13.04.2013 Views

Anais do XVI CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

Anais do XVI CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

Anais do XVI CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nos anos 40 e 50, a sociologia funcionalista, através <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

Lazarsfeld, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s pais da Mass Comunication Research, e<br />

seus colegas, coloca em questão o princípio mecanicista lassweliano acerca<br />

<strong>do</strong> efeito direto e indiferencia<strong>do</strong> e o “argumento tautológico sobre<br />

o efeito massifica<strong>do</strong>r da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa” (MATTELART; MATTE-<br />

LART, 2006, p. 47).<br />

Ao estudar os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão individuais <strong>de</strong> uma população feminina<br />

<strong>de</strong> oitocentas pessoas numa cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 60 mil habitantes (Decatur Illinois),<br />

re<strong>de</strong>scobrem – como estu<strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte – a importância <strong>do</strong> ‘grupo primário’.<br />

É o que lhes permite apreen<strong>de</strong>r o fluxo <strong>de</strong> comunicação como um processo em<br />

duas etapas, no qual o papel <strong>do</strong>s ‘lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> opinião’ se revela <strong>de</strong>cisivo. É a teoria<br />

<strong>do</strong> two step flow. No primeiro <strong>de</strong>grau, estão as pessoas relativamente bem<br />

informadas, porque diretamente expostas à mídia; no segun<strong>do</strong>, há aquelas que<br />

frequentam menos a mídia e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s outros para obter informação<br />

(MATTELART; MATTELART, 2006, p. 47-48).<br />

Miranda aponta outro teórico, Wright Mills, um <strong>do</strong>s inicia<strong>do</strong>res da<br />

American Cultural Studies e estudioso da relação entre cultura e po<strong>de</strong>r,<br />

como um <strong>do</strong>s que contribuíram para a mitificação <strong>do</strong> termo “massa”. Segun<strong>do</strong><br />

Miranda (1978), para Mills, massa é uma negação da razão, pois,<br />

<strong>do</strong> seu ponto <strong>de</strong> vista, as categorias coletivas não constituem mediações<br />

válidas entre o indivíduo e po<strong>de</strong>r. Na medida em que a racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma consciência individual é <strong>de</strong>terminada socialmente, para Mills, os<br />

componentes da massa não são nem agentes, nem pacientes e, sim, inconscientes.<br />

Logo, são manipuláveis.<br />

Por outros caminhos, essa é também a conclusão <strong>do</strong>s teóricos <strong>de</strong><br />

Frankfurt ao criarem o conceito <strong>de</strong> indústria cultural, em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos<br />

40. A partir <strong>de</strong>sse conceito <strong>de</strong> indústria cultural, cria<strong>do</strong> por A<strong>do</strong>rno e<br />

Horkheimer, consi<strong>de</strong>ra-se toda produção artística, que esteja fora <strong>do</strong>s<br />

conceitos <strong>de</strong> arte e cultura eruditas, como merca<strong>do</strong>ria (MATTELART;<br />

MATTELART, 2006, p. 77). Toda essa crítica à produção cultural da época<br />

está ligada ao fato <strong>de</strong> que os avanços técnicos proporcionaram a<br />

produção <strong>de</strong> bens artísticos em larga escala. A<strong>do</strong>rno, em seus estu<strong>do</strong>s sobre<br />

os programas musicais, chama esse tipo <strong>de</strong> produção artística <strong>de</strong> arte<br />

integrada ao sistema, que só favorece a manutenção <strong>do</strong> status quo.<br />

3.2. O olhar para o sujeito <strong>de</strong>ntro da massa<br />

Na contramão da escola <strong>de</strong> Frankfurt, Umberto Eco questiona o<br />

po<strong>de</strong>r conferi<strong>do</strong> aos meios <strong>de</strong> comunicação no seu texto Guerrila Semiológica.<br />

Ele questiona esse po<strong>de</strong>r total, embora reconheça que os meios <strong>de</strong><br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>do</strong> <strong>CNLF</strong>, Vol. <strong>XVI</strong>, Nº 04, t. 2, pág. 1911.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!