ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa
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exclusivamente para o logradouro das traseiras e, no caso da última sala no extremo sul, para<br />
o jardim. Esta, pela sua dimensão e pelo facto <strong>de</strong> apresentar ainda hoje um tecto em sanca,<br />
<strong>de</strong>nota um possível uso hierarquicamente equivalente ao dos cinco salões principais. Do<br />
conjunto composto pelos compartimentos <strong>de</strong>ste corpo principal apenas os dois compartimentos<br />
ocupados por dois conjuntos <strong>de</strong> escadas, respectivamente pelas escadas nobres e pelas<br />
escadas <strong>de</strong> acesso ao terceiro piso, parecem ter uma função <strong>de</strong>finida. Os restantes<br />
compartimentos, principalmente os cinco salões principais e o salão com acesso ao jardim, não<br />
suscitam qualquer pista da forma como eram ocupados. Este facto corrobora o conhecimento<br />
corrente <strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong>stes espaços era bastante polivalente. Era prática habitual que o uso<br />
<strong>de</strong>stes espaços se adaptasse consoante, por exemplo, o número <strong>de</strong> habitantes presentes ou<br />
algum acontecimento festivo (casamento, consoada, etc.) que obrigasse a uma ocupação<br />
diferenciada, embora pontual, do espaço.<br />
A polivalência da planta parece ser evi<strong>de</strong>nciada pela forma como os acessos aos<br />
diversos compartimentos se fazem sempre através <strong>de</strong> ligações directas, isto é, não há qualquer<br />
corredor ou sala que permita articular os vários espaços. Para se ace<strong>de</strong>r a uma sala que não<br />
seja contígua é-se sempre obrigado a percorrer todos os compartimentos intermédios. Esta<br />
característica parece ter dificultado<br />
bastante as readaptações posteriores do<br />
Palácio a novas vivências e costumes,<br />
facto que se nota no aparecimento <strong>de</strong><br />
vários acrescentos e nas opções <strong>de</strong><br />
compartimentação, principalmente dos<br />
salões principais, que permitem a<br />
existência <strong>de</strong> corredores. O exemplo<br />
mais flagrante <strong>de</strong>ste facto está no<br />
corredor <strong>de</strong> serviço (ponto 6 da Figura<br />
44) que, num capítulo anterior, <strong>de</strong>dicado<br />
à implantação, é referido na planta <strong>de</strong><br />
Filipe Folque como o “serrilhado” no<br />
vértice interno da planta em L. Uma<br />
excepção a esta in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> funções<br />
talvez esteja no salão a que ace<strong>de</strong>m<br />
directamente as escadarias nobres. A<br />
localização <strong>de</strong>ste salão terá obrigado a<br />
um uso menos polivalente <strong>de</strong>ste espaço.<br />
A função <strong>de</strong>ste salão ter-se-á alterado<br />
durante a divisão posterior do Palácio,<br />
sofrida nos finais do século XIX, que terá<br />
dividido este salão em duas partes,<br />
ambas transformadas numa espécie <strong>de</strong><br />
Figura 46: Aspecto geral da cozinha original.<br />
Na fotografia é visível o tecto em abóbada <strong>de</strong> berço, bem como o<br />
revestimento azulejar.<br />
Fonte: PPST arquitectura, Lda.<br />
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