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A INFLUÊNCIA DE SAUSSURE NOS TRABALHOS DE ... - pucrs

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Ducrot por ele mesmo e as relações com Saussure<br />

Anais do SITED<br />

Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso<br />

Porto Alegre, RS, setembro de 2010<br />

Núcleo de Estudos do Discurso<br />

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul<br />

Ducrot, em seus trabalhos, manifesta uma preocupação em estabelecer relação<br />

com a tradição saussureana e diz-se fortemente influenciado por ela, mesmo que seja<br />

para discordar. É o que o próprio teórico afirma no seguinte fragmento da entrevista<br />

concedida a Heronides Moura (1998), em que Ducrot se diz fiel a Saussure.<br />

Heronides Moura: O senhor crê que exista uma relação entre a sua<br />

teoria e a tradição saussureana, que define o signo como uma relação<br />

estrutural, e não como uma relação com o mundo?<br />

Ducrot: Certamente, tenho a pretensão de permanecer fiel a Saussure,<br />

mesmo se o que digo é bem diferente daquilo que dizia Saussure.<br />

Retomo de Saussure esta idéia que você evocou, segundo a qual as<br />

palavras não podem ser definidas senão pelas próprias palavras, e não<br />

em relação ao mundo, ou em relação ao pensamento. A diferença<br />

entre o meu trabalho e o de Saussure é que não defino, propriamente<br />

falando, as palavras em relação a outras palavras, mas em relação a<br />

outros discursos. O que eu tento construir seria então uma espécie de<br />

estruturalismo do discurso.<br />

Nesse fragmento, é possível perceber que Ducrot vê Saussure como cânone das<br />

teorias linguísticas, quando se utiliza do termo fiel. Ser fiel, entre outras acepções, pode<br />

ser demonstrar dedicação, zelo em relação a outrem, demonstrar honestidade, probidade<br />

ou, ainda, mostrar conformidade, seguir determinado padrão, modelo anteriormente<br />

estabelecido. Mas o que pretendia Ducrot deixar explícito com essa afirmação? Quais as<br />

dimensões dessa palavra para ele? Quais os efeitos de sentido produzidos pela sua<br />

utilização? É o que nos propomos a mostrar neste esboço teórico.<br />

Passaremos, agora, a analisar algumas passagens do capítulo Estruturalismo,<br />

enunciação e semântica, do seu bastante conhecido O dizer e o dito, uma das obras que<br />

servirá de referencial teórico para nossa dissertação, em que Ducrot se remete à teoria<br />

saussureana, tomando como discussão as noções de língua e fala. Em seguida,<br />

buscaremos em Saussure, no Curso de lingüística geral, fragmentos que relacionem aos<br />

assuntos tratados por Ducrot, conforme Quadro 1.<br />

Ducrot Saussure<br />

Se utilizarmos, para exprimir tal tese [a<br />

descrição semântica de uma língua], a<br />

terminologia saussureana tradicional, seremos<br />

levados a afirmar, por exemplo, que uma<br />

lingüística da língua é impossível se não for<br />

também uma lingüística da fala. (Ducrot,<br />

1987, p.63)<br />

Queremos dizer que o objeto teórico língua<br />

não pode ser construído sem fazer-se alusão à<br />

atividade de fala. (Ducrot, 1987, p.64)<br />

Pode-se, a rigor, conservar o nome de<br />

Lingüística para cada uma dessas duas<br />

disciplinas e falar duma Lingüística da fala.<br />

Será, porém, necessário não confundi-la com a<br />

Lingüística propriamente dita, aquela cujo<br />

objeto é a língua. (Saussure, 2006, p.28)<br />

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