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Anais do XVI CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

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3. Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

A partir <strong>do</strong> que foi exposto, percebe-se que no século XX, especificamente<br />

no limiar <strong>de</strong> seus anos, a relação <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre o sertão<br />

e a capital acontecia a partir <strong>do</strong> intenso fluxo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cartas e, mesmo<br />

com as adversida<strong>de</strong>s, uma vez que não existiam recursos tecnológicos<br />

como os <strong>de</strong> hoje e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> correio, escassez<br />

e/ou ruína das estradas, as pessoas continuavam a se comunicar e relatar<br />

fragmentos <strong>de</strong> vida que remetiam ao pessoal, social e intelectual <strong>do</strong> cotidiano<br />

daquela época.<br />

Assim, a correspondência epistolar se constituiu um meio significativo<br />

para a aproximação entre Anísio Teixeira e Monteiro Lobato,<br />

permitin<strong>do</strong> a manutenção <strong>de</strong> elos intelectuais e socioculturais estabeleci<strong>do</strong>s<br />

entre eles, e viabilizou a manutenção <strong>do</strong>s intercâmbios culturais entre<br />

a socieda<strong>de</strong> caetiteense letrada, neste texto, representada por Anísio Teixeira<br />

e os centros urbanos mais avança<strong>do</strong>s, representa<strong>do</strong>s por Monteiro<br />

Lobato, uma vez que os aproximou, permitin<strong>do</strong> uma relação que envolvia<br />

questões afetivas como a amiza<strong>de</strong>, sociais como o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

por ambos e intelectuais como as discussões sobre os rumos toma<strong>do</strong>s<br />

pelo Brasil, sobre o petróleo que tanto Lobato <strong>de</strong>fendia e questões<br />

sobre escola pública, por parte <strong>de</strong> Anísio.<br />

A correspondência se caracteriza como uma forma <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> si<br />

que permite uma relação <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informações, vivências, confidências<br />

e cotidianida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> indivíduos que se revezam nesses papeis. “É,<br />

portanto, uma prática relacional que envolve quem escreve e quem lê,<br />

sen<strong>do</strong> que cabe ao <strong>de</strong>stinatário preservar ou não as cartas” (TANNO,<br />

2007, p. 54). Nesse caso, as cartas entre ambos foram preservadas, seja<br />

por motivos afetivos, <strong>de</strong> cunho intelectual, ou como uma “possível” intenção<br />

<strong>de</strong> autobiografia, configuran<strong>do</strong>-se como uma escrita <strong>de</strong> si, na qual<br />

está arraiga<strong>do</strong> o sentimento <strong>do</strong> eu e <strong>do</strong> outro, representa<strong>do</strong>s na figura <strong>de</strong><br />

remetente e <strong>de</strong>stinatário.<br />

O trabalho com as cartas, portanto, nos <strong>de</strong>sperta para a investigação<br />

<strong>do</strong>s relatos pessoais que revelam muito mais <strong>do</strong> que aquilo que está<br />

na intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu emissor, revela, nas entrelinhas, uma época e<br />

o pensamento <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>.<br />

pág. 1846 – <strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>XVI</strong> <strong>CNLF</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: CiFEFiL, 2012.

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