You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
KELI FERNANDES<br />
Você sabe quando <strong>de</strong>ve trocar<br />
as esponjas da sua cozinha?<br />
Como <strong>de</strong>ve ser feita a sua limpeza<br />
e <strong>de</strong>sinfecção? E, principalmente,<br />
o que po<strong>de</strong> ocorrer<br />
na alimentação e saú<strong>de</strong> a partir da utilização<br />
<strong>de</strong> esponjas contaminadas? Uma pesquisa da<br />
professora e bióloga responsável pelo laboratório<br />
<strong>de</strong> microbiologia da Unoesc, Eliandra<br />
Rossi, durante a sua dissertação <strong>de</strong> mestrado,<br />
respon<strong>de</strong>u todas essas perguntas e foi capaz<br />
<strong>de</strong> alterar a Legislação Sanitária do Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Sul. Devido aos altos índices <strong>de</strong> contaminação<br />
nas esponjas <strong>de</strong>tectados durante a<br />
pesquisa, as conclusões da pesquisa e, principalmente<br />
os métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção, hoje<br />
são exigências da Vigilância Sanitária gaúcha<br />
para a concessão dos alvarás em estabelecimentos<br />
que trabalham com alimentos, como<br />
restaurantes, bares e padarias.<br />
Eliandra conta que a pesquisa teve como<br />
foco a contaminação das esponjas e <strong>de</strong>finição<br />
dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção, sendo analisadas<br />
80 amostras <strong>de</strong> esponjas coletadas em<br />
serviços <strong>de</strong> alimentação em municípios da<br />
região <strong>de</strong> São Miguel do Oeste e também em<br />
Porto Alegre. “Inicialmente, percebemos que<br />
a contaminação é gran<strong>de</strong> nas esponjas, que<br />
apresentaram contaminação por bactérias<br />
heterotróficas, variando <strong>de</strong> 3,4 a 10,4 logaritmo<br />
por esponja, com média <strong>de</strong> 9,1 logaritmo/esponja.<br />
Das amostras avaliadas, 76,25%<br />
apresentaram coliformes fecais, variando entre<br />
4,5 a 9,9 logaritmo/esponja, com média<br />
<strong>de</strong> 8,4. Tudo isso equivale a pelo menos um<br />
milhão <strong>de</strong> bactérias por centímetro quadrado<br />
<strong>de</strong> esponja”, alerta.<br />
Conforme a pesquisadora, a análise foi<br />
feita com uma contagem geral <strong>de</strong> bactérias<br />
e posteriormente <strong>de</strong> elementos patógenos,<br />
que po<strong>de</strong>m causar doenças. Assim se <strong>de</strong>staca<br />
o Staphylococcus aureus, Salmonella e Coliformes.<br />
“Dentre as 80 amostras, apenas duas<br />
apresentaram contaminação por Staphylococcus<br />
aureus e Salmonella. Todas as outras<br />
estavam contaminadas com coliformes, que<br />
estão presentes no intestino <strong>de</strong> seres humanos<br />
e dos animais <strong>de</strong> sangue quente”, explica.<br />
Ainda durante a primeira parte do trabalho,<br />
as esponjas foram submetidas a diver-<br />
QUESTÃO DE SAÚDE<br />
- MARAVILHA - SC, 30 DE MARÇO DE 2013<br />
O perigo silencioso da sua cozinha<br />
Pesquisa <strong>de</strong> uma professora da Unoesc foi capaz <strong>de</strong> alterar a legislação<br />
do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, <strong>de</strong>vido aos altos índices <strong>de</strong> contaminação das<br />
esponjas. A pesquisa também chegou à conclusão da melhor maneira <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sinfecção das esponjas, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> uma simples fervura<br />
sos tratamentos com objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />
a melhor forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção. Foram realizados<br />
testes com hipoclorito <strong>de</strong> sódio (água<br />
sanitária) e também com fervura por cinco<br />
minutos, com o tempo contabilizado após o<br />
início da fervura. “Percebemos que, estatisticamente,<br />
os dois tratamentos são eficientes.<br />
Porém, no caso da água sanitária, percebemos<br />
que a presença <strong>de</strong> matéria organiza<br />
restos <strong>de</strong> comida, entre outros, interferia na<br />
<strong>de</strong>sinfecção. Uma esponja com restos <strong>de</strong> alimentos<br />
e gorduras, a <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong>la não<br />
foi tão eficiente quando era nas esponjas sem<br />
matéria orgânica, que afetam a ação do cloro.<br />
Já a fervura eliminou uma quantida<strong>de</strong> muito<br />
maior <strong>de</strong> microrganismos, se mostrando<br />
mais eficiente na <strong>de</strong>sinfecção. Nós utilizamos<br />
a fervura em microondas, pela praticida<strong>de</strong>,<br />
mas em casa isso po<strong>de</strong> ser feito no fogão<br />
sem restrições”, enaltece.<br />
Eliandra explica que a i<strong>de</strong>ia da pesquisa<br />
surgiu após a percepção <strong>de</strong> que a maioria<br />
das pessoas usa as esponjas constantemente,<br />
costumando <strong>de</strong>scartá-la somente quando<br />
a espuma <strong>de</strong>la já não tem mais eficiência<br />
para a limpeza. “A espuma da esponja<br />
funciona como um excelente meio <strong>de</strong> cultura<br />
dos microrganismos, já que a esponja é<br />
porosa e com água <strong>de</strong>ntro, associada a restos<br />
<strong>de</strong> alimentos, é o ambiente propício para<br />
o crescimento <strong>de</strong> bactérias em geral, principalmente<br />
em temperaturas mais elevadas.<br />
Por isso não é recomendado simplesmente<br />
jogar água quente na esponja, pois quando<br />
a água escorrer e começar a esfriar, será o<br />
ambiente i<strong>de</strong>al para a proliferação dos microrganismos.<br />
Também pensamos na pesquisa<br />
pela associação das pessoas da esponja<br />
a um item <strong>de</strong> limpeza, quando na verda<strong>de</strong><br />
ela po<strong>de</strong> carregar muitos microrganismos,<br />
que <strong>de</strong> fato é o que acontece”, enfatiza a pesquisadora.<br />
Após a análise inicial, quando foi comprovada<br />
a presença <strong>de</strong> microrganismos nas<br />
esponjas e dos dois testes simples e eficazes<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção, a próxima etapa da pesquisa<br />
buscou analisar se as esponjas po<strong>de</strong>riam contaminar<br />
outras superfícies, que, inicialmente<br />
estariam sendo lavadas com elas. Veio estão<br />
o teste <strong>de</strong> contaminação em objetitos <strong>de</strong> aço<br />
inoxidável e polietileno (plástico). “Essa segunda<br />
etapa foi realizada somente com