13.04.2013 Views

ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa

ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa

ARQUITECTURA - Universidade Técnica de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

para enfraquecer o surto <strong>de</strong> uma classe média e impedir o seu <strong>de</strong>senvolvimento normal.<br />

Apesar da crise internacional <strong>de</strong> 1669-92, que afectou as exportações <strong>de</strong> açúcar do Brasil, será<br />

neste período, após a assinatura do tratado <strong>de</strong> paz e até finais do século XVII, que se acredita<br />

terem sido efectuadas a maior parte das reestruturações e novas edificações da aristocracia<br />

em <strong>Lisboa</strong>. Esta fase renovadora marca a consolidação da in<strong>de</strong>pendência através do<br />

restabelecimento da vida aristocrática na cida<strong>de</strong>, quer através da consagração da nobreza <strong>de</strong><br />

espada, que apoiara a in<strong>de</strong>pendência e participara na guerra, quer da nova aristocracia <strong>de</strong><br />

toga.<br />

10<br />

O final do século XVII e o início do século XVIII foram épocas <strong>de</strong> mudança no equilíbrio <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r com uma crescente centralização e afirmação do po<strong>de</strong>r real. Toda a instituição que<br />

ten<strong>de</strong>sse a enfraquecer esse po<strong>de</strong>r teria <strong>de</strong> <strong>de</strong>clinar e <strong>de</strong> ser extinta. Foi o que aconteceu com<br />

as Cortes. Depois <strong>de</strong> um curto período nos meados do século XVII, o seu papel eclipsou-se <strong>de</strong><br />

todo. Outro sintoma da concentração do po<strong>de</strong>r foi o <strong>de</strong>clínio do governo por conselhos. O seu<br />

apogeu conseguira-se no tempo <strong>de</strong> D. João IV e <strong>de</strong> D. Pedro II, épocas em que o po<strong>de</strong>r<br />

estivera praticamente partilhado entre rei (com os seus secretários) e conselhos <strong>de</strong> nobres.<br />

Durante o reinado <strong>de</strong> D. João V (1707-1750) alargou-se o papel da Coroa, acompanhado <strong>de</strong><br />

um maior número <strong>de</strong> burocratas e intelectuais. O aumento <strong>de</strong> impostos e o ouro do Brasil<br />

<strong>de</strong>ram ao monarca os meios <strong>de</strong> controlar a nobreza mediante tenças e dádivas. A nobreza<br />

mais tradicional inicia neste período o seu <strong>de</strong>clínio e vê-se obrigada a aceitar a concorrência<br />

crescente <strong>de</strong> burocratas, homens <strong>de</strong> letras e, mais tar<strong>de</strong>, mercadores ricos. Esta mudança nas<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r teve o seu capítulo final durante o reinado <strong>de</strong> D. José (1750-1777) e sob o<br />

governo <strong>de</strong> Pombal quando, entre outras <strong>de</strong>cisões, foi extinta a tão po<strong>de</strong>rosa Companhia <strong>de</strong><br />

Jesus (1759) 15 e suprimida a influência na governação da velha e po<strong>de</strong>rosa aristocracia <strong>de</strong><br />

espada, após o tão conhecido Processo dos Távoras (1758-1759) 16 .<br />

15 A gran<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m dos finais do século XVI e <strong>de</strong> todo o século XVII foi indubitavelmente a dos Jesuítas. Entraram<br />

apenas três em Portugal em 1540. Em 1600 havia já umas vinte casas <strong>de</strong> jesuítas por todo o país com cerca <strong>de</strong> 600<br />

membros, incluindo noviciados, hospitais, asilos, escolas e seminários. Tinham uma universida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> Évora<br />

fundada em 1559, e vários colégios importantes. Os seus sacerdotes podiam encontrar-se por todo o Portugal e<br />

Ultramar. (MARQUES, op. cit.)<br />

16 Pombal alvitrou uma conspiração <strong>de</strong> aristocratas que visava a substituição do Rei D. José pela sua filha D. Maria<br />

(segundo alguns historiadores) ou pelo próprio Duque <strong>de</strong> Aveiro (José <strong>de</strong> Mascarenhas da Silva e Lencastre). Após<br />

uma tentativa <strong>de</strong> regicídio (1758), supostamente encabeçada pelo Duque <strong>de</strong> Aveiro, Pombal viu a oportunida<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>capitar <strong>de</strong>finitivamente a velha aristocracia. Foram presas numerosas pessoas, incluindo membros das casas<br />

<strong>de</strong> Alorna, Calhariz e Atouguia. Implicados nesta conspiração estiveram, inclusive, os jesuítas. (MARQUES, op. cit.)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!