ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1. INTRODUÇÂO<br />
1.1. OBJECTO DE ESTUDO<br />
O objecto <strong>de</strong> estudo do presente trabalho é o Palácio do “Bichinho <strong>de</strong> Conta”, no contexto<br />
da arquitectura da casa nobre na segunda meta<strong>de</strong> do século XVII e primeira meta<strong>de</strong> do século<br />
XVIII, em <strong>Lisboa</strong>. Também i<strong>de</strong>ntificado como Palácio dos Monteiro Paim, encontra-se inserido<br />
no limite Oeste da malha urbana do Bairro Alto, na antiga Rua Formosa, hoje Rua <strong>de</strong> “O<br />
Século”. La<strong>de</strong>ado pelo Largo do chafariz da Rua Formosa, este palácio, <strong>de</strong> proporções<br />
mo<strong>de</strong>stas, é vizinho do Palácio dos Carvalhos, antiga residência do famoso Marquês <strong>de</strong><br />
Pombal, e do palácio do industrial francês Jácome Ratton.<br />
1.2. MOTIVAÇÕES<br />
O período que vai entre a Restauração e o terramoto <strong>de</strong> 1755 é marcado por duas fases <strong>de</strong><br />
características contrastantes dominadas por dois acontecimentos: a guerra da Restauração e a<br />
sistematização da exploração do ouro no Brasil. É à segunda meta<strong>de</strong> do século XVII que<br />
normalmente se associam os palácios ditos “seiscentistas”, estudados nesta dissertação,<br />
supostamente concebidos após a Restauração, mais concretamente após os vinte e oito anos<br />
<strong>de</strong> guerra pela in<strong>de</strong>pendência. Esta hipótese associava a austerida<strong>de</strong> das fachadas à efectiva<br />
austerida<strong>de</strong> económica que o País atravessava. Por outro lado, as poucas datas consistentes<br />
referentes à concepção ou renovação da habitação nobre <strong>de</strong>sta tipologia, parecem apontar<br />
para o primeiro quartel do século XVIII, quando a entrada do ouro do Brasil já era uma<br />
realida<strong>de</strong>. Na verda<strong>de</strong>, o Palácio do “Bichinho <strong>de</strong> Conta”, caso exemplar <strong>de</strong>sta tipologia<br />
“seiscentista”, parece surgir já no fim do primeiro quartel do século XVIII, no <strong>de</strong>albar do<br />
chamado Barroco português ou estilo joanino.<br />
O Palácio do “Bichinho <strong>de</strong> Conta”, exemplar relativamente incógnito, foi escolhido com a<br />
intenção <strong>de</strong> elaborar um retrato da casa nobre <strong>de</strong>ste período. A principal razão para a escolha<br />
<strong>de</strong>ste caso pren<strong>de</strong>-se com a ausência <strong>de</strong> qualquer trabalho académico sobre este edifício.<br />
Muitas das referências literárias existentes sobre o Palácio acabam por se restringir à<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> quem foram os seus proprietários e resi<strong>de</strong>ntes. Esta tendência acontece à<br />
generalida<strong>de</strong> das abordagens feitas a este tipo <strong>de</strong> imóveis, revelando-se, quase sempre, como<br />
longas exposições biográficas sobre antigos proprietários, com pouco ou nenhum interesse ao<br />
nível da disciplina <strong>de</strong> arquitectura.<br />
A ausência <strong>de</strong> estudos assentes numa perspectiva arquitectónica é mais evi<strong>de</strong>nte quando<br />
nos referimos a palácios <strong>de</strong> menor visibilida<strong>de</strong>, como é o caso aqui abordado. Com projecto <strong>de</strong><br />
alteração aprovado pelo município, a escolha <strong>de</strong>ste caso torna-se ainda mais oportuna por<br />
forma a permitir um registo mais assertivo do que o palácio terá sido, tendo em conta que os<br />
casos <strong>de</strong> intervenções que se vão suce<strong>de</strong>ndo neste tipo <strong>de</strong> edifícios serem tão<br />
<strong>de</strong>scaracterizadores.<br />
1