6% da<br />

produção.<br />

Os resultados obtidos indicam que a<br />

uniformização na floração e na frutificação resulta<br />

em menor queda de frutos.<br />

Uma observação complementar, de<br />

crescimento da ramagem, foi feita em caráter<br />

preliminar nas plantas do campo. Verificou-se que<br />

onde a floração foi mais uniforme o crescimento de<br />

pares de folhas nas plantas ficou quase <strong>para</strong>lisado no<br />

período de enchimento dos frutos, com poucas folhas<br />

novas.<br />

SABIÁ 398, VARIEDADE DE CAFEEIROS ARABICA MAIS<br />

ADAPTADA A CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS MAIS ALTAS<br />

O objetivo do presente trabalho é o de relatar<br />

a boa adaptação e as características especiais de<br />

indução da floração observadas na variedade Sabiá<br />

398, quando cultivada em condições de temperaturas<br />

mais altas, como as que ocorrem na região Norte de<br />

Minas Gerais.<br />

A cultivar Sabiá 398 vem sendo<br />

desenvolvida desde a época do IBC, seguindo-se a<br />

seleção, pela mesma equipe, no Mapa/<strong>Fundação</strong><br />

<strong>Procafé</strong>, com base num híbrido entre o Catimor e o<br />

Acaiá. O material foi liberado <strong>para</strong> plantio a partir de<br />

J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. MAPA <strong>Procafé</strong> e Embrapa-Café<br />

e E.C. Aguiar, V. Josino e R. A. Araújo, Agrop. São Thomé<br />

2002, após 4 gerações de seleção em Varginha.<br />

O material de Sabiá foi e continua sendo<br />

testado em vários ensaios regionais, principalmente<br />

nas regiões tradicionais de café arábica, como no Sul<br />

de Minas, Triângulo Mineiro, Zona da Mata de<br />

Minas, Sul do Espirito Santo e Bahia. Em todas as<br />

regiões tem sido comprovada a alta capacidade<br />

produtiva da Sabiá, sempre se situando entre os mais<br />

produtivos dos ensaios, superando até, na maioria<br />

das vezes, a produtividade do padrão usado,<br />

linhagem de Catuai, como se sabe muito produtivo.<br />

09


10 PESQUISANDO<br />

Veja-se essa comprovação através dos resultados de<br />

produção extraídos de 3 ensaios, sempre em<br />

com<strong>para</strong>ção com o padrão, conforme inclusão no<br />

quadro 1.<br />

Além desse bom comportamento nas regiões<br />

típicas de cafeicultura de arábica, o que tem chamado a<br />

atenção, nos últimos anos, é a capacidade de adaptação<br />

da variedade Sabiá 398 às condições de clima mais<br />

quente. Este bom desempenho vem sendo verificado<br />

em ensaio conduzido em Pirapora-MG, em altitude de<br />

520m e temperatura média anual de 24,3º C.<br />

No ensaio em Pirapora, no Campo<br />

Experimental da Agropecuária São Thomé, os<br />

cafeeiros foram plantados em março de 2005, no<br />

espaçamento de 3,6 x 1 m, com parcelas de 6 plantas<br />

e 3 repetições e já se dispõe de 3 safras . São<br />

com<strong>para</strong>dos 40 itens, tendo como padrão o Catuai<br />

IAC 144. Na média das 3 safras o Sabiá 398 aparece<br />

como o material mais produtivo, com média de 77<br />

sacas;ha, conforme pode-se observar no quadro 2.<br />

Quadro 2 - Produtividade, em 3 safras, da variedade Sabiá<br />

398, em ensaio com diversas variedades, com<strong>para</strong>tivo com o<br />

padrão e outros materiais em competição, Pirapora-MG,<br />

2009<br />

A observação dos dados de produtividade<br />

de alguns itens do ensaio, no quadro 2, mostram<br />

que a variedade Sabiá, alem de manter a maior<br />

média, foi muito mais produtiva que as demais em<br />

Quadro 1 - Produtividade da variedade Sabiá 398, em<br />

com<strong>para</strong>ção com o padrão, em 3 ensaios, Martins Soares e<br />

Varginha - MG, 2009<br />

Detalhe da boa frutificação em cafeeiro da cultivar<br />

sabiá 398, no ensaio em Pirapora-MG<br />

2008, safra que apresentou problema de<br />

abortamento de florada, devido a que as chuvas de<br />

abertura de florada só ocorreram no inicio de<br />

dezembro de 2007. As observações em campo


PESQUISANDO<br />

mostraram que as plantas da Sabiá 398 abriram a<br />

florada normalmente. Para a safra de 2009,<br />

começou-se o stress mais cedo, em julho/agosto de<br />

2008 e retomou-se a irrigação também mais cedo,<br />

no final de agosto/08 e todas as variedades tiveram<br />

abertura normal de florada e boa produtividade em<br />

2009.<br />

Pelos resultados de produtividade obtidos e<br />

diante das observações sobre o comportamento da<br />

floração no ensaio, concluiu-se que:<br />

a) A variedade Sabiá 398, alem de apresentar boa<br />

produtividade nas regiões típicas de cafeicultura de<br />

arábica, possui boa adaptação e altas produtividades<br />

também nas regiões mais quentes.<br />

b) A adaptação da Sabiá 398 às regiões quentes está<br />

ligada à sua capacidade de floração normal, mesmo<br />

sem stress ou diferencial hídrico.<br />

Parcela de cafeeiros da cultivar Sabiá 398, na<br />

primeira safra, no ensaio em Pirapora-MG<br />

RESPOSTA PRODUTIVA E ECONÔMICA DA IRRIGAÇÃO<br />

DE CAFEEIROS ARABICA NA REGIÃO DE INHAPIM-MG<br />

A região de Inhapim, situada no Vale do Rio<br />

Doce em Minas Gerais, é considerada inapta <strong>para</strong> a<br />

cafeicultura de café arábica, pois boa parte da região<br />

está situada em faixa de altitude em torno de 500 m,<br />

tendo temperatura média anual em torno de 23º C,<br />

chuvas anuais na faixa de 900-1000 mm e déficit<br />

hídrico de cerca de 250-300mm/ano. Nessas<br />

condições seria indicado adequar o suprimento de<br />

água aos cafeeiros, através do uso de irrigações<br />

suplementares, <strong>para</strong> atender aos períodos de déficit,<br />

restando dúvidas quanto à resposta produtiva de<br />

cafeeiros arábica em região com temperatura mais<br />

alta e sobre o beneficio custo da irrigação.<br />

Com o objetivo de estudar as respostas<br />

produtivas de cafeeiros arábica na região de Inhapim<br />

e quantificar os custos da irrigação foi conduzido um<br />

ensaio no período de 2007-09, num projeto de<br />

irrigação instalada no Sitio Moinho D”água, em<br />

M.L. Carvalho, Eng. Agr. Faz. L e S, J.B. Matiello, Eng. Agr. MAPA/<strong>Procafé</strong> e<br />

U.V. Barros, Eng. Agr. Central Campo e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Café Brasil<br />

Grupo de Técnicos visita a área irrigada,<br />

550 m de alt. em Inhapim-MG<br />

11<br />

Inhapim, em área com 550 m de altitude, solo lva<br />

argiloso(58%de argila). O estudo foi efetuado em<br />

uma área irrigada de cerca de 13 ha de cafezal, sendo<br />

10 ha da variedade Acauã e 3 ha de Catucai 785/15. O


12 PESQUISANDO<br />

plantio da lavoura foi efetuado em jan/fev/2005, no<br />

espaçamento de 2,5 m x 0,6m. O tipo de irrigação<br />

instalado foi o de aspersão fixa de baixa vazão, com<br />

aspersores de 18x18m, com vazão de 1,6 m3/h e o<br />

turno de rega de 8 dias. A irrigação começou a<br />

funcionar após o plantio dos cafeeiros e na safra de<br />

2007 a lavoura produziu já 60 scs/ha.<br />

A partir de setembro de 2007instalou-se na<br />

área 2 parcelas com<strong>para</strong>tivas <strong>para</strong> efeito de<br />

avaliação da resposta da irrigação na produtividade.<br />

Uma parcela sem irrigação foi formada deixando-se<br />

a área correspondente a 4 aspersores, no meio da<br />

área do Acauã, sempre com os aspersores desligados.<br />

Resultados:<br />

a) Irrigação necessária<br />

Os dados relacionados com a irrigação, no<br />

período entre setembro/07 e agosto/08, foram os<br />

seguintes: Evapotranspiração registrada ETC= 1156<br />

Cafeeiro Acauã irrigado, com grande floração,<br />

indo <strong>para</strong> 3ª safra, Inhapim-MG<br />

mm; chuva total de 917 mm; lamina bruta<br />

irrigada(LBI)= 546 mm; balanço hídrico, 440 mm<br />

negativos, em set-out 2007, mar-mai-jun-jul-ago de<br />

2008, com 208 mm de excesso em nov-dez-jan - fev e<br />

abr de 2008, dando um balanço negativo ou déficit de<br />

232 mm. Como a irrigação, muitas vezes, era feita e<br />

depois chovia, a lamina bruta aplicada chegou a 546<br />

mm, havendo sobra de 314 mm, embora a eficiência<br />

da lamina bruta aplicada possa ser considerada com<br />

15 % de perdas e nesse caso a sobra, <strong>para</strong> o lençol<br />

seria menor.<br />

No período entre set/08 e ago/09 os dados de<br />

irrigação foram os seguintes: ETC =1156 mm,<br />

precipitação: 1207 mm, balanço hídrico = 344 mm<br />

negativos, lâmina bruta de irrigação: 292 mm.<br />

b) Custo da irrigação<br />

Nos 12 meses do ano agrícola 2007/08 foi<br />

gasto um total de 1576 horas de bombeamento.<br />

Nesse período o custo da energia ficou R$ 14790,00<br />

e da mão de obra operacional em R$ 5085,00,<br />

ficando, assim, um custo de irrigação de R$1565,00<br />

por ha.<br />

No ciclo agrícola 2008/09 a irrigação<br />

trabalhou 843 horas, com gasto de energia: de R$<br />

576,09/ha, mais mão de obra com encargos: R$<br />

284,72/ha, totalizando no ano R$ 860,81/ha ou o<br />

valor de R$ 2,95 por mm irrigado.<br />

Na média dos 2 anos, o gasto com a irrigação<br />

ficou em R$ 1212,00/ha/ano.<br />

c) Produtividade e retorno<br />

Os dados de produção obtidos na safra de<br />

2008 e 2009 estão incluídos no quadro 1.<br />

Quadro 1 - Produtividade, rendimento e peneira dos frutos e grãos em cafeeiros com e sem irrigação em Inhapim-Mg, 2009.<br />

No primeiro ciclo de irrigação, houve um<br />

diferencial produtivo, em favor da irrigação, de<br />

70,8 scs/ha, ou seja, um acréscimo de 204% pela<br />

irrigação. No segundo ano os cafeeiros do<br />

tratamento sem irrigação, que produziram pouco<br />

em 2008, se recuperaram e produziram 10 sacas a<br />

mais que os irrigados em 2009. Na média das 2<br />

safras o diferencial produtivo em favor da irrigação<br />

ficou em 53%<br />

O cálculo do retorno econômico, o custo<br />

benefício, da irrigação deve considerar de um lado o<br />

custo operacional, mais a amortização do custo de<br />

instalação da irrigação, que nesse projeto ficou em<br />

R$ 5084,00/ha. Se considerada uma amortização em<br />

10 anos, o que é muito seguro, teríamos um custo<br />

total por ha de R$ 508,40 mais R$ 1212,00, ou.


PESQUISANDO<br />

1720,40 por ha/ano. Do outro lado, um aumento de<br />

produtividade de apenas 7 sacas de café<br />

(250,00/saca) já pagaria o custo adicional da<br />

irrigação. Com acréscimo médio de produtividade de<br />

30,4 scs/ha o retorno liquido da irrigação foi de cerca<br />

de 23 sacas/ha.<br />

Conclui-se que:<br />

a) Com a irrigação racional e o manejo adequado da<br />

13<br />

lavoura é possível obter altas produtividades de café,<br />

em variedades de cafeeiros arábica, em áreas de<br />

altitudes mais baixas, na região de Inhapim e<br />

similares no VR Doce em Minas.<br />

b) A irrigação resulta num grande acréscimo de<br />

produção em relação às áreas não irrigadas e seu<br />

retorno econômico é altamente positivo.<br />

O trabalho de avaliação terá continuidade por<br />

mais 2 safras.<br />

PRODUTIVIDADE INICIAL DE NOVAS SELEÇÕES E CULTIVARES DE<br />

CAFEEIROS COM RESISTENCIA À FERRUGEM NA ZONA DA MATA DE MINAS<br />

U.V Barros, Eng. Agr. Central Campo, J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/<strong>Procafé</strong> e<br />

C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa/Café.<br />

Um ensaio vem sendo conduzido no período<br />

2003-09, com o objetivo de testar novas seleções de<br />

cafeeiros com resistência à ferrugem, em competição<br />

com cultivares/linhagens recentemente lançadas<br />

<strong>para</strong> plantio, verificando sua adaptação às condições<br />

ambientais da cafeicultura na zona da Mata de<br />

Minas, região onde a doença encontra, pela<br />

temperatura e umidade, boas condições de<br />

desenvolvimento e, onde, pela declividade das áreas<br />

e pelo adensamento nas lavouras, torna-se difícil o<br />

seu controle químico.<br />

O ensaio encontra-se instalado no sitio João<br />

de Barro, em Manhuaçu, a 750 m de altitude. O<br />

plantio foi feito em dez/2003, no espaçamento 2,0 x<br />

0,6 m, em blocos ao acaso, com 3 repetições e<br />

parcelas de 10 plantas. Estão sendo ensaiados 37<br />

materiais, conforme discriminação constante do<br />

quadro 1, constado, em sua maioria, de progênies<br />

selecionadas na FEX-Varginha, 2 materiais vindos<br />

do Timor e variedades oriundas da EPAMIG.<br />

Os cafeeiros tiveram o trato usual, com<br />

adubações de acordo com a recomendação <strong>para</strong> a<br />

região, não recebendo tratamento especifico contra a<br />

ferrugem, apenas usando-se 3 aplicações anuais de<br />

mistura de sais mais fungicida cuprico, <strong>para</strong> correção<br />

de deficiências e proteção contra cercosporiose.<br />

As avaliações constaram do controle da<br />

produção das parcelas, tendo já sido obtidos dados<br />

em 4 safras, de 2006, 2007, 2008 e 2009, que<br />

oferecem informações sobre a capacidade produtiva<br />

Os colegas Engs, Agrs. Ubiratam e Ataides posam<br />

em frente à parcela de cafeeiros da cultivar IBC-<br />

Palma 2 , no ensaio, em Reduto-MG<br />

inicial das diferentes seleções e permite novas<br />

seleções das melhores plantas.<br />

Resultados e conclusões:<br />

Os resultados das produções dos cafeeiros<br />

das parcelas do ensaio foram transformados em sacas<br />

por hectare, constando, nas 4 safras se<strong>para</strong>das e sua<br />

média, no quadro 1.<br />

A observação dos resultados médios de<br />

produção nas 4 safras permite agrupar as seleções em<br />

4 grupos de produtividade alcançada: No 1º grupo,<br />

com mais de 50 scs/ha, destacaram-se as seleções de<br />

IBC-Palma 2, o Sarchimor amarelo(Arara) e o Sabiá<br />

398, e os Catucais Amarelos 3SM, 24/137, 3/5 e<br />

planta nova e Catucai vermelho 20/15 e C 8, no 2º


14 PESQUISANDO<br />

grupo, com produtividade entre 40-50 scs,<br />

destacaram-se o Bem-te-vi vermelho, Catucai<br />

amarelo30/2 e 20/15 C. 479, o Acauã C 1 e o<br />

Sacramento. No 3º grupo, com comportamento<br />

produtivo intermediário, entre 30-40 sacas/ha, se<br />

colocaram o padrão Catuai 44, IBC Palma 1 e o<br />

Catiguá. No 4º grupo produzindo na média de 4<br />

safras menos de 30 sacas/ha, sendo o pior<br />

comportamento <strong>para</strong> o Bourbon amarelo, o Híbridos<br />

do Timor e Obatã vermelho.<br />

Quadro 1 - Produções, em sacas por ha, em 4 safras,. em cafeeiros do ensaio de novas seleções com resistência à ferrugem,<br />

Manhuaçu-MG,2009.<br />

Conclui-se que: existe um bom número de seleções muito promissoras, com comportamento<br />

produtivo superior ao padrão Catuai/44, usado nos plantios comerciais na região. Os destaques, no conjunto,<br />

com maior produtividade, ficaram <strong>para</strong> o Palma 2, Sabia 398,várias seleções de Catucai amarelo (3SM,<br />

2SL,24/137, planta nova, 6/48, 3/5,, 20/15 c. 479), o Sarchimor amarelo, o Bem-te-vi vermelho e o Catucai<br />

vermelho 20/15.


PESQUISANDO<br />

BAIXO VIGOR NA BROTAÇÃO DOS CAFEEIROS IAPAR – 59,<br />

NO PÓS-RECEPA, NA REGIÃO DE MONTANHA DO E. SANTO<br />

O vigor vegetativo das plantas é uma<br />

característica muito importante nas variedades /<br />

linhagens de cafeeiros, dela dependendo a<br />

recuperação das plantas após uma safra alta. Plantas<br />

com bom vigor resultam, no geral, em médias<br />

produtivas bienais maiores. Também após podas,<br />

especialmente naquelas drásticas, como a recepa<br />

baixa, as plantas menos vigorosas tem dificuldade de<br />

recuperação nas brotações, apresentando brotos mais<br />

fracos e em casos mais críticos de falta de vigor os<br />

cafeeiros nem chegam a brotar, as plantas acabam<br />

morrendo.<br />

O vigor vegetativo é uma característica<br />

ligada à genética do material, sendo, assim,<br />

recomendada a observação dessa característica<br />

quando da escolha da variedade <strong>para</strong> plantio.<br />

Na região de cafeicultura de montanha, no<br />

Estado do Espírito Santo, tem sido fomentado o<br />

plantio de uma variedade já conhecida como de<br />

baixo vigor, a IAPAR-59, a qual, nos ensaios, tem<br />

evidenciado boa produtividade nas safras iniciais,<br />

porem apresentando perda significativa de vigor e<br />

produtividade após a terceira safra.<br />

Sabe-se que se pode atenuar, um pouco, os<br />

efeitos de baixo vigor, por um ambiente muito<br />

favorável, como o cultivo e m áreas mais frias e<br />

sombreadas, de bom regime hídrico, com adequado<br />

trato nutricional e plantio adensado, que<br />

condicionam menor stress após as produções.<br />

No presente trabalho objetivou-se avaliar o<br />

vigor vegetativo da variedade IAPAR-59 nessas<br />

condições de ambiente favorável, presente na<br />

cafeicultura de montanha do Espírito Santo, diante<br />

da sua indicação feita pelo Programa da Renovação<br />

de Cafezais no Estado.<br />

O estudo foi feito em Santa Maria do<br />

Marechal, em altitude de720m, solo lvah.<br />

Em 2 talhões vizinhos, sendo um de IAPAR-<br />

59 e outro do Catuai IAC-44, plantados em<br />

plantados em março/99 no espaçamento de 1,50 x<br />

C.A. Krohlling, Eng. Agr. Consultor e J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong><br />

15<br />

0,70m, foi realizada a poda, por uma recepa baixa (20<br />

cm) em outubro de 2008, ou seja, com 9 anos e 7<br />

meses após plantio, devido ao fechamento da lavoura<br />

e dificuldade de colheita. Os talhões sempre<br />

conduzidos sob manejo de boa nutrição e tratos<br />

culturais adequado..<br />

Em março de 2009, 5 meses após a recepa,<br />

avaliou-se, com<strong>para</strong>tivamente, o estado das<br />

brotações em 5 linhas contíguas em cada talhão, cada<br />

uma com 30 plantas, perfazendo 150 plantas<br />

avaliadas cada variedade. Determinou-se o numero e<br />

a percentagem de plantas que apresentavam ou não<br />

brotações.<br />

Para a análise estatística foi utilizado o<br />

programa STATISTICA 7.0. A média dos valores<br />

encontrados foi com<strong>para</strong>da pela teste t de Student ao<br />

nível de 5% de significância. A normalidade dos<br />

dados foi testada de acordo com Zar (1999).<br />

Resultados e conclusões:<br />

Os resultados das plantas avaliadas quanto ao<br />

estado das brotações dos cafeeiros, no pós- recepa,<br />

<strong>para</strong> as 2 variedades em com<strong>para</strong>ção, constam do<br />

quadro e estão demonstrados na figura 1.<br />

Verifica-se um grande diferencial no<br />

percentual de plantas que não apresentaram<br />

brotações na com<strong>para</strong>ção entre as duas variedades. A<br />

IAPAR-59 apresentou falhas em quase metade das<br />

plantas (46,7 %), enquanto na Catuai essas falhas<br />

foram muito pequenas (4 %).<br />

Quadro 1 - Cafeeiros com brotação, aos 5 meses pósrecepa<br />

baixa, em plantas de 2 variedades, S.M. Marechal-<br />

ES, 2009.


16 PESQUISANDO<br />

Os resultados da análise estatística mostrou<br />

que <strong>para</strong> o teste de Test t (p= 0,031) a rebrota do<br />

IAPAR-59 foi significativamente menor (p =0,031) em<br />

relação ao cultivar Catuaí Vermelho IAC-44 (Figura 1).<br />

Figura 1 - Porcentagem de<br />

rebrota entre as cultivares Catuaí<br />

Vermelho IAC-44 e IAPAR-59.<br />

A falta de brotação nas plantas evidencia o vigor,<br />

bastante inferior na IAPAR-59, em relação ao Catuai,<br />

mesmo nas condições ambientais e de manejo<br />

favoráveis. Esta falta de vigor prejudica muito a média<br />

produtiva a médio prazo. Veja-se o exemplo das<br />

produtividades verificadas em ensaio na Zona da Mata<br />

de Minas, em condições também de cafeicultura de<br />

montanha, adensada, que na média de 8 safras o IAPAR-<br />

59, mesmo resistente à ferrugem, produziu apenas 49<br />

scs/ha, o Catuai ficando com 67, outro Sarchimor, o<br />

1669-13, ficando com 74 sacas, o Sarchimor Amarelo-<br />

Arara, com 87 sacas e o melhor Catucai Amarelo<br />

24/137, com média de 101 scs/ha, na média de 8 safras<br />

(Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, 2008).<br />

Como a prática de recepa é muito usada e<br />

indicada em lavouras adensadas, visando a reabertura<br />

e a recuperação da copa, em áreas com<br />

fechamento grave, é necessário contar com<br />

variedades que tenham boa recuperação nas<br />

brotações pós-poda.<br />

Os resultados obtidos, e o conhecimento das<br />

condições ambientais de cultivo na cafeicultura de<br />

montanha do E. Santo, permitem concluir que:<br />

a) A variedade IAPAR-59 apresenta baixo vigor na<br />

recuperação da brotação pós-recepa, com perda que<br />

quase metade do stand de plantas.<br />

b) O baixo vigor ocorre mesmo sob condições de<br />

ambiente e manejo favoráveis.<br />

c) A variedade IAPAR-59 não é adequada ao cultivo<br />

a médio-longo prazo, onde se necessita ciclos de<br />

poda e um maior numero de safras antes de substituir<br />

as lavouras.<br />

Brotação normal em cafeeiros do lote<br />

de catuai vermelho IAC 44<br />

Pequena brotação, irregular, pós<br />

recepa, na área de cafeeiros Iapar 59,<br />

mesmo com proteção por bananeiras.<br />

ADAPTAÇÃO DA LINHAGEM DE CAFEEIROS CATUCAI<br />

VERMELHO 785/15 ÀS CONDIÇÕES DA CAFEICULTURA DE<br />

MONTANHA, NA ZONA DA MATA DE MINAS<br />

A linhagem de Catucai vernelho 785/15 foi<br />

originária de um cruzamento natural entre o Catuai e<br />

o Icatu 785, identificado na região da Zona da Mata<br />

J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/<strong>Procafé</strong> e G.N. Rosa, Eng. Agr. e<br />

Sinésio Leite Filho, Tec. Agr. CEPEC-Heringer<br />

de Minas, com seleções feitas no IBC, em Caratinga<br />

e, depois, no CEPEC em Martins Soares.<br />

Vários ensaios de competição foram


PESQUISANDO<br />

A cultivar Catucai 785/15 está substituindo o<br />

tradicional Catuai/44, na foto vendo-se o toco de<br />

lavoura velha, que tinha cerca de 30 anos e muita<br />

infestação por M. exígua. Cafeeiro Catucai 785/15, aos 2 anos muito florido<br />

conduzidos <strong>para</strong> avaliar as condições produtivas e a<br />

resistência da linhagem 785/15 nas condições da<br />

cafeicultura de montanha. Bons resultados de<br />

produtividade, tolerância à ferrugem e resistência ao<br />

nematóide M. exígua foram obtidos, cujos dados<br />

foram publicados em diversos trabalhos. No entanto,<br />

a aceitação de uma nova variedade pelos<br />

cafeicultores, deve ser feita de forma gradativa, em<br />

pequenos lotes, <strong>para</strong> verificar sua adaptação às<br />

condições normais de cultivo.<br />

Uma fase importante na introdução de um<br />

novo material genético é a sua avaliação em campos<br />

de observação, onde se reproduzem, em pequena<br />

escala, as condições normais de uma lavoura<br />

comercial.<br />

No presente trabalho objetivou-se avaliar o<br />

comportamento da linhagem de catucai vermelho<br />

785/15 em campo de observação instalado no<br />

CEPEC, em Martins Soares-MG, a 740 m de altitude,<br />

sob as condições de plantio adensado, situação<br />

indicada e predodominantena cafeicultura da Zona<br />

da Mata de Minas.<br />

Foi feito o plantio, em janeiro de 2001, de um<br />

talhão de 0,2 ha, no espaçamento de 2 x 0,5 m,<br />

adotando-se os tratos usuais indicados, sendo que não<br />

foi praticado um controle especifico da ferrugem,<br />

apenas foram feitas, anualmente 3 pulverizações com<br />

sais mais cobre, <strong>para</strong> correção de micro-nutrientes e<br />

proteção das plantas. A adubação anual correspondeu a<br />

400 kg/ha de N e K2O e 80 kg de P2O5.<br />

A avaliação do campo foi feita através das<br />

colheitas anuais de todo o talhão, com transformação<br />

<strong>para</strong> sacas de café beneficiado por hectare. Foram<br />

feitas observações sobre infecçãao de ferrugem,<br />

floração, maturação e tamanho dos frutos.<br />

Resultados e conclusões:<br />

Os resultados de produtividade obtidos no<br />

Quadro 1 - Produtividade, em sacas/ha, em 7 safras, de<br />

cafeeiros do campo de observação com a linhagem catucai<br />

785/15, Martins Soares, Mg, 2009<br />

17<br />

campo de observação, em 7 safras, obtidas no<br />

período 2003-09 estão colocados no quadro 1.<br />

A observação dos dados de produtividade mostra<br />

variações anuais de 56.5 a 170 sacas/ha, com média<br />

de 104,6 sacas/ha, no período de 7 safras. Verifica-se<br />

um nível alto e uma boa constância nas safras,<br />

característica dessa linhagem, também observada e<br />

considerada adequada pelos produtores.<br />

Outra observação diz respeito à boa<br />

adaptação do catucai 785/15 ao adensamento, pois as<br />

plantas, de porte baixo, crescem menos, em altura e<br />

diâmetro de copa. Alem disso, os cafeeiros sofrem<br />

stress mais cedo, estimulando o abotoamento e a<br />

florada precoce, mesmo em ramos sombreados pelo<br />

fechamento na lavoura. A maturação dos frutos<br />

também é bem precoce. No campo não foi<br />

observado, em nenhum dos ciclos agrícolas, ataque<br />

significativo da ferrugem. Aparecem algumas<br />

plantas infectadas, com baixo nível de infecção.<br />

Os resultados obtidos e as observações de<br />

campo permitem concluir que: a linhagem de catucai


18 PESQUISANDO<br />

vermelho 785/15 é bastante produtiva e apresenta<br />

características adequadas de adaptação às condições<br />

de cafeicultura de montanha. Assim comprova sua<br />

boa aceitação, sendo, atualmente, uma das<br />

variedades mais plantadas na Zona da Mata de<br />

Minas. Ela é, especialmente, indicada <strong>para</strong> a<br />

Precocidade produtiva no catucai 785/15,<br />

na 1ª safra, aos 2 anos de idade.<br />

A análise foliar em cafeeiros é um<br />

instrumento importante, auxiliar na avaliação de<br />

deficiências e do estado nutricional das plantas e na<br />

indicação da adubação racional das lavouras de café.<br />

A literatura, especialmente os trabalhos do Prof.<br />

Malavolta (In: Manual de Adubação do Cafeeiro,<br />

Inst. Potassa, Piracicaba)), cita que no cafeeiro a<br />

coleta de folhas deve ser procedida de forma a coletar<br />

um par de folhas no 3º ou 4º par, contados da<br />

extremidade do ramo, <strong>para</strong> formar amostra destinada<br />

à análise pelos laboratórios.<br />

Surgiram dúvidas sobre a recomendação da<br />

coleta de folhas em cafeeiros, ou seja, se deveria ser<br />

coletado o par (as 2 folhas do par) ou apenas uma de<br />

cada par. A maioria dos técnicos entendiam que a<br />

recomendação e o uso na prática era feito com a<br />

coleta das 2 folhas do par.<br />

Como a retirada individual das folhas do par<br />

traria a vantagem de uma melhor representação na<br />

substituição de lavouras velhas, sabidamente<br />

infestadas por M. exígua, na combinação com outros<br />

materiais genéticos, pela antecipação na sua colheita<br />

e nas regiões de altitude elevadas, pela sua facilidade<br />

de stress e floração mesmo em regiões frias e pouco<br />

ensolaradas.<br />

Frutificação com rosetas cheias no 785/15,<br />

com frutos graúdos.<br />

EQUIVALENCIA NA COLETA DE FOLHAS INDIVIDUAIS OU DE<br />

PARES NA AMOSTRAGEM PARA ANÁLISE FOLIAR DO CAFEEIRO<br />

J.B. Matiello, A.W.R. Garcia, S.R. Almeida, Ana Carolina Ramia N. Paiva, Allyson F. Vilela, R.N. Paiva<br />

e A.L. Garcia, Engs. Agrs. MAPA;<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />

Duas folhas do 3°<br />

Observa-se o 3° - 4° par de folhas usualmente<br />

amostrado <strong>para</strong> análise química no Laboratório.<br />

amostra, já que poderiam ser coletadas folhas<br />

representando o dobro do numero de ramos nas<br />

plantas, procedeu-se um estudo <strong>para</strong> verificar a<br />

correspondência na recomendação.<br />

No estudo escolheu-se uma lavoura e


PESQUISANDO<br />

cafeeiros bem uniformes na Fazenda Experimental<br />

de Varginha em 6 talhões sendo três de Catuai e três<br />

de Mundo Novo, e procedeu-se a coleta, nas mesmas<br />

plantas e em ramos equivalentes, em 2 tipos de<br />

amostra, sendo: Amostra 1, com a coleta do par de<br />

folhas (2 folhas do terceiro par). A amostra 2 foi<br />

constituída de folhas somente uma de cada par,<br />

também do terceiro. Foram tomadas 40 folhas na<br />

amostra 2 contra 80 na amostra 1. Foram tomadas 12<br />

amostras dos cafeeiros.<br />

Procedeu-se a análise das amostras no<br />

laboratório da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, também em<br />

Uma folha do 3° par<br />

Mais adequadamente deve-se amostrar uma folha<br />

por par, <strong>para</strong> aumentar a representatividade da<br />

amostra.<br />

Quadro 1 - Níveis nutricionais médios,em folhas<br />

de cafeeiros (Catuai e M. Novo) tomados em 2<br />

tipos de amostras, Varginha-Mg, 2008.<br />

19<br />

Varginha, <strong>para</strong> determinar os níveis nutricionais nas<br />

folhas, seguindo-se a metodologia de análise usual.<br />

Resultados e conclusões<br />

Os resultados médios das 12 amostras, na<br />

média entre aquelas do Catuai e do M. Novo, obtidos<br />

<strong>para</strong> os vários parâmetros nutricionais analisados,<br />

estão colocados, com<strong>para</strong>tivamente, no quadro 1.<br />

Os dados médios do quadro 1 mostram que<br />

houve total semelhança entre os níveis nutricionais,<br />

<strong>para</strong> todos os nutrientes, entre as amostras do par ou<br />

de folhas individuais do par. A análise estatística não<br />

mostrou diferenças significativas.em nenhum dos<br />

nutrientes com<strong>para</strong>dos.<br />

Os resultados obtidos permitiram concluir que:<br />

- Ocorre uma equivalência nas amostragens entre o<br />

par de folhas e as folhas individuais do mesmo par.<br />

- Como através da coleta das folhas individuais podese<br />

representar mais ramos com o mesmo tamanho de<br />

amostra (numero total de folhas coletadas) a boa<br />

técnica amostral indica que é mais recomendável<br />

usar a amostra de folhas individuais.<br />

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RECOLHIMENTO<br />

MECANIZADO DE CAFÉ<br />

F. Moreira da Silva - Prof. Depto. Engenharia Agrícola/UFLA; R.S. Sales - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;<br />

J.C.S. Souza, Mestre Eng. Agrícola DEG/UFLA; G.A.Silva Ferraz - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;<br />

B.C. Franco - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; R.L. Bueno - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;<br />

A colheita mecanizada do café é uma realidade<br />

que vem crescendo devido à necessidade dos produtores<br />

de fazerem uma colheita rápida, com menor custo<br />

operacional e com um produto final de melhor<br />

qualidade. Para Kashima (1990), a possibilidade de<br />

mecanização da colheita é a grande saída <strong>para</strong> o país<br />

continuar com a liderança mundial de café através da<br />

competitividade nos custos e na qualidade do produto.<br />

No sul de minas, maior região produtora de café do<br />

Brasil, o uso de colhedoras automotrizes já é bem<br />

expressivo e crescente, porém ainda predomina a<br />

colheita manual e a colheita semimecanizada com<br />

derriçadoras portáteis, onde o café é derriçado no chão,<br />

sendo que o atual desafio do processo de colheita passou<br />

a ser a operação de varrição e recolhimento do café caído<br />

ou derriçado no chão. De modo geral, a mecanização das


20 PESQUISANDO<br />

operações de colheita do café tem gerado vários<br />

benefícios ao processo de colheita, destacando-se a<br />

rapidez e, sobretudo a redução de custos. Segundo Silva<br />

et al. (2004), os sistemas mecanizados de recolhimento<br />

do café de chão já estão disponíveis no mercado,<br />

apresentando boa eficiência de recolhimento, contudo<br />

necessitando de duas operações mecanizadas como, o<br />

enleiramento e posteriormente o recolhimento que<br />

demanda mais horas de operação mecanizada e a<br />

disponibilidade de mais tratores. Pádua et al (2000)<br />

estudando análise com<strong>para</strong>tiva de custos <strong>para</strong> colheita<br />

de café mecanizada, semimecanizada e manual<br />

concluíram que a mecanização possibilitou uma<br />

redução de 23,8% <strong>para</strong> o custo da saca de café, em<br />

com<strong>para</strong>ção ao sistema manual, <strong>para</strong> uma produtividade<br />

média de 38 sacas por hectare. Neste sentido, este<br />

trabalho teve por objetivo avaliar o sistema de<br />

recolhimento mecanizado do café, utilizando uma<br />

recolhedora pneumática, com<strong>para</strong>tivamente com o<br />

recolhimento no sistema manual.<br />

Os trabalhos experimentais foram<br />

desenvolvidos na fazenda Conquista do grupo<br />

Ipanema em Alfenas, região Sul de Minas Gerais, no<br />

período de 23 a 26/07/2008, em lavouras da cultivar<br />

Mundo Novo, plantadas no espaçamento de 1,5 x 3,8 e<br />

0,75 x 3,8 metros. A colheita das lavouras foi feita<br />

mecanicamente com uma colhedora automotriz em<br />

duas passadas e repasse semimecanizado, com<br />

derriçador portátil. Anteriormente ao início do ensaio<br />

procedeu-se o levantamento do volume médio de<br />

frutos caídos no chão. A operação de recolhimento<br />

mecanizado dos frutos caído no chão foi realizada com<br />

a recolhedora modelo Dragão ECO, acoplada a um<br />

trator cafeeiro 4x2 auxiliar, com potência de 70cv .<br />

Os tratamentos constaram da operação de<br />

recolhimento mecanizada, <strong>para</strong> as velocidades<br />

operacionais de 1600 e 2400 metros/hora, conforme<br />

escalonamento de marchas do trator. A eficiência de<br />

recolhimento foi calculada em função do volume<br />

recolhido mecanicamente, já descontado as<br />

impurezas, em relação ao volume médio de frutos<br />

caído no chão. As perdas de recolhimento foram<br />

medidas se<strong>para</strong>damente do lado de cima e debaixo da<br />

linha dos cafeeiros uma vez que a recolhedora pode<br />

operar com distintas velocidades no sentido de ida e<br />

volta. Para a análise dos custos operacionais de<br />

colheita do café foram avaliados os custos fixos e os<br />

variáveis da recolhedora. Também se considerou<br />

como custo de mão-de-obra a diária corrente usada<br />

no recolhimento manual do café, pago de acordo com<br />

a produtividade, ao preço liquido entre R$ 10,00 e R$<br />

16,00 por medida de 60 L. Este preço foi o vigente no<br />

ano de 2008, na região Sul de Minas Gerais, após<br />

análise de mercado.<br />

Foram realizados dois ensaios com a<br />

recolhedora, onde a rotação média do motor foi de<br />

Recolheitadeira de café<br />

do chão, modelo Dragão Sol Ecosolução<br />

1900 rpm e a rotação média da tomada de potência<br />

foi de 540 rpm. O primeiro ensaio foi realizado na<br />

lavoura Mundo Novo, plantada no espaçamento de<br />

1,50m entre plantas e 3,80m entre linhas, com<br />

declividade média de 5%. A lavoura apresentava um<br />

grande volume de cisco (folhas, gravetos e galhos),<br />

sob a saia dos cafeeiros, junto com os frutos caídos<br />

no chão, necessitando da pré-operação de limpeza<br />

com rastelamento dos galhos maiores. A velocidade<br />

operacional média foi de 1600 m/h. O segundo<br />

ensaio foi realizado na mesma lavoura, plantada no<br />

espaçamento de 0,75m entre plantas e 3,80m entre<br />

linhas. A gleba apresentava um menor volume de<br />

ciscos sob a saia dos cafeeiros, em relação ao ensaio<br />

anterior, contudo não dispensou a pré-operação de<br />

limpeza com rastelamento dos galhos maiores. Neste<br />

ensaio a velocidade operacional de ida foi de 2400<br />

m/hora e de volta de 1600 m/hora<br />

Resultados e Conclusão<br />

O primeiro ensaio apresentou um volume<br />

médio de frutos caídos no chão de 1,6 L/planta<br />

(1,07L/m) e um volume médio recolhido de 1,455<br />

L/planta, dando uma eficiência média de recolhimento<br />

de 90,9%. As perdas de recolhimento neste ensaio<br />

foram de 0,0525 L/planta <strong>para</strong> o lado de cima do<br />

cafeeiro e de 0,0925 L/planta <strong>para</strong> o lado de baixo, com<br />

perda média total de 0,145 L/planta que representa<br />

9,1%. O índice de impurezas apresentado foi de:<br />

14,4% <strong>para</strong> os gravetos e 5,4% <strong>para</strong> os torrões, com<br />

total de 19,8% de impurezas. O índice de maturação<br />

dos frutos recolhidos foi de: 0% <strong>para</strong> os frutos verde,<br />

4% <strong>para</strong> os frutos cereja, 38% <strong>para</strong> os frutos passa e<br />

58% <strong>para</strong> os frutos seco. A recolhedora apresentou um<br />

tempo de manobra de 4,8 minutos, um tempo de<br />

<strong>para</strong>das de 15,6 minutos e um tempo operacional<br />

efetivo de 43,2 minutos. Nestas condições, o tempo<br />

operacional total foi 63,6 minutos (1,06 horas),<br />

recolhendo 521,3 litros de frutos limpos dando uma<br />

média de 8,18 medidas/hora. Considerando o tempo<br />

efetivo, o volume total de frutos limpos recolhidos foi<br />

de 12,07 medidas/hora.


PESQUISANDO<br />

O Segundo ensaio apresentou um volume médio<br />

de frutos caídos no chão de 0,775 L/planta (1,03 L/metro)<br />

e um volume médio recolhido de 0,682 L/planta, com<br />

eficiência média de recolhimento de 88,0%. As perdas de<br />

recolhimento neste ensaio foram de 0,022 L/planta <strong>para</strong> o<br />

lado de cima do cafeeiro e de 0,071 L/planta <strong>para</strong> o lado de<br />

baixo, com perda média total de 0,093 L/planta que<br />

representa 12,0%. O índice de impurezas apresentado foi<br />

de: 11,3% <strong>para</strong> os gravetos e 16,5% <strong>para</strong> os torrões, com<br />

total de 27,8% de impurezas. O índice de maturação dos<br />

Verificou-se na tabela 1, que em média o volume<br />

recolhido, já descontadas as impurezas, foi de 10,92<br />

medidas/hora quando considerado o tempo operacional<br />

efetivo. Ao considerar o tempo operacional total, incluindo<br />

as manobras e <strong>para</strong>das o volume recolhido foi de 7,24<br />

medidas/hora, demonstrando a eficiência média<br />

operacional de 66%, recolhendo, contudo, 89,5% dos frutos<br />

caídos no chão. Com relação ao custo horário operacional<br />

do conjunto, considerou-se o tempo de depreciação do<br />

trator em 10.000 horas com 1.000 horas de trabalho ano e<br />

<strong>para</strong> a recolhedora a vida útil de 10.000; 9.600 e 5.000<br />

horas, com 800 horas de trabalho por ano. O custo variou de<br />

R$ 68,77 a 88,37 por hora, sendo R$ 35,63 o custo horário<br />

referente ao trator e R$ 33,14 a 52,74 o custo horário<br />

referente à recolhedora, salientando que neste custo não foi<br />

considerado taxa de seguro e abrigo das máquinas. O custo<br />

parcial da medida de 60 litros de frutos limpos recolhido<br />

variou de R$ 9,49 a 12,20 considerando o tempo<br />

operacional total. No recolhimento manual o valor médio<br />

considerado da diária paga (considerando um pagamento<br />

por produção) foi de R$ 70,00, já incluindo os encargos<br />

sociais, com desempenho operacional de 3 a 5 medidas<br />

recolhidas por dia o que resultaria no custo médio de R$<br />

O espaçamento na lavoura de café é de<br />

máxima importância na cultura, pois influe<br />

diretamente na produtividade, variando <strong>para</strong> o porte<br />

de plantas condições climáticas, sistemas de plantio<br />

etc, e influencia no manejo de região <strong>para</strong> região. Na<br />

Tabela 1 - Custo da<br />

medida recolhida<br />

21<br />

frutos recolhidos foi de: 1,1% <strong>para</strong> os frutos verde, 1,8%<br />

<strong>para</strong> os frutos cereja, 56,9% <strong>para</strong> os frutos passa e 40,2%<br />

<strong>para</strong> os frutos seco. A recolhedora apresentou um tempo<br />

de manobra de 4,8 minutos, um tempo de <strong>para</strong>das de 49,8<br />

minutos e um tempo operacional efetivo de 99,6 minutos.<br />

Nestas condições, o tempo operacional total foi 154,2<br />

minutos (2,57 horas), recolhendo 974,7 litros de frutos<br />

limpos, com média de 6,31 medidas/hora. Considerando<br />

o tempo efetivo, o volume total de frutos limpos<br />

recolhidos foi de 9,77 medidas/hora.<br />

*Vida útil (T) é o período<br />

em horas, que determinado<br />

bem, é utilizado na<br />

atividade produtiva.<br />

17,50 por medida. Dentro destes parâmetros considerados,<br />

a redução de custos do sistema de recolhimento mecanizado<br />

variou de 30 a 46%. Diante dos resultados obtidos, observase<br />

que o tempo de depreciação da recolhedora pode ser<br />

considerado de 5000 horas, a exemplo da maioria dos<br />

implementos agrícolas, trabalhando 800 horas por safra o<br />

que é um valor médio já observado em campo, com o custo<br />

horário da recolhedora de R$ 52,74 e do conjunto de R$<br />

88,37, que resultaria no custo médio da medida recolhida de<br />

R$ 12,20, apresentando ganho de 30% em relação ao custo<br />

da medida recolhida manualmente. Deve-se salientar que<br />

em lavouras devidamente sistematizadas, com trituração<br />

dos galhos e ramos juntamente com os demais resíduos, o<br />

desempenho operacional, pode ser maior.<br />

A) Concluiu-se que em média a eficiência de<br />

recolhimento na operação mecanizada foi de 89,5% dos<br />

frutos caídos no chão. O custo de depreciação da<br />

recolhedora pode ser feito em vida útil de 5000 horas com<br />

jornada de trabalho de 800 horas por safra. O custo médio<br />

parcial da medida recolhida foi de r$ 12,20, com redução<br />

de 30% em relação à medida recolhida manualmente<br />

sendo economicamente viável a utilização da recolhedora<br />

nestas condições.<br />

ESPAÇAMENTOS NA LINHA DE PLANTIO (ENTRE – PLANTAS) DAS<br />

VARIEDADES CATUAI VERMELHO IAC 144 E ACAIA 474/19, NAS<br />

CONDIÇÕES DE SOLO E CLIMA DA REGIÃO DE ARAXÁ – MG<br />

R. Santinato – Eng. Agr. – MAPA/<strong>Procafé</strong> – Campinas – SP, R. F. Ticle – Eng. Agr. Capal – Araxá – MG,<br />

A. R. Silva – Tec. Agr. Capal – Araxá – MG e G. D' Antonio – Eng. Agr. – Grupo IBRA – Campinas – SP<br />

cafeicultura mecanizada os espaçamentos de rua<br />

visando um maior período sem fechamento das<br />

mesmas e ao redor de 4,00m.<br />

Já na linha, nas regiões frias tem-se utilizado<br />

entre 0,7 – 1,0m e nas mais quentes 0,5 a 0,6; no


22 PESQUISANDO<br />

primeiro caso <strong>para</strong> melhor arejamento e no segundo<br />

<strong>para</strong> melhor divisão da frutificação evitando o<br />

estressamento em anos de carga alta.<br />

Dentro destas considerações, o presente<br />

trabalho visa avaliar o melhor espaçamento <strong>para</strong> as<br />

variedades Acaia 474/19 e o Catuai Vermelho IAC<br />

144 (porte alto e baixo) na linha de plantio, nas<br />

condições de cultivo do cerrado da região de Araxá.<br />

O ensaio foi instalado no Campo<br />

Experimental da Cooperativa Agropecuária de<br />

Araxá Ltda. (CAPAL) em Solo de Cerrado (LVE),<br />

980m de altitude, declive de 3%, com plantio<br />

efetuado em 10/02/06 com espaçamento fixo de 4m<br />

entre linhas (rua) e variável entre plantas: 0,25; 0,5;<br />

0,75 e 1,0m, respectivamente 10.000, 5.000, 3.333 e<br />

2.500 pl/ha <strong>para</strong> ambas as variedades. O<br />

delineamento experimental adotado foi de blocos ao<br />

acaso com parcelas de 10 m; sendo os 8 centrais úteis<br />

com bordadura comum.<br />

Os tratos culturais, fito-sanitários e nutricionais<br />

foram os recomendados pela MAPA procafé <strong>para</strong> a<br />

região; exceto na adubação diferenciada feita em<br />

função da produtividade esperada por tratamento.<br />

As avaliações constaram das produções 1º e<br />

2º (2008 e 2009) em scs/ha e litros/planta, além de<br />

dados de biometria (altura, diâmetro da copa e do<br />

caule).<br />

Resultados e conclusões:<br />

O quadro 1 demonstra os dados de produção<br />

da 1º e 2º produções e media do biênio 2008/09.<br />

Pode-se observar a superioridade da variedade<br />

Catuai sobre Acaia (+27%). De forma siginificativa<br />

o espaçamento de 0,25m entre plantas foi superior a<br />

0,5; 0,75 e 1,00 em 30, 41, 47%, independentemente<br />

da variedade; sendo mais acentuada <strong>para</strong> o Catuai. A<br />

média de litros por planta, do biênio 2008-09, e que<br />

diminuiu com a redução do espaçamento de 0,5 <strong>para</strong><br />

0,25 e aumento deste <strong>para</strong> 0,75 e 1,00 m; sendo mais<br />

evidente no Acaia de 0,5 <strong>para</strong> 0,75.<br />

Em referência à biometria foi evidente a<br />

superioridade em altura do Acaia (+0,66m) em<br />

relação ao Catuai e dos espaçamentos 0,25m sobre<br />

0,5m e destes <strong>para</strong> 0,75m e 1,0m. Para diâmetro da<br />

copa, as diferenças entre espaçamentos no catuai<br />

praticamente não existiram e no Acaia o diâmetro foi<br />

maior nos menores espaçamento (0,25 e 0,5m). O<br />

diâmetro do caule foi tanto maior quanto mais largo<br />

foi o espaçamento. No campo observa-se a tendência<br />

de vergamento <strong>para</strong> o espaçamento 0,25m em ambas<br />

as variedades, alem do afilamento dos ramos<br />

plagiotrópicos e ocorrência de seca maior que nos<br />

demais.<br />

Até a 2º safra pode-se concluir que:<br />

a) O Catuai Vermelho IAC 144 foi mais produtivo<br />

que o Acaia 474-19, em qualquer dos espaçamentos<br />

estudados, com mais 27% na média.<br />

b) O espaçamento mais produtivo, independente da<br />

variedade, foi de 0,25m entre plantas (10.000 pl/ha)..<br />

c) A altura foi maior nos espaçamentos menores, o<br />

diâmetro do caule é o inverso, enquanto o diâmetro<br />

da copa é também menor nos espaçamentos mais<br />

largos.<br />

d) Nos espaçemento de 0,25m, especialmente <strong>para</strong><br />

Acaia, ocorre vergamento das plantas.<br />

Quadro 1 - Produção e biometria em cafeeiros catuai e acaiá sob diferentes espaçamentos na linha, Araxá – MG, 2009


Ramo seco no meio da planta,<br />

por ataque de esperança<br />

Detalhe do inseto adulto, sobre o ramo.<br />

Detalhe da lesão no ramo<br />

Detalhe da cadeia de ovos dentro da casca<br />

RESPONDE<br />

23<br />

Consulte pelo E-mail:<br />

contato@fundacaoprocafe.com.br<br />

Encontramos estes “ovos” em ramos secos na cultura do<br />

café, na região de Caratinga. Parece ser um tipo de "postura"<br />

realizada em ramos secos de café, entre a parte já suberizada<br />

(cortiça) e o lenho da planta. São estruturas rígidas e se encontram<br />

em pontos isolados na lavoura. Por favor, se tiver alguma<br />

informação, do que se trata, poderia nos responder.<br />

Alexandre Marques Ribeiro<br />

Coffea:<br />

Trata-se, na realidade, do ataque de um inseto, um tipo de<br />

esperança. Ela faz lesões nos ramos do cafeeiro, abrindo fendas na<br />

casca, onde faze a oviposição. Os ovos são colocados na forma de<br />

cadeia, sendo de cor clara, ovais compridos, se parecendo com grãos<br />

de arroz. A lesão é feita nos ramos ainda verdes, sendo que ela<br />

provoca a seca de ramos, na parte acima da área atacada.<br />

A ocorrência do ataque vinha sendo muito rara, porem este<br />

ano, tanto na região de café arábica como de robusta tem tido mais<br />

freqüente, podendo ser uma questão de desequilíbrio que favoreceu<br />

o aumento da população das esperanças.<br />

Na lavoura pode-se identificar o ataque facilmente. Observase<br />

um ramo seco, isolado, normalmente na parte média/alta do<br />

cafeeiro, aparentemente sem razão <strong>para</strong> a seca. Logo, ao examinar na<br />

parte mais baixa da região seca de<strong>para</strong>-se com a casca solta e<br />

verifica-se, abaixo da casca, junto ao lenho, uma cadeia de ovos.<br />

Obrigado pela foto do detalhe dos ovos. Já havíamos<br />

recebido consulta semelhante de um Técnico lá do Sul de Minas.<br />

Serviu <strong>para</strong> mostrar os sintomas/sinais do ataque, <strong>para</strong> aqueles que<br />

ainda não conhecem o problema.


24<br />

O adensamento no solo, em lavouras de café, é um<br />

problema que pode estar passando desapercebido pelo<br />

produtor e pelo técnico que lhe presta assistência, já que ele<br />

não pode ser observado com facilidade no campo.<br />

A presença dessas camadas adensadas diminui a<br />

profundidade útil do solo, e os cafeeiros sofrem, tanto na<br />

época chuvosa, por excesso de água, que não se escoa através<br />

da camada problemática, como na seca, por terem um sistema<br />

radicular restrito e superficial. As raízes principais crescem<br />

lateralmente, tipo um pé de galinha. Algumas raízes que<br />

conseguem ultrapassar a camada, quando mais delgada,<br />

voltam a se desenvolver mais em baixo. Já, nas áreas sem a<br />

presença de camadas adensadas, o sistema radicular se<br />

aprofunda normalmente, com a distribuição regular de raízes<br />

no perfil. Com excesso de água as raízes dos cafeeiros<br />

apodrecem.<br />

Tipos de adensamento<br />

O adensamento pode ser de 2 tipos: na superfície, ou<br />

bem próximo, podem ocorrer camadas adensadas, tendo como<br />

origem a passagem continuada de tratores e implementos<br />

agrícolas ou na sub-superfície, com camadas normalmente a<br />

40-60 cm de profundidade e formadas em função da natureza<br />

do solo, pela infiltração e depósito gradual de argila ao longo<br />

do perfil. O manejo inadequado do solo, com gradagens ou<br />

outros implementos que pulverizam a terra, em culturas<br />

anteriores ou no próprio cafezal, tendem a dar origem ao<br />

mesmo problema.<br />

Condições que favorecem<br />

O adensamento é favorecido nas áreas de cafézais<br />

com relevo plano (chapadas) e nos solos com teor de argila ou<br />

de limo mais elevado, principalmente quando mal<br />

estruturados. É freqüente encontrar esta limitação em solos<br />

com alta dispersão de argilas como os Lva orto.<br />

RECOMENDANDO<br />

ADENSAMENTO NO SOLO:<br />

COMO IDENTIFICAR, PREVENIR OU CONTROLAR<br />

Figura 1 – Valores obtidos com penetrômetro medindo a<br />

resistência do solo à penetração, em cafezal com camada<br />

adensada – Sinop-MT.<br />

J.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs. Agrs. Mapa/<strong>Procafé</strong><br />

Solos com elevado teor de areia (fina), com baixo<br />

teor de argila, mas com níveis razoáveis de limo (silte), como<br />

aqueles presentes na região do Oeste da Bahia, podem, pela<br />

fácil lavagem do perfil, formar tênues camadas adensadas,<br />

acumulando poças de água no meio do cafezal.<br />

Solos com teor de argila crescente em profundidade,<br />

atingindo níveis de alta densidade antes de 1 metro, não podem<br />

ser enquadrados como problemas de uma determinada camada<br />

adensada e, portanto, não resultam em grandes melhorias<br />

através de sub-solagens. Por isso não devem ser utilizados <strong>para</strong><br />

café.<br />

Como avaliar o adensamento<br />

A avaliação da presença de camadas de solo bastante<br />

endurecidas (adensadas), com densidade elevada, pode ser<br />

feita de várias formas:<br />

a) Em trincheiras - são abertos buracos na área, com<br />

profundidade até onde se deseja avaliar. Normalmente são<br />

abertos na projeção da saia do cafeeiro, ou onde passam as<br />

rodas do trator. Ali, com auxílio de uma faca, verifica-se, de<br />

cima a baixo, no perfil do solo, se existem áreas mais<br />

compactas e endurecidas, onde a faca não penetra bem.<br />

Também, deve-se observar, na trincheira, como está a<br />

penetração e a presença de raízes (do cafeeiro e do mato), nas<br />

várias camadas do perfil. Pode-se, ainda, observar variações<br />

de cores e a presença de mosqueamento, indicando condições<br />

de arejamento do solo.<br />

b) Com o trado - tradando, ou abrindo buracos com o trado, na<br />

zona desejada do terreno, pode-se avaliar a presença de<br />

camadas endurecidas, pela dificuldade de fazer penetrar o<br />

equipamento naquela camada, e, também, pode-se examinar a<br />

consistência da terra retirada do trado naquela parte do solo.<br />

Pode-se, ainda, observar a presença de raízes nas várias<br />

profundidades.<br />

c) Pela determinação da densidade ou massa específica do<br />

solo, em laboratório.<br />

d) Pela observação do sistema radicular do cafeeiro, seu<br />

formato, nas trincheiras ou quando do arranquio de plantas,<br />

cafeeiros velhos, na área em análise, verificando-se, em caso<br />

de problemas, as raízes grossas desenvolvidas apenas<br />

lateralmente, formando um “pé-de-galinha”, podendo, assim,<br />

o toco da planta manter-se na vertical mesmo após arrancado.<br />

e) Com o penetrômetro - é um equipamento com uma haste<br />

que penetra no solo sempre que impulsionada pelo peso nela<br />

existente. A haste é graduada e permite avaliar a dureza do<br />

solo, nas várias camadas, através do nº de batidas (do peso)<br />

necessárias <strong>para</strong> a haste penetrar determinada distância.<br />

Assim, com auxílio de um gráfico, construído em função dos<br />

dados coletados, verifica-se a presença de adensamento. Ver a


RECOMENDANDO<br />

figura 1, com exemplos de dados, em gráfico, obtidos em<br />

condições de solos com problema de adensamento e também a<br />

curva obtida após 2 anos de subsolagem. Observa-se que 2<br />

“picos” de resistência à penetração, correspondendo a<br />

adensamentos no solo, se encontravam na faixa de 4-10 cm e<br />

28-36 cm de profundidade. Após à subsolagem, toda a<br />

extensão da camada, da superfície até aos 50 cm, se tornou<br />

menos dura e mais favorável ao sistema radicular do cafeeiro.<br />

camadas do perfil.<br />

Como prevenir e controlar<br />

As medidas <strong>para</strong> reduzir os problemas de<br />

adensamento devem ser muito mais preventivas do que<br />

corretivas. Para prevenir, nas áreas sujeitas ao adensamento,<br />

deve-se atuar tanto na fase de plantio, como no manejo da<br />

lavoura adulta, com escolhas ou execução de práticasjo que<br />

evitam ou reduzem esses problemas.<br />

A prevenção começa na escolha da área <strong>para</strong> plantio<br />

de café, devendo-se pesquisar o perfil do solo das áreas de<br />

interesse, evitando, nessas áreas, os terrenos de chapada,<br />

excessivamente planos. Os terrenos de encosta, com mais de<br />

5% de declividade, favorecem a percolação e escorrimento<br />

lateral do excesso de água. Deve-se evitar, também, áreas de<br />

solo muito argiloso e mal estruturado.<br />

Em seguida, uma aração profunda no preparo, antes<br />

do plantio, pode reduzir problemas de adensamento. A subsolagem,<br />

com 3 hastes, sobre o sulco de plantio aberto, já<br />

reduz bastante o problema, pois o sistema radicular primário<br />

(“pião”) já pode descer na abertura deixada. Em caso de<br />

preparo manual fazer covas grandes e profundas.<br />

Durante os tratos da lavoura deve-se usar o minimo<br />

possível os implementos desintegradores, como grade,<br />

rotativa, etc.e, ainda, reduzir o numero de passadas de trator no<br />

ano. Uma opção boa <strong>para</strong> isso é o uso de herbicidas e, ainda, a<br />

aplicação de defensivos via solo. Evitar alguns tratos, como<br />

capinas mecanizadas, com solo úmido. O uso mais freqüente<br />

de adubações orgânicas e, no mesmo sentido, o manejo do<br />

mato, favorecem as condições físicas do solo, especialmente<br />

sua porosidade.<br />

Nas áreas em que possam existir alguns problemas de<br />

adensamento do solo ou com maior possibilidade de sua<br />

ocorrência futura, deve-se adotar sistemas de plantio e manejo<br />

que venham atenuar esses problemas. Cita-se o plantio de<br />

lavouras de forma mais fechada pois os lavoura com os cafeeiros<br />

mais juntos têm um melhor equilíbrio raiz/parte aérea (=<br />

produção) e nesse sistema os prejuízos devidos a camadas<br />

endurecidas são menos sentidos. Além disso ocorre uma maior<br />

Em áreas com adensamento de solo as raízes do<br />

cafeeiro se desenvolvem superficialmente, na<br />

forma de um pé de galinha.<br />

25<br />

formação de resíduos orgânicos nesse sistema e a passagem de<br />

m<strong>aqui</strong>nário não é necessária. Outra saída é a adoção de sistemas<br />

com arborização ou irrigação, pois as árvores de sombra<br />

regularizam os picos de insolação e de temperatura, deixando os<br />

cafeeiros menos sujeitos ao “stress” devido à menor<br />

disponibilidade de solo útil (“caixa”). Além disso, as árvores<br />

funcionam como subsoladoras, com suas raízes mais vigorosas e<br />

profundas que os cafeeiros. A irrigação minimiza, também, o<br />

“stress” das plantas, que ocorre nos períodos secos nas áreas<br />

problemáticas, com pequena profundidade de solo.<br />

Por que sub-solar<br />

Uma maneira de corrigir ou reduzir os problemas de<br />

adensamento do solo é através da sub-solagem, a qual deve ser<br />

realizada <strong>para</strong> melhorar as condições físicas do solo,<br />

arrebentando camadas adensadas, de forma a facilitar o<br />

desenvolvimento das raízes do cafeeiro e a normalizar a<br />

penetração de água e o próprio arejamento em camadas com<br />

problemas.<br />

Outra situação em que a subsolagem ou uma<br />

escarificação tem sido útil é na melhoria da infiltração de água,<br />

seja em carreadores pendentes, seja na lavoura, evitando<br />

erosão, e, também, melhorando a infiltração de água da<br />

própria irrigação, condição que ocorre em plantios circulares,<br />

quando a água escorre e se faz dois riscos de<br />

subsolador/escarificador, lateralmente, nas linhas de cafeeiros<br />

jovens.<br />

Na lavoura de café o mais indicado é a sub-solagem<br />

na projeção da saia e de um lado da fileira de cada vez, pois o<br />

rompimento de raízes, dos 2 lados, de uma só vez, pode<br />

prejudicar a planta, principalmente se demorar a chover.<br />

Em cafezais onde o adensamento é mais superficial,<br />

causado pela passagem sucessiva dos tratores com<br />

m<strong>aqui</strong>nário, pode-se usar o subsolador, regulado <strong>para</strong><br />

aprofundar menos (20-30 cm), <strong>para</strong> romper a crosta do<br />

terreno, ou, então, usar um escarificador.<br />

Não existem trabalhos de pesquisa que mostrem a<br />

melhor frequência da prática da sub-solagem, mas verifica-se,<br />

na prática, que ela não deve ser feita anualmente, como alguns<br />

produtores fazem. Pode-se efetuar a operação de um lado num<br />

ano, no outro lado no ano seguinte, e, depois, de acordo com a<br />

necessidade, poderia ser repetida a cada 2-4 anos.<br />

A época ideal de sub-solar é após o período de<br />

colheita e o mais próximo do período chuvoso (em set-out).<br />

Para que o serviço fique bem feito, ou seja, <strong>para</strong> que o garfo<br />

rompa, em blocos, o solo, é preciso que o mesmo esteja seco<br />

ou pouco úmido. Com o solo bem úmido, o garfo faz um rasgo<br />

liso na terra, sem romper adequadamente.<br />

Para as áreas de solo arenoso e com formação de<br />

poças de água na lavoura, uma maneira de eliminá-las é fazer<br />

furos profundos, com trado tratorizado, <strong>para</strong> drenagem dessa<br />

água em profundidade. Esses furos, em seguida, podem ser<br />

preenchidos com material palhoso, ou cascalho, ou areia<br />

grossa, <strong>para</strong>, assim, funcionarem como drenos por mais<br />

tempo, sem entupir com o próprio solo.<br />

Quando usada como auxiliar na infiltração de água e<br />

controle da erosão a sub-solagem deve ser feita com 1 garfo no<br />

meio das ruas da lavoura, saltando ou não, ruas, conforme a<br />

gravidade do problema.Pode, também, ser feita nos<br />

carreadores, especialmente nos pendentes, e junto as linhas de<br />

cafeeiros jovens.


26 RECOMENDANDO<br />

O mato nas lavouras de café é composto pelas ervas<br />

daninhas ou plantas invasoras, que crescem no meio do cafezal<br />

e que precisam ser controladas.<br />

Sem o controle adequado, as ervas se multiplicam e<br />

crescem de forma exagerada, extraem do solo os nutrientes e a<br />

água necessários ao seu crescimento, reduzindo a<br />

disponibilidade desses elementos vitais <strong>para</strong> as plantas de café,<br />

as quais ficam prejudicadas em seu desenvolvimento e em sua<br />

produtividade. Em cafeeiros jovens e na saia das plantas adultas<br />

o mato pode, também, concorrer em luz.<br />

As plantas daninhas são rústicas, tem um bom sistema<br />

radicular e estão mais adaptadas a ambientes desfavoráveis, do<br />

que o cafeeiro, portanto são capazes de concorrer em situação<br />

vantajosa, exigindo seu manejo adequado na lavoura de café,<br />

<strong>para</strong> evitar prejuízos. Por outro lado, o mato apresenta<br />

vantagens, promovendo a proteção do solo, fazendo a<br />

reciclagem de nutrientes e fornecendo material orgânico,<br />

melhorando as condições biológicas da área.<br />

O controle ideal é aquele que atua manejando o mato,<br />

<strong>para</strong> reduzir os prejuízos que causa, aproveitando, no entanto,<br />

as vantagens que as ervas oferecem.<br />

No entanto, o que se tem visto muito, ultimamente, é um<br />

exagero no manejo do mato, com a lavoura passando a maior<br />

parte do tempo muito suja. Os trabalhos de pesquisa mostram a<br />

grande quantidade de massa produzida pelas ervas no meio do<br />

cafezal. Na área estudada essa massa foi de 22,8 t de peso verde e<br />

3 t de peso seco. Nessas ervas estavam contidas quantidades<br />

expressivas de nutrientes extraídos do solo, sendo, na área<br />

estudada, encontrados nas ervas, por hectare: 96 kg de N, 60 kg de<br />

K20 e 7 kg de P2O5 e outros nutrientes. Essa extração ocorreu em<br />

níveis semelhantes aos que a própria lavoura de café extrai <strong>para</strong><br />

uma produção equivalente a 10-15 scs/ha.<br />

Os nutrientes das ervas são obtidos da reserva do solo<br />

e também dos adubos aplicados no cafezal. Como os nutrientes<br />

absorvidos pelas plantas daninhas ficam indisponíveis <strong>para</strong> os<br />

cafeeiros a curto prazo, é comum observar-se sintomas de<br />

amarelecimento e outros de stress nutricional nos cafeeiros, em<br />

áreas com muito mato. A médio prazo, no entanto, ocorre a<br />

decomposição da matéria orgânica do mato, liberando e<br />

repondo os nutrientes ao solo, de forma gradual e de modo mais<br />

Área com aplicação de glifosato, com controle<br />

eficiente da marmelada, mas já com seleção <strong>para</strong><br />

trapoeraba, devendo, nesses casos, ser usada<br />

uma mistura de produtos.<br />

MATO DEMAIS, MATA<br />

J.B. Matiello, Engº Agrº Mapa/<strong>Procafé</strong>, L. B. Japiassú Engº Agrº <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />

Mato muito alto, com dominância de capim<br />

marmelada, em cafezal aos 3 anos de idade<br />

facilmente assimilável pelas plantas de café. Essa é uma razão<br />

importante <strong>para</strong> o manejo racional do mato.<br />

Para isso é essencial observar a época critica <strong>para</strong> o<br />

cafeeiro. As pesquisas tem mostrado que a época mais<br />

importante <strong>para</strong> controle do mato, quando se estabelece maior<br />

concorrência das ervas com os cafeeiros, é aquela entre outubro<br />

e fevereiro, onde o controle reduziu ao máximo as perdas,<br />

período coincidindo com o maior crescimento vegetativo e com<br />

a granação dos frutos.<br />

Em especial, deve-se ter cuidado no período dez-jan,<br />

onde também ocorrem veranicos. Nessa época, deve-se,<br />

conforme os resultados das pesquisas, manter a lavoura mais no<br />

limpo, através de uma aplicação de herbicidas de pósemergência<br />

em área total. Caso não se queira aplicar o herbicida<br />

pode-se, neste período, fazer roçadas bem frequentes e manter o<br />

mato sempre baixo. O objetivo, bastante lógico, deste manejo é<br />

o de aproveitar os nutrientes acumulados no mato em beneficio<br />

do cafeeiro, quando ele mais precisa.<br />

As lavouras conduzidas com menos mato no período<br />

já citado se mostram sempre mais verdes, sem ataques de<br />

cercosporiose, ao contrário daquelas lavouras sujas de mato,<br />

que ficam amareladas e com muita cercosporiose, sinal de que<br />

os nutrientes estão em falta.<br />

Como resultado, houve a predominância de erva<br />

trapoeraba, também muito alta.


RECOMENDANDO<br />

Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo<br />

Alysson V. Fagundes, André L. Garcia, J.B. Matiello e A. W. R. Garcia - Engs Agrs. Mapa/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />

O esqueletamento é um tipo de poda que está na moda,<br />

pois vem sendo muito utilizado, nos últimos anos, na lavoura<br />

cafeeira. Porem, observa-se que muitos produtores estão<br />

fazendo a poda sem saber bem o por que. Alguns por que<br />

acharam bonito o cafezal do vizinho. Outros acham que sua<br />

lavoura vai se transformar depois do esqueletamento.<br />

Sabe-se, no entanto, pelas pesquisas realizadas, que o<br />

esqueletamento apresenta vantagens e desvantagens, e, muitas<br />

vezes, não é a melhor solução de poda naquela lavoura. Então, é<br />

preciso acertar o modo de fazer, devendo-se prestar atenção em<br />

algumas condições importantes, <strong>para</strong> se possa atingir os<br />

objetivos pretendidos na sua execução. O uso do esqueletamento<br />

deve responder e ser adequado <strong>para</strong> atender aos seguintes<br />

quesitos: 1) Qual a finalidade do esqueletamento? 2) O<br />

esqueletamento realmente aumenta a produtividade? 3) Em qual<br />

condição de lavoura ou sistema ele deve ser feito? 4) De quanto<br />

em quanto tempo deve-se fazer? 5) Qual a época ideal de podar?<br />

6) Pode-se reduzir a adubação e tratamentos fito-sanitário em<br />

lavouras podadas?<br />

O que é o esqueletamento e suas finalidades<br />

O esqueletamento consiste no corte dos ramos laterais,<br />

produtivos, do cafeeiro, associado ao corte do tronco,<br />

normalmente por um decote.<br />

O ideal do corte lateral é fazê-lo em forma cônica,<br />

iniciando-se o corte, no terço superior das plantas, entre 20 e 30<br />

cm de distância dos ramos ortotrópicos e terminando, no terço<br />

inferior, com 30 a 50 cm. Caso esse corte seja mais longo entre<br />

50 e 70 cm de distância do ortotrópico, essa poda passa a ser<br />

chamada de desponte. Já o corte do topo da planta (decote) pode<br />

ser feito de 1,2 a 2m de altura, e, em cafezais muito abertos e no<br />

sistema safra zero, pode-se cortar até mais alto, até 2,5 m, <strong>para</strong><br />

aproveitar uma maior altura produtiva nas plantas.<br />

Este corte da haste principal é importante <strong>para</strong> a<br />

quebra da dominância apical, melhorando a brotação dos ramos<br />

laterais. Porem, em alguns casos, onde a produção no ponteiro<br />

das plantas estiver boa e em espaçamentos mais apertados na<br />

rua, onde não se deseja aumentar muito o diâmetro da planta,<br />

pode-se deixar sem decotar.<br />

As principais finalidades da poda por esqueletamento<br />

são: 1) abertura de lavouras fechadas; 2) aumento e renovação<br />

da quantidade de ramos produtivos; 3) recuperação da saia de<br />

lavouras sombreadas (antes da morte desses ramos); 4)<br />

recuperação de lavouras depauperadas ou atingidas por<br />

intempéries, como secas fortes, granizo e geadas; 5) reequilíbrio<br />

entre a parte aérea e o sistema radicular;; 6)<br />

escalonamento de colheitas (sistema safra zero); 7)<br />

racionalização de custos.<br />

Efeito na produtividade<br />

O esqueletamento por si só não aumenta a<br />

produtividade. Diversos ensaios comprovam que, na maioria<br />

das vezes, os cafeeiros do tratamento testemunha, sem poda,<br />

apresentam produtividade igual ou maior do que os cafeeiros<br />

podados.<br />

Aumentos de produtividade só são observados em<br />

caráter corretivo, quando algum fator limitante, por exemplo,<br />

excesso de ramagem, embatumada, ou depauperamento,<br />

estiver presente nas plantas de um determinado talhão.<br />

Na prática o esqueletamento é muito útil no sentido de<br />

racionalizar o custo de produção, pois nos anos em que as safras<br />

27<br />

seriam menores a lavoura encontra-se somente em<br />

desenvolvimento de ramos, reduzindo assim o gasto com a<br />

colheita, que fica toda concentrada no ano seguinte.<br />

Condição das lavouras<br />

Lavouras depauperadas não respondem bem ao<br />

sistema de esqueletamento, principalmente quando aplicado<br />

continuadamente, no sistema safra zero. Isto ocorre devido à<br />

reduzida quantidade de ramos plagiotrópicos existentes nas<br />

plantas, e ainda, em função do baixo vigor. Nessa condição,<br />

após o primeiro esqueletamento, a quantidade de ramos<br />

produtivos formados é pequena. Com isso a planta tende a<br />

emitir uma grande quantidade de brotações ao longo do caule,<br />

que além de ter ação competitiva como dreno, interfere na<br />

arquitetura da planta, com elevado dispêndio de mão de obra<br />

<strong>para</strong> a desbrota..<br />

Desta forma, os produtores e técnicos devem realizar<br />

um exame clínico nas lavouras, a fim de verificar se elas não<br />

apresentam problemas na distribuição e viabilidade dos ramos<br />

plagiotrópicos, como exemplo a perda de saia. Se constatada<br />

ausência de ramos viáveis ao longo da planta deve-se realizar<br />

uma poda corretiva (ex: decote ou recepa), que renove a área<br />

depauperada da planta, antes da implantação do manejo de<br />

esqueletamentos continuados.<br />

Outro fator a ser considerado <strong>para</strong> a execução do<br />

esqueletamento refere-se às característica genéticas da cultivar.<br />

O potencial de produção pós poda das cultivares é bastante<br />

heterogêneo, não só pela herança genética, mas, também, pela<br />

interação com as condições ambientais e de manejo. Conforme<br />

verificado, na prática e nos ensaios, algumas cultivares, como<br />

de Mundo Novo, respondem melhor do que outros, como o<br />

Catuai.<br />

O estande também é muito importante, pois<br />

espaçamentos antigos, com pequeno número de plantas por<br />

hectare, não alcançam as altas produtividades almejadas no<br />

primeiro ano produtivo após o esqueletamento. Por outro lado,<br />

cafezais no sistema adensado, pela proximidade das linhas de<br />

plantas, logo voltam a fechar após o esqueletamento.<br />

Quando fazer<br />

O esqueletamento deve ser realizado sempre que as<br />

condições vegetativas da planta mostrarem a necessitarem<br />

dessa prática.<br />

Como qualquer tipo de poda é recomendável que ela<br />

seja realizada após anos de safras altas, na expectativa duma<br />

safra baixa no ano seguinte.<br />

No sistema de esqueletamentos seguidos, ou sistema<br />

safra zero, ele deve ser feito em prazos ímpares de colheitas, ou<br />

seja, uma, três, cinco ou mais safras. Isso devido à bienalidade<br />

de produção após a poda. Entretanto, deve-se sempre observar a<br />

resposta de produção, a qual pode sofrer influência de fatores<br />

bióticos e abióticos, alternando o ano de alta produção, a fim de<br />

que não se efetue a poda em uma lavoura projetando uma alta<br />

carga.<br />

Adubação e tratamentos fito-sanitários<br />

A adubação em cafeeiros esqueletados ainda é uma<br />

prática que precisa de mais estudos. A indicação de um grupo de<br />

técnicos, que recomenda o sistema safra zero, é aplicar doses altas<br />

de adubos no ano do esqueletamento, <strong>para</strong> promover a renovação<br />

da ramagem, reduzindo o nível de adubação no ano seguinte, no


28 RECOMENDANDO<br />

ano da safra.<br />

No entanto, trabalhos de pesquisa não tem mostrado<br />

respostas nessa variação de níveis, e, em alguns casos, nem<br />

mesmo respostas à adubação são verificadas. Atribui-se parte<br />

desse comportamento à grande reciclagem de nutrientes,<br />

oriunda do material vegetal podado.<br />

Deste modo, vemos que o importante não é reduzir ou<br />

aumentar o adubo, mas sim equilibrar, contando com a<br />

reciclagem, pois o material vegetal podado é rico em macro e<br />

micro-nutrientes. (ver quadro 1)<br />

Quadro 1: . Quantidade de macro e micro-nutrientes nas partes podadas do cafeeiro, cafezal Mundo Novo, 9 anos, 3,5 x<br />

1,5m (1904 covas/ha). Alfenas, 1986.<br />

Observando-se, no quadro 1, as quantidades de<br />

nutrientes presentes no material oriundo no<br />

esqueletamento verifica-se níveis bastante altos, de 260-<br />

270 kg/ha de N/K2O e demais nutrientes. Como este<br />

material tem relação C/N alta é necessário a realização de<br />

adubações nitrogenadas, logo no inicio das chuvas, <strong>para</strong><br />

equilibrar essa relação. Já, quanto ao potássio são raros os<br />

casos de lavouras que, após a poda, necessitam desse<br />

nutriente, pois o mesmo é mais necessário em anos de<br />

safras altas.<br />

Com relação aos tratamentos fito-sanitários é<br />

importante, inicialmente, prestar atenção nas pragas de<br />

solo, como nematóides, cigarras, mosca e cochonilha de<br />

raizes. Caso haja histórico de ocorrência, na área podada,<br />

deve-se realizar o seu controle, pois, lavouras<br />

esqueletadas já tem, naturalmente, uma mortalidade<br />

acima de 70% do seu sistema radicular, aos 30 dias póspoda.<br />

Quanto às doenças foliares, a ferrugem e a<br />

Phoma/Ascochyta são bastante problemáticas em<br />

lavouras esqueletadas. A ferrugem, apesar da quase nula<br />

carga nos cafeeiros após à poda, o que facilitaria pela<br />

menor infecção, tem um embatumado de ramos que<br />

condiciona mais umidade nas plantas esqueletadas, e,<br />

assim, resulta em maior ataque. A Phoma é beneficiada<br />

pela ramagem nova formada e, provavelmente pelo<br />

excesso de N nessa ramagem. Alem disso, a abertura<br />

promove maior ação de ventos frios.<br />

Desta forma, é importante a constatação da<br />

presença de pragas de solo e aplicação de<br />

inseticidas/nematicidas logo no inicio das chuvas,<br />

momento onde as novas raízes serão formadas. O<br />

monitoramento da ferrugem deve ser realizado a partir da<br />

emissão do terceiro par de folhas.<br />

No ano de produção deve-se também tomar<br />

Fonte: Garcia, Malavolta, Gonçalves e outros.<br />

cuidado com a ferrugem e a cercosporiose, visando<br />

manter as plantas bem enfolhadas, servindo como fonte<br />

de nutrientes e foto-assimilados <strong>para</strong> os frutos, que são<br />

drenos preferenciais. Em altas produções esta força de<br />

dreno, exercida pelos frutos, é visivelmente notada a<br />

partir do período de granação, ocorrendo mudança na<br />

tonalidade das folhas, de verde intenso a amareladas. A<br />

cercosporiose ataca também os frutos, sendo favorecida<br />

pelo stress nutricional, devido á carga alta.<br />

Alguns técnicos argumentam que pode-se<br />

descuidar do controle das doenças no ano da carga, pois já<br />

se vai podar mesmo os ramos. Acontece que a reserva da<br />

planta de café é concentrada em sua folhagem e a brotação<br />

futura, no pós-poda, muito dela depende.<br />

A melhor época de podar<br />

As pesquisas demonstram que a poda de<br />

esqueletamento deve ser feita o quanto antes possível a<br />

partir do mês de julho.<br />

Ensaios realizados na Fazenda Experimental de<br />

Varginha (ver quadro 2) comprovam que as melhores<br />

épocas de esqueletamento, no ano seguinte à poda, <strong>para</strong> o<br />

cultivar Mundo Novo são os meses de julho e agosto,<br />

sendo o mês de setembro intermediário e a partir de<br />

outubro inferior. Já <strong>para</strong> o cultivar Catuaí o mês de julho<br />

foi superior, os meses de agosto e setembro foram<br />

intermediários e a partir de outubro inferior. No ano<br />

seguinte, houve uma compensação e as épocas inferiores<br />

no ano anterior passaram a ser superiores no ano seguinte.<br />

Portanto, quando se analisa em dois anos não há diferença<br />

<strong>para</strong> a época de esqueletamento, mas é recomendável que<br />

seja realizado o quanto antes possível <strong>para</strong> recuperação do<br />

capital investido no ano de vegetação da planta.<br />

Desta forma, a colheita deve ser planejada <strong>para</strong><br />

terminar mais cedo naqueles talhões que se deseja podar.


RECOMENDANDO<br />

Sistema “Safra Zero”de manejo em cafeeiros<br />

As atuais dificuldades de renda com o café, função dos<br />

custos elevados e preços não remuneradores, tem levado ao<br />

conceito de combinar produtividade nas lavouras com redução<br />

de custos por saca produzida.<br />

O sistema “Safra Zero” é uma alternativa nesse<br />

sentido, pois tem como finalidade principal eliminar a<br />

necessidade de colheitas onerosas nos anos de safra baxa, só<br />

colhendo no ciclo de alta. Para isso, os cafeeiros são<br />

esqueletados e decotados a cada dois anos, ocorrendo<br />

desenvolvimento dos ramos produtivos no primeiro ano<br />

agrícola e frutificação no ano posterior, quando será novamente<br />

podada. Com este sistema muitos produtores tem viabilizado a<br />

cafeicultura, principalmente em regiões com dificuldades de<br />

mão-de-obra e em áreas montanhosas.<br />

Neste último ano, no Sul de Minas, o uso de<br />

esqueletamento foi muito superior à média histórica da região.<br />

O que era uma realidade em áreas declivosas agora também se<br />

intensificou nas lavouras mecanizadas, mesmo em estandes de<br />

plantas menores, naquelas lavouras com 1500 a 2000 pl/ha.<br />

Os diversos trabalhos realizados pela <strong>Fundação</strong><br />

<strong>Procafé</strong>, na Fazenda Experimental de Varginha, desde 2003,<br />

com foco no sistema safra zero, tem resultado em<br />

produtividades baixas nesse tipo de lavouras com baixo stand<br />

de plantas/ha. O exemplo da aplicação do sistema em uma<br />

lavoura Mundo Novo-Acaiá IAC 474/19, com espaçamento de<br />

3,0 x 1,0 m (estande de 3.333 plantas/ha) em sistema safra zero,<br />

resultou nos anos de alta, em 3 ciclos, em produções até certo<br />

ponto boas, de 80, 76 e 110 sacas/ha, porem, a média dos 6 anos,<br />

ficou com somente 44.3 sacas/ha., abaixo da meta necessária,<br />

que seria no mínimo 50 sacas/ha. Em lavouras de Catuai os<br />

resultados foram piores.<br />

Por isso, antes de entrar no sistema “safra zero”, é<br />

Lavoura esqueletada, vendo-se o modo de corte<br />

e a grande deposição de material no solo<br />

29<br />

preciso observar que esse sistema é tecnificado, exigindo<br />

critérios e planejamento, <strong>para</strong> sua viabilidade. Uma vez<br />

selecionada e/ou adequada a lavoura, conforme já abordado<br />

anteriormente, o produtor deve seguir com o planejamento de<br />

todas as atividades, tendo em mente que o sistema engloba uma<br />

sequência de operações, ao longo de dois anos, e a produção<br />

pode ser comprometida em qualquer momento.<br />

Os espaçamentos considerados adequados <strong>para</strong> as<br />

lavouras a serem exploradas no sistema safra zero, são os<br />

seguintes: Plantio adensado nas regiões montanhosas, a 2 x<br />

0,5m e nas áreas mecanizáveis um semi-adensado, com 2,5 a<br />

3,2 m x 0,5 m, preferencialmente com o uso de variedades que<br />

se recuperam mais rápido e, se possível, resistentes à ferrugem.<br />

Como já detalhado, deve-se adotar o modo apropriado<br />

de uso do esqueletamento, quanto ao tipo de lavoura, à época<br />

mais cedo, e ao trato da lavoura, quanto à nutrição e controles de<br />

pragas/doenças. Deve-se considerar a deposição cíclica e<br />

contínua de material vegetal, oriundo das podas no “Safra<br />

Zero”.. Dados de pesquisas com cereais, em plantio direto,<br />

mostram que ao longo dos anos uma quantidade de matéria seca<br />

de palhada, semelhante à quantidade oriunda da poda por<br />

esqueletamento, proporciona incrementos significativos na<br />

CTC do solo, com melhoria nas suas características biológicas,<br />

físicas e químicas..<br />

Conclui-se, assim, que o sistema Safra Zero de<br />

manejo deve ser muito bem planejado e conduzido, em lavouras<br />

adequadas e com práticas que possibilitem a expressão do<br />

potencial produtivo das plantas, tendo em mente que qualquer<br />

erro, em uma única etapa, é determinante no resultado de todo o<br />

ciclo de dois anos. Aplicado de maneira profissional, o sistema<br />

pode ser muito útil na sustentabilidade econômica e na<br />

otimização do setor de produção de café, em muitas<br />

propriedades<br />

Recuperação da ramagem no pós-esqueletamento,<br />

com multiplicação de ramos.


30<br />

Neste último 17 de janeiro/2010 completamos 40<br />

anos de convivência com a ferrugem, desde a sua<br />

constatação, pela primeira vez, nesta data, no ano de 1970.<br />

Foi lá no Sul da Bahia que ela apareceu, mas logo a doença<br />

se espalhou, em junho de 1970 já estava no Sul de Minas,<br />

em janeiro de 1971 em São Paulo e em outubro já no<br />

Paraná, ou seja, menos de 2 anos depois já caminhava de<br />

norte a sul nas áreas cafeeiras.<br />

A princípio havia muito temor. Dizia-se que a<br />

doença seria capaz de acabar com nossa cafeicultura. Por<br />

isso, recursos e equipes de trabalho se multiplicaram <strong>para</strong>,<br />

de inicio, tentar erradicar a doença, eliminando cafeeiros<br />

nos focos e na faixa de segurança. Porem, a rápida expansão<br />

da ferrugem mostrava uma única saída, a convivência com<br />

ela.<br />

Um programa de controle foi executado, baseado<br />

no desenvolvimento de pesquisas, de assistência técnica e<br />

de crédito. Foi promovida a renovação de cafezais, apoiada<br />

em estudos de zoneamento, com melhores variedades e<br />

sistemas de manejo mais tecnificados. Os milhares de<br />

trabalhos de pesquisa passaram a dar suporte a essa nova<br />

cafeicultura, orientada, também, por uma equipe de<br />

técnicos especializados.<br />

Como resultado, a cafeicultura saiu fortalecida,<br />

dizendo-se que a ferrugem, ao forçar as transformações, foi<br />

um mal que veio <strong>para</strong> o bem. Assim, passamos de safras<br />

médias de 20-22 milhões de sacas ano no inicio da década<br />

de 1970, <strong>para</strong> safras de 30-35 milhões no inicio da década<br />

de 1980, com picos de até 43 milhões em 1987. Agora<br />

estamos com safras médias entre 40-45 milhões de<br />

sacas/ano. Todo esse potencial produtivo foi fruto do<br />

incremento e melhoria da lavoura cafeeira.<br />

As bases técnicas dessa nova cafeicultura foram,<br />

principalmente: a) Novos plantios em áreas zoneadas,<br />

promovendo a ampliação das zonas cafeeiras, com<br />

destaque <strong>para</strong> a exploração extensiva dos cerrados; b) uso<br />

PANORAMA<br />

40 ANOS DE CONVIVÊNCIA<br />

COM A FERRUGEM DO CAFEEIRO NO BRASIL<br />

de espaçamentos, variedades e sistemas de plantio e manejo<br />

mais racionais, visando aumento de produtividade e<br />

redução dos custos de produção; c) introdução do controle<br />

sistemático de pragas e doenças, incluida a ferrugem, de<br />

forma integrada, visando reduzir perdas de produção; d)<br />

melhoria dos sistemas de colheita e preparo, objetivando a<br />

qualidade dos cafés.<br />

A lembrança da data de ocorrência da ferrugem e da<br />

evolução da lavoura cafeeira, nessa pequena história <strong>aqui</strong><br />

contada, deixa um exemplo de mudança, que resultou numa<br />

cafeicultura maior e melhor do que aquela antes da doença..<br />

Por isso, passados 40 anos, muitos de nós, que<br />

ficamos envolvidos com o problema da ferrugem, desde o<br />

seu inicio, nos sentimos recompensados, desejando que a<br />

equipe técnica e os valorosos cafeicultores, peças chaves<br />

nessa verdadeira batalha, sintam que a vitória é fruto de<br />

muito trabalho, o qual deve ter continuidade, pois a<br />

ferrugem se mantém sob controle, porem onerando os<br />

custos, e a cafeicultura também está ai, precisando de<br />

melhor renda.<br />

CORÓ DAS PASTAGENS “ATACA” EM CAFEZAIS<br />

Recentemente verificou-se a ocorrência, em<br />

grande escala, do inseto conhecido como coró das<br />

pastagens, em lavoura de café na região da Serra do Cabral,<br />

no Norte de Minas.<br />

No terreno da lavoura, no meio da rua do cafezal<br />

(catuai com 3 anos, espaç. 3,6x 0,5 m) e na linha, mais na<br />

rua, verificou-se um grande numero de furos no solo,<br />

J.B. Matiello, Engo Agro MAPA/<strong>Procafé</strong> e Fernando F.Costa, Eng. Agr. SCAI<br />

alguns com terra solta, outros com furos limpos. A principio<br />

desconfiou-se da possibilidade de ataque de cigarras, o que<br />

é incomum em lavouras novas. Passou-se, então, a cavar o<br />

solo, <strong>para</strong> verificar o que seria encontrado dentro do chão.<br />

O resultado da verificação foi uma boa surpresa<br />

positiva. Observou-se, seguindo os furos, que eles<br />

terminavam, cerca de 20-30 cm abaixo da superfície, em uma


PANORAMA<br />

pequena galeria, tipo uma panela de formigueiro. Ali se<br />

encontrava uma larva de coleoptero, clara e de tamanho<br />

grande, cerca de 3-5 cm de comprimento, tendo 6 patas em<br />

sua parte dianteira. Verificou-se, ainda, que na extensão do<br />

furo, e, principalmente, na galeria, havia um acumulo de<br />

material orgânico, composto de folhas podres de cafeeiro, de<br />

mato, e, até, de palha de café que havia sido aplicada<br />

recentemente na lavoura. Em uma das galerias, oriunda de<br />

um furo pesquisado bem junto ao tronco do cafeeiro, sob a<br />

saia, <strong>para</strong> verificar, nessa condição, se havia algum dano ás<br />

raízes do cafeeiro, verificou-se na galeria, a presença de<br />

radicelas, que ali se desenvolviam normalmente, até melhor,<br />

pois contavam, junto a elas, com material orgânico. Esta<br />

observação, combinada com a presença da grande maioria<br />

dos furos bem no meio das ruas, longe dos cafeeiros, e a<br />

associação com o material orgânico presente nas galerias,<br />

foram a chave <strong>para</strong> constatar que o presumível “ataque” não<br />

passava, na realidade, de uma ação benéfica, assim entendida<br />

devido ao acumulo de matéria orgânica em profundidade e do<br />

efeito de arejamento do solo, pelos buracos. No entanto,<br />

como essa ocorrência tem sido observada em muitas lavouras<br />

e sabendo-se que alguns insetos não pragas podem se adaptar<br />

ao ataque, como parece ter sido o caso da mosca(berne) das<br />

raízes, sempre é bom estarmos atentos. A literatura cita que<br />

este tipo de larva tem hábito alimentar facultativo, com<br />

preferência por matéria orgânica. Na foto pode-se ver as<br />

larvas de diferentes espécies, que podem estar ocorrendo, não<br />

tendo sido possível, ainda identificar qual delas ocorria na<br />

lavoura pesquisada.<br />

Verificou-se que as larvas maiores saiam dos<br />

buracos, de noite, provavelmente <strong>para</strong> se transformar,<br />

sendo curioso, que mesmo tendo pernas em sua parte<br />

inferior, elas andam de costas.<br />

Aspecto da larva em vista lateral.<br />

A) Diloboderus abderus<br />

B) Cyclocephala flavipennis<br />

C) Demodema brevitarsis<br />

D) Hyllophaga triticophaga<br />

Larva do coro na galeria, situada a cerca de 20-30<br />

cm de profundidade, vendo-se a matéria orgânica<br />

acumulada (folhas velhas de cafeeiro e mato)<br />

Aspecto dos furos no solo, no meio das ruas ou<br />

próximo aos cafeeiros.<br />

Aspecto dos<br />

adultos<br />

do coro,<br />

os besouros.<br />

Encontros sobre cafeicultura se multiplicam<br />

Em março de 2010 estão previstos 3 tradicionais<br />

Encontros sobre cafeicultura, <strong>para</strong> discutir problemas e<br />

soluções, de caráter econômico e agronômico, <strong>para</strong> o<br />

setor cafeeiro.<br />

No período de 8 - 10 vai acontecer o 11º<br />

Agrocafé- Seminário Nacional do Agronegócio do Café,<br />

em Salvador – BA, sob a coordenação da ASSOCAFÉ -<br />

Associação de Cafeicultores da Bahia. No programa<br />

temas ligados à produção, à industria e ao comércio.<br />

No período 17 - 19, vai ser o 14º Seminário de<br />

Cafeicultura de Montanha, em Manhuaçu - MG,<br />

31<br />

organizado pela ACIAM, incluindo diversas palestras<br />

sobre temas de tecnologia na lavoura e debates de política<br />

cafeeira. Vai ter, também, um dia de campo na Fazenda<br />

Experimental do CEPEC/Heringer.<br />

De 24-26 de março ocorre, em Araguari -<br />

MG, o 15º Encontro Nacional de Irrigação da<br />

Cafeicultura do Cerrado, e, concomitante a 13ª Feira<br />

de Irrigação e o 12º Simpósio de Pesquisas em<br />

cafeicultura irigada. A organização é da ACA -<br />

Associação de Cafeicultores de Araguari.


32<br />

Curso <strong>para</strong> Técnicos do ERJ em Varginha<br />

A <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, através do seus<br />

Técnicos especializados, ministrou, no período de<br />

25-29 jan/2010, curso de cafeicultura <strong>para</strong> 16<br />

Técnicos Agrícolas e Engs. Agrs. do programa de<br />

café do estado do Rio de Janeiro.<br />

O curso foi solicitado e coordenado pela<br />

FAERJ/SENAR, com o objetivo de treinar uma<br />

equive que vai atuar no projeto “Bule Cheio”, com o<br />

acompanhamento de várias propriedades cafeeiras<br />

no ERJ. O treinamento constou de aulas teóricas e<br />

práticas, que aconteceram no auditório e na Fazenda<br />

experimental da <strong>Fundação</strong>, em Varginha-MG.<br />

Apesar do estado do Rio de Janeiro ser um<br />

pequeno produtor de café, tendo apenas cerca de 11<br />

mil ha de lavouras, e produção anual de cerca de 200<br />

mil sacas/ano, alguns municípios da zona serrana,<br />

especialmente no Noroeste Fluminense, tem no café<br />

sua principal atividade agrícola e econômica. As<br />

propriedades são pequenas, muitas de exploração<br />

familiar e cumprem importante papel social.<br />

A <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> anunciou, recentemente, sua<br />

já tradicional agenda de Eventos, programados <strong>para</strong> o ano<br />

de 2010. Os dias de campo serão realizados em 26 e 27 de<br />

maio/2010, na Fazenda Experimental de Varginha. O<br />

Curso de Atualização <strong>para</strong> Técnicos em Cafeicultura<br />

acontecerá no período de 13-15 de julho/2010, também<br />

em Varginha.<br />

PANORAMA<br />

Técnicos do Estado do Rio de Janeiro<br />

na FEx Varginha, recebendo aulas práticas.<br />

O treinamento foi coordenado pela Eng. Agra Lílian<br />

Padilha e atuaram, nas palestras e nas demonstrações em<br />

campo, os Engs. Agrs J.B. Matiello, S. R. Almeida, A.<br />

W.Garcia, Carlos H. Carvalho, L. Japiassu, Alysson Vilela,<br />

André Garcia e Rodrigo Paiva,<br />

Sai a programação de Eventos da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />

O Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras,<br />

em sua 36ª edição, deverá ser realizado na última semana<br />

de outubro, conforme usual, estando em estudo algumas<br />

cidades sedes.<br />

Para maiores informações sobre os Eventos, consulte<br />

o site da <strong>Fundação</strong>: www.fundacaoprocafe.com.br,<br />

ou ligue: 035-32141411.<br />

Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo<br />

Neste inicio de ano apareceu um forte surto de<br />

ataque da cochonilha de rosetas em cafeeiros na zona<br />

serrana do estado do Espírito Santo. Foi lá na Zona de<br />

Marechal Floriano.<br />

A cochonilha, das espécie P. citri e P. minor são<br />

mais problemáticas nas Zonas de café robusta-conillon,<br />

mais ao Norte do Estado.<br />

No presente surto o ataque, muito forte, ocorre<br />

sobre cafeeiros de variedades arábica, talvez em função<br />

de algum desequilíbrio, especialmente no clima, pois a<br />

região, desde dezembro/09 passa por um período anormal<br />

de seca e de calor.<br />

O ataque se verifica nas rosetas, em frutos<br />

chumbinhos e, também, em frutos já maiores. Nas rosetas<br />

pode-se ver os insetos, ede coloração clara, zonas<br />

escurecidas, pela associação com fumagina e rosetas<br />

escuras, onde houve a seca completados frutos, dando<br />

origem ao que se chama de rosetas banguelas.<br />

O controle vem sendo praticado, embora difícil,<br />

pela necessidade de pulverizar, com bastante calda,<br />

molhando os ramos na parte interna onde ocorre a<br />

frutificação. Os melhores resultados, embora não com<br />

eficiência muito alta, tem sido com o uso do inseticida<br />

Chlorpirifós.<br />

Na foto o detalhe de uma roseta<br />

muito atacada pela cochonilha.


ANÁLISE<br />

CICLO BIENAL DE<br />

PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL<br />

Na cafeicultura brasileira é muito conhecida<br />

a característica de safras altas alternadas com baixas<br />

safras, o que se chama de ciclo bienal de produção de<br />

café. Esse ciclo afeta a oferta do produto, exigindo a<br />

estocagem e carregamento de safra de um ano <strong>para</strong><br />

outro, situação que traz dificuldades <strong>para</strong> a política<br />

cafeeira do país e <strong>para</strong> o produtor, que em certos anos<br />

tem pouca renda.<br />

O entendimento do ciclo bienal de produção<br />

do cafeeiro é importante, também, a nível<br />

agronômico, <strong>para</strong> adequação do manejo da lavoura,<br />

de acordo com o ciclo, ou <strong>para</strong> modifica-lo, sendo<br />

que, atualmente, existe uma tendência de manejo por<br />

podas visando acentuar o ciclo, com safra zero.<br />

Quantificando o ciclo<br />

O fenômeno de bienalidade de produção de<br />

café pode ser observado através das safras colhidas<br />

no Brasil nos 10 últimos anos.(quadro 1). Verifica-se<br />

que foram obtidas safras baixas, entre 28 – 39<br />

milhões e altas entre 39-48 milhões, ou seja, com<br />

diferencial médio de 33%. Ao longo de muitos anos<br />

os diferencias de produção nas safras de café são<br />

conhecidos e, muitas vezes, agravados por<br />

fenômenos climáticos. O gráfico 1 mostra os picos de<br />

altos e baixos, desde o ano de 1960.<br />

Trabalho de pesquisa e análise estatística em<br />

experimentos realizados nas Fazendas<br />

Experimentais do ex-IBC, onde se computou a<br />

produtividade em parcelas de cafeeiros, bem<br />

tratadas, por 6 a 8 safras, mostrou que, na média, foi<br />

obtida uma safra baixa de cerca de 20% da safra alta,<br />

o que, então, <strong>para</strong> nossas condições, pode ser<br />

considerado um ciclo normal.<br />

Na cafeicultura como um todo, é lógico, a<br />

bienalidade não se expressa tão fortemente, como se<br />

observou nas lavouras, pois dentro de uma<br />

propriedade, dentro das regiões e no país os ciclos<br />

das lavouras, em boa parte, são desencontrados. Não<br />

fosse assim, uma safra baixa corresponderia a 5<br />

vezes menos que a alta.<br />

33<br />

J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong><br />

Em ciclos de alta carga os ramos se enchem de<br />

frutos e crescem pouco, reduzindo a safra do ano<br />

seguinte, formando o ciclo bienal, típico da<br />

cafeicultura brasileira.<br />

Quadro 1 - Produção brasileira de café,<br />

nas safras de 2001 a 2010


34 ANÁLISE<br />

Causas dos ciclos<br />

As causas da produção de café diferenciada<br />

no Brasil podem ser explicadas fisiologicamente.<br />

Os cafeeiros cultivados a pleno sol produzem<br />

muito num ano, suas reservas são carreadas <strong>para</strong> a<br />

frutificação, então o crescimento dos ramos é<br />

prejudicado e a safra seguinte reduzida. Diz-se<br />

comumente que o cafezal se veste um ano e no outro<br />

veste o seu dono.<br />

Vejamos como ocorre o fenômeno:<br />

1°) O cafeeiro possui uma iniciação floral abundante<br />

(muitos gemas e flores).<br />

2°) Ocorre uma baixa taxa de abcisão de frutos (a<br />

planta se café não derruba tantos frutos, como<br />

outras).<br />

3º) Se manifesta a força de drenagem das reservas de<br />

forma prioritária pelos frutos (endosperma das<br />

sementes é um dreno primário).<br />

4°) Se observa um desbalanço na razão folha/fruto, e,<br />

em conseqüência, uma competição entre o<br />

crescimento reprodutivo e o vegetativo (este último<br />

prejudicado com carga alta).<br />

5º) Nessa condição verifica-se o depauperamento, a<br />

seca de ramos e morte de raízes (não se observa seca<br />

de ramos em cafeeiros jovens ou com frutos<br />

raleados).<br />

6°) A seca de ramos é mais expressiva nos anos de<br />

safra alta, é agravada por aspectos nutricionais e por<br />

ataque de pragas e doenças.<br />

A lavoura, assim, fica com suas plantas<br />

estressadas pela carga, cresce menos e produz menos<br />

no ano seguinte.<br />

Secas de ramos e morte das raízes<br />

A seca de ramos ocorre devido ao desbalanço<br />

entre a disponibilidade e o consumo de assimilados<br />

(reservas da planta). Decorre da maior necessidade<br />

pelos frutos em relação à possibilidade de seu<br />

fornecimento, pela fotossíntese mais as reservas<br />

antes disponíveis. Um trabalho de pesquisa mostra<br />

que a maior influência é do nível de enfolhamento,<br />

que vai fazer a fotossíntese, do que das reservas.<br />

A seca de ramos é precedida da morte de<br />

raízes e se esta ocorre, em grau intenso, pode causar a<br />

trianualidade de produção, visto que sua recuperação<br />

é lenta.<br />

A morte de raízes leva à redução na absorção<br />

de água e de nutrientes. Por isso, um bom manejo de<br />

adubação e irrigação ajuda a reduzir os problemas.<br />

Como reduzir ou ampliar o ciclo<br />

Além dos cuidados de manejo dos cafeeiros,<br />

como a adubação, controle de pragas/doenças,<br />

irrigação, etc., visando manter a planta mais<br />

enfolhada, existem alternativas <strong>para</strong> evitar o “stress”<br />

ou depauperamento que levam à baixa<br />

produtividade, no ano seguinte.<br />

Elas consistem, basicamente, em reduzir<br />

ligeiramente a produção alta por planta, através de<br />

espaçamentos menores, arborização, uso de material<br />

genético mais vigoroso e com padrão de florada mais<br />

diluído, aplicação de podas e outros.<br />

Ultimamente, na cafeicultura empresarial,<br />

existe tendência a se promover um ciclo de produção<br />

mais pronunciado, visando uma safra muito alta e,<br />

depois, uma safra zero, com o auxilio de poda dos<br />

ramos produtivos.<br />

O ciclo bienal e as estimativas de safras<br />

As estimativas das safras de café no Brasil<br />

vem sendo feitas, atualmente , na maioria das regiões<br />

produtoras, de forma subjetiva, o que reduz a sua<br />

confiabilidade. Em função disso, muitas empresas<br />

comerciais também fazem suas previsões, sem<br />

metodologia apropriada, o que chamamos de<br />

chutometros. Elas, por sua natureza, tendem a puxar<br />

as previsões <strong>para</strong> cima, sempre querendo safras mais<br />

altas. Os produtores, por sua vez, prejudicados por<br />

divulgações errôneas, não podem decidir bem o que<br />

fazer, se vendem logo ou se guardam o café.<br />

Assim, a pergunta é: Onde está considerado o<br />

ciclo bienal de produção dos cafeeiros ?<br />

Respondemos que, na prática do mercado, ele foi,<br />

simplesmente, esquecido, já que a correta definição<br />

da oferta deveria, sempre, ser feita pela média de 2<br />

safras.<br />

O processo natural da planta de café,<br />

cultivada a pleno sol, é ter frutificações muito<br />

diferenciadas de um ano <strong>para</strong> o outro, conforme já foi<br />

esclarecido fisiológicamente. A lavoura, fica com<br />

suas plantas estressadas pela carga, cresce menos e<br />

produz menos no ano seguinte.<br />

O que alguns interessados não enxergam,<br />

talvez por que não querem, é o fato, incontestável, de<br />

que, se uma safra veio um pouco maior do que se<br />

esperava, por exemplo, 3 milhões de sacas a mais<br />

num ano, pode-se prever, na safra seguinte, essa<br />

quantia a menos.


ANÁLISE<br />

DESAFIOS NO MANEJO DE CAFEZAIS<br />

Manejar bem a lavoura de café é um grande<br />

desafio, pois a cultura cafeeira fica no campo o ano<br />

todo, sujeita às variações nas condições do ambiente,<br />

do clima, do solo e das pragas e doenças que atacam,<br />

devendo ser nutrida e protegida, exigindo cuidados<br />

praticamente o ano inteiro,<br />

O manejo de cafezais pode ser definido como<br />

a forma de combinar e executar os tratos culturais no<br />

cafezal. Envolve, assim, o modo e a época de fazer,<br />

ou seja, como, quando e onde executar os tratos ou<br />

práticas culturais.<br />

Práticas rotineiras, eventuais e prioritárias<br />

O manejo nas lavouras de café compreende a<br />

execução de práticas culturais divididas em 2 tipos:<br />

as rotineiras, feitas usualmente, por todos os<br />

produtores e as eventuais, realizadas em níveis e<br />

épocas diferenciadas, entre os produtores. Ao todo,<br />

pode-se efetuar 12 práticas.<br />

As práticas rotineiras, usadas no manejo de<br />

cafezais, são: O controle do mato, a<br />

arruação/esparramação, e a colheita/preparo.<br />

As práticas consideradas eventuais são: A<br />

adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, o<br />

controle à erosão, as podas/condução, a irrigação, o<br />

replantio/repovoamento, a proteção contra<br />

ventos/geadas, a sub-solagem e a combinação de<br />

cultivos. Muitas dessas práticas “eventuais”, isto<br />

mesmo, entre aspas, são, hoje, práticas obrigatórias,<br />

A renovação de cafeeiros, através de dobra,<br />

permite melhorar o stand de plantas e substituir a<br />

variedade. Na foto, dobra de Acauã no meio de<br />

mundo-novo, Utinga-BA<br />

35<br />

J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong><br />

Plantios de café super adensados, como este<br />

observado pelos colegas Saulo e Sinésio, no<br />

CEPEC-Heringer, em M. Soares-MG, são uma<br />

opção <strong>para</strong> regiões de montanha.<br />

citando-se o exemplo da adubação, imprescindível<br />

em nossos solos pobres.<br />

Um grupo de práticas é considerado<br />

prioritário, diante da sua maior influência na<br />

produtividade e nos custos de produção, bem como<br />

sobre a qualidade do produto. Esse grupo destaca a<br />

adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, a<br />

irrigação, as podas e a colheita/preparo.<br />

A aplicação dessas práticas, de modo<br />

adequado, exige o uso de recursos, que devem ser<br />

gerados através de rendas com a produção de café.<br />

No entanto, a conjuntura atual de desequilíbrio entre<br />

os preços do café e dos seus custos de produção, não<br />

tem deixado margens suficientes. Assim, alem dos<br />

desafios agronômicos, tem-se aqueles econômicos.<br />

Com pouca renda o produtor investe pouco nos tratos<br />

e, assim, produz pouco, o que eleva seus custos de<br />

produção por saca, sobrando pouco ou nada , aí<br />

fechando o ciclo, que resulta, novamente no maltrato<br />

das lavouras.<br />

Caminhos possíveis<br />

Cada situação de propriedade cafeeira deve<br />

ser analisada, visando eleger os caminhos de<br />

recuperação. No entanto, pode-se indicar, de maneira<br />

geral, 3 caminhos, que se aplicam à maioria dos<br />

casos: o aumento da produtividade, das lavouras e de<br />

todo o processo operacional; a mecanização dos


36 ANÁLISE<br />

tratos e a racionalização de custos.<br />

A mecanização dos tratos e, especialmente,<br />

da colheita, leva à reduções importantes nos custos<br />

de produção do café, alem de viabilizar a cafeicultura<br />

empresarial, com economia de escala.<br />

A racionalização dos custos deve prever o<br />

uso do estritamente necessário, investindo nos<br />

insumos capazes de melhorar a produtividade, sendo<br />

essencial o planejamento e controle de gastos,<br />

especialmente aqueles de mão-de-obra e/ou<br />

operação de m<strong>aqui</strong>nário, item preponderante no<br />

processo produtivo do café.<br />

Destaque na produtividade<br />

A produtividade das lavouras está ligada a 3<br />

grupos de fatores variáveis, da planta, do ambiente e<br />

do manejo.<br />

Na planta influi a espécie, a variedade e a<br />

linhagem cultivada, o sistema de plantio<br />

(espaçamento, no de plantas/área) e seu processo<br />

fisiológico, que conduz a um maior crescimento e<br />

frutificação.<br />

No ambiente influem o solo (química e<br />

física) e o clima, onde se destaca a freqüência de<br />

chuvas, <strong>para</strong> o suprimento de água (balanço hídrico),<br />

podendo haver estiagens prejudiciais, alem do efeito<br />

das temperaturas, dos ventos, de chuvas de granizo e<br />

de geadas, onde condições favoráveis ou<br />

desfavoráveis beneficiam ou prejudicam a<br />

produtividade.<br />

No manejo dos tratos, as práticas usadas pelo<br />

produtor visam corrigir as condições <strong>para</strong> a planta e a<br />

A irrigação é uma prática prioritária <strong>para</strong> aumento<br />

de produtividade de cafezais.<br />

As lavouras do robusta-conillon tem resultado em<br />

altas produtividades, com alguns prejuízos pela<br />

seca.<br />

melhoria do ambiente. O manejo exige aplicação de<br />

recursos e de tecnologia, dependentes, como já foi<br />

abordado, do balanço preço/custo de produção do<br />

café.<br />

Os problemas principais que vem afetando a<br />

produtividade dos nossos cafezais são: os solos<br />

pobres, desequilibrados; o grande quantitativo de<br />

lavouras velhas, que necessitam recuperação ou<br />

substituição; o ataque severo de pragas/doenças nos<br />

cafezais; a falta de adequação nos espaçamentos das<br />

lavouras, em muitas delas, com baixo stand de<br />

plantas por área; as deficiências climáticas (água/<br />

temperatura/ ventos) crescentes, ainda mais diante<br />

de previsões futuras de aquecimento; e a falta de<br />

tratos adequados.<br />

A produtividade é a base <strong>para</strong> custos de<br />

produção menores.<br />

Desafios<br />

Os desafios que <strong>aqui</strong> destacamos, no manejo<br />

de cafezais, são na renovação/recuperação de<br />

cafezais, na nutrição das lavouras, no controle de<br />

pragas/doenças, nas podas, na irrigação e na colheita.<br />

A recuperação e renovação de cafezais deve<br />

ser um processo constante, pois é preciso contar com<br />

lavouras modernas e produtivas, com facilidades nos<br />

tratos e colheita e com menores custos de produção.<br />

A recuperação deve começar pela análise e<br />

seleção de lavouras em 3 tipos:<br />

- Lavouras boas, a serem conduzidas com tratos<br />

normais.<br />

- Lavouras que precisam recuperação, através de<br />

práticas especiais, de podas, replantio, correção de


ANÁLISE<br />

solo , controles, etc.<br />

- Lavouras que precisam ser substituídas, onde a<br />

recuperação não compensa, com o plantio de novas<br />

lavouras no lugar .<br />

Na renovação deve-se considerar que<br />

antigamente a fase de formação da lavoura demorava<br />

3-4 anos, porem hoje em dia, com variedades mais<br />

precoces e produtivas, com adubação e tratos<br />

intensivos, inclusive com irrigação, é possível ter<br />

uma pequena safra, de 10-15 sacas/ha, já com 1,5<br />

ano, e uma boa safra, 30-70 scs/ha, com 2,5 anos,<br />

com retorno mais rápido dos investimentos.<br />

Dois sistemas básicos de espaçamento são<br />

atualmente indicados na renovação das lavouras:<br />

Sistema adensado: 1,70 – 2,5 m X 0,5 – 0,7 m , com<br />

5000 – 10000 pl/ha<br />

Sistema renque mecanizado: 3,5 – 4,0 m X 0,5 –<br />

0,7 m, com 4000 – 5500 pl/ha<br />

Dois sistemas alternativos podem ser utilizados:<br />

Sistema super-adensado: 1,0 – 1,5 m X 0,3 – 0,5 m ,<br />

com 15000 – 25000 pl/ha, em ciclos de 2-4 safras e<br />

recepa em seguida<br />

Sistema semi-adensado: 2,5 – 3,0 m X 0,5 – 0,7 m,<br />

com 6500 – 8000 pl/ha, com esqueletamento<br />

constante, cada 2-3 safras.<br />

No controle de pragas e doenças os principais<br />

desafios agronômicos são:<br />

No controle do bicho-mineiro: superar falhas<br />

de controle, através do uso de novos ativos; aumentar<br />

o período residual de controle e introdução em escala<br />

comercial de variedades resistentes.<br />

No controle da broca o desafio atual é<br />

A mecanização da colheita, com colhedeiras,<br />

munidas de hastes derriçadoras e esteira coletora,<br />

elementos vistos na foto, é uma necessidade, <strong>para</strong><br />

redução dos custos de produção.<br />

encontrar um inseticida <strong>para</strong> substituir, com a mesma<br />

eficiência, o ativo endossulfan, que está <strong>para</strong> ser<br />

retirado do mercado.<br />

No controle da ferrugem é preciso superar<br />

falhas de controle/resistência aos fungicidas<br />

Trazóis, especialmente no seu uso via solo, com<br />

raças novas do fungo; através da combinação de<br />

ativos e inclusão de novos, com o uso de fungicidas<br />

cupricos no manejo de resistência e trabalhar na<br />

ampliação de uso do controle genético<br />

Na nutrição em cafezais é preciso melhorar o<br />

equilíbrio nutricional, no solo e nas plantas, definir<br />

melhor as recomendações: de uso de fósforo, gesso,<br />

adubos foliares e hormônios, alem, é claro, de<br />

aumentar o uso de análises (solo e foliar), visando<br />

racionalizar a adubação/calagem.<br />

A irrigação tem sua necessidade crescente,<br />

visando reduzir riscos de perdas, considerando os<br />

problemas de aquecimento, a disponibilidade de<br />

água(outorga), a melhor definição dos períodos de<br />

stress hídrico e sistemas mais econômicos, sem<br />

perder de vista a necessidade de desenvolver<br />

variedades/espécies mais tolerantes<br />

No uso das podas deve-se utiliza-las como<br />

um auxiliar no manejo de cafezais, <strong>para</strong> redução de<br />

altura de plantas, promovendo re-equilibrio entre a<br />

parte aérea e o sistema radicular dos cafeeiros,<br />

visando minimizar problemas de deficit hídrico, e<br />

<strong>para</strong> melhoria ambiental. Deve, ainda, adequar<br />

plantas baixas, novas e produtivas, através de podas<br />

em ciclos curtos, <strong>para</strong> melhoria do rendimento de<br />

colheita, isto mais aplicável á cafeicultura de<br />

montanha. As podas <strong>para</strong> safra zero tem também sua<br />

finalidade de redução nos custos da lavoura.<br />

Por último, talvez o mais importante desafio,<br />

é a melhor viabilização da colheita, especialmente<br />

nas pequenas propriedades e áreas montanhosas.<br />

Com a elevação de custos e carências de mão-deobra<br />

é preciso investir mais na mecanização,<br />

ampliando a oferta de máquinas e maior uso em<br />

propriedades médias e pequenas e, ainda, obter<br />

reduções de custos na colheita manual, através de<br />

modificação no tipo dos cafeeiros a serem colhidos<br />

(menor altura), pela maior produtividade e pela<br />

colheita de ramos.<br />

37


38<br />

A primeira estimativa da safra cafeeira que será<br />

colhida em 2010 saiu agora em janeiro. A CONAB<br />

divulgou que deverão ser colhidas entre 45,9 e 48,7<br />

milhões de sacas, na média, 47 milhões, cerca de 8<br />

milhões (20%) a mais em relação àquela colhida em<br />

2009 (39 milhões).<br />

O ciclo bienal de produção e as condições<br />

climáticas favoráveis explicam essa elevação prevista<br />

<strong>para</strong> a próxima safra. De fato, a maioria das regiões vai<br />

produzir em ciclo de alta. As chuvas estiveram<br />

presentes entre junho e setembro, quando ocorreu a<br />

primeira florada. Com a falta de stress várias floradas<br />

aconteceram. Ocorreu uma verdadeira loucura no pé de<br />

café. Parece que estamos na Colômbia, pois temos<br />

desde frutos bem granados, em áreas mais quentes já<br />

amadurecendo e, ao mesmo tempo, frutos em água,<br />

chumbinhos, flores e botões.<br />

Vai ser difícil aproveitar toda a frutificação das<br />

plantas em colheita única, por derriça, conforme <strong>aqui</strong><br />

praticada. A qualidade do café vai ser ruim, pois se<br />

formos esperar aqueles frutos mais atrasados vai<br />

ocorrer muita quantidade de frutos caídos no chão (das<br />

primeiras floradas). Se colhermos mais cedo vai ter<br />

grande quantidade de verdes, das últimas floradas.<br />

Sorte que, em algumas regiões, os frutinhos das últimas<br />

floradas estão sendo descartados pelas plantas.<br />

No aspecto regional quase todas as regiões<br />

SÉRIE ESTATÍSTICA<br />

A SAFRA DE CAFÉ EM 2010<br />

J.B. Matiello e L.B. Japiassú, Engs. Agrs. Mapa/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>.<br />

aumentaram a produção, havendo a liderança dos estados<br />

de Minas Gerais e Espírito Santo, que, juntos, perfazem<br />

cerca de 75% da produção total. Quanto à distribuição por<br />

“qualidade” a estimativa é de 35 milhões de sacas de cafés<br />

arábica e 12 milhões de robusta-conillon.<br />

Sobre a estimativa efetuada tem-se algumas<br />

dúvidas, pois a metodologia ainda continua precária,<br />

visto que os dados referentes aos 2 principais estados<br />

produtores (MG e ES) são estimados subjetivamente,<br />

como o próprio relatório da CONAB indica, que, em<br />

reunião entre a CONAB, as cooperativas a Emater, o<br />

Banco do Brasil e técnicos eles chegaram à conclusão<br />

por uma redução de 8,4% no parque cafeeiro no Sul de<br />

Minas. Outra coisa que deveria ser eliminada é a faixa<br />

de estimativa, pois já se sabe, pelo que ocorreu em<br />

todos os anos anteriores, que a evolução das<br />

estimativas sempre ocorre com elevações e o limite<br />

superior é, desde já,entendido como o resultado real.<br />

Deve ser estimado um só dado, sendo que já se<br />

entende que pode haver uma margem de erro da<br />

estimativa, <strong>para</strong> baixo ou <strong>para</strong> cima.<br />

Finalmente, deve-se considerar que a condição<br />

climática que vem ocorrendo desde o final de<br />

dezembro, com estiagem de mais de 2 meses, no<br />

conillon e em parte do arabica no Espírito Santo e Z.<br />

Mata de MG, e na Bahia, pode reduzir bastante a<br />

produção nessas regiões.<br />

Estimativa da safra cafeeira no Brasil em 2010<br />

Fonte: Convenio MAPA-SPAE/CONAB


PRODUTOS E EQUIPAMENTOS 39<br />

Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no<br />

controle do bicho mineiro do cafeeiro<br />

O Altacor é um inseticida novo no mercado,<br />

lançado pela Empresa DuPont do Brasil, <strong>para</strong> uso no<br />

controle do bicho mineiro do cafeeiro. Ele tem como<br />

ativo chloroantraniliprole, 350 g/kg ou Rynaxypyr,<br />

pertencente ao grupo das diamidas antranílicas<br />

Os técnicos recomendantes e os cafeicultores<br />

conhecem muito bem a importância do bicho<br />

mineiro na lavoura cafeeira, onde se constitui na<br />

principal praga. Sabem, também, que, ultimamente,<br />

o controle químico do bicho mineiro está cada vez<br />

mais difícil, pois os produtos que vem sendo usados<br />

já não fazem o efeito que faziam antigamente.<br />

Fatores climáticos, como altas temperaturas,<br />

baixa umidade relativa do ar e chuvas irregulares,<br />

tem favorecido o desenvolvimento do bicho mineiro,<br />

que, assim, provoca significativa desfolha das<br />

plantas de café, afetando a produtividade.<br />

Alem da sua alta eficiência contra o bicho<br />

mineiro, conforme demonstrado em seguida, o<br />

produto Altacor atende aos critérios exigidos pelo<br />

mercado consumidor, dando segurança ao café<br />

produzido. Ele utiliza doses baixas, apresenta alta<br />

seletividade, causa baixo impacto ambiental e possui<br />

classe toxicológica adequada.<br />

Campos de teste, em grande numero,<br />

mostram a boa eficiência<br />

TM<br />

Foi avaliada a eficiência de ALTACOR no<br />

controle de bicho mineiro do cafeeiro (L. coffeella)<br />

em campos demonstrativos, dentro de lavouras<br />

comerciais, localizados nas regiões do Alto<br />

Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais. Os<br />

campos foram conduzidos nos municípios de Araxá,<br />

Ibiá, São Gotardo, Três Corações, Passos, Machado,<br />

Três Pontas, Cássia e Capelinha, totalizando 26<br />

campos. O tamanho das parcelas foi de 1 ha, sendo<br />

que os tratamentos foram baseados no padrão do<br />

TM<br />

produtor com<strong>para</strong>dos ao tratamento DuPont , que<br />

consistiu na o uso de Altacor, na dose de 90 g/há, em<br />

aplicações em pulverizações foliares, usandio 400<br />

litros de calda por hectare.<br />

A avaliações foram realizadas coletando-se<br />

Maurício C. Fernandes, Coordenador de Desenvolvimento de Mercado DuPont do Brasil<br />

e Carlos Gilmar Diniz, Assistente Técnico Unicampo<br />

100 folhas em 4 pontos por tratamento nos 3º. e 4º.<br />

pares de folhas do ponta <strong>para</strong> a base dos ramos<br />

plagiotrópicos, quantificando larvas vivas e folhas<br />

com larvas vivas (%).<br />

Os resultados das amostragens de folhas nos<br />

campos de teste estão colocados na figura 1. Pode-se<br />

observar os dados referentes à porcentagem de<br />

folhas com larvas vivas, média dos 26 campos, nas 5<br />

avaliações efetuadas, na amostragem inicial e aos<br />

15, 30, 45 e 60 dias da aplicação. Ao lado dos dados<br />

obtidos com o Altacor estão aqueles obtidos com<br />

outros 4 tratamentos, onde foram usados diferentes<br />

inseticidas e, também, na testemunha.<br />

Figura 1 - Porcentagem de folhas com larvas vivas de L.<br />

coffeella em 26 campos demonstrativos conduzidos na Zona da<br />

Mata, Alto Paranaíba e Sul de Minas Gerais.<br />

Detalhe da mina do bicho mineiro, com as lagartas<br />

expostas, após a retirada da epiderme.


40 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS<br />

®<br />

Visual de plantas de cafeeiro tratadas com ALTACOR (esquerda) e plantas tratadas com produtos padrões dos produtores das<br />

regiões do Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais.<br />

Como pode ser observado na Figura 1, as<br />

avaliações prévias estavam no momento adequado <strong>para</strong><br />

a realização da aplicação de inseticidas (3 a 5% de<br />

®<br />

infestação), sendo que o efeito de ALTACOR ficou<br />

mais evidenciado após 10 a 15 dias da aplicação. Os<br />

outros tratamentos apresentaram redução da população<br />

de bicho mineiro em menor tempo, mas a reincidência<br />

foi rápida e ao redor de 15 a 30 dias da primeira<br />

aplicação houve a necessidade de repetir <strong>para</strong> manter a<br />

população dentro de nível de dano adequado.<br />

Os dados sobre numero médio de larvas vivas<br />

por folha tiveram comportamento semelhante aos<br />

dados de percentagem de folhas. Foi verificado que<br />

®<br />

após à aplicação de ALTACOR , não houve reinfestação<br />

de bicho mineiro, com redução drástica da<br />

população, ao nível zero de incidência, mantendo-se<br />

por mais de 60 dias sem necessidade de novas<br />

aplicações. Enquanto isso, os demais tratamentos<br />

apresentaram re-infestação atingindo nível de dano<br />

econômico e havendo a necessidade de realização de<br />

novas pulverizações.<br />

Concluiu-se que:<br />

®<br />

- O produto ALTACOR é eficiente no controle de<br />

bicho mineiro (L. coffeella) na dose de 90 g/ha;<br />

- A mortalidade final das larvas ocorre após 10 dias do<br />

tratamento, sendo que o efeito da intoxicação do<br />

TM<br />

chloroantraniliprole (Rynaxypyr ) é rápido e os<br />

insetos praga <strong>para</strong>m a alimentação e não causam mais<br />

injúrias a planta do cafeeiro;<br />

- Foi observado a preservação da população de<br />

inimigos naturais devido à alta seletividade de<br />

®<br />

ALTACOR ;<br />

- A sanidade das folhas das plantas de cafeeiro resultou<br />

em enfolhamento mais pronunciado e excelente<br />

emissão de folhas novas, diferenciando fortemente das<br />

demais plantas que receberam tratamentos com outros<br />

produtos;<br />

- A tecnologia disponível da molécula de<br />

TM<br />

chloroantraniliprole (Rynaxypyr ) é uma excelente<br />

opção <strong>para</strong> o controle de bicho mineiro do cafeeiro (L.<br />

coffeella) como também <strong>para</strong> os programas de manejo<br />

da resistência de insetos a inseticidas.<br />

Características desejáveis e recomendações<br />

As principais características, desejáveis, que o<br />

produto Altacor apresenta são as seguintes: pertence a<br />

um novo grupo químico, com modo de ação<br />

diferenciado, atuando na musculatura do inseto,<br />

inicialmente na mandíbula, fazendo com que a praga<br />

pare rápidamente sua alimentação, ficando atordoada<br />

até sua morte. Seu potencial inseticida é alto, por isso<br />

pode-se usa-lo em baixas doses. O período de controle<br />

é longo, mostrando alta eficiência, contra o bicho<br />

mineiro, e, também, contra outras lagartas que<br />

eventualmente estejam atacando o cafeeiro. O produto<br />

é muito resistente à lavagem pelas chuvas. Apresentase<br />

bastante seletivo, à cultura e a insetos benéficos. Não<br />

causa desequilíbrio <strong>para</strong> ácaros. O intervalo <strong>para</strong><br />

entrada na cultura, após à aplicação é de apenas 21 dias.<br />

A formulação é diferenciada - WG (grânulos<br />

dispersíveis em água), apresentando alta<br />

compatibilidade.<br />

As recomendações de uso podem ser assim<br />

resumidas: Usar o Altacor (350 WG) na dose de 90<br />

g/ha, em aplicações foliares, atingindo bem a<br />

folhagem. O emprego de óleos na calda, conforme o<br />

usual, pode ser feito, ativando ainda mais o produto.<br />

Deve-se usar 2 aplicações por ciclo, com intervalo de<br />

cerca de 45 dias.


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