Tradução de Marcelo Schild - Grupo Editorial Record
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— Você não conhecia a vítima. Muito bem. Mas sabia que ele e seu<br />
fi lho estavam na mesma turma na mesma escola <strong>de</strong> ensino fundamental<br />
na mesma cida<strong>de</strong>?<br />
— Sim.<br />
— E ainda assim não achou que <strong>de</strong>vesse permanecer fora do caso<br />
<strong>de</strong>vido a um confl ito <strong>de</strong> interesses? Não achou que sua objetivida<strong>de</strong><br />
pu<strong>de</strong>sse ser questionada?<br />
— Não. É claro que não.<br />
— Nem mesmo em retrospecto? Você insiste, você... Mesmo em<br />
retrospecto, você ainda não sente que as circunstâncias apresentavam<br />
ao menos a aparência <strong>de</strong> um confl ito?<br />
— Não, não havia nada <strong>de</strong> impróprio a respeito. Não havia nada <strong>de</strong><br />
incomum. O fato <strong>de</strong> que eu morava na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ocorreu o homicídio?<br />
Aquela era uma coisa boa. Em condados menores, o promotor costuma<br />
morar na comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> um crime é cometido e muitas vezes conhece<br />
as pessoas afetadas por ele. E daí? Então, com isso, ele tem ainda mais<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> capturar o assassino? Isso não é um confl ito <strong>de</strong> interesses.<br />
Veja bem, no fi nal das contas, tenho um confl ito com todos os assassinos.<br />
É o meu trabalho. Foi um crime horrível, horrível; era meu trabalho fazer<br />
algo a respeito. Eu estava <strong>de</strong>terminado a fazer justamente isso.<br />
— Certo. — Logiudice baixou os olhos para o bloco <strong>de</strong> notas. Não<br />
havia o menor sentido em atacar a testemunha tão cedo no interrogatório.<br />
Ele retornaria àquele ponto mais tar<strong>de</strong> no dia, sem dúvida, quando<br />
eu estivesse cansado. Por enquanto, era melhor manter a temperatura<br />
baixa.<br />
— Você compreen<strong>de</strong> seus direitos assegurados pela Quinta Emenda?<br />
— É claro.<br />
— E abriu mão <strong>de</strong>les?<br />
— Aparentemente. Estou aqui. Estou falando.<br />
Risos abafados no gran<strong>de</strong> júri.<br />
Logiudice pousou o bloco <strong>de</strong> notas na mesa e, junto com ele, pareceu<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado por um momento seu plano <strong>de</strong> jogo.<br />
— Sr. Barber... Andy... Posso lhe perguntar apenas uma coisa? Por<br />
que não fazer uso <strong>de</strong>les? Por que não permanecer em silêncio? — A<br />
frase seguinte ele <strong>de</strong>ixou por dizer: É o que eu teria feito.<br />
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