ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
que sofreu. As escadarias que hoje se apresentam à vista no pátio principal são já do século<br />
XIX 25 e terão sido, na sua concepção original, emparedadas e cobertas. As escadarias<br />
principais, compostas originalmente por dois lanços paralelos dispostos em sentido contrário,<br />
intervalados por um terceiro e pequeno lanço <strong>de</strong> escadas, ocupavam a localização das actuais<br />
escadarias que se encontram no interior da ala poente, hoje dispostas em L. O pátio do Palácio<br />
Murça, que por ser parcialmente coberto já <strong>de</strong>nota alguma excepcionalida<strong>de</strong>, é precedido por<br />
dois vestíbulos. O primeiro, correspon<strong>de</strong>ndo à entrada nobre, encontrando-se <strong>de</strong>salinhado para<br />
a direita do pátio, e um segundo, centralizado com o pátio, correspon<strong>de</strong>ndo à porta do lado<br />
esquerdo do portal nobre, <strong>de</strong> dimensões semelhantes ao primeiro. Presume-se que esta<br />
entrada secundária terá sido usada principalmente para uso pedonal, enquanto o vestíbulo do<br />
portal nobre seria para o acesso exclusivo <strong>de</strong> carruagens e liteiras. O Palácio Belmonte revela-<br />
se como a única excepção aos casos<br />
anteriormente estudados. Neste<br />
Palácio a entrada nobre, que se<br />
encontra na fachada principal, é<br />
antecedida por um pátio murado,<br />
sendo a escadaria precedida por um<br />
vestíbulo quase residual, nitidamente<br />
secundarizado <strong>de</strong>vido à existência do<br />
pátio. O pátio, neste caso, serve <strong>de</strong><br />
espaço <strong>de</strong> transição entre a via<br />
pública e as escadarias, sem a<br />
presença simbólica da entrada nobre<br />
como elemento <strong>de</strong> separação, visto<br />
esta se localizar no interior do recinto,<br />
quase como se existissem duas<br />
transições, a primeira quando se<br />
entra pelo portão do pátio, e uma<br />
segunda marcada pelo portal nobre.<br />
O Palácio dos Carvalhos também se<br />
revela como tendo uma espécie <strong>de</strong> solução dupla. Se, por um lado, como foi referido<br />
anteriormente, a entrada <strong>de</strong> acesso às escadas dá acesso a um vestíbulo, a realida<strong>de</strong> é que o<br />
acesso a este vestíbulo também po<strong>de</strong> ser feito pelo pátio. Este pátio é <strong>de</strong> uso exclusivo para<br />
carruagens e o seu acesso é feito através dos dois portais nobres, que se encontram alinhados<br />
com o Largo do Chafariz.<br />
26<br />
Dois palácios que não apresentam escadarias nobres (Tancos, Alcáçovas)<br />
apresentam, todavia, espaços <strong>de</strong> transição. O Palácio <strong>de</strong> Tancos apresenta um pátio antes da<br />
entrada efectiva no Palácio. Se pertencesse a um dos grupos anteriormente i<strong>de</strong>ntificados, seria<br />
25 Jorge Pereira SAMPAIO – O Palácio da In<strong>de</strong>pendência: sua história e evolução arquitectónica. <strong>Lisboa</strong>: Soc.<br />
Histórica da In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Portugal, 1988.<br />
Figura 19: Esquema das escadarias do Palácio Belmonte.<br />
Um caso atípico on<strong>de</strong> a ausência <strong>de</strong> monumentalida<strong>de</strong> do conjunto<br />
formado pelo pequeno vestíbulo e pelas escadas <strong>de</strong> tiro, parecem<br />
compensados pela presença do pátio que antece<strong>de</strong> o portal nobre.<br />
Fonte: <strong>de</strong>senho do autor.