12.04.2013 Views

A INFLUÊNCIA DE SAUSSURE NOS TRABALHOS DE ... - pucrs

A INFLUÊNCIA DE SAUSSURE NOS TRABALHOS DE ... - pucrs

A INFLUÊNCIA DE SAUSSURE NOS TRABALHOS DE ... - pucrs

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nossa tese é que a língua (como objeto<br />

teórico) deve conter uma referência àquilo<br />

que Saussure constitui a fala. O que significa<br />

dizer, no final das contas, que a distinção<br />

metodológica deve ser projetada sobre o dado<br />

segundo um traçado diferente daquele<br />

proposto por Saussure. (Ducrot, 1987, p.64-5)<br />

Se quisermos empreender uma pesquisa<br />

estrutural em lingüística, faz-se necessário,<br />

pois, admitir, no mesmo sentido, um<br />

“primado da linguagem”, isto é, uma<br />

independência, parcial ao menos, dos<br />

fenômenos de que ela é o lugar. Isso<br />

justificará que definamos, umas em relação<br />

às outras, as entidades de que tratamos, e<br />

que esperamos destas definições internas<br />

primitivas o esclarecimento de outras<br />

relações observadas no mesmo domínio. É<br />

por isso que se pode colocar, na base do<br />

estruturalismo em matéria de linguagem, o<br />

princípio saussureano do arbitrário<br />

lingüístico, princípio geral de que o arbitrário<br />

do signo é somente uma aplicação particular.<br />

(Ducrot, 1987, p.68)<br />

A versão do estruturalismo que utilizo na<br />

semântica lingüística poderia ser chamada,<br />

escolhendo um rótulo destinado a desagradar,<br />

“um estruturalismo do discurso ideal”. [...]<br />

Esta concepção [...] toma como todo empírico<br />

não mais o enunciado, mas o ato individual<br />

de enunciação. Se é estrutural, ela o é na<br />

medida em que propõe que o domínio da<br />

enunciação exige, ao menos num certo<br />

nível, uma descrição autônoma (arbitrária<br />

no sentido de Saussure) que revele em si<br />

uma inteligibilidade interna. (Ducrot, 1987,<br />

p.72)<br />

Anais do SITED<br />

Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso<br />

Porto Alegre, RS, setembro de 2010<br />

Núcleo de Estudos do Discurso<br />

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul<br />

[A língua] É, o mesmo tempo, um produto<br />

social da faculdade da linguagem e um conjunto<br />

de convenções necessárias, adotadas pelo corpo<br />

social para permitir o exercício dessa faculdade<br />

nos indivíduos. (Saussure, 2006, p.17)<br />

Quando se diz que os valores correspondem a<br />

conceitos, subentende-se que são puramente<br />

diferenciais, definidos não positivamente por<br />

seu conteúdo, mas negativamente por suas<br />

relações com os outros termos do sistema.<br />

Sua característica mais exata é ser o que os<br />

outros não são. (Saussure, 2006, p.136)<br />

Enquanto a linguagem é heterogênea, a língua é<br />

de natureza homogênea: constitui-se num<br />

sistema de signos onde, de essencial, só existe a<br />

união do sentido e da imagem acústica, e onde<br />

as duas partes do signo são igualmente<br />

psíquicas. (Saussure, 2006, p.22)<br />

Quadro 1 – Correspondência, em Saussure, das afirmações de Ducrot<br />

(Em negrito, grifos nossos. Outros grifos, dos autores)<br />

A primeira questão que identificamos, por meio da primeira e da segunda linha<br />

de citações, é a de que Ducrot considera, em sua teoria, tanto a noção de língua, quanto<br />

a de fala, ao passo que Saussure, por uma questão metodológica, privilegia o estudo da<br />

língua em detrimento da fala. Mesmo assim, nota-se que Saussure não desconsidera a<br />

fala, apenas não a toma como objeto da ciência que pretendia estabelecer. Saussure<br />

coloca em oposição língua (social) e fala (individual, língua em uso), centrando seus<br />

estudos naquela, passível de explicação por si mesma, já que a Linguística deveria ser<br />

uma ciência autônoma. Já Ducrot, quando pensa em língua, pensa na frase pertencente a<br />

um sistema linguístico, ou seja, como um conjunto de instruções, sendo o enunciado a<br />

noção equivalente à de fala, como uso efetivo dessas instruções, manifestação de uma<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!