01.06.2013 Views

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong>sse gênero artístico antes visto <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>preciativa passan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminar um<br />

amplo perío<strong>do</strong> da cultura européia e latino-americana 1 .<br />

Embora o fenômeno <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong> tenha uma profunda unida<strong>de</strong> simbólica, no<br />

processo <strong>de</strong> transferência cultural <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> português para a América Portuguesa<br />

(Brasil), o estilo <strong>literário</strong> se <strong>de</strong>senvolveu diferentemente aclimatan<strong>do</strong>-se à cultural local<br />

<strong>do</strong> novo território. Ao fazermos um estu<strong>do</strong> comparativo entre as histórias das literaturas<br />

<strong>do</strong> Brasil e <strong>de</strong> Portugal apontaremos os aspectos integrativos e as especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> brasileiro <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> as transformações <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong><br />

<strong>literário</strong> registradas nas histórias das literaturas luso-brasileiras, o que explica, em<br />

parte, a difícil classificação <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> <strong>literário</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>sua</strong> complexida<strong>de</strong><br />

conceitual 2 não apenas como fenômeno <strong>literário</strong> mas como expressão <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

civilização.<br />

Para mapearmos os vários <strong>conceito</strong>s <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> <strong>literário</strong> necessitamos<br />

obrigatoriamente recorrer à História da Literatura já que esta,como bem explicita Jobim<br />

“nos mostra que houve sucessivas e diferentes representações daquilo a que chamamos<br />

<strong>de</strong> literatura”. (JOBIM,1992:127) O <strong>conceito</strong>, ou vários <strong>conceito</strong>s <strong>de</strong> <strong>barroco</strong>, foram<br />

cria<strong>do</strong>s a posteriori, os autores chama<strong>do</strong>s <strong>barroco</strong>s <strong>de</strong>sconheciam tal <strong>conceito</strong>:<br />

Quan<strong>do</strong> usamos o termo “Barroco” para classificar autores como<br />

Gregório <strong>de</strong> Matou ou Antônio Vieira, precisamos ter em mente que<br />

aqueles autores jamais se classificariam assim, não porque<br />

discordassem <strong>do</strong> emprego <strong>de</strong>ste vocábulo para <strong>de</strong>signar as obras <strong>de</strong>les,<br />

mas simplesmente porque o termo não eram emprega<strong>do</strong> como<br />

<strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> época, no momento em que os <strong>do</strong>is<br />

escreveram. Além disso, se fizermos um mapeamento <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s<br />

atribuí<strong>do</strong>s ao Barroco, veremos que este não possui apenas uma<br />

acepção, invariável através <strong>do</strong>s tempos. Em outras palavras, em vez<br />

<strong>de</strong> imaginarmos o termo como <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> permanente,<br />

universal e imutável, parece ser mais condizente com a realida<strong>de</strong><br />

imaginarmo-lo como casca verbal, preenchida por vários e sucessivos<br />

conteú<strong>do</strong>s, não necessariamente semelhantes. Uma visão histórica <strong>do</strong><br />

Barroco <strong>de</strong>verá levar em consi<strong>de</strong>ração que o conteú<strong>do</strong> que lhe<br />

atribuímos influirá na imagem que possuímos <strong>de</strong>le como um ele na<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> época. (JOBIM,1992:141)<br />

1 O fenômeno cultural <strong>barroco</strong> visível nas artes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Império <strong>do</strong>s Habsburgo, quer na longínqua Goa,<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> México, Cuzco, Bogotá, Ouro Preto, quer em Torino, Nápoles e Lecce (ÁVILA, 1997,p.43).<br />

2 Sem dúvida, o problema da complexida<strong>de</strong> conceitual foi um das razões da difícil classificação <strong>do</strong> termo<br />

haja vista o que ocorreu com Bene<strong>de</strong>tto Croce que ,a princípio, advoga o retorno ao uso pejorativo <strong>do</strong><br />

termo <strong>barroco</strong> e o nega ao ponto <strong>de</strong> afirmar que a “a arte nunca é barroca e o <strong>barroco</strong> nunca é arte” , ainda<br />

preso ao senti<strong>do</strong> negativo e pejorativo <strong>do</strong> <strong>barroco</strong>. Em 1929, dava-se por venci<strong>do</strong> usan<strong>do</strong>-o como etiqueta<br />

para toda a Itália seiscentista . Ler a esse respeito: Storia <strong>de</strong>lla Età barroca in Itália: pensiero, poesia e<br />

letteratura, vita morale. Bari: Giuseppe Laterza & Figli, 1929. p.37.<br />

478

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!