cesar agenor fernandes da silva - ANPUH-SP - XXI Encontro ...
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oficiais 9 e comerciais, avisos variados, anúncios, documentos históricos, relações de viagem,<br />
avanços técnicos e científicos, debates políticos etc. Nesse sentido, podemos afirmar que a<br />
imprensa no Brasil teve um caráter mais formativo do que informativo. O tamanho em<br />
páginas de ca<strong>da</strong> publicação variava bastante: algumas tinham 6 páginas, outras 100 por<br />
número, mas a maioria possuía entre 20 e 30 páginas. Os responsáveis por essas publicações<br />
eram homens ligados de alguma forma ao Estado, pois eram, geralmente, professores de<br />
primeiras letras, do colégio Pedro II ou <strong>da</strong> Real Academia Militar ou, ain<strong>da</strong>, fiscais de<br />
freguesia, de alfândega, funcionários de segundo escalão, entre outros.<br />
Diferentemente do que acontece em nossos dias, nos quais o jornal é descartável, os<br />
periódicos oitocentistas eram encadernados e encarados como coleções. Em muitos casos,<br />
apresentavam numeração contínua, ou seja, se a primeira edição terminasse na página 50, a<br />
segun<strong>da</strong> começaria na 51. Os jornais eram, ao final de um determinado período – trimestre,<br />
semestre, ano etc., dependendo do seu tamanho –, encadernados e vendidos em tomos como<br />
uma espécie de enciclopédia. A propósito, esses periódicos seguiam o modelo do<br />
conhecimento enciclopédico emergente no século XVIII, que era apresentar e abor<strong>da</strong>r uma<br />
diversi<strong>da</strong>de de temas numa mesma publicação, com o objetivo de educar seu leitor e de servir<br />
como um material para consultas.<br />
Em 1813, na introdução do número de estreia d’O Patriota: Jornal Litterario,<br />
Político, Mercantil &c., 10 uma <strong>da</strong>s publicações literárias mais importantes do início do século<br />
XIX, o editor ressaltou o papel <strong>da</strong>s letras <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />
É uma ver<strong>da</strong>de, conheci<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> pelos menos instruídos, que sem a prodigiosa<br />
invenção <strong>da</strong>s letras, haveriam sido muito lentos os progressos nas Ciências, e nas<br />
Artes. Por elas o Europeu transmite ao seu antípo<strong>da</strong> as suas descobertas, e as mais<br />
doces sensações <strong>da</strong> nossa alma, os nossos mesmos suspiros (para falar com Pope)<br />
voam do pólo á Índia [...]. voa a despeito <strong>da</strong>s injúrias do tempo, e prende<br />
remotíssimos anéis <strong>da</strong> cadeia não interrompi<strong>da</strong> dos erros do entendimento, e dos<br />
crimes do coração humano (O Patriota - Jornal Literário, Político e Mercantil &c.,<br />
v.1, n.1, jan., 1813).<br />
A Nitheroy, revista brasiliense, edita<strong>da</strong> na França em 1836, no seu primeiro número,<br />
apresentou a seus leitores brasileiros um “Ensaio sobre a história <strong>da</strong> literatura”, no qual dá a<br />
seguinte definição desse gênero de escrito:<br />
A literatura de um povo é o desenvolvimento do que ele tem de mais sublime nas<br />
9 Leia-se documentação do governo.<br />
10 O Patriota foi o segundo periódico literário e científico produzido pela inteligência brasileira. O primeiro<br />
magazine cultural do Brasil, segundo Hélio Vianna (1945), foi a revista As Varie<strong>da</strong>des ou Ensaios de Literatura<br />
<strong>da</strong> Bahia. O Patriota trouxe em suas páginas resenhas críticas, traduções de autores inéditos no Brasil como<br />
Voltaire, por exemplo, poemas de poetas nacionais, entre outros assuntos ligados às letras e às ciências.<br />
Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> Estadual de História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />
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