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Ética - La Salle

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O ser humano não é apenas um interpretador da propriedade das coisas que o rodeiam,<br />

mas é também um interpretador do seu próprio sentido. Em outras palavras, ele confere<br />

sentido às coisas e estas oferecem incontáveis possibilidades para o sentido da sua vida.<br />

10.1- Sentido e Valores<br />

Quando o ser humano atribui sentido às coisas, consegue conferir-lhes uma utilidade,<br />

que pode ser valiosa, ou o que chamamos de “bem”. Da possibilidade resultante de uma coisa,<br />

podem resultar coisas boas. Deste ato decorre uma valoração: as coisas trabalhadas dão um<br />

sentido relacionado à vida. Tal processo nos indica que os valores não constituem algo pronto e<br />

acabado, como a propriedade de qualquer objeto, e tampouco se impõem sobre a vida, mas<br />

são escolhidos de acordo com o sentido que oferecem.<br />

Existe diferença entre sentido e valor? Percebemos que o valor está estreitamente<br />

ligado ao sentido, mas nem todo sentido é um valor. O sentido somente se torna valioso<br />

quando se relaciona positivamente com a vida, ou seja, quando a possibilita, a expressa e a<br />

dignifica. Decorre dali que os valores sempre se relacionam com a vida.<br />

10.2- Valores e vida<br />

A vida humana não é apenas um valor, mas constitui a razão de ser dos valores. Talvez<br />

por isso Jesus Cristo tenha dito: que tenham vida em abundância... Da ancestralidade bíblica<br />

herdamos uma antiga noção de não matar e não roubar.<br />

Matar e roubar a vida, sejam em nós mesmos ou nas outras pessoas, significam atos<br />

homicidas. São múltiplas as formas possíveis de se matar e de conduzir à morte: pode ser por<br />

fome, por abuso, por excesso, por exclusão de acesso e de muitas outras formas.<br />

Roubar significa tirar meios de vida e são múltiplos os modos de matar indiretamente. A<br />

recomendação de não roubar decorre da outra, de não matar, para assegurar que se possa<br />

viver e viver de formas reais e plenas as muitas possibilidades da vida. Por isso, criam-se<br />

estruturas políticas, jurídicas, culturais e sociais para gerar valores positivos na sociedade. E,<br />

mesmo quando da vigência destes valores, corre-se o risco de fetichização e de relativização<br />

dos valores. De um lado se atribui valor irreal e excessivo a coisas trabalhadas pelo ser humano;<br />

de outro lado, ignora-se que certos significados positivos possam ser para todos os membros de<br />

uma coletividade. Por isto vale lembrar a conhecida frase: os valores são para a vida e não pode<br />

a vida ser manipulada para alguns valores.<br />

Como seres humanos, constituímos um resultado que, certamente, não é mera<br />

decorrência de um plano pré-estabelecido, mas, temos a marca genuína de nos preocupar com<br />

os outros e até nos preocupamos com as conseqüências do que pode acontecer a partir dos<br />

outros e com os outros modos de vida no planeta. Segundo Maturana isto demonstra que<br />

somos animais amorosos:<br />

“As preocupações éticas, a responsabilidade e a liberdade existem apenas no domínio do<br />

amor. As preocupações éticas, a responsabilidade e a liberdade têm lugar apenas enquanto<br />

alguém pode ver o outro, a si mesmo e as conseqüências das ações de alguém nos outros ou em<br />

si mesmo e age de acordo com a decisão entre querer ou não essas conseqüências. Mas, para<br />

fazer isto, par ter preocupações éticas, para ser responsável , para ser livre, é preciso ver o outro

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