01.06.2013 Views

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ENGANOS E DESENGANOS:<br />

A <strong>invenção</strong> <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> Barroco Literário e <strong>sua</strong> representação nas<br />

Histórias das Literaturas Luso-Brasileiras <strong>do</strong> Século XX<br />

Maria Regina Barcelos Bettiol (Université Sorbonne Nouvelle Paris III)<br />

Foram necessários pelo menos três séculos para que o “<strong>barroco</strong>” <strong>de</strong>ixasse a<br />

marginalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>sua</strong> recepção para assumir um lugar significativo no<br />

acervo das especulações artísticas da humanida<strong>de</strong>.<br />

Augusto <strong>de</strong> Campos<br />

A poética barroca, com a <strong>sua</strong> valorização <strong>do</strong> raro, <strong>do</strong> novo, <strong>do</strong> insólito,<br />

visava provocar a admiração, a maravilha, o <strong>de</strong>slumbramento <strong>do</strong> receptor. A<br />

argúcia intelectual que <strong>de</strong>scobre nexos originais entre as coisas, entre as<br />

palavras, e a linguagem requintada em que essas relações se exprimem,<br />

constituem as duas faces inseparáveis da concretização <strong>do</strong> “<strong>conceito</strong>”<br />

seguin<strong>do</strong> a poética barroca. E como tem si<strong>do</strong> apreciada esta literatura? Nem<br />

sempre com o interesse que merece. Tratan<strong>do</strong>-se perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> intensa<br />

produção textual.<br />

Maria Lucília Gonçalves Pires<br />

As formas barrocas sob um novo céu e em uma outra terra, vão mudar <strong>de</strong><br />

ritmo <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> movimento.<br />

Roger Basti<strong>de</strong><br />

Em nossa análise temos como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> <strong>literário</strong>, um<br />

estilo marginaliza<strong>do</strong> durante quase três séculos e que passa a vigorar no vocabulário da<br />

crítica literária, principalmente nas décadas <strong>de</strong> 60/70 <strong>do</strong> século XX, graças às pesquisas<br />

<strong>de</strong> críticos <strong>de</strong> renome internacional, em especial os críticos luso-brasileiros, que<br />

reinterpretaram uma vasta produção textual praticamente <strong>de</strong>sconhecida não apenas <strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong> público mas <strong>do</strong>s próprios estudiosos da literatura.<br />

A partir <strong>do</strong> revisionismo das décadas <strong>de</strong> 60/70, o <strong>conceito</strong> ganha uma nova<br />

dimensão on<strong>de</strong> nos é permiti<strong>do</strong> reavaliar e constatar a especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> estilo <strong>literário</strong><br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>barroco</strong> e a emergência <strong>de</strong> um Neobarroquismo na literatura<br />

contemporânea<br />

O conhecimento objetivo da época barroca através da contribuição <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

autores como Wölffin e Eugénio D`Ors permitiram que se opera-se uma reabilitação<br />

477


<strong>de</strong>sse gênero artístico antes visto <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>preciativa passan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminar um<br />

amplo perío<strong>do</strong> da cultura européia e latino-americana 1 .<br />

Embora o fenômeno <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong> tenha uma profunda unida<strong>de</strong> simbólica, no<br />

processo <strong>de</strong> transferência cultural <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> português para a América Portuguesa<br />

(Brasil), o estilo <strong>literário</strong> se <strong>de</strong>senvolveu diferentemente aclimatan<strong>do</strong>-se à cultural local<br />

<strong>do</strong> novo território. Ao fazermos um estu<strong>do</strong> comparativo entre as histórias das literaturas<br />

<strong>do</strong> Brasil e <strong>de</strong> Portugal apontaremos os aspectos integrativos e as especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> brasileiro <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> as transformações <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong><br />

<strong>literário</strong> registradas nas histórias das literaturas luso-brasileiras, o que explica, em<br />

parte, a difícil classificação <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> <strong>literário</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>sua</strong> complexida<strong>de</strong><br />

conceitual 2 não apenas como fenômeno <strong>literário</strong> mas como expressão <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

civilização.<br />

Para mapearmos os vários <strong>conceito</strong>s <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> necessitamos<br />

obrigatoriamente recorrer à História da Literatura já que esta,como bem explicita Jobim<br />

“nos mostra que houve sucessivas e diferentes representações daquilo a que chamamos<br />

<strong>de</strong> literatura”. (JOBIM,1992:127) O <strong>conceito</strong>, ou vários <strong>conceito</strong>s <strong>de</strong> <strong>barroco</strong>, foram<br />

cria<strong>do</strong>s a posteriori, os autores chama<strong>do</strong>s <strong>barroco</strong>s <strong>de</strong>sconheciam tal <strong>conceito</strong>:<br />

Quan<strong>do</strong> usamos o termo “Barroco” para classificar autores como<br />

Gregório <strong>de</strong> Matou ou Antônio Vieira, precisamos ter em mente que<br />

aqueles autores jamais se classificariam assim, não porque<br />

discordassem <strong>do</strong> emprego <strong>de</strong>ste vocábulo para <strong>de</strong>signar as obras <strong>de</strong>les,<br />

mas simplesmente porque o termo não eram emprega<strong>do</strong> como<br />

<strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> época, no momento em que os <strong>do</strong>is<br />

escreveram. Além disso, se fizermos um mapeamento <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s<br />

atribuí<strong>do</strong>s ao Barroco, veremos que este não possui apenas uma<br />

acepção, invariável através <strong>do</strong>s tempos. Em outras palavras, em vez<br />

<strong>de</strong> imaginarmos o termo como <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> permanente,<br />

universal e imutável, parece ser mais condizente com a realida<strong>de</strong><br />

imaginarmo-lo como casca verbal, preenchida por vários e sucessivos<br />

conteú<strong>do</strong>s, não necessariamente semelhantes. Uma visão histórica <strong>do</strong><br />

Barroco <strong>de</strong>verá levar em consi<strong>de</strong>ração que o conteú<strong>do</strong> que lhe<br />

atribuímos influirá na imagem que possuímos <strong>de</strong>le como um ele na<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> época. (JOBIM,1992:141)<br />

1 O fenômeno cultural <strong>barroco</strong> visível nas artes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Império <strong>do</strong>s Habsburgo, quer na longínqua Goa,<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> México, Cuzco, Bogotá, Ouro Preto, quer em Torino, Nápoles e Lecce (ÁVILA, 1997,p.43).<br />

2 Sem dúvida, o problema da complexida<strong>de</strong> conceitual foi um das razões da difícil classificação <strong>do</strong> termo<br />

haja vista o que ocorreu com Bene<strong>de</strong>tto Croce que ,a princípio, advoga o retorno ao uso pejorativo <strong>do</strong><br />

termo <strong>barroco</strong> e o nega ao ponto <strong>de</strong> afirmar que a “a arte nunca é barroca e o <strong>barroco</strong> nunca é arte” , ainda<br />

preso ao senti<strong>do</strong> negativo e pejorativo <strong>do</strong> <strong>barroco</strong>. Em 1929, dava-se por venci<strong>do</strong> usan<strong>do</strong>-o como etiqueta<br />

para toda a Itália seiscentista . Ler a esse respeito: Storia <strong>de</strong>lla Età barroca in Itália: pensiero, poesia e<br />

letteratura, vita morale. Bari: Giuseppe Laterza & Figli, 1929. p.37.<br />

478


A História da Literatura representa os estilos <strong>de</strong> época como sistemas que<br />

possuem limites geográficos e temporais. Evi<strong>de</strong>ntemente que o texto <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong><br />

não po<strong>de</strong> ser separa<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu contexto <strong>de</strong> produção. Em outras palavras, o contexto<br />

fornece as normas a partir das quais se <strong>de</strong>limita o que é texto, torna-se parte constitutiva<br />

<strong>de</strong>ste. O autor produz <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto e o leitor lê a obra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong><br />

referências i<strong>de</strong>ológicas.<br />

Mas para que possamos enten<strong>de</strong>r a extensão <strong>do</strong> fenômeno cultural <strong>barroco</strong>,<br />

<strong>de</strong>vemos relembrar as origens <strong>de</strong>sse <strong>conceito</strong>. Conforme Pereira (apud Ávila,<br />

1997,p.160) no século XIII, a palavra <strong>de</strong>signava ourivesaria mas o <strong>barroco</strong> também<br />

aparecia como uma das formas mnemônicas através das quais se fixavam as<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> silogismo:<br />

Diz que o <strong>barroco</strong> é uma palavra <strong>de</strong> origem portuguesa. O ourives<br />

portugueses, já em tempo <strong>de</strong> D.Manuel, chamavam às pérolas gran<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>formadas, barrocas. Barrocal ou barroca é também o nome que<br />

entre nós se dá aos agrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pedras informes e arre<strong>do</strong>ndadas-<br />

po<strong>de</strong>rosos afloramentos <strong>de</strong> rochas metamórficas –muito comuns ao<br />

Norte <strong>de</strong> Portugal, na Estremadura e no Alentejo Desta feita, usa<strong>do</strong><br />

sobretu<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século XIX, o termo <strong>barroco</strong>, transposto para a<br />

arte através <strong>de</strong> um recurso metafórico, passou a <strong>de</strong>signar os objetos<br />

que, <strong>de</strong> alguma forma, eram estranhos e avoluma<strong>do</strong>s, aparentemente<br />

<strong>de</strong>sarmônicos ou exagera<strong>do</strong>s. (...) Uma carga negativa apo<strong>de</strong>rou-se<br />

assim ( e durante muito tempo) <strong>do</strong> termo e <strong>do</strong> estilo que <strong>de</strong>signava. E<br />

era,entretanto, entendi<strong>do</strong>, na lógica fatal <strong>do</strong> senso mais comum, como<br />

um sinônimo <strong>de</strong> supérfluo ou <strong>de</strong> extremo formalismo, para não dizer<br />

<strong>de</strong> excesso.(PEREIRA, apud Ávila, 1997:160)<br />

Contu<strong>do</strong>, autores como René Wellek (1963,p.71) nos esclarecem que o estilo<br />

<strong>barroco</strong> surge no contexto da Contra-reforma, mais precisamente no século XVI em<br />

diante ,ocasião em que o eixo territorial <strong>do</strong> catolicismo se vai nitidamente <strong>de</strong>svian<strong>do</strong> na<br />

direção <strong>do</strong>s trópicos, amplian<strong>do</strong> não apenas os <strong>do</strong>mínios da Igreja Católica mas<br />

enaltecen<strong>do</strong> a imagem das monarquias, sobretu<strong>do</strong>, em <strong>sua</strong>s colônias no Novo Mun<strong>do</strong>.<br />

René Wellek lembra que o termo <strong>barroco</strong> é aplica<strong>do</strong> à várias artes como: a arquitetura,<br />

escultura, pintura, literatura, mas também à musica.<br />

O historia<strong>do</strong>r <strong>literário</strong> José A<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> Castello sublinha que os estudantes<br />

brasileiros da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, ao regressarem, se tornavam os principais<br />

representantes das manifestações literárias européias que aqui repercutiam reforçan<strong>do</strong> o<br />

479


espírito e a mentalida<strong>de</strong> portuguesa entre nós. A época barroca no Brasil, no dizer <strong>de</strong><br />

José A<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> Castello, “sempre em correspondência” com a literatura portuguesa data<br />

<strong>de</strong> 1601-1768:<br />

Sempre em correspondência com a literatura portuguesa levan<strong>do</strong> em<br />

conta a freqüência <strong>do</strong>s estilos <strong>literário</strong>s e o processo <strong>de</strong> nossa<br />

formação histórica, a época barroca das manifestações literárias no<br />

Brasil –Colônia tem como ponto <strong>de</strong> referência inicial a publicação <strong>do</strong><br />

poemeto Prosopopéia, em 1601.Esten<strong>de</strong>-se até o momento em que<br />

Cláudio Manuel da Costa, com <strong>sua</strong>s Obras Poéticas, editadas em<br />

1768, editadas em 1768, atesta a transição <strong>do</strong> estilo <strong>barroco</strong> para o<br />

estilo arcádico, particularmente no <strong>do</strong>mínio da poesia (...) A figura <strong>de</strong><br />

Anchieta então se <strong>de</strong>fine, histórica e literariamente, e se reinsistimos<br />

em Bento Teixeira é porque ele já reflete o complexo <strong>de</strong> condições<br />

que nos <strong>de</strong>ram a reconhecer as diferenciações iniciais que a ativida<strong>de</strong><br />

literária <strong>do</strong> Brasil-Colônia apresenta quanto à <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Portugal<br />

coloniza<strong>do</strong>r. (CASTELLO, 1960 :58-59)<br />

É muito importante elucidarmos que quan<strong>do</strong> falamos em correspondência,<br />

estamos nos referin<strong>do</strong> à correspondência <strong>de</strong> estilo entre o <strong>barroco</strong> português e brasileiro.<br />

Cabe lembrar que o fenômeno cultural <strong>barroco</strong> chega com atraso à América, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> atuar propagandisticamente e <strong>de</strong> per<strong>sua</strong>dir até a <strong>de</strong>voção. Se as<br />

manifestações culturais chegavam sempre em atraso na América Portuguesa, isso<br />

significa que a cronologia entre o perío<strong>do</strong> <strong>literário</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>barroco</strong> português e o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>barroco</strong> brasileiro não é exata. Neste senti<strong>do</strong>, o historia<strong>do</strong>r <strong>literário</strong><br />

brasileiro Afrânio Coutinho diverge <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r <strong>literário</strong> português Fi<strong>de</strong>lino <strong>de</strong><br />

Figueire<strong>do</strong> quanto à questão <strong>do</strong> entendimento crítico da periodização literária:<br />

É que a maioria <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res <strong>literário</strong>s, a começar pelo gran<strong>de</strong><br />

Fi<strong>de</strong>lino <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong> para Portugal, <strong>de</strong>nominava “clássica” a<br />

literatura produzida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Renascimento até o Romantismo,<br />

portanto cobrin<strong>do</strong> os três séculos “clássicos” da Literatura Portuguesa<br />

e os brasileiros da fase colonial. Contestei essa teoria, asseveran<strong>do</strong><br />

que a literatura brasileira da chamada fase colonial era barroca e não<br />

clássica. Isso está profusamente discuti<strong>do</strong> e <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em meu<br />

trabalho, graças ao estu<strong>do</strong> e a análise <strong>de</strong> figuras que ocupavam a<br />

época, e também ao exame <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong>, aplica<strong>do</strong> à<br />

literatura e artes em geral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os trabalhos pioneiros <strong>de</strong> Wolffin<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1879. (COUTINHO,1994:226)<br />

O perío<strong>do</strong> Barroco em Portugal data <strong>de</strong> 1620-1750, conforme Maria Lucília<br />

Gonçalves Pires os escritores portugueses representativos <strong>de</strong>sse perío<strong>do</strong> são:<br />

480


Na literatura portuguesa, <strong>barroco</strong>s são Francisco <strong>de</strong> Portugal, Violante<br />

<strong>do</strong> Céu, Madalena da Glória, Antonio Álvares Soares, Brás Garcia <strong>de</strong><br />

Mascarenhas, Botelho <strong>de</strong> Carvalho, Jacinto Freire <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

Manuel <strong>de</strong> Gallego, Paulo Gonçalves <strong>de</strong> Andrada, Jerônimo Baía,<br />

Antonio Barbosa Bacelar, Fr. Antonio das Chagas, Botelho <strong>de</strong><br />

Oliveira, Gregório <strong>de</strong> Matos, e muitos outros inéditos ou anônimos –<br />

até àquele Francisco <strong>de</strong> Pina e Melo.(PIRES,2001:39)<br />

Em Portugal, os estu<strong>do</strong>s críticos da Prof. Maria Lucília Gonçalves Pires sobre a<br />

revalorização <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> são fundamentais. Além da referida professora <strong>de</strong>vemos<br />

mencionar os estu<strong>do</strong>s críticos <strong>de</strong> José Adriano Carvalho, Aníbal Pinto <strong>de</strong> Castro, Ana<br />

Hatlerly, Margarida Vieira Men<strong>de</strong>s, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Berchior Pontes, Paulo Jorge da<br />

Silva Pereira, Victor Manuel <strong>de</strong> Aguiar e Silva que além <strong>de</strong> reabilitarem o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> e <strong>sua</strong> contribuição na literatura contemporânea, procuram <strong>de</strong>marcar a<br />

especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> estilo <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong> em relação ao estilo <strong>literário</strong> maneirista. O<br />

<strong>barroco</strong> português é também um ponto <strong>de</strong> partida para o estu<strong>do</strong> da alterida<strong>de</strong> uma vez<br />

que recebeu influxos <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> espanhol e italiano tanto na literatura quanto nas artes.<br />

No caso <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> brasileiro, Alfre<strong>do</strong> Bosi em seu conceitua<strong>do</strong> livro História<br />

Concisa da Literatura Brasileira afirma que houve ecos <strong>do</strong> Barroco europeu durante os<br />

séculos XVII e XVIII no Brasil e tivemos autores como Bento Teixeira, Gregório <strong>de</strong><br />

Matos,Botelho <strong>de</strong> Oliveira, Padre Antonio Vieira, Nunes Marques Pereira apenas para<br />

citarmos os autores mais conheci<strong>do</strong>s. No dizer <strong>de</strong> Bosi é lícito falarmos <strong>de</strong> um <strong>barroco</strong><br />

brasileiro:<br />

Na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XVIII,porém, o ciclo <strong>do</strong> ouro já daria um<br />

substrato material à arquitetura, à escultura e `a vida musical, <strong>de</strong> sorte<br />

que parece lícito falar <strong>de</strong> um “Barroco Brasileiro” e, até mesmo,<br />

“mineiro”, cujos exemplos mais significativos foram alguns trabalhos<br />

<strong>do</strong> Aleijadinho, <strong>de</strong> Manuel da Costa Ataí<strong>de</strong> e composições sacras <strong>de</strong><br />

Lobo <strong>de</strong> Mesquita, Marcos Coelho e outros ainda mal i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s.<br />

(BOSI, 2006: 34)<br />

Ao revisitarmos história da literatura brasileira, constatamos que o estilo<br />

<strong>barroco</strong> está muito associa<strong>do</strong> aos <strong>conceito</strong>s <strong>de</strong> literatura colonial e <strong>de</strong> provincianismo.<br />

Desta forma, o que se pesquisava e escrevia a respeito <strong>do</strong> Barroco tinha senti<strong>do</strong> ao mais<br />

das vezes curioso, biografista, timidamente preso ao factual e ufanista, muito ao sabor<br />

aliás da historiografia nacional <strong>do</strong> tempo. Afrânio Coutinho, ao reinterpretar a Literatura<br />

481


Brasileira Colonial à luz <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> conferiu autonomia à Literatura<br />

Brasileira em relação à Literatura Portuguesa 3 :<br />

Entreguei-me à reinterpretação da Literatura Brasileira Colonial à luz<br />

<strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong>, valorizan<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> as figuras <strong>do</strong> padre<br />

Antônio Vieira, Gregório <strong>de</strong> Matos, Anchieta,o funda<strong>do</strong>r da Literatura<br />

Brasileira, Nuno Marques Pereira, e outras figuras.Assim, a Literatura<br />

Brasileira passo a ser consi<strong>de</strong>rada como brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, e<br />

não simples <strong>de</strong>pendência da portuguesa.(COUTINHO,1994:9-10)<br />

A tese <strong>de</strong> Afrânio Coutinho é referendada por Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos que aponta o<br />

“seqüestro <strong>do</strong> <strong>barroco</strong>” em nossa historiografia literária. No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Campos, o <strong>barroco</strong> no Brasil não se resume ao um estilo artístico e <strong>literário</strong> <strong>do</strong><br />

seiscentismo, mas uma característica da formação brasileira, fenômeno que imprime<br />

peculiarida<strong>de</strong> até hoje em nossas artes, letras, cultura e vida social.<br />

Na mesma linha <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos, Affonso Ávila, uma<br />

<strong>do</strong>s maiores estudiosos <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> brasileiro, afirma que após séculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaso, o<br />

interesse pelo estu<strong>do</strong> Barroco no Brasil é um fato cultural recente, remonta mais<br />

precisamente ao século XX:<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> no Brasil não é, em registro datável, um fato<br />

cultural ou um vetor intelectual recente, já que as primeiras incursões<br />

na espécie, no nível <strong>de</strong> pesquisa ou mesmo <strong>de</strong> incipientes análises<br />

estilísticas e críticas remonta a quase um século. Po<strong>de</strong>-se dizer que,<br />

após a hibernação que a omissão <strong>do</strong> nervo sensível e o pre<strong>conceito</strong><br />

submeteram as criações <strong>do</strong> estilo, ou a ele ligadas, a um <strong>de</strong>sinteresse<br />

generaliza<strong>do</strong>, mas <strong>de</strong> certa forma compreensível, por to<strong>do</strong> o século<br />

XIX, pela gran<strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> nossa ida<strong>de</strong> inaugural, ou seja, da prénacionalida<strong>de</strong><br />

colonial, a tomada <strong>de</strong> consciência diante da importância<br />

singular e remarcante <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> se verificaria entre nós virtualmente<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> simultâneo à re<strong>de</strong>scoberta e revisão das matrizes européias<br />

da superior e revolucionária arte <strong>do</strong>s anos seiscentos/setecentos.E<br />

dizemos <strong>de</strong>safeição e distanciamento compreensíveis até certo ponto<br />

na centúria oitocentista porque, ao espelho <strong>do</strong> que ocorria na órbita<br />

<strong>do</strong>s países padroniza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> pensamento crítico e das inclinações<br />

estéticas, também o Brasil acompanhará a tendência estabiliza<strong>do</strong>ra e<br />

macia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> gosto acadêmico, cambian<strong>do</strong> a <strong>sua</strong> recepção artística<br />

aos tiques neoclássicos e românticos <strong>de</strong> um ecletismo dilui<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fácil<br />

e <strong>do</strong> digestivo, <strong>do</strong> estuque e <strong>do</strong> papel <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>. (ÀVILA, 1997:9-10)<br />

3 A literatura <strong>de</strong> ficção era escassa nesta época mas o exemplar que a representa pertence ao Barroco: o<br />

Peregrino da América.<br />

482


É justamente Affonso Ávila (1997, p10) e autores como Otto Maria Carpeaux,<br />

Augusto <strong>de</strong> Campos, Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos, Benedito Nunes que no final da década <strong>de</strong> 60<br />

fazem um balanço crítico sobre a literatura <strong>do</strong> seiscentos/setecentos através da criação<br />

da revista Barroco 4 on<strong>de</strong> apontam o fenômeno cultural <strong>barroco</strong> como fazen<strong>do</strong> parte <strong>do</strong><br />

nosso processo civilizatório presente em diversas manifestações culturais:<br />

Ao estudarmos a história <strong>do</strong> estilo <strong>barroco</strong> seu autoctonismo brasileiro<br />

ou americano, <strong>sua</strong> i<strong>de</strong>ologia religiosa e <strong>de</strong> vida, e comportamento<br />

social e contextual, da poesia, da prosa, <strong>do</strong> sermonário, <strong>do</strong> teatro, da<br />

festa, da crônica e da <strong>do</strong>cumentação factuais, <strong>do</strong> urbanismo, da<br />

arquitetura, da escultura, da talha, da pintura, da iconografia e<br />

iluminura, da precursora interação texto-imagem, da música, das<br />

danças, fazen<strong>do</strong>, todavia, permear toda essa multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

abordagens (ÁVILA,1997:12)<br />

Para esse grupo intelectuais brasileiros é necessário pensarmos a i<strong>de</strong>ia<br />

sistematiza<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um <strong>barroco</strong> ao mesmo tempo universal e americano 5 e a<br />

necessida<strong>de</strong> crítica <strong>de</strong> uma assunto capital <strong>de</strong> nossa cultura, para enten<strong>de</strong>rmos a nossa<br />

própria ín<strong>do</strong>le <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>:<br />

Nos estu<strong>do</strong>s sobre <strong>barroco</strong>logia, constatava-se que o estilo e seus<br />

<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que se i<strong>de</strong>ntificam em cerne e raiz<br />

com a cultura transplantada e reducionista à peculiarida<strong>de</strong> tropical<br />

brasileira, assinalaram em igual fenômeno cultural as fontes, matrizes<br />

e respostas histórico-i<strong>de</strong>ológicas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o continente latinoamericano.<br />

Autores como Lezama Lima, Alejo Carpentier, Octavio<br />

Paz, Severo Sardy e outros, concomitantemente ao repensamento <strong>do</strong><br />

problema entre nós, acendiam em seus países interesse investiga<strong>do</strong>r<br />

semelhante, a parte <strong>do</strong> surgimento simultâneo neles <strong>de</strong> uma escrita<br />

literária nova que retomava no entanto, como pêndulo e estímulo, as<br />

<strong>de</strong>sinências barroquistas, proporcionan<strong>do</strong>, principalmente na ficção, o<br />

boom impactante <strong>de</strong> uma linguagem neobarroca, conquanto vigorosa<br />

e <strong>de</strong> função mo<strong>de</strong>rnizante. (ÁVILA, 1997:11)<br />

O <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> se modificou no processo <strong>de</strong> transferência cultural da<br />

literatura portuguesa para a literatura brasileira ou se preferirmos, literatura brasileira<br />

em situação colonial. Em solo americano, há um <strong>de</strong>scentramento <strong>do</strong> discurso, o querer<br />

dizer muda, o discurso <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> brasileiro adquiriu as cores <strong>de</strong> uma especificida<strong>de</strong><br />

4 A criação da revista Barroco, cujo primeiro número foi lança<strong>do</strong> em 1969, constituiu uma <strong>de</strong>corrência<br />

das preocupações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s esses intelectuais da retomada <strong>de</strong> balanço crítico das artes e literatura <strong>do</strong><br />

seiscentos/setecentos.<br />

5 Vale mencionar ainda o nome <strong>de</strong> Leonar<strong>do</strong> Acosta, estudioso <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> no quadro das Américas.<br />

483


local uma vez que há nesse processo <strong>de</strong> transferência cultural um choque <strong>de</strong> culturas<br />

fazen<strong>do</strong> que as teorias transferidas <strong>de</strong> um território a outro se <strong>de</strong>senvolvam<br />

diferentemente.<br />

O interesse atual pelo <strong>conceito</strong> se justifica certamente porque o processo <strong>de</strong><br />

colonização da América Portuguesa, assim como da América Latina 6 , foi <strong>barroco</strong>, o<br />

<strong>conceito</strong> ajuda a explicar o nosso processo <strong>de</strong> formação como povo e como nação e a<br />

enten<strong>de</strong>r os rumos toma<strong>do</strong>s pela nossa literatura <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse amplo processo <strong>de</strong><br />

transferência cultural.<br />

Alexandre Fernan<strong>de</strong>s Corrêa vai mais longe, ele aponta a expressão popular<br />

barroca como símbolo da nossa mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>:<br />

Encontra-se a plasticida<strong>de</strong> da expressão popular barroca a to<strong>do</strong> o<br />

momento em varia<strong>do</strong>s exemplos: na <strong>de</strong>coração <strong>do</strong>s interiores das<br />

igrejas e capelas <strong>do</strong> catolicismo colonial, na música popular sertaneja,<br />

caipira, crioula e cabocla, nos movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> hip-hope no<br />

rap, na arquitetura popular criativa <strong>de</strong> bricolages ousa<strong>do</strong>s e, mais<br />

especialmente, no tom espetacular <strong>do</strong>s rituais religiosos e na pompa<br />

dionisíaca das festivida<strong>de</strong>s carnavalescas e juninas (CORRÊA, 2009<br />

:29-30)<br />

Dito <strong>de</strong> outra forma, mesmo sen<strong>do</strong> o <strong>barroco</strong> um programa <strong>de</strong> pensamento e<br />

<strong>de</strong> ação, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social e cultural brasileira se diferencia da portuguesa pelo seu<br />

caráter compósito. O <strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> brasileiro exprime uma nova representação<br />

coletiva, uma linguagem híbrida 7 que leva em conta o surgimento <strong>de</strong> uma nova cultura,<br />

um “novo idioma” 8 : o português <strong>do</strong> Brasil. Portanto, o <strong>barroco</strong> brasileiro é resulta<strong>do</strong><br />

das imagens dialéticas, <strong>do</strong> conflito que se estabelece entre aquilo que é importan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Portugal e o novo meio autóctone.<br />

A <strong>de</strong>speito das ambigüida<strong>de</strong>s e incertezas quanto à extensão, avaliação e<br />

conteú<strong>do</strong> preciso <strong>do</strong> termo <strong>barroco</strong>, ele tem <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> e continuará a <strong>de</strong>sempenhar<br />

importante função. Revisan<strong>do</strong>-se o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> panorama da<br />

História da Literária Luso-brasileira e analisan<strong>do</strong> seus <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos buscamos, nesta<br />

6 Para Janice Theo<strong>do</strong>ro, o processo <strong>de</strong> colonização da América Latina é <strong>barroco</strong>. Ler a esse propósito:<br />

THEODORO, Janice. América barroca: temas e variações. São Paulo: Ed. Nova Fronteira, 1992.<br />

7 As obras <strong>de</strong> autores como Eucli<strong>de</strong>s da Cunha e Jorge Ama<strong>do</strong> expressam a nossa linguagem híbrida, o<br />

português <strong>do</strong> Brasil, são a marca da sobrevivência <strong>de</strong> uma escritura barroca em nossa Literatura. Po<strong>de</strong>mos<br />

citar alguns exemplos: O segun<strong>do</strong> Fausto <strong>de</strong> Goethe é uma das obras mais barrocas <strong>de</strong> todas as<br />

literaturas; as Iluminações <strong>de</strong> Rimbaud, como obra-prima da poesia barroca, os cantos <strong>de</strong> Mal<strong>do</strong>ror <strong>de</strong><br />

Lautréamont,e a inesquecível prosa <strong>de</strong> Marcel Proust como prosa barroca, sem nos esquecermos <strong>de</strong><br />

Shakespeare em seu ser ou não ser, uma obra que traz a angústia sem fim e o vazio fundamental que nos<br />

funda como seres humanos.<br />

484


leitura cruzada, pontos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e as especificida<strong>de</strong>s teóricos-críticos <strong>do</strong> <strong>barroco</strong><br />

português e brasileiro.<br />

Ao convocarmos essa complexa e controversa polifonia <strong>de</strong> vozes críticas a<br />

enunciar o seu próprio discurso crítico sobre o Barroco, vale lembrar a observação <strong>de</strong><br />

Maria Lucília Gonçalves Pires :“<strong>de</strong> que o discurso crítico sobre Literatura, exatamente<br />

por ser crítico, não é um discurso irrevogável; sen<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> acerca <strong>de</strong> um discurso<br />

artístico – o <strong>literário</strong>- que é, por natureza, plurissignificativo e semanticamente instável,<br />

o discurso crítico é sempre um discurso relativo e superável”. (PIRES, 1996:7).<br />

Em sen<strong>do</strong> assim, no tocante à história da literatura, o estilo <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong> é<br />

um fenômeno estilístico atemporal que transgri<strong>de</strong> as fronteiras espaciais e temporais,<br />

que não se restringe aos autores <strong>do</strong> século XVII, como proclama o senso comum, mas<br />

se verifica como uma constante humana 9 . O <strong>barroco</strong> é uma criação/recriação que<br />

floresce nas obras <strong>de</strong> autores da literatura universal <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tempos. O Século XVII<br />

apenas inaugurou uma tradição literária criativa que vem se perpetuan<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s<br />

séculos.<br />

REFERÊNCIAS<br />

AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel <strong>de</strong>. Manual <strong>de</strong> Teoria da Literatura. Coimbra:<br />

Almedina, 1968.<br />

ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>barroco</strong>. São Paulo: Perspectiva,<br />

1994.<br />

BASTIDE, Roger. “Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Sociologia Estética Brasileira”. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

São Paulo, 04 Ago.- 16 Out. 1940. 1º cad. p. 4-5.<br />

BOSI, Alfre<strong>do</strong>. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.<br />

9 Esta foi a tese <strong>de</strong>fendida por Eugene d´Ors em seu livro famoso livro O <strong>barroco</strong>. Trad. <strong>de</strong> Luís Alves da<br />

Costa. Lisboa: Vega, 1990.<br />

485


CAMPOS, Augusto. Morte e vida da vanguarda: a questão <strong>do</strong> novo. IN: 30<br />

Anos/Semana Nacional <strong>de</strong> Poesia <strong>de</strong> Vanguarda -1963/93. Belo Horizonte: Prefeitura<br />

Municipal/SMC, 1993, p.65.<br />

CAMPOS, Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong>. O Seqüestro <strong>do</strong> Barroco na formação da literatura brasileira: o<br />

caso Gregório <strong>de</strong> Mattos. Salva<strong>do</strong>r: Fundação Casa <strong>de</strong> Jorge Ama<strong>do</strong>, 1989.<br />

CASTELLO, José A<strong>de</strong>ral<strong>do</strong>. Manifestações literárias na era colonial (1500-<br />

1808/1836).São Paulo: Cultrix, 1960.<br />

CORRÊA, Alexandre Fernan<strong>de</strong>s. Festim <strong>barroco</strong>: significa<strong>do</strong> cultural da festa <strong>do</strong>s<br />

Prazeres <strong>do</strong>s Montes Guararapes em Pernambuco. Tese (Mestra<strong>do</strong>).<br />

IFCH/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco, 1993.<br />

COUTINHO, Afrânio. Do <strong>barroco</strong>: ensaios. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Tempo brasileiro, 1994.<br />

CROCE, Bene<strong>de</strong>tto. Storia <strong>de</strong>lla età barocca in Italia: pensiero, poesia e letteratura,<br />

vita morale. Bari: Giuseppe Laterza & Figli, 1929.<br />

D’ORS, Eugenio. O <strong>barroco</strong>. Trad. <strong>de</strong> Luís Alves da Costa. Lisboa: Vega, 1990<br />

[1935].<br />

JOBIM, José Luis. Palavras da Crítica. Tendências e <strong>conceito</strong>s no estu<strong>do</strong> da literatura.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imago, 1992.p.127-149.<br />

PIRES, Maria Lucília Gonçalves & CARVALHO, José Adriano. História crítica da<br />

literatura portuguesa [Maneirismo e Barroco]. Lisboa:Verbo, 2001.<br />

THEODORO, Janice. América barroca: temas e variações. São Paulo: Ed. Nova<br />

Fronteira, 1992.<br />

WELLEK, René. O <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> na cultura literária. IN: Conceitos <strong>de</strong> crítica.<br />

São Paulo: Cultrix, 1963.<br />

486


WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da história da arte. 4. ed. Trad. <strong>de</strong><br />

João Azenha Jr. São Paulo: Martins Fontes, 2006.<br />

487

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!