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Traição conjugal: um desafio para a clínica

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outro parceiro nunca descobre? Existe traição quando não houver <strong>um</strong> outro<br />

real e concreto? Alguns desses elementos compõem os arg<strong>um</strong>entos de<br />

cônjuges que ficam na defensiva frente seu acusador (outro do par), por<br />

exemplo, nas sessões de terapia de casal onde se colocam como vitima e<br />

algoz, que serão discutidos ao longo do trabalho.<br />

Nos dois relatos clínicos essas questões estão postas, já que<br />

adentramos ao campo das traições virtuais, não consideradas pelos cônjuges<br />

envolvidos como “verdadeiras traições”, mas que abalaram o casamento. Essa<br />

situação gera <strong>um</strong>a crise que desencadeia <strong>um</strong>a demanda por terapia de casal.<br />

E é nesse espaço terapêutico que o casal no encontro com outro terceiro - o<br />

terapeuta – buscará o entendimento necessário <strong>para</strong> o ocorrido.<br />

O ESPAÇO TERAPÊUTICO DO CASAL<br />

No caso A. são necessárias alg<strong>um</strong>as sessões <strong>para</strong> que ambos possam<br />

começar a refletir e se implicar na crise <strong>conjugal</strong>, ou seja, as atitudes de<br />

Antonio são analisadas dentro da dinâmica do casal e não intrapsiquicamente,<br />

já que estamos n<strong>um</strong> espaço compartilhado. O casal passa então n<strong>um</strong>a visão<br />

retrospectiva a buscar onde houve a “quebra”, a des (ilusão) da vida que<br />

tinham imaginado, já que reconheciam que haviam se casado por amor, que<br />

haviam decidido ter filhos. Porque não eram felizes com o que haviam<br />

escolhido? Questões intrapsíquicas e influências geracionais (modelos<br />

oriundos das famílias de origem de cada <strong>um</strong>) geravam fortes interferências a<br />

partir do momento que o casal se tornou <strong>um</strong>a família. É importante aqui<br />

lembrar que a entrada do terceiro/filho exige <strong>um</strong>a nova organização do par<br />

<strong>conjugal</strong> e da rotina familiar. Compartilhar <strong>conjugal</strong>idade e parentalidade tem se<br />

mostrado, na sociedade atual, <strong>um</strong>a tarefa complexa (Levy e Gomes, 2009)<br />

exigindo <strong>um</strong> mínimo de maturidade dos parceiros no sentido de se<br />

desprenderem do vinculo fusional estabelecido, das heranças transgeracionais,<br />

do lugar de filhos <strong>para</strong> ascenderem ao de genitores superando os restos<br />

edípicos, o que permitirá elaborar o sentimento de exclusão e,<br />

concomitantemente, a construção de <strong>um</strong>a identidade mais segura. Voltando ao<br />

caso A., após o nascimento dos filhos, a vida <strong>conjugal</strong> é deixada em segundo<br />

plano. Dentro do processo psicoterápico, ambos se implicam, reconhecem o<br />

distanciamento sexual e <strong>conjugal</strong> e percebem que, se Antonio buscou refúgio<br />

no computador, Amanda estava por demais apegada aos filhos, tendo<br />

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