Ética - La Salle
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9. <strong>Ética</strong> e Valores<br />
Um ato ético ou moral sempre pressupõe capacidade de escolha entre vários atos<br />
possíveis. Implica na capacidade de poder dar preferência a atos considerados mais valiosos do<br />
que outros. Os valores, geralmente estão relacionados com utilidade, com bondade, com<br />
beleza, com retidão, com justiça, etc. Não existem valores puros em si, mas nós atribuímos<br />
valor a objetos ou bens sejam materiais ou simbólicos ou religiosos. O valor não é uma<br />
propriedade de um objeto, mas é um acréscimo ao objeto devido sua relação com a pessoa. Por<br />
exemplo, preferir uma jóia de ouro, de latão, ou de plaquê, está relacionado ao valor simbólico<br />
que atribuímos a estes materiais.<br />
9.1 – O que é valor?<br />
O que desejamos alcançar com o que consideramos importante? Os fins podem ser<br />
variados, como liberdade, status, reconhecimento, amizade, bens materiais, etc. na busca de<br />
algo importante, percebemos que existem valores que são meios para o alcance de outros<br />
valores. O dinheiro pode constituir-se, por exemplo, em meio para o alcance de mais saúde, de<br />
mais elevado nível de vida ou para adquirir algo considerado significativo.<br />
Existem graduações de valores. Para uma ilustração, lembramos uma antiga historinha<br />
atribuída ao Rei Midas, da antiga Grécia. Como um dos discípulos do deus Dionísio havia se<br />
perdido dos rumos de seu deus, Midas teria colaborado com Dionísio e fez com que aquele<br />
discípulo se voltasse novamente para Dionísio.<br />
Como recompensa, Midas, muito ambicioso e preocupado com acúmulo de bens, teria<br />
solicitado ao deus Dionísio que transformasse em ouro tudo quanto tocasse com as mãos.<br />
Dionísio teria sido imediato na concessão.<br />
No entanto, uma vez atendido na solicitação, Midas logo se deu conta do absurdo de seus<br />
desejos. Foi fazer xixi e já veio o primeiro fracasso, foi então dar um abraço na filha e esta se<br />
transformou num monte de ouro, passou no lado da mesa para comer uns petiscos e se deu<br />
conta que o ouro sequer matava sua fome. Arrependeu-se rapidamente e fez outro pedido ao<br />
deus do vinho a fim de que este ajudasse a anular o atendimento da solicitação anterior: o ouro<br />
não matava a fome e qualquer toque afetivo transformava as pessoas em ouro e Midas<br />
descobriu que existiam outras coisas muito mais importantes do o ouro.<br />
Mesmo assim, meteu-se logo em outra complicação. Convidado para ser avaliador entre as<br />
músicas cantadas por Pã e por Apolo, o consenso indicava a superioridade dos cantos de Apolo,<br />
mas, Midas votou a favor da Pã, e, diante da nova manifestação de estupidez, os deuses da<br />
medicina e da música transformaram suas orelhas em orelhas de burro. Pagou o “mico” e<br />
somente depois de passar por muita vergonha voltou a ter as orelhas normais... 8 Em nossa lida<br />
diária somos obrigados a fazer escolhas diante das ondas e avareza que ignora o valor da vida e<br />
aposta na riqueza sem limites. Ademais, quem seria o deus do vinho para nos ajudar hoje? A<br />
ação impulsiva e de forma irrefletida pode nos colocar na contramão do bom-senso da boa<br />
convivência e escolhemos mal os cantos bonitos da vida.<br />
No jogo de nossos conflitos de interesses temos que fazer opções ou escolhas e,<br />
geralmente, priorizamos aquelas às quais damos mais valor.<br />
8 http://mitologia.blogs.sapo.pt/49974.html