a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs
a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs
a invenção do conceito de barroco literário e sua ... - pucrs
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Brasileira Colonial à luz <strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong> conferiu autonomia à Literatura<br />
Brasileira em relação à Literatura Portuguesa 3 :<br />
Entreguei-me à reinterpretação da Literatura Brasileira Colonial à luz<br />
<strong>do</strong> <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>barroco</strong>, valorizan<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> as figuras <strong>do</strong> padre<br />
Antônio Vieira, Gregório <strong>de</strong> Matos, Anchieta,o funda<strong>do</strong>r da Literatura<br />
Brasileira, Nuno Marques Pereira, e outras figuras.Assim, a Literatura<br />
Brasileira passo a ser consi<strong>de</strong>rada como brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, e<br />
não simples <strong>de</strong>pendência da portuguesa.(COUTINHO,1994:9-10)<br />
A tese <strong>de</strong> Afrânio Coutinho é referendada por Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos que aponta o<br />
“seqüestro <strong>do</strong> <strong>barroco</strong>” em nossa historiografia literária. No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Campos, o <strong>barroco</strong> no Brasil não se resume ao um estilo artístico e <strong>literário</strong> <strong>do</strong><br />
seiscentismo, mas uma característica da formação brasileira, fenômeno que imprime<br />
peculiarida<strong>de</strong> até hoje em nossas artes, letras, cultura e vida social.<br />
Na mesma linha <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos, Affonso Ávila, uma<br />
<strong>do</strong>s maiores estudiosos <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> brasileiro, afirma que após séculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaso, o<br />
interesse pelo estu<strong>do</strong> Barroco no Brasil é um fato cultural recente, remonta mais<br />
precisamente ao século XX:<br />
O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> no Brasil não é, em registro datável, um fato<br />
cultural ou um vetor intelectual recente, já que as primeiras incursões<br />
na espécie, no nível <strong>de</strong> pesquisa ou mesmo <strong>de</strong> incipientes análises<br />
estilísticas e críticas remonta a quase um século. Po<strong>de</strong>-se dizer que,<br />
após a hibernação que a omissão <strong>do</strong> nervo sensível e o pre<strong>conceito</strong><br />
submeteram as criações <strong>do</strong> estilo, ou a ele ligadas, a um <strong>de</strong>sinteresse<br />
generaliza<strong>do</strong>, mas <strong>de</strong> certa forma compreensível, por to<strong>do</strong> o século<br />
XIX, pela gran<strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> nossa ida<strong>de</strong> inaugural, ou seja, da prénacionalida<strong>de</strong><br />
colonial, a tomada <strong>de</strong> consciência diante da importância<br />
singular e remarcante <strong>do</strong> <strong>barroco</strong> se verificaria entre nós virtualmente<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> simultâneo à re<strong>de</strong>scoberta e revisão das matrizes européias<br />
da superior e revolucionária arte <strong>do</strong>s anos seiscentos/setecentos.E<br />
dizemos <strong>de</strong>safeição e distanciamento compreensíveis até certo ponto<br />
na centúria oitocentista porque, ao espelho <strong>do</strong> que ocorria na órbita<br />
<strong>do</strong>s países padroniza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> pensamento crítico e das inclinações<br />
estéticas, também o Brasil acompanhará a tendência estabiliza<strong>do</strong>ra e<br />
macia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> gosto acadêmico, cambian<strong>do</strong> a <strong>sua</strong> recepção artística<br />
aos tiques neoclássicos e românticos <strong>de</strong> um ecletismo dilui<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fácil<br />
e <strong>do</strong> digestivo, <strong>do</strong> estuque e <strong>do</strong> papel <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>. (ÀVILA, 1997:9-10)<br />
3 A literatura <strong>de</strong> ficção era escassa nesta época mas o exemplar que a representa pertence ao Barroco: o<br />
Peregrino da América.<br />
482