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a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs

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A História da Literatura representa os estilos <strong>de</strong> época como sistemas que<br />

possuem limites geográficos e temporais. Evi<strong>de</strong>ntemente que o texto <strong>literário</strong> <strong>barroco</strong><br />

não po<strong>de</strong> ser separa<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu contexto <strong>de</strong> produção. Em outras palavras, o contexto<br />

fornece as normas a partir das quais se <strong>de</strong>limita o que é texto, torna-se parte constitutiva<br />

<strong>de</strong>ste. O autor produz <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto e o leitor lê a obra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong><br />

referências i<strong>de</strong>ológicas.<br />

Mas para que possamos enten<strong>de</strong>r a extensão <strong>do</strong> fenômeno cultural <strong>barroco</strong>,<br />

<strong>de</strong>vemos relembrar as origens <strong>de</strong>sse <strong>conceito</strong>. Conforme Pereira (apud Ávila,<br />

1997,p.160) no século XIII, a palavra <strong>de</strong>signava ourivesaria mas o <strong>barroco</strong> também<br />

aparecia como uma das formas mnemônicas através das quais se fixavam as<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> silogismo:<br />

Diz que o <strong>barroco</strong> é uma palavra <strong>de</strong> origem portuguesa. O ourives<br />

portugueses, já em tempo <strong>de</strong> D.Manuel, chamavam às pérolas gran<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>formadas, barrocas. Barrocal ou barroca é também o nome que<br />

entre nós se dá aos agrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pedras informes e arre<strong>do</strong>ndadas-<br />

po<strong>de</strong>rosos afloramentos <strong>de</strong> rochas metamórficas –muito comuns ao<br />

Norte <strong>de</strong> Portugal, na Estremadura e no Alentejo Desta feita, usa<strong>do</strong><br />

sobretu<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século XIX, o termo <strong>barroco</strong>, transposto para a<br />

arte através <strong>de</strong> um recurso metafórico, passou a <strong>de</strong>signar os objetos<br />

que, <strong>de</strong> alguma forma, eram estranhos e avoluma<strong>do</strong>s, aparentemente<br />

<strong>de</strong>sarmônicos ou exagera<strong>do</strong>s. (...) Uma carga negativa apo<strong>de</strong>rou-se<br />

assim ( e durante muito tempo) <strong>do</strong> termo e <strong>do</strong> estilo que <strong>de</strong>signava. E<br />

era,entretanto, entendi<strong>do</strong>, na lógica fatal <strong>do</strong> senso mais comum, como<br />

um sinônimo <strong>de</strong> supérfluo ou <strong>de</strong> extremo formalismo, para não dizer<br />

<strong>de</strong> excesso.(PEREIRA, apud Ávila, 1997:160)<br />

Contu<strong>do</strong>, autores como René Wellek (1963,p.71) nos esclarecem que o estilo<br />

<strong>barroco</strong> surge no contexto da Contra-reforma, mais precisamente no século XVI em<br />

diante ,ocasião em que o eixo territorial <strong>do</strong> catolicismo se vai nitidamente <strong>de</strong>svian<strong>do</strong> na<br />

direção <strong>do</strong>s trópicos, amplian<strong>do</strong> não apenas os <strong>do</strong>mínios da Igreja Católica mas<br />

enaltecen<strong>do</strong> a imagem das monarquias, sobretu<strong>do</strong>, em <strong>sua</strong>s colônias no Novo Mun<strong>do</strong>.<br />

René Wellek lembra que o termo <strong>barroco</strong> é aplica<strong>do</strong> à várias artes como: a arquitetura,<br />

escultura, pintura, literatura, mas também à musica.<br />

O historia<strong>do</strong>r <strong>literário</strong> José A<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> Castello sublinha que os estudantes<br />

brasileiros da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, ao regressarem, se tornavam os principais<br />

representantes das manifestações literárias européias que aqui repercutiam reforçan<strong>do</strong> o<br />

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