Ética - La Salle
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O que poderiam apontar estas diferentes perspectivas do melhor para a ética? Valor,<br />
felicidade, prazer, boa vontade e utilidade, parecem pressupor algo ainda mais significativo<br />
para um agir ético: a capacidade de amar.<br />
A dimensão do amor na raiz da ética parece apontar um horizonte bem mais amplo e<br />
valioso do que os valores de felicidade, prazer, utilidade, etc., porque o desejo de intimidade e<br />
de boa relação com outras pessoas faz parte da essência da nossa condição humana. A<br />
interferência neste campo nos desajusta e nos causa doenças, é também o amor a melhor<br />
terapêutica.<br />
Enquanto que a fundamentação da ética foi atribuída à racionalidade, ao âmbito divino, à<br />
virtude, aos benefícios e vantagens, passou despercebido que o fundamento da ética se situa<br />
num âmbito bem mais simples: a convivência com outros. Esta, sempre implicar numa questão<br />
ética de fundo: desejamos que tipo de mundo para a nossa convivência? A agressividade<br />
certamente não será o melhor indicativo do devir. Tampouco a dominação e sujeição dos<br />
outros às nossas ambições.<br />
Epílogo<br />
Na política, na religião e em tantos outros grandes campos da vida humana social, ouvese<br />
falar da importância de uma filosofia de vida, ou de princípios, ou ainda de uma coerência<br />
religiosa, que seja capaz de gerar práticas correspondentes com o que se fala e, na certeza de<br />
que estes procedimentos sejam melhores e mais importantes do que uma orientação subjetiva<br />
pela apatia e pela ausência de convicções. Qual seria, por exemplo, o resultado de uma opção<br />
pela neutralidade? Não podemos ficar passivos e indiferentes diante dos grandes fatores<br />
humanos e ambientais que ameaçam diminuir a qualidade da vida humana.<br />
Uma filosofia de vida ou um conjunto de princípios religiosos ou ético-morais permitiu a<br />
muitas pessoas, em distintos momentos históricos, abrir caminhos novos para a convivência<br />
mais satisfatória das pessoas. Basta lembrar como muitas pessoas agiram diante da<br />
discriminação social, das guerras, das prepotências, dos despotismos, das crises religiosas. Por<br />
isso, tornaram-se referências e ícones de um novo tempo. Assim, podemos pensar que nossa<br />
colaboração é capaz de abrir novos e importantes rumos no caminho que assegura melhor<br />
futuro humano, através da capacidade de amar e do cuidado para salvar o planeta. Certamente<br />
não podemos continuar a destruí-lo e assegurar um futuro melhor e mais feliz para a nossa<br />
condição humana. Nem podemos, tampouco, avançar na ciência e, continuar omissos e<br />
acomodados diante das limitações humanas, dos sofrimentos e das múltiplas inquietações que<br />
a vida nos apresenta.<br />
Se nos encantamos com quem é coerente numa filosofia de vida, com princípios, ou<br />
religiosos ou éticos, ou de qualquer natureza humanitária, vemos, também, que não bastam<br />
idéias a respeito do que é considerado como bom, como certo e como justo, seja na família, na<br />
comunidade e na sociedade, ou no cuidado dos eco-sistemas do planeta. Um eventual ato de<br />
sentir aversão diante de injustiças encontra-se ainda distante do ato de fazer algo para que a<br />
justiça realmente se estabeleça. A ética precisa nos envolver neste agir dinâmico.<br />
Como seres relacionais, mesmo vivendo numa fase de crise valores éticos, nossa<br />
condição de seres humanos, de um lado auto-proclamados “Homo sapiens sapiens” pela sua<br />
extraordinária inteligência, não pode deixar de ser visto, também, como “Homo demens<br />
demens”, literalmente demente, pelo que faz com a natureza e pelo modo como estabelece<br />
relações. Todavia, ainda corremos o risco de outra polarização, a do “Homo sapiens amans”