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Formar N.º 54 - IEFP

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Preço €2,50<br />

R E V I S T A D O S F O R M A D O R E S<br />

Janeiro/Março 2006 • N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

O Novo Paradigma da Formação


Tratamos neste número da FORMAR da mudança<br />

de perspectiva e de entendimento quanto<br />

aos contornos dos conceitos de Educação,<br />

Formação e Aprendizagem, mudança essa que se reflecte,<br />

abundantemente, no discurso académico e político,<br />

nacional e comunitário, a que temos acesso.<br />

A generalização da educação de base, as alterações<br />

que se operaram na actividade produtiva e no<br />

mercado de trabalho, os novos meios de informação e<br />

de apropriação dos saberes que se impõem na nossa<br />

vida quotidiana, o prolongamento da vida e em particular<br />

da vida activa, as aspirações por uma sociedade<br />

do conhecimento, são algumas das razões que estão na<br />

base dessa mudança.<br />

Remetemo-nos para a concepção de Gaston<br />

Pineau, para quem a Formação é “uma acção vital<br />

essencial” que integra as aprendizagens em contextos<br />

formais devidamente estruturados, não se confinando,<br />

contudo, a eles. A formação, nesta perspectiva, é uma<br />

construção individual permanente, que combina aprendizagem<br />

científica, profissional e existencial.<br />

Nesta linha, o reconhecimento das aprendizagens<br />

realizadas em contextos que não só os tradicionais, do<br />

ensino e da formação profissional, e a necessidade de<br />

multiplicar as oportunidades de aprendizagem, revelam-<br />

-se prioridades fundamentais.<br />

A este propósito, apresentamos uma experiência<br />

de “reconhecimento, validação e certificação de competências”<br />

numa grande empresa, os CTT, que é, também,<br />

um bom exemplo do investimento que pode ser<br />

realizado no desenvolvimento das pessoas, com reais<br />

mais-valias para estas e para a própria empresa.<br />

Editorial<br />

Neste número passamos o testemunho a uma<br />

nova equipa da FORMAR - a sua coordenadora, Drª Ana<br />

Rita Lopes, que fez connosco um breve percurso de<br />

grande entusiasmo e empenhamento, optou por abraçar<br />

uma nova experiência no terreno, num dos nossos<br />

Centros de Formação Profissional. Eu própria, tendo<br />

assumido outras funções neste Instituto, me despeço,<br />

também. Em nome de ambas, dirijo aos membros do<br />

Conselho Editorial e a todos os colaboradores os nossos<br />

agradecimentos e uma palavra de amizade.<br />

A Direcção da FORMAR vai passar a ser assumida<br />

ao mais alto nível do <strong>IEFP</strong>, pelo próprio Presidente, Dr.<br />

Francisco Madelino.<br />

A Drª Fernanda Gonçalves, coordenadora do núcleo<br />

editorial das revistas DIRIGIR e FORMAR, vai prosseguir,<br />

na linha que tem marcado a já longa vida deste<br />

projecto, proporcionando aos nossos leitores uma revista<br />

especializada, de qualidade e actualidade, de que<br />

todos nos orgulhamos.<br />

A ambos desejamos muitas felicidades.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

1


PROPRIEDADE<br />

Instituto do Emprego e Formação Profissional<br />

DIRECTORA<br />

Luísa Falcão<br />

COORDENADORA<br />

Ana Rita Lopes<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

Adelino Palma,Acácio Ferreira Duarte,Ana Rita lopes,<br />

Artur Lemos de Azevedo, Fátima Cerqueira,<br />

Fernando Cascais, Isabel Henriques, José Alberto Leitão,<br />

Luís Imaginário, Luísa Falcão<br />

COLABORARAM NESTE NÚMERO<br />

Acácio Ferreira Catarino,Acácio Duarte,Ana Rita Lopes,<br />

Luís Castanheira Pinto, Madalena Pinto dos Santos,<br />

Maria Clara Ramos, Rui Canário<br />

APOIO ADMINISTRATIVO<br />

Ana Maria Varela<br />

CONCEPÇÃO GRÁFICA<br />

Ideias Virtuais<br />

ideiasvirtuais@ideiasvirtuais.pt<br />

CAPA<br />

Jorge Barros<br />

ILUSTRAÇÃO<br />

Carlos Marques, Manuel Libreiro, Paulo Cintra<br />

REVISÃO<br />

Laurinda Brandão<br />

MONTAGEM E IMPRESSÃO<br />

Rainho & Neves, Lda<br />

Rua Souto, 8 - S. João de Ver<br />

Apartado 103, 4522 FEIRA CODEX<br />

REDACÇÃO<br />

Departamento de Formação Profissional,<br />

Direcção das Revistas DIRIGIR e FORMAR<br />

Rua de Xabregas, 52 - 1949-003 LISBOA<br />

Tel.: 218 614 100<br />

Fax: 218 614 621<br />

REGISTO<br />

Instituto de Comunicação Social<br />

DATA DE PUBLICAÇÃO<br />

Junho de 2006<br />

PERIODICIDADE<br />

4 números/ano<br />

TIRAGEM<br />

11 000 exemplares<br />

DEPÓSITO LEGAL<br />

36959/90 ISSN: 0872-4989<br />

Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade<br />

dos autores, não coincidindo necessariamente com as<br />

opiniões do Conselho Directivo do <strong>IEFP</strong>.<br />

É permitida a reprodução dos artigos publicados,<br />

para fins não comerciais, desde que indicada a fonte<br />

e informada a Revista.<br />

CONDIÇÕES DE ASSINATURA<br />

Enviar carta com nome, morada e função desempenhada.<br />

Toda a correspondência deverá ser endereçada para:<br />

Revista FORMAR<br />

Rua de Xabregas, 52 - 1949-003 LISBOA<br />

E-mail: formar@iefp.pt<br />

Sumário<br />

Janeiro/Março 2006 • N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Tema Central<br />

O Novo Paradigma da Formação Profissional 03<br />

ACÁCIO DUARTE<br />

Entrevista<br />

Valorizar as Competências dos Trabalhadores 10<br />

ANA RITA LOPES<br />

Inducar<br />

Sobre a Educação Não-Formal 16<br />

LUÍS CASTANHEIRA PINTO<br />

Instrumentos de Formação<br />

Ser Formador em Contexto Virtual de Aprendizagem 23<br />

Maria Clara Ramos<br />

Análise Crítica<br />

Multiplicar as Oportunidades Educativas 28<br />

RUI CANÁRIO<br />

Escolas Populares<br />

Um Lugar de Aprendizagem para Idades Diferentes 35<br />

MADALENA PINTO DOS SANTOS<br />

Conhecer Europa<br />

Eslovénia 43<br />

Divulgação<br />

Centros de Recursos em Conhecimento 49<br />

Um Olhar Sobre...<br />

O Voluntariado 51<br />

ACÁCIO FERREIRA CATARINO<br />

Passatempo<br />

Vai Viver até aos 100 Anos? 55<br />

Esp@ço Internet<br />

Endereços Úteis 59<br />

Debaixo d’Olho<br />

Aconteceu… 61<br />

Livros… 63


O Novo Paradigma<br />

da Formação Profissional<br />

Tema Central<br />

Os que nos ocupamos das questões da formação profissional estamos hoje a trabalhar num contexto<br />

que é já, na realidade, um contexto de transição do antigo paradigma “formação inicial + formação<br />

contínua”, para o novo paradigma “aprendizagem ao longo da vida e em todos os contextos de vida”.<br />

Oantigo paradigma estruturava-se, essencialmente,<br />

a partir de três conceitos. Dois<br />

conceitos-base – “formação inicial” e “formação<br />

contínua” – a que correspondia uma segmentação<br />

estrutural da “procura” e da “oferta” de formação<br />

(jovens-escolas-sistema de ensino; adultos-activos-<br />

-empresas).<br />

“Formação Inicial”: (i) fundamentalmente dirigida à preparação/qualificação<br />

dos jovens para acesso ao emprego;<br />

(ii) desejavelmente a cargo do sistema nacional de educação/ensino<br />

básico, secundário e superior; (iii) desejavelmente<br />

universal, chegando a todos os jovens; (iv)<br />

desejavelmente de “banda larga” e de níveis de qualificação<br />

cada vez mais elevados; (v) constituiria o alicerce<br />

de qualificação sobre o qual se efectuariam, ao longo da<br />

carreira profissional de cada cidadão, os ajustamentos e<br />

desenvolvimentos necessários, no âmbito da sua<br />

“formação contínua”.<br />

“Formação Contínua”: (i) desejavelmente a cargo do tecido<br />

produtivo, sob iniciativa e responsabilidade das<br />

empresas, dos empregadores e dos trabalhadores; (ii)<br />

desejavelmente universal – chegando a todos os traba-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

3


4<br />

Tema Central<br />

lhadores; (iii) corresponderia às necessidades de competências<br />

requeridas pela evolução dos produtos, das<br />

tecnologias e das culturas nas empresas e, de um modo<br />

geral, (iv) não implicaria retorno à escola nem teria<br />

valor académico.<br />

Um terceiro conceito – “Formação Profissional” –<br />

a que correspondiam, em termos de “procura”, os segmentos<br />

da população activa em dificuldade no mercado<br />

de emprego e, em termos de “oferta”, sistemas de<br />

formação exteriores à escola e exteriores à empresa,<br />

normalmente sob tutela do ministério que tenha a seu<br />

cargo os problemas de emprego.<br />

A “formação profissional” cumpriria uma função<br />

estruturalmente complementar à dos dois tipos básicos<br />

de formação (inicial e contínua), na medida em que<br />

lhe caberia intervir junto dos segmentos da população<br />

activa em dificuldade no mercado de emprego (nomeadamente<br />

nos problemas de acesso e de reacesso ao<br />

emprego de jovens e adultos desempregados ou em<br />

risco de desemprego), áreas em que os sistemas-base<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

– sistema educativo e sistema produtivo – não estavam<br />

vocacionados para intervir.<br />

É certo que esta simplicidade e clareza estrutural<br />

do paradigma veio sendo perturbada, sobretudo devido<br />

à função supletiva que a “formação profissional” acabou<br />

por ir assumindo, na medida em que lhe foi cabendo<br />

suprir as insuficiências dos dois grandes subsistemas-<br />

-base, se e enquanto existissem essas insuficiências, fazendo,<br />

por isso, “formação inicial” apesar de não integrar<br />

o sistema educativo, e “formação contínua” apesar<br />

de não integrar o sistema produtivo.<br />

Não obstante, julgo ser a persistência desta lógica,<br />

base do antigo paradigma, que tem estado na apreensão<br />

subjacente a cíclicas afirmações, dúvidas e estranhezas,<br />

tais como:<br />

• “Toda a formação inicial deve ser, deve ir para o Ministério<br />

da Educação”!...<br />

• “A formação contínua dos trabalhadores empregados é,<br />

deve ser,uma questão das empresas e não do Estado”!...


• “Os ministérios da Educação e do Ensino Superior fazem<br />

‘formação profissional’ ”!??...<br />

• “As vias ‘profissionalizantes’ do ensino básico e secundário<br />

e os ensinos politécnico e universitário são também<br />

‘formação profissional’ ”!??...<br />

Ou, ainda, as dúvidas relativas à “formação sectorial”<br />

que, à estranheza que lhe advém de ser “formação<br />

profissional”, ainda lhe acresce a de ser “formação sectorial”:<br />

• “Formação profissional” no Ministério da Economia?<br />

Então isso não é do Ministério do Trabalho?<br />

• “Formação inicial” no Ministério da Economia? Então<br />

isso não é do Ministério da Educação?<br />

Do antigo ao novo paradigma<br />

Se analisarmos a realidade da produção das competências<br />

profissionais em Portugal ao longo do último<br />

meio século verificaremos que este antigo paradigma –<br />

formação inicial + “formação contínua” – revelou uma<br />

série de “(in)consequências” que acabam por estar em<br />

sinergia com a emergência do novo paradigma – formação<br />

ao longo da vida e em todos os contextos de vida.<br />

Assinalaria, por exemplo, que o antigo paradigma<br />

tem contribuído significativamente para uma forma de<br />

organização do tempo de vida das pessoas que tem vindo<br />

a revelar-se absurda, em termos pessoais e sociais, e<br />

insustentável em termos económicos e financeiros.<br />

Estou a referir-me à situação para a qual o retardamento<br />

da entrada dos jovens, a antecipação da saída<br />

dos adultos e o encurtamento do tempo efectivo de vida<br />

activa tendem a conduzir a vida das pessoas, e que, de<br />

forma simplificada, poderíamos resumir nas seguintes<br />

expressões:“25 anos a estudar, 25 anos a trabalhar e 25<br />

Tema Central<br />

anos a descansar”; ou “75 anos consumindo recursos,<br />

dos quais apenas 25 anos contribuindo para a sua produção”.<br />

Na verdade, por um lado o progressivo aumento<br />

do tempo necessário à “formação inicial”/preparação<br />

dos jovens para acesso à vida adulta activa e o esforço<br />

de extensão, a uma cada vez maior percentagem, dos<br />

patamares de saída mais elevados (ensino superior),<br />

conduz a um retardamento da idade efectiva de entrada<br />

dos jovens na vida activa que já é, ou brevemente<br />

viria a ser, excessivo e insustentável.<br />

Por outro lado, a “formação contínua” realizada, na<br />

medida em que não revelou capacidade para obviar à<br />

obsolescência das competências escolares e profissionais<br />

dos trabalhadores, contribuiu para favorecer a sua<br />

saída precoce do mercado de trabalho e dificultar em<br />

muito o reacesso ao emprego de quem o tenha perdido<br />

a partir dos 40 ou dos 50 anos.<br />

Pelo contrário, o novo paradigma – “aprendizagem<br />

ao longo da vida e em todos os contextos de vida” –<br />

poderá contribuir para, no que às qualificações profis-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

5


6<br />

Tema Central<br />

sionais diz respeito, ajudar a viabilizar novas soluções<br />

para a organização do tempo de vida das pessoas, em<br />

novos quadros de referência, propiciadores de uma<br />

melhor qualidade de vida dos cidadãos e de uma maior<br />

sustentabilidade económica e financeira das sociedades.<br />

Um outro tipo de (in)consequências do antigo<br />

paradigma tem a ver com o que foi acontecendo na<br />

construção efectiva das qualificações profissionais da<br />

população activa portuguesa.<br />

No âmbito da “formação inicial”, a situação pode<br />

ser descrita com os seguintes traços principais:<br />

(i) cerca de metade dos jovens portugueses foi abandonando<br />

os patamares de saída do sistema de<br />

ensino – básico, secundário e superior – sem os<br />

concluir ou concluindo-os sem qualificação profissional<br />

relevante, foram adquirindo as suas actuais<br />

competências culturais e profissionais nos seus<br />

contextos de vida e de trabalho, numa espécie de<br />

“aprendizado” empírico, e foram contribuindo para<br />

engrossar o contingente da população activa nacional<br />

com baixos níveis de instrução e de qualificação<br />

profissional;<br />

(ii) só uma ínfima parte dos jovens conseguiu tirar<br />

partido das oportunidades de formação inicial susceptíveis<br />

de permitirem compatibilizar ensino e<br />

trabalho (ensino pós-laboral, estatuto de trabalhador<br />

estudante);<br />

(iii) grande parte dos jovens que acederam ao emprego<br />

com qualificação profissional prévia foram habilitados<br />

pelos sistemas de “formação profissional” (Ministério<br />

do Trabalho, Ministério da Economia, ministérios<br />

sectoriais e entidades formadoras privadas);<br />

(iv) a alternância dos jovens, no início da sua vida<br />

activa, tem sido bem mais entre emprego e desem-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

prego/desocupação do que entre experiência de<br />

trabalho nas empresas e formação nas escolas;<br />

(v) foram emergindo modalidades de formação de<br />

jovens que, de algum modo, vão ao ponto de fundir<br />

conceitos-chave que no antigo paradigma seriam<br />

necessariamente distintos, como é o caso dos cursos<br />

de educação-formação e o caso dos cursos de<br />

formação profissional com dupla valência/certificação<br />

– escolar e profissional (“aprendizagem”/<strong>IEFP</strong>/<br />

Ministério do Trabalho, “formação turística”/<br />

INFTUR/Ministério da Economia, “ensino profissional”/Escolas<br />

Profissionais).<br />

Por sua vez, no âmbito da “formação contínua”, a<br />

situação pode ser descrita, em traços gerais, com os<br />

seguintes elementos:<br />

(i) algumas empresas têm intervido na própria<br />

formação profissional inicial dos jovens, seja proporcionando<br />

formação na empresa, no quadro do<br />

sistema de “aprendizagem” em alternância escola-<br />

-empresa, seja assegurando elas próprias a formação<br />

profissional dos seus novos colaboradores;<br />

(ii) só uma pequena parte das empresas tem realizado<br />

formação contínua para os seus trabalhadores, seja<br />

formação contínua em sentido próprio (sobre o<br />

alicerce de formação inicial prévia dos seus profissionais),<br />

seja formação contínua em sentido lato<br />

(sobre as competências que os seus trabalhadores<br />

sem formação inicial tenham adquirido empiricamente);<br />

(iii) grande parte da formação dirigida aos activos empregados<br />

foi proporcionada por outros promotores<br />

de formação que não as empresas (promotores<br />

públicos – ministérios do Trabalho, da Economia e


outros ministérios sectoriais e ainda por entidades<br />

formadoras privadas).<br />

A aprendizagem ao longo e em<br />

todos os contextos da vida<br />

Podemos concluir que grande parte das actuais<br />

competências culturais e profissionais de um em cada<br />

dois portugueses foram adquiridas fora dos modelos<br />

formação inicial/sistema de ensino e formação contínua/sistema<br />

produtivo pressupostos pelo paradigma de<br />

referência: (i) foram efectivamente adquiridas e desenvolvidas<br />

pela “via da experiência”, nos seus contextos<br />

de vida e de trabalho; (ii) não estão identificadas e<br />

formalmente reconhecidas; (iii) não têm equivalência<br />

escolar/valor académico; (iv) não são consideradas nas<br />

estatísticas dos níveis de qualificação da população<br />

activa.<br />

Entretanto, foi emergindo o novo paradigma<br />

“aprendizagem ao longo da vida e em todos os contextos<br />

de vida”.<br />

Tema Central<br />

Neste novo paradigma, a tónica desloca-se da formação<br />

para a aprendizagem e os dispositivos de educação-ensino-formação<br />

profissional têm de se adaptar a<br />

novas missões:<br />

(i) orientar, facilitar, apoiar a aprendizagem, que ocorre<br />

nos mais diversos contextos e tirando partido<br />

dos mais diversos recursos e media;<br />

(ii) reconhecer, validar e certificar as aprendizagens realizadas,<br />

por referência a padrões de desempenhos<br />

cívicos e profissionais;<br />

(iii) disponibilizar oferta de formação (básica e/ou complementar)<br />

pertinente para a estruturação das aprendizagens<br />

e para suprir as lacunas esperadas e/ou<br />

reveladas nos perfis de competências profissionais<br />

dos cidadãos;<br />

(iv) servir simultaneamente jovens e adultos, em qualquer<br />

situação profissional (candidato a primeiro emprego,<br />

empregado, desempregado), em qualquer fase<br />

da vida, num quadro de permanência temporal, de<br />

grande proximidade física do utilizador e de grande<br />

capacidade de individualização das respostas.<br />

Neste novo paradigma, a tónica na organização<br />

dos serviços de apoio à aprendizagem ao longo da vida<br />

afastar-se-á da antiga “divisão do trabalho” entre as<br />

entidades intervenientes, concretizada em dispositivos<br />

paralelos, com irregulares coberturas do território nacional,<br />

trabalhando de costas voltadas, quando não em<br />

conflito, com respostas parcelares e desarticuladas aos<br />

problemas; e deslocar-se-á para uma nova lógica de organização<br />

que opte por: (i) uma maior integração de<br />

funções, para uma mais integrada prestação de serviços;<br />

(ii) trabalho em rede, para uma prestação de serviços<br />

de maior proximidade; (iii) trabalho em parceria,<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

7


8<br />

Tema Central<br />

para uma maior convergência e rentabilização de recursos;<br />

(iv) geometria variável, para uma maior adequação<br />

a cada realidade local ou regional.<br />

O conceito de competência<br />

no novo paradigma<br />

Este novo paradigma requer um novo conceito de<br />

competência profissional: capaz de permitir à pessoa<br />

que aprende e aos diversos actores dos contextos em<br />

que a aprendizagem acontece, em que é facilitada e em<br />

que é reconhecida e certificada, lidarem, de forma integrada,<br />

com as competências básicas de cidadania (pessoais,<br />

sociais, culturais, éticas), com as competências<br />

transversais da profissionalidade (saber-estar no posto<br />

de trabalho, na empresa, no mercado de trabalho, no<br />

meio tecnológico envolvente) e com as competências<br />

técnicas específicas (inerentes à operação dos sistemas<br />

produtivos concretos).<br />

Nova engenharia de formação<br />

e de certificação profissional<br />

Este novo paradigma requer também uma nova<br />

engenharia de formação e de certificação profissional,<br />

marcada por traços como:<br />

(i) facilitação da aprendizagem, tendo sempre em<br />

conta o anteriormente aprendido e a imensa panóplia<br />

de media e de contextos de aprendizagem<br />

disponíveis;<br />

(ii) rigorosa e ágil capacidade de RVCC – reconhecimento,<br />

validação e certificação de competências;<br />

(iii) modularização dos perfis de competências em pequenas<br />

unidades com valor próprio e manejáveis<br />

nos processos de RVCC e de oferta formativa,<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

com flexibilidade, rigor técnico, credibilidade social<br />

e viabilidade prática;<br />

(iv) vaivém permanente, ao longo de toda a vida activa<br />

do cidadão, entre os contextos de vida e de desempenho<br />

cívico e profissional e os dispositivos de<br />

RVCC-formação-certificação de competências.<br />

Vários poderão ser ou estarão sendo os campos<br />

em que este novo paradigma já se vai insinuando no<br />

terreno da realidade concreta das qualificações profissionais<br />

em Portugal.


Por mim, continuo a entender que temos à nossa<br />

frente uma primeiríssima e altíssima prioridade: solução<br />

do problema da fragilidade estrutural básica das qualificações<br />

da população activa portuguesa, verdadeiro<br />

“calcanhar de Aquiles” da competitividade futura da<br />

economia nacional – a requalificação escolar e profissional<br />

do contingente de adultos activos com uma escolaridade<br />

inferior ao 9.<strong>º</strong> ano e sem formação inicial<br />

prévia ao exercício profissional.<br />

Problema este que nos ficou do antigo paradigma<br />

e cuja solução, em termos conceptuais, nele não teve<br />

nem tem solução: não é propriamente um problema de<br />

“formação inicial”, não é propriamente um problema de<br />

“formação contínua” e não é propriamente um problema<br />

de “formação profissional de desempregados”.<br />

É um problema de reconhecimento e de reestruturação<br />

do próprio alicerce, do próprio patamar-base<br />

das qualificações culturais e profissionais da população<br />

activa portuguesa (cerca de 60 por cento dos nossos<br />

activos estão naquela situação), numa lógica de o colocar<br />

num patamar mínimo o mais generalizado possível,<br />

numa espécie de up-grading ou de mise-à-niveau, partindo<br />

dos adquiridos que efectivamente já tenham.<br />

Este é um enorme desafio que só é viável vencer<br />

no quadro de novo paradigma, nomeadamente recorrendo<br />

a novas posturas de trabalho de que indiciámos<br />

alguns traços distintivos.<br />

Um outro campo de grande prioridade julgo que<br />

poderia ser o do apoio a prestar aos jovens que tendem<br />

a abandonar o sistema de ensino nos seus vários<br />

patamares, sem suficiente e adequada qualificação, iniciando<br />

um vaivém entre emprego e desemprego, e que<br />

conviria transformar numa alternância entre experiência<br />

de trabalho, reconhecimento, validação e certificação<br />

de adquiridos e formações complementares específicas,<br />

introduzindo aqui desde logo a lógica e a metodologia<br />

da “aprendizagem ao longo da vida e em todos os<br />

contextos de vida”.<br />

ACÁCIO DUARTE<br />

Psicólogo e Director da Escola de<br />

Hotelaria e Turismo do Estoril<br />

Tema Central<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

9


10<br />

Entrevista<br />

Valorizar as Competências<br />

dos Trabalhadores<br />

Reconhecer e validar competências adquiridas através da experiência de vida não é simples, mas há<br />

quem entenda que a qualificação dos recursos humanos de uma empresa é uma das chaves mestras<br />

para o sucesso e se lance na criação de um Centro de Reconhecimento e Validação de Competências<br />

para o colocar à disposição, apenas e só, do seu quadro de trabalhadores. Estamos a falar dos CTT,<br />

cujo Centro RVCC, autofinanciado, foi criado a 21 de Agosto de 2004.<br />

A Revista <strong>Formar</strong> foi conhecer este exemplo e falou com o Dr. Carlos Capela – Director do Centro<br />

RVCC dos CTT e responsável pela área de certificação e valorização de competências da Direcção<br />

do Desenvolvimento e Formação dos CTT, e o Dr. Rui Gaspar – profissional de RVCC e da área de<br />

Desenvolvimento de Recursos Humanos.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong>


<strong>Formar</strong>: Porquê implementar um Centro de<br />

Reconhecimento e Validação de Competências<br />

nos CTT? Que necessidades sentiu a empresa<br />

para a criação deste centro?<br />

Carlos Capela: Foram várias as razões que conduziram<br />

à implementação do processo de RVCC nos<br />

CTT. Primeiro, a composição do nosso efectivo. Os<br />

CTT são o maior empregador nacional como empresa,<br />

temos um efectivo de cerca de 15 000 pessoas, das<br />

quais cerca de 4300 trabalhadores que não têm o<br />

ensino básico completo. Segundo, esta empresa tem, já<br />

há alguns anos, preocupações na área da responsabilidade<br />

social e desenvolvimento sustentável. Em terceiro<br />

lugar, porque entendemos que é um investimento que<br />

reverte a nosso favor e que seremos, certamente, uma<br />

empresa melhor, com mais inovação, mais produtiva,<br />

com pessoas mais habilitadas, qualificadas e também<br />

mais motivadas.<br />

Rui Gaspar: Este é um processo que permite a<br />

valorização de auto-estima.Temos sentido que as pessoas<br />

que têm passado pelo processo estão mais motivadas<br />

para as suas áreas de trabalho. Por isso, tanto a<br />

empresa como os trabalhadores beneficiam com esta<br />

situação.<br />

Carlos Capela: Contudo, além da satisfação e do<br />

reforço da auto-estima das pessoas que são certificadas,<br />

também existe uma grande compensação para os<br />

técnicos que estão envolvidos no processo. Há a satisfação<br />

da equipa e a satisfação da empresa. No final do<br />

processo, habitualmente organizamos um convívio onde<br />

todos os intervenientes, nomeadamente a hierarquia da<br />

empresa, são convidados, estimulando e reforçando assim<br />

as relações sociais.<br />

Entrevista<br />

F: Como é constituída a equipa do Centro<br />

RVCC?<br />

CC: O Centro RVCC tem recursos próprios.<br />

Neste momento tem sete pessoas, incluindo o apoio<br />

administrativo e organizativo, e pessoas de outras áreas<br />

que colaboram connosco. Além das funções que exercem,<br />

dedicam uma parte do seu tempo a colaborar<br />

com o RVCC.<br />

F: No vosso entender, quais são as maiores<br />

dificuldades para a empresa e também para os<br />

trabalhadores no processo de Reconhecimento<br />

e Validação de Competências?<br />

RG: A principal dificuldade que sentimos foi no<br />

arranque do processo, pois 70 por cento dos trabalhadores<br />

tem mais de 40 anos o que, em determinadas<br />

circunstâncias, dificultou o processo, mesmo com a própria<br />

adesão dos trabalhadores. Contudo, há pessoas<br />

com 40 anos que ainda têm uma expectativa de carreira<br />

na empresa. Desde já é melhor explicar que o nível<br />

de antiguidade é bastante elevado: as pessoas entram<br />

nos correios e ficam até à idade da reforma. Portanto,<br />

são pessoas extremamente identificadas com a empresa<br />

e a esse nível também se sentem valorizadas por<br />

serem chamadas a participar no processo de reconhecimento<br />

e validação de competências, aumentando<br />

assim o seu processo de identificação.<br />

F: Como é efectuada a abordagem às pessoas<br />

para aderirem ao processo de RVCC?<br />

CC: Nós pensamos que a motivação para fazer<br />

este percurso tem que estar dentro das pessoas, pelo<br />

que se não existir motivação não é através de aconselhamento<br />

ou de outro tipo de incentivos que conseguimos<br />

ter resultados.Assim, temos formas de divulgação<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

11


12<br />

Entrevista<br />

interna, através de comunicações da empresa, da revista<br />

mensal A Aposta, de uma newsletter que fizemos especificamente<br />

dedicada ao RVCC, de contactos com a<br />

hierarquia da empresa e com os próprios trabalhadores.<br />

Existe, também, um agente de grande importância na<br />

divulgação, que é a própria comunicação entre as pessoas.<br />

Os participantes das sessões têm sido os maiores<br />

divulgadores do processo. Além disso, também temos<br />

procurado envolver as chefias neste processo, quer na<br />

divulgação, quer estimulando e incentivando as pessoas<br />

para tomarem, elas próprias, a iniciativa de elevarem as<br />

suas qualificações. Temos sempre a preocupação de<br />

dizer às pessoas que a única compensação que têm e<br />

terão pelo seu esforço é o aumento da sua qualificação,<br />

pois a certificação de competências não está associada<br />

a qualquer tipo de progressão, evolução, recompensa<br />

ou compensação.<br />

F: Sendo os CTT uma empresa implementada<br />

ao nível nacional, como procedem em locais<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

1<br />

2<br />

1 Grupo de formandos de Lisboa<br />

2 Grupo de formandos de Coimbra<br />

mais distantes de modo a que os trabalhadores<br />

interessados no processo de RVCC tenham<br />

acesso a ele?<br />

CC: Exercemos, regularmente, a prática da itinerância,<br />

ou seja, quando temos um grupo de candidatos,<br />

por exemplo em Lamego, que justifique a deslocação de<br />

uma equipa, a equipa vai a Lamego, normalmente uma<br />

vez por semana. Falei em Lamego mas tivemos e temos<br />

grupos cujo processo está a decorrer no Porto e em<br />

Coimbra.Vamos iniciar agora um em Ourém e em Viana<br />

do Castelo. Enfim, são apenas alguns exemplos. Contudo,<br />

esta prática coloca algumas dificuldades em termos<br />

de resultados porque, além do esforço, a deslocação a<br />

locais distantes reflecte-se em termos da produtividade<br />

do centro. É muito diferente quando nós e os candidatos<br />

estamos próximos. No entanto, esta prática vai<br />

continuar, excepto nos casos em que não haja possibilidade<br />

de constituir grupos que justifiquem a intervenção<br />

da equipa e, nesse caso, vamos procurar recorrer<br />

a um outro centro. Digamos que assumiremos a<br />

função de provedoria dos Centros RVCC e apoiaremos<br />

os colaboradores dos CTT no contacto com centros<br />

que existam na sua zona. Neste momento temos em<br />

vista a celebração de um protocolo de colaboração<br />

com alguns centros.<br />

F: Qual o número de trabalhadores já certificados?<br />

CC: Ainda é um valor abaixo das metas colocadas<br />

pela Direcção-Geral de Formação Vocacional e muito<br />

abaixo, também, das nossas expectativas e aspirações.<br />

Posso dizer-lhe que, até Dezembro de 2005, tivemos<br />

cerca de 230 inscrições, cerca de 90 a 100 candidatos<br />

em processo e 34 trabalhadores certificados. Temos<br />

tido alguma aprendizagem e feito adaptações, pois na


prática o centro começou a funcionar em pleno o ano<br />

passado.<br />

RG: Mas, por outro lado, também temos apostado<br />

muito na qualidade do próprio processo e, portanto,<br />

quer ao nível da formação complementar, quer ao nível<br />

do número de sessões que fazemos para a exploração<br />

da história de vida, acabamos por fazer mais sessões do<br />

que provavelmente outros farão. Isto tem contribuído<br />

para que o processo não seja tão ágil, mas acho que os<br />

resultados são demonstrados através da própria qualidade<br />

dos dossiers. Pelo menos esse é o feed-back que<br />

recebemos dos próprios avaliadores externos que colaboram<br />

connosco, que nos felicitam pela qualidade dos<br />

dossiers e pelo nível de exigência e rigor que verificam<br />

que atribuímos ao processo.<br />

F: Qual a duração média de um processo completo<br />

de RVCC?<br />

CC: Em média, seis a oito meses. Eu diria que,<br />

pelo facto de sermos um centro autofinanciado, sentimo-nos<br />

com uma maior margem de manobra na organização<br />

e planeamento da formação e, em vez das 25<br />

sessões habituais, se a pessoa precisar de 30 terá 30.<br />

Contudo, além dessa formação, caso o trabalhador demonstre<br />

iniciativa e vontade de o fazer, ele próprio<br />

pode envolver-se em processos de autoformação<br />

dentro da empresa.<br />

RG: Esta é uma das virtudes do processo. Essencialmente,<br />

as pessoas saem daqui com desejo de continuar<br />

a aprender. Por exemplo, há alguns candidatos que,<br />

mesmo durante o processo, já estão a pensar em seguir<br />

outras acções de formação ou em continuar os estudos.<br />

Começam já a delinear o seu próprio projecto de<br />

Entrevista<br />

desenvolvimento pessoal e alguns o seu próprio projecto<br />

profissional.<br />

F: As sessões decorrem em horário laboral<br />

ou pós-laboral?<br />

CC: Todas as sessões decorrem em horário pós-<br />

-laboral.A empresa proporciona condições aos trabalhadores<br />

mas exige aos formandos o horário pós-laboral<br />

de modo a que não seja prejudicado o decurso normal<br />

do trabalho na empresa.<br />

F: Como tem sido a receptividade dos trabalhadores<br />

a essa exigência?<br />

CC: A receptividade dos trabalhadores tem sido<br />

bastante positiva.<br />

F: Qual o grau de equivalência escolar que é<br />

possível obter através do processo de RVCC<br />

dos CTT?<br />

CC: Equivalência ao 9.<strong>º</strong>, ao 6.<strong>º</strong> e ao 4.<strong>º</strong>. De facto,<br />

na nossa empresa o público-alvo candidata-se ou dirige-se,<br />

preferencialmente, ao 9.<strong>º</strong> ano de escolaridade.<br />

F: Como é avaliado o percurso profissional e<br />

de vida de cada candidato?<br />

RG: Temos como base o Referencial da DGFV. No<br />

início do processo procuramos fazer uma espécie de<br />

triagem, de balanço de competências à partida. Fazemos<br />

uma série de exercícios com os próprios candidatos.<br />

No momento seguinte, também fazemos uma<br />

entrevista individual e só depois é que começamos o<br />

processo propriamente dito. Utilizamos uma série de<br />

exercícios, a maior parte deles standards, que foram<br />

desenvolvidos pela DGFV e outros construídos ou<br />

adaptados por nós, essencialmente com o objectivo de<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

13


14<br />

Entrevista<br />

verificar as competências ao nível da expressão escrita.<br />

Nós temos um exercício que é a agenda semanal, onde<br />

os formandos vão colocando uma descrição da sua<br />

rotina ao longo da semana, além de outros exercícios,<br />

uma vez que este processo é desenvolvido em grupo<br />

de modo a desenvolver também a coesão do grupo.<br />

Num momento seguinte, temos as sessões de balanço<br />

de competências de cada uma das áreas, cerca de duas<br />

sessões para cada uma das áreas, que são oito.A partir<br />

daí fazemos a análise dos trabalhos efectuados e o<br />

diagnóstico das necessidades de formação. Negociamos<br />

o plano de formação com cada um dos candidatos,<br />

desenvolvendo-se depois a formação no sentido de<br />

colmatar as competências que não tinham atingido.<br />

CC: Temos também adoptado a prática de incluir<br />

neste processo um trabalho-projecto.Além dos instrumentos<br />

de mediação que são utilizados no levantamento<br />

das competências que foram adquiridas ao longo da<br />

vida, integramos sempre no processo um trabalho-projecto<br />

que a pessoa poderá desenvolver sobre qualquer<br />

tema do seu interesse, se possível integrando as quatro<br />

áreas de competências-chave. É uma oportunidade para<br />

incorporar e integrar na acção algumas competências e<br />

conhecimentos que se vão adquirindo ao longo do<br />

processo.<br />

F: Essa é, também, mais uma forma de avaliar<br />

outras competências adquiridas?<br />

RG: Sim, algumas que não tenham ficado claras ao<br />

longo do próprio processo. No fundo, é mais um meio<br />

de diagnóstico.<br />

F: Quais as maiores dificuldades que sentem<br />

na avaliação do percurso? Por exemplo, quando<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

estamos a falar de diagnóstico de competências,<br />

antes de avançar para a formação e avaliação,<br />

as pessoas são receptivas, concordam,<br />

discordam?<br />

CC: A adesão das pessoas às etapas e ao percurso<br />

que lhes é proposto tem sido excelente; poderá haver<br />

discordâncias pontuais, mas tem havido adesão completa.<br />

Contudo, temos algum cuidado na etapa de diagnóstico<br />

de competências. Para isso desenvolvemos alguns instrumentos<br />

de diagnóstico que utilizamos e que nos<br />

permitem, quando não estamos seguros da capacidade<br />

das pessoas de fazerem o seu percurso, aconselhar a<br />

fazer um compasso de espera e tentarem, entretanto,<br />

reconhecer as suas competências de outras formas.<br />

É esta prática que temos tido, apesar de os nossos<br />

resultados serem modestos.<br />

RG: A maior parte das desistências tem-se registado<br />

no início do processo. Quem fica até ao final de<br />

uma segunda sessão, normalmente vai até ao fim. É essa<br />

a nossa experiência. Depois, o próprio grupo tem uma<br />

função de estímulo muito grande, apoia-se muito. Só a<br />

título de exemplo, o primeiro exercício que fazemos<br />

nas sessões de grupo é escolher um nome e um lema<br />

para o grupo, no sentido, também, de entre eles<br />

desenvolverem o espírito de grupo.<br />

F: Qual a dimensão dos grupos?<br />

CC: Normalmente, os grupos não são muito<br />

grandes, não têm mais de 12 elementos, mas existem<br />

excepções. Por exemplo, neste momento temos em<br />

Coimbra um grupo de duas pessoas que vamos tentar<br />

alargar. Porque é que só tem duas pessoas? Porque são<br />

duas pessoas com experiências de vida muito ricas e<br />

interessantes e muito motivadas para o processo mas,


1<br />

devido a uma série de vicissitudes, não conseguiram ser<br />

incluídas nos grupos que foram criados e foram ficando<br />

para trás. Neste momento sentimo-nos em dívida para<br />

com essas pessoas e, não sendo possível criar um<br />

grupo, vamos avançar com estes dois e pode ser que<br />

entretanto o grupo se componha.<br />

F: Em geral, onde é que as pessoas manifestam<br />

mais dificuldades em termos de aprendizagem?<br />

CC: Em matemática e informática.<br />

RG: Em informática, quer dizer, se fossemos fazer<br />

aqui uma espécie de desvio-padrão era bastante elevado,<br />

há pessoas com muita facilidade ao nível da informática.<br />

Este facto também está relacionado com a<br />

função que exercem na empresa. Há pessoas que estão<br />

habituadas a trabalhar com informática e outras que<br />

nunca utilizaram um computador. Mas, normalmente, as<br />

dificuldades maiores centram-se na matemática.<br />

CC: Também existem grandes dificuldades no domínio<br />

da linguagem e comunicação.<br />

1 Grupo de formandos de Lamego<br />

2 Grupo de formandos de Faro<br />

2<br />

Entrevista<br />

F: Qual o balanço que fazem da introdução do<br />

Centro RVCC nos CTT?<br />

CC: É uma aposta válida e actual. Podemos dizer<br />

que em 2005 foi reforçado e reafirmado o empenho da<br />

empresa neste projecto. Desde logo, pelo facto de ter<br />

sido reforçada a equipa, de modo a proporcionar as<br />

condições de funcionamento do RVCC. É uma aposta<br />

para manter e para crescer.<br />

F: A qualificação e a valorização dos recursos<br />

humanos é “meio caminho andado” para o sucesso<br />

da empresa.<br />

RG: Pelo menos é uma fonte de vantagem.<br />

CC: O interesse da empresa não se ficou pelo<br />

discurso, mas na concretização da iniciativa, e tem assumido<br />

o investimento na qualificação das pessoas que<br />

nela trabalham.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

15


16<br />

Inducar<br />

Sobre a Educação Não-Formal<br />

“ ”<br />

No futuro, devido ao ritmo e dinâmica dos processos sociais,<br />

a formação dos indivíduos tem de se assumir como processos<br />

de construção, cuja prossecução ultrapassa, necessariamente,<br />

os limites dos sistemas formais de ensino. 1<br />

Não é frequente em Portugal o (re)conhecimento<br />

e operacionalização do conceito de<br />

Educação Não-Formal. No entanto, ele tem<br />

estado no centro de variados debates sobre questões<br />

educativas um pouco por todo o Mundo e em particular<br />

no seio do Conselho da Europa e da União Europeia.<br />

A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa<br />

adoptava, em 2000, a recomendação 1437 sobre Educação<br />

Não-Formal,“incitando todos aqueles que dão forma<br />

às políticas educativas a tomar conhecimento da educação<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

não-formal como parte essencial do processo educativo...”<br />

e “interpelando os governos e outras autoridades competentes<br />

dos Estados-membros a reconhecer a educação<br />

não-formal como um parceiro de facto no processo<br />

de aprendizagem ao longo da vida...”<br />

1 Teixeira e Fontes, 1996, cit. in Cavaco, 2002.


Em 2003, o Comité de Ministros do Conselho<br />

da Europa “recomenda aos Estados pertencentes<br />

à Convenção Cultural Europeia:<br />

a) a reafirmar que a educação/aprendizagem<br />

não-formal constitui hoje em<br />

dia uma dimensão fundamental do<br />

processo de aprendizagem ao longo<br />

da vida e, por isso, trabalhar para o<br />

desenvolvimento de padrões de reconhecimento<br />

efectivo da educação/aprendizagem<br />

não-formal como parte essencial da<br />

educação em geral e da formação vocacional em<br />

particular e, neste sentido, para:<br />

• a qualificação dos profissionais e voluntários encarregados<br />

das ofertas de educação/aprendizagem<br />

não-formal;<br />

• a qualidade da aprendizagem proporcionada, propriamente<br />

dita;<br />

• a monitorização do progresso na aprendizagem<br />

feito pelos participantes em programas de educação/aprendizagem<br />

não-formal, tanto individualmente<br />

como integrados num grupo mais alargado.”<br />

Esta mesma orientação tem sido partilhada, com<br />

as devidas adaptações de natureza política, pela<br />

Comissão Europeia, que reconhece, já em 2004, que<br />

“no contexto do princípio da aprendizagem ao longo<br />

da vida, a identificação e a validação da aprendizagem<br />

não-formal e informal têm por finalidade tornar visível<br />

e valorizar todo o leque de conhecimento e compe-<br />

Inducar<br />

tências detidos por uma pessoa, independentemente<br />

do local ou da forma como foram adquiridos. A identificação<br />

e a validação da aprendizagem não-formal e<br />

informal têm lugar dentro e fora do ensino e formação<br />

formais, no local de trabalho e na sociedade civil”<br />

[COM(2004), 9600/04, p. 2].<br />

Não sendo uma preocupação do domínio exclusivamente<br />

europeu, o entendimento da aprendizagem ao<br />

longo da vida como um processo alargado a vários<br />

contextos da vida da pessoa é também sublinhado pela<br />

UNESCO: “Experiência vivida no quotidiano, e assinalada<br />

por momentos de intenso esforço de compreensão<br />

de dados e de factos complexos, a educação durante<br />

toda a vida é o produto de uma dialéctica com várias<br />

dimensões. Se, por um lado, implica a repetição ou a<br />

imitação de gestos e de práticas, por outro é também<br />

um processo de apropriação singular e de criação pes-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

17


18<br />

Inducar<br />

soal. Junta o conhecimento não-formal ao conhecimento<br />

formal, o desenvolvimento de aptidões inatas à aquisição<br />

de novas competências. Implica esforço, mas traz<br />

também a alegria da descoberta. Experiência singular de<br />

cada pessoa ela é, também, a mais complexa das relações<br />

sociais, posto que se inscreve, ao mesmo tempo,<br />

no campo cultural, no laboral e no da cidadania”<br />

(UNESCO, 1996 p. 92).<br />

Em Portugal, podemos identificar um número<br />

infindável de práticas educativas associadas à educação<br />

não-formal. São maioritariamente levadas a cabo por<br />

organizações da sociedade civil e assumem as mais<br />

diversas formas, desde seminários de formação a workshops<br />

temáticos ou trabalhos/visitas de campo. Apesar<br />

desta prática existente, o conceito de educação não-<br />

-formal propriamente dito é raramente utilizado e essas<br />

mesmas práticas quase nunca reconhecidas enquanto tal.<br />

Por seu lado, tanto no discurso político como na<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

produção científica/académica, o termo “educação não-<br />

-formal” parece ser raramente utilizado, sendo no entanto<br />

frequentes temáticas adjacentes como a educação<br />

de adultos, educação ao longo da vida, educação permanente,<br />

educação comunitária, etc.<br />

Porquê? A que se deve esta aparente ausência do<br />

conceito educação não-formal em Portugal? Será pouco<br />

relevante no nosso contexto social, político e educativo<br />

actual? Será simplesmente desconhecido? São estas e<br />

outras questões a elas associadas que vamos tentando<br />

abordar no trabalho da inducar.<br />

O que é a educação não-formal?<br />

Não conhecemos hoje em dia uma definição única<br />

ou consensual de “educação não-formal” (ou de “aprendizagem<br />

não-formal”). Estes termos são ainda objecto<br />

de interpretações diferentes de acordo com as diferentes<br />

culturas, tradições nacionais ou contextos político-<br />

-educativos de cada país ou região.<br />

Nas últimas décadas, “educação não-formal”<br />

tornou-se a noção sumária para aquilo que, no<br />

passado, se designava por “educação fora da<br />

escola”. Assumimos hoje, de facto, que a<br />

educação não-formal se distingue da educação<br />

formal (ou ensino tradicional) em<br />

termos de estrutura, da forma como é<br />

organizada e do tipo de reconhecimento<br />

e qualificações que este tipo de aprendizagem<br />

confere. No entanto, a educação<br />

não-formal é vista como complementar – e<br />

não contraditória ou alternativa – ao sistema


de educação formal e deve, pois, ser desenvolvida<br />

em articulação permanente quer com a educação<br />

formal, quer com a educação informal.<br />

Educação formal,<br />

não-formal e informal<br />

Ao longo dos últimos anos, a<br />

necessidade de formação permanente<br />

– ao longo da vida – mostrou-nos que o<br />

desenvolvimento de competências variadas<br />

pode ser conseguido através da aprendizagem<br />

em contextos quer formais, quer não-<br />

-formais ou informais, sendo essa aprendizagem mais<br />

eficiente porventura nuns do que noutros.<br />

“(...) lifelong learning means all general<br />

education, vocational education and training,<br />

non-formal education and informal learning<br />

undertaken throughout life, resulting in an<br />

”<br />

improvement in knowledge, skills and<br />

competences within a personal, civic, social<br />

and/or employment-related perspective.”<br />

[COM(2004) 474 final, 2004, p. 19]<br />

É pois frequente querermos identificar ou compreender<br />

a educação não-formal a partir da (ou em comparação<br />

com) educação formal ou informal.<br />

Hoje em dia, é no entanto difícil encontrarmos<br />

modelos puros de educação formal e de educação<br />

não-formal. Os âmbitos, os conteúdos, as metodologias<br />

Inducar<br />

e os princípios pedagógicos que as caracterizam são<br />

(felizmente) cada vez mais partilhados de forma sinérgica<br />

e complementar. Para definir conceitos teremos<br />

pois que recorrer a exemplos extremos, ditos “tradicionais”<br />

ou “mais frequentes” destas diferentes vias<br />

educativas.<br />

É fácil compreendermos o conceito de educação<br />

formal se a ele associarmos aquilo que comummente<br />

conhecemos como as escolas e as universidades, enquanto<br />

instituições de ensino “tradicionais”, chamemos-lhe<br />

assim, centradas nas figuras do professor e do<br />

aluno.Ao sistema educativo formal estão normalmente<br />

associadas várias etapas de desenvolvimento (anos<br />

académicos), devidamente graduadas e avaliadas quantitativamente;<br />

estes anos académicos organizam-se por<br />

disciplinas e a cada uma delas estão associados programas<br />

curriculares gerais aprovados e reconhecidos pelos<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

19


20<br />

Inducar<br />

órgãos competentes.Até um determinado nível, a educação<br />

formal (o ensino) é obrigatória.<br />

A educação informal, ao invés, pode definir-se<br />

como tudo o que aprendemos mais ou menos espontaneamente<br />

a partir do meio em que vivemos: das pessoas<br />

com quem nos relacionamos informalmente, dos<br />

livros que lemos ou da televisão que vemos, da multiplicidade<br />

de experiências que vivemos quotidianamente<br />

com mais ou menos intencionalidade em relação ao<br />

seu potencial de aprendizagem. A educação informal<br />

não é necessariamente organizada ou sequer orientada.<br />

De alguma maneira, a educação informal confunde-se<br />

com o processo de socialização dos indivíduos.<br />

A educação não-formal<br />

Enquanto a educação formal tem lugar nas<br />

escolas, colégios e instituições de ensino superior,<br />

tem currículos e regras de certificação claramente<br />

definidos, a educação não-formal é acima de tudo<br />

um processo de aprendizagem social, centrado<br />

no formando/educando, através de actividades que<br />

têm lugar fora do sistema de ensino formal e sendo<br />

complementar deste.<br />

Entre muitas abordagens ao conceito de educação<br />

não-formal, esta é aquela partilhada pelo Conselho<br />

da Europa, que há cerca de trinta anos trabalha<br />

activamente para a promoção e reconhecimento alargados<br />

da educação não-formal através de programas<br />

educativos, seminários, investigação e políticas.<br />

Podemos seguir mais adiante nesta abordagem,<br />

e inspirados num conjunto de documentação varia-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

da do Conselho da Europa, dizendo que a educação<br />

não-formal se baseia na motivação intrínseca do<br />

formando e é voluntária e não-hierárquica por<br />

natureza. Enquanto um sistema de aprendizagem,<br />

vem sendo prática comum sobretudo no âmbito do<br />

trabalho comunitário, social ou juvenil, serviço<br />

voluntário, actividade de organizações não-governamentais<br />

ao nível local, nacional e internacional,<br />

abrangendo uma larga variedade de espaços de<br />

aprendizagem: das associações às empresas e às instituições<br />

públicas, do sector juvenil ao meio profissional,<br />

ao voluntariado e às actividades recreativas.<br />

A educação não-formal tem pois formatos<br />

altamente diferenciados em termos de tempo e<br />

localização, número e tipo de participantes (formandos),<br />

equipas de formação, dimensões de aprendizagem<br />

e aplicação dos seus resultados. É importante sublinhar,<br />

no entanto, que o facto de não ter um currículo<br />

único não significa que não seja um processo de<br />

aprendizagem estruturado, baseado na identificação<br />

de objectivos educativos, com formatos de<br />

avaliação efectivos e actividades preparadas e implementadas<br />

por educadores altamente qualificados.<br />

É, aliás, neste sentido que a educação não-formal se<br />

distingue mais fortemente da educação informal.<br />

Em educação não-formal, os resultados da<br />

aprendizagem individual não são julgados. Isso não<br />

significa, no entanto, que não haja avaliação. Ela é,<br />

regra geral, inerente ao próprio processo de desenvolvimento<br />

e integrada no programa de actividades.<br />

Assume vários formatos e é participada por todos:


formadores e formandos no sentido de aferir progresso<br />

ou reconhecer necessidades suplementares.<br />

Do ponto de vista externo ao processo pedagógico<br />

propriamente dito, a eficácia dos mecanismos de<br />

aprendizagem em educação não-formal pode ser<br />

apreciada e avaliada pela investigação social e educacional<br />

com o mesmo grau de credibilidade que a<br />

educação formal.<br />

O conceito de educação não-formal envolve,<br />

como uma parte integrante do desenvolvimento de<br />

saberes e competências, um vasto conjunto valores<br />

sociais e éticos tais como os direitos humanos, a<br />

tolerância, a promoção da paz, a solidariedade e a<br />

justiça social, o diálogo intergeracional, a igualdade<br />

de oportunidades, a cidadania democrática e a<br />

aprendizagem intercultural, entre outros.Além disto<br />

(e em função disto mesmo), a educação não-formal<br />

coloca a tónica no desenvolvimento de métodos de<br />

aprendizagem participativos, baseados na experiência,<br />

na autonomia e na responsabilidade de cada<br />

formando. É habitual dizer-se que, em educação<br />

não-formal, a forma é conteúdo.<br />

Os objectivos e as metodologias<br />

próprias das práticas educativas em<br />

contexto de educação não-formal<br />

têm fortemente em conta o desenvolvimento<br />

e a experiência pessoal<br />

do educando no seu todo.<br />

Por isso, a educação não-formal procura<br />

propiciar o enquadramento adequado<br />

para responder às aspirações e necessida-<br />

Inducar<br />

des específicas do formando/educando, bem como<br />

para desenvolver as suas competências pessoais<br />

potenciando a sua criatividade.<br />

Ao desenvolver esta reserva de potencialidades,<br />

competências e experiência em cada indivíduo,<br />

a aprendizagem por via da educação não-formal vai<br />

também de encontro àquelas que são hoje em dia as<br />

necessidades específicas, as exigências e as<br />

expectativas do mercado de trabalho e, em<br />

particular, dos empregadores. De facto, tendo em<br />

conta os desenvolvimentos recentes no mundo do<br />

trabalho em contexto de globalização, os empregadores<br />

procuram cada vez mais trabalhadores que<br />

tenham participado em actividades extracurriculares,<br />

que tenham viajado e vivido no estrangeiro, que<br />

falem várias línguas e sejam capazes de trabalhar em<br />

contextos cada vez mais multiculturais, que sejam<br />

capazes de ouvir criticamente e interpretar, de lide-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

21


22<br />

Inducar<br />

rar e coordenar, com um alto índice de mobilidade<br />

e adaptabilidade, etc.<br />

O debate sobre a definição e aplicação do conceito<br />

de educação não-formal, apesar de não ser<br />

recente, está longe de consensos alargados. Há ainda<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

CARNEIRO, Roberto (2000): “20 Anos para Vencer 20 Décadas de<br />

Atraso Educativo” in Roberto Carneiro (coord.): O Futuro da<br />

Educação em Portugal: Tendências e Oportunidades – Um Estudo<br />

de Reflexão Prospectiva. Tomo I – Questões de Método e Linhas<br />

Gerais de Evolução, Lisboa, Ministério da Educação.<br />

CAVACO, Carmen (2002): Aprender Fora da Escola – Percursos de<br />

Formação Experiencial, Lisboa, Educa.<br />

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Longo da Vida, SEC(2000) 1832, Bruxelas.<br />

COMISSÃO EUROPEIA (2001b): Livro Branco: Um Novo Impulso à<br />

Juventude Europeia, COM(2001) 681, Bruxelas.<br />

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Learning: Contribution of the Comission Expert Group (Progress Report).<br />

COMISSÃO EUROPEIA (2004): Decision of the European Parliament<br />

and of the Council Establishing an Integrated Action Programme in<br />

the Field of Lifelong Learning, COM(2004) 474 final, Bruxelas.<br />

CONSELHO DA EUROPA (2003), Draft Recommendation on the<br />

Promotion and Recognition of Non-Formal Education/Learning of<br />

Young People, European Steering Committee for Youth (CDEJ),<br />

Estrasburgo.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

muitos caminhos a trilhar com vista ao reconhecimento<br />

efectivo e alargado desta via educativa.<br />

A missão da inducar em geral pretende ser<br />

apenas um pequeno contributo neste sentido. Sejam<br />

bem-vindos a bordo deste projecto!<br />

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA (2004): Projecto de Conclusões<br />

do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-<br />

-Membros Reunidos no Conselho sobre Princípios Comuns Europeus<br />

de Identificação e de Validação da Aprendizagem Não-Formal e<br />

Informal, 9600/04 EDUC 118 SOC 253, Bruxelas.<br />

EUROPEAN YOUTH FORUM (2000): Staying Alive – The Non-Formal<br />

Learning Domain in Europe, 0793-2k, Bruxelas.<br />

MINISTÉRIO DA SEGURANÇA SOCIAL E DO TRABALHO (2003):<br />

Plano Nacional de Emprego para 2003, Resolução do Conselho de<br />

Ministros n.<strong>º</strong> 185/2003, Diário da República n.<strong>º</strong> 279/03, Série I–B.<br />

UNESCO (1996): Educação: Um Tesouro a Descobrir, Rio Tinto,<br />

Edições Asa.<br />

Vincent, Guy (1994): L’éducation prisonnière de la forme scolaire?,Lyon,<br />

Presses Universitaires de Lyon.<br />

LUÍS CASTANHEIRA PINTO<br />

Pós-graduação em Educação e<br />

Sociedade; Formador, Consultor,<br />

Director Executivo da INDUCAR


Perante as numerosas mudanças na sociedade e<br />

no mundo do trabalho, precisamos de reinventar<br />

a forma de ensinar e aprender, presencial e<br />

virtualmente. Há que encontrar novos modelos que<br />

respondam a novas situações.<br />

O e-formador surge como um elemento fundamental,<br />

tornando-se um “sucessor” do formador tradicional<br />

dos contextos presenciais, um instrumento dinamizador<br />

do estudo de conteúdos programáticos em<br />

formação on-line/e-Learning.<br />

Problemas como o abandono ou a falta de motivação,<br />

nos novos ambientes virtuais de aprendizagem,<br />

poderão ser muitas vezes superados com recurso<br />

a simulações, a experiências de aprendizagem colaborativa<br />

e gestão do conhecimento partilhado. A Internet<br />

e as tecnologias de informação e comunicação,<br />

Instrumentos de Formação<br />

Ser Formador<br />

em Contexto<br />

Virtual de<br />

Aprendizagem<br />

“ ”<br />

Como podem os formadores tradicionais transformar<br />

as suas competências de modo a que<br />

sejam úteis na era do e-Learning?<br />

em geral, permitem a criação de espaços simulados e<br />

colaborativos, incentivando a interacção como meio<br />

de testar a tomada de decisão por parte dos formandos.<br />

Trata-se de estratégias motivadoras que requerem<br />

a aplicação e integração dos conhecimentos adquiridos<br />

anteriormente, tanto formais como informais.<br />

Competirá ao e-formador definir com clareza os<br />

objectivos pedagógicos, assim como os destinatários<br />

da formação, tentar prever as possíveis respostas dos<br />

formandos e dar instruções precisas de modo a que<br />

estes possam demonstrar as suas capacidades.<br />

O que muda, então, no desempenho<br />

do formador?<br />

Muda, sobretudo, a relação de espaço, tempo e<br />

comunicação com os formandos.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

23


24<br />

Instrumentos de Formação<br />

Estamos,com efeito,perante três novos conceitos:<br />

• Espaço: amplia-se da sala de formação para o contexto<br />

virtual.<br />

• Tempo: aumenta para enviar ou receber informação.<br />

• Processo de comunicação: torna-se mais abrangente,<br />

ultrapassando a sala de formação e desenvolvendo-se<br />

na Internet, no ciberespaço, através de diferentes<br />

ferramentas assíncronas ou síncronas – e-mail,fórum,<br />

chat, videoconferência, etc.<br />

O e-formador e a socialização<br />

na formação on-line/e-Learning<br />

As TIC vieram contribuir para um aumento da<br />

interactividade e dos processos de feedback entre formando/formandos/formadores,<br />

tornando os ambientes<br />

de aprendizagem mais colaborativos.<br />

Ao combinar várias tecnologias, os formadores<br />

esperam recrear virtualmente, com sucesso, a atmosfera<br />

da formação presencial, minimizando o isolamento<br />

dos formandos através da realização de sessões presenciais,<br />

complementares e do recurso às ferramentas<br />

electrónicas de comunicação. No entanto, nem todos<br />

os formadores estão igualmente motivados para mudar<br />

o seu comportamento.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Atitudes possíveis dos formadores perante as TIC<br />

• Não as considerarem.<br />

• Revelarem uma atitude de indiferença.<br />

• Exagerarem o seu papel.<br />

Principais obstáculos às TIC<br />

• Receio de perda de autoridade e controlo.<br />

• Sentimento de inferioridade (perante o nível de<br />

conhecimentos informáticos dos formandos).<br />

• Resistência à mudança.<br />

As funções primordiais de qualquer e-formador<br />

são duas: aconselhamento e apoio tutorial.A<br />

primeira visa acompanhar o progresso de estudo do<br />

formando, e a segunda procura ajudar a resolver problemas<br />

e, sobretudo, a encontrar soluções.<br />

No âmbito da formação on-line/e-Learning,a Comunicação<br />

Mediada por Computador (CMC),<br />

baseada nas tecnologias assíncronas (e-mail, fóruns,<br />

transferência de ficheiros por FTP, etc.) e síncronas


(chat, videoconferência, whiteboard, etc.) coloca o<br />

enfoque na vertente comunicacional, relacional e<br />

social entre formando/formandos/formador.<br />

Trata-se de um conjunto de média que propiciam<br />

o trabalho colaborativo, o brainstorming e a aprendizagem<br />

construtivista.<br />

Dadas as vantagens destes dois tipos de ferramentas,<br />

torna-se conveniente explorá-las de forma conjunta.<br />

No entanto, deverão ser utilizadas de forma criteriosa,<br />

pelo que o e-formador terá de ter sempre presente<br />

determinados princípios.<br />

Características das ferramentas<br />

síncronas/assíncronas<br />

• Acessibilidade/funcionalidade.<br />

• Relevância.<br />

• Coerência.<br />

Geralmente, estas ferramentas encontram-se integradas<br />

em plataformas tecnológicas de e-Learning que<br />

possibilitam um sistema de gestão administrativa e<br />

financeira; um sistema de gestão da aprendizagem e um<br />

sistema de gestão dos conteúdos (designados por<br />

“objectos de aprendizagem”).<br />

<strong>Formar</strong> em ambientes virtuais exige uma maior<br />

dedicação por parte do e-formador, mais apoio de uma<br />

Instrumentos de Formação<br />

equipa técnico-pedagógica, mais tempo de preparação e<br />

acompanhamento. Implica funções flexíveis, muito mais<br />

exigentes a nível da atenção, sensibilidade, intuição e do<br />

domínio tecnológico. O e-formador revela-se, em suma,<br />

tendencialmente, um moderador e catalisador da troca<br />

de informação e um orientador na construção e descoberta<br />

do conhecimento. “É um verdadeiro construtor<br />

de pontes entre todos os formandos.”<br />

Quanto ao e-formando, também lhe são exigidas<br />

novas responsabilidades, novos modelos de auto-organização,relacionados<br />

com a forma como adquire a informação.<br />

As TIC ajudam-no na definição das suas próprias<br />

estratégias, sobretudo a nível da resolução de problemas,<br />

promovendo projectos multidisciplinares e facilitando<br />

a auto-avaliação.<br />

A interacção, que está na génese do processo socializante<br />

da aprendizagem, pode assumir quatro tipos:<br />

Internet<br />

Acesso<br />

Internet<br />

Software<br />

Computador<br />

FORMANDO<br />

Impressora<br />

Rato<br />

Teclado<br />

Figura 1: Interacção formando/interface<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

25


26<br />

Instrumentos de Formação<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Formador<br />

Chat, E-mail, Fórum,<br />

Videoconferência, etc.<br />

Formando Formando<br />

Figura 2: Interacção formando/formador<br />

e formando/formando<br />

Actividades<br />

interactivas<br />

Biblioteca<br />

on-line<br />

Formador<br />

Formando<br />

Imagens<br />

Formandos<br />

Figura 3: Interacção formando/conteúdo<br />

Modelo de aprendizagem on-line<br />

Neste âmbito, Gilly Salmon1 criou um modelo de<br />

aprendizagem on-line, constituído por cinco etapas<br />

que requerem diferentes competências e estratégias, tanto<br />

por parte dos e-formadores como dos e-formandos.<br />

Cada etapa representa um nível diferente de interacção<br />

do formando com o conteúdo do curso e com<br />

os outros participantes, pressupondo também um apoio<br />

específico dos formadores.<br />

Modelo de Gilly Salmon<br />

1.ª Etapa: Acesso e motivação<br />

2.ª etapa: Socialização on-line<br />

3.ª etapa: Troca de informação<br />

4.ª etapa: Construção do conhecimento<br />

5.ª etapa: Desenvolvimento pessoal<br />

Passamos a analisar o comportamento do e-formador<br />

em cada uma destas etapas.<br />

1.ª: Deve contactar com cada formando para oferecer<br />

segurança, dar as boas-vindas e motivá-lo no sentido<br />

de ele não desistir do curso e de participar activamente.<br />

2.ª: Compete-lhe promover o debate, criando oportunidades<br />

de interacção social entre os formandos.<br />

Poderá também intervir, sempre que julgar necessário,<br />

mantendo um ambiente em que aqueles se<br />

sintam à vontade para exprimir as suas opiniões.<br />

3.ª: Os formadores deverão agir como facilitadores,<br />

durante as actividades dos formandos, procurando<br />

utilizar estratégias pedagógicas tradicionais como a<br />

preparação e o planeamento.<br />

1 Salmon, G. (2004). E-Moderating:The Key to Teaching and Learning<br />

Online, Londres, Routledge.


Fomentarão igualmente a partilha de informação e<br />

conhecimento num contexto colaborativo de aprendizagem.<br />

4.ª: O seu papel muda e traduzir-se-á no aconselhamento<br />

e apoio, estimulando e fazendo sínteses<br />

durante os debates.<br />

5.ª: Consagrarão toda a sua intervenção a apoiar os<br />

formandos e a responder a dúvidas.<br />

O e-formando torna-se, assim, membro de um<br />

“sistema de conhecimento distribuído”/“distributed learning”,<br />

de uma rede de comunicação, dando origem ao<br />

aparecimento de “comunidades de aprendizagem”.<br />

Estas valorizam as experiências metacognitivas<br />

que se manifestam através de processos participativos,<br />

partilhados, de debate, discussão, identificação e resolução<br />

de problemas.<br />

Conclusões<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Instrumentos de Formação<br />

As atitudes do e-formador num curso virtual serão<br />

essenciais para alcançar um processo de formação eficaz<br />

e incidirão directamente no nível de satisfação dos<br />

formandos, no número de desistências e nos resultados<br />

das avaliações.<br />

De meros transmissores de conhecimento, os formadores<br />

passam a facilitadores eficazes da aprendizagem<br />

com características e competências muito diversificadas.<br />

• Empatia.<br />

• Tolerância.<br />

• Consistência de opiniões.<br />

• Capacidade de interagir.<br />

• Compreensão individual e grupal.<br />

• Capacidade para moderar debates.<br />

• Aptidão para aplicar conhecimentos em situações<br />

concretas.<br />

Baptista, A. et al. (2004). E-Learning para E-Formadores, Guimarães,<br />

TecMinho.<br />

Capitão, Z. e Lima, J. (2003). E-Learning e E-Conteúdos, Lisboa,Vila Nova<br />

de Famalicão, Centro Atlântico, Ltdª.<br />

Castells, M. (1999). A Sociedade em Rede, Rio de Janeiro, Paz e Terra.<br />

Collis, B. e Moonen, J. (2001). Flexible Learning in a Digital World,<br />

Londres, Kogan Page.<br />

Moran, J. M. et al. (2003). Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica, S.<br />

Paulo, Papirus.<br />

Salmon, G. (2004). E-Moderating: The Key to Teaching and Learning<br />

Online, Londres, Routledge.<br />

MARIA CLARA RAMOS<br />

Doutorada em Ciências da<br />

Educação, Comunicação<br />

Educacional e Multimédia<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

27


28<br />

Análise Crítica<br />

O diagnóstico sobre a evolução e a situação actual do nível de qualificações da população portuguesa<br />

tornam inquestionável a pertinência e a oportunidade do lançamento do programa “Novas<br />

Oportunidades”, inserido no âmbito do Plano Nacional de Emprego e do Plano Tecnológico e publicamente<br />

apresentado pelo Governo em Dezembro de 2005. Neste texto1 procurarei enunciar os aspectos<br />

mais positivos desta iniciativa, identificar algumas questões problemáticas que a sua execução coloca<br />

e assinalar alguns pontos que me parecem merecedores de críticas e exigem uma nova ponderação.<br />

A título introdutório, farei uma curta observação sobre a fundamentação do programa e aquilo que<br />

considero uma “retórica” dispensável e pouco esclarecedora.<br />

1 Este texto corresponde a uma versão escrita da minha intervenção na sessão pública de apresentação do programa, realizada em 14 de<br />

Dezembro de 2005, em Lisboa, no Centro de Congressos da FIL.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Multiplicar as<br />

Oportunidades<br />

Educativas


Aprender compensa<br />

A incompletude como traço intrínseco do ser<br />

humano condena-o a aprender, como condição necessária<br />

da sua realização enquanto pessoa. Numa sociedade<br />

que muitos passaram a adjectivar como “sociedade<br />

do conhecimento”, em que a aprendizagem se confunde<br />

com o ciclo de vida, urge multiplicar as oportunidades<br />

de aprendizagem. Ninguém de bom senso porá em causa<br />

que “aprender compensa”. Só que essa compensação<br />

nem se reduz ao campo da mera racionalidade económica<br />

nem nele se situa de modo linear.Tomando como<br />

referência a teoria do capital humano, a justificação do<br />

programa retoma os habituais e “velhos” clichés sobre<br />

a relação directa e linear entre o investimento na qualificação<br />

dos recursos humanos e o “crescimento económico”,<br />

o “desenvolvimento”, a superação do “atraso”, o<br />

“emprego”, a “produtividade”, a “competitividade” e a<br />

“coesão social”. Ora, não ficará mal reconhecer que<br />

esta relação linear e directa não existe. Nas últimas décadas<br />

e nos países que não estão na “cauda da Europa”,<br />

o aumento generalizado das qualificações escolares é<br />

concomitante com o crescimento do desemprego como<br />

fenómeno estrutural de massas, com a precarização e a<br />

incerteza dos vínculos laborais, com o agravamento das<br />

desigualdades e da chamada “exclusão social”. Em<br />

Portugal, todos os dias há 340 novos desempregados,<br />

dos quais 17 são licenciados2 .Por outro lado, como<br />

reconhece um insuspeito e competente economista da<br />

área política do Governo, o aumento da competitividade<br />

é conflitual com a “coesão social”, na medida em que a<br />

“modernização” da economia implica aceitar um<br />

2 Cf. Expresso, caderno Emprego de 17-12-2005.<br />

3 Entrevista de Augusto Mateus ao Público de 29-11-2005.<br />

4 Cf. Público Economia, 9-12-2005.<br />

Análise Crítica<br />

aumento do desemprego (que é, no imediato, encarado<br />

como uma solução) 3 .O facto de vivermos numa economia<br />

sem fronteiras nacionais também explica que,<br />

numa situação que todos classificam de recessiva e num<br />

sector particularmente em crise (a construção civil), as<br />

quatro maiores empresas portuguesas do sector tenham<br />

acumulado nos primeiros nove meses de 2005<br />

lucros que rondam os 100 milhões de euros4 . Em síntese,<br />

do meu ponto de vista não tenho dúvidas de que<br />

“aprender compensa”, mas não penso que a melhor<br />

justificação seja a subordinação funcional das políticas<br />

de educação e de formação à racionalidade económica<br />

com que nos confrontamos.<br />

Uma iniciativa positiva e oportuna<br />

Do programa agora apresentado julgo que será<br />

importante salientar como aspectos mais positivos e<br />

quase diria inquestionáveis, os seguintes:<br />

• A definição do nível de 12 anos de escolaridade como<br />

horizonte geral (sem que isso implique necessaria-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

29


30<br />

Análise Crítica<br />

mente alargar por via legal o período de escolaridade<br />

obrigatória, nem pôr em causa uma escolaridade básica<br />

universal de nove anos) para a nossa população<br />

jovem. Trata-se de acompanhar uma evolução internacional<br />

ligada à inexorável desvalorização dos<br />

diplomas, com particular incidência no diploma de<br />

escolaridade obrigatória.<br />

• Valorizar e diversificar a dimensão profissionalizante<br />

da oferta educativa escolar, nomeadamente ao nível<br />

do ensino secundário, fazendo acompanhar esta medida<br />

de uma aposta no reforço dos dispositivos de<br />

orientação escolar e profissional.<br />

• Investir significativamente no crescimento da oferta<br />

dos cursos EFA (Educação e Formação de Adultos),<br />

na sua dupla e complementar dimensão escolar e profissional,<br />

diversificando e alargando, quer o universo<br />

dos destinatários, quer das entidades promotoras.<br />

• Fazer coincidir esta aposta no alargamento dos cursos<br />

EFA com o alargamento e consolidação da rede<br />

de CRVCC (Centros de Reconhecimento,Validação e<br />

Certificação de Competências), promovendo a extensão<br />

(há muito prevista) destes procedimentos ao ensino<br />

secundário.<br />

• Reorientar a oferta formativa, no que respeita a públicos<br />

adultos, para os activos empregados, corrigindo<br />

uma orientação fortemente direccionada para desempregados,<br />

reduzindo a formação a uma dimensão<br />

assistencialista e paliativa.<br />

• Promover a gestão integrada da rede de estabelecimentos<br />

de ensino existentes, contribuindo para quebrar<br />

dicotomias nefastas entre ofertas para públicos<br />

adultos e públicos jovens, entre ensino regular e<br />

formação profissional. Acresce que esta orientação<br />

poderá ser positivamente utilizada como uma estratégia<br />

para renovar o funcionamento dos estabele-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong>


Análise Crítica<br />

cimentos de ensino “regular”, ajudando-os a evoluir<br />

para centros de educação permanente, territorialmente<br />

contextualizados.<br />

Quatro problemas<br />

A concretização de um programa tão vasto e<br />

assumidamente ambicioso nas metas que se propõe<br />

inevitavelmente se defronta com problemas difíceis.<br />

Escolhi destacar quatro:<br />

Primeiro problema: Estamos perante um programa, necessário<br />

e oportuno, que é inequivocamente um conjunto<br />

de ofertas de segunda oportunidade, destinado<br />

fundamentalmente a colmatar problemas ligados quer<br />

ao abandono precoce da escolarização, quer aos elevados<br />

níveis de insucesso escolar, quer à reconhecida<br />

ineficácia do chamado “ensino recorrente”. Ou seja, o<br />

carácter urgente de oferecer estas “novas oportunidades”<br />

a jovens e adultos tem a sua raiz nos problemas<br />

estruturais que afectam a “primeira oportunidade”, o<br />

nosso sistema escolar. Isto significa que o êxito do programa<br />

“Novas Oportunidades” será fortemente condicionado<br />

pela capacidade que houver para melhorar o<br />

desempenho da rede de escolas públicas, promovendo<br />

a sua real autonomia (com apoio e monitorização) e<br />

simultaneamente reforçando o profissionalismo docente.<br />

Segundo problema: Propondo-se, ao nível do ensino secundário,<br />

aumentar a percentagem de jovens a frequentar<br />

vias “profissionalizantes”, por oposição ao número<br />

daqueles que frequentam vias “orientadas para o<br />

prosseguimento de estudos”, o programa permanece<br />

refém da dicotomia entre a formação “profissional” e a<br />

formação “liceal”. Esta contraposição não é hoje pertinente.<br />

Num quadro de educação ao longo de toda a<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

31


32<br />

Análise Crítica<br />

vida, o prosseguimento de estudos é uma possibilidade<br />

que terá de estar sempre aberta. Por outro lado, se<br />

todo o ensino superior é necessariamente profissionalizante<br />

(o que é reforçado pelo quadro criado por Bolonha),<br />

o mesmo deverá aplicar-se ao ensino secundário,<br />

entendido como um ciclo terminal, marcado pela<br />

diversidade de vias de idêntica dignidade, cabendo às<br />

instituições do ensino superior definir os critérios de<br />

acesso aos seus cursos.<br />

Terceiro problema: O crescimento exponencial da escolarização<br />

tem vindo a colocar situações dilemáticas<br />

sobre o modo de conciliar a massificação com a excelência.<br />

Coexiste um discurso que, tendo como referente<br />

a “qualidade”, pretende combater o “facilitismo”<br />

e, portanto, reforçar os mecanismos de selecção, com<br />

um discurso aparentemente contraditório de “combate”<br />

determinado ao insucesso e ao abandono escolares,<br />

inclusive ao nível do ensino superior.A confusão engendrada<br />

por este duplo discurso leva, por exemplo, a que<br />

um professor me tenha manifestado as suas dúvidas<br />

sobre o que “eles” de facto querem, “se passá-los ou<br />

chumbá-los”.As metas previstas para o crescimento da<br />

oferta de cursos EFA e para a expansão da rede de<br />

CRVCC representa uma mudança de escala que coloca<br />

claramente este problema. Estão em causa duas inovações<br />

importantes cujo sucesso se deveu a um cuidadoso<br />

processo de planeamento, acompanhamento e<br />

crescimento controlado. Como se vai lidar com esta<br />

questão?<br />

Quarto problema: O programa que agora se anuncia é,<br />

justamente, ambicioso, mas na nossa melhor tradição é<br />

apresentado como uma “batalha”, ou seja, uma espécie<br />

de campanha militar que do passado tende a fazer tá-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

bua rasa. Ora, um programa desta dimensão supõe que<br />

se aproveite o património de inteligência colectiva e<br />

individual que temos vindo a acumular. No ensino básico,<br />

no ensino secundário profissional, na educação e<br />

formação de adultos, dispomos de um conjunto de<br />

experiências com as quais é imperioso aprender: penso<br />

na Escola Ponte e no Projecto das Escolas Rurais, penso<br />

também no que foi a experiência pioneira do GETAP<br />

e das Escolas Profissionais, penso na acção exemplar da


ANEFA no lançamento dos cursos EFA e<br />

dos CRVCC, penso em experiências<br />

de longo fôlego que articulam a<br />

formação de jovens e adultos e as<br />

dimensões escolar, profissional e<br />

de animação, como é o caso dos<br />

projectos de intervenção conduzidos<br />

na Serra do Caldeirão pela Associação In<br />

Loco. Como aprender com esta experiência<br />

acumulada e fazer reverter essa<br />

aprendizagem para a concretização destas<br />

“Novas Oportunidades”? Eis uma questão<br />

em aberto.<br />

Pontos críticos<br />

A superação das dificuldades inerentes<br />

à concretização de um programa tão<br />

vasto como o que agora se anuncia apela<br />

a que sejam consideradas quatro questões<br />

que, no meu entender, não têm sido<br />

objecto da devida ponderação e que se<br />

instituem como verdadeiros pontos críticos,<br />

cuja abordagem terá de ser sistémica.<br />

Têm de ser abordados ao mesmo tempo<br />

e não de forma fragmentada e sequencial.<br />

Definir uma política global e coerente<br />

de educação permanente<br />

A educação como processo permanente apela a<br />

que se multipliquem as oportunidades educativas e não<br />

a que se proceda à simples justaposição de um sistema<br />

escolar com uma oferta de segunda oportunidade (também<br />

ela tradicionalmente escolarizada). Apela, portanto,<br />

a uma transformação, em profundidade, do sistema<br />

escolar,fazendo de cada escola um colectivo “inteligente”,<br />

Análise Crítica<br />

capaz de se abrir, enquanto sistema plurifuncional de<br />

recursos, à utilização intensiva de públicos e parceiros<br />

variados, instituindo-se como um centro contextualizado<br />

de educação permanente e contribuindo para<br />

a articulação local de uma diversidade de ofertas.<br />

Supõe-se, como publicamente defendeu o Presidente<br />

da República5 , que a formação de adultos passará a<br />

constituir uma efectiva prioridade estratégica, não encerrada<br />

nas fronteiras do escolar nem da formação de<br />

recursos humanos. A extinção da ANEFA, e a sua<br />

“substituição” por uma Direcção-Geral de Formação<br />

Vocacional, constituiu, nesta perspectiva, um claro erro<br />

ou, para ser mais contundente, um “crime institucional” 6 .<br />

A educação e a formação de adultos têm vindo a ser<br />

marcadas por uma orientação triplamente redutora:<br />

privilegia a formação de recursos humanos, assume<br />

modalidades escolarizadas e dirige-se à capacitação<br />

individual. O sucesso futuro deste programa depende<br />

da capacidade de ultrapassar esta prática redutora.<br />

Optimizar os recursos disponíveis<br />

Nas últimas décadas, tivemos a possibilidade de<br />

dispor de consideráveis montantes financeiros consagrados<br />

à educação e à formação, decorrentes da integração<br />

portuguesa na União Europeia e no acesso a<br />

fundos comunitários de apoio. Todos os estudos e<br />

indicadores disponíveis, provenientes de diversos tipos<br />

de entidades (organismos públicos, associações sindicais<br />

e patronais), convergem na verificação de fortes<br />

5 Encontro de Educação e Formação de Adultos realizado a 14<br />

de Dezembro de 2005, na Fundação Calouste Gulbenkian, à data,<br />

Dr. Jorge Sampaio.<br />

6 Expressão utilizada por Alberto de Melo no Encontro supra<br />

referido.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

33


34<br />

Análise Crítica<br />

desperdícios e de baixos índices de eficácia na utilização<br />

desses recursos. A esse desperdício acresce a<br />

existência de efeitos perversos, na medida em que as<br />

normas de execução financeira conflituam com modos<br />

de agir pedagogicamente mais adequados. Por exemplo,<br />

no caso dos cursos EFA o modo de financiamento condiciona<br />

a plena utilização do recurso ao reconhecimento<br />

de adquiridos e consequente definição de percursos<br />

individualizados e de duração variável. Estamos perante<br />

uma questão que não pode ser ignorada.<br />

Contextualizar as ofertas educativas<br />

Os diversos tipos de oferta e de intervenção educativa<br />

potenciam-se se forem construídos numa perspectiva<br />

contextualizada de integração territorial. Por<br />

essa razão, os cursos EFA e os Centros RVCC não<br />

foram concebidos e lançados de forma isolada, mas em<br />

articulação com os Clubes Saber + e prevendo-se a<br />

acção de Organizadores Locais de Educação e Formação<br />

de Adultos (OLEFAS). No caso do Programa Foral<br />

(programa de financiamento à formação na administração<br />

local), os baixos índices de execução financeira<br />

poderiam ter sido substancialmente melhorados com a<br />

articulação do Foral com a promoção dos cursos EFA<br />

e a acção dos CRVCC. Esta preocupação com a integração<br />

territorial e o modo de a concretizar está pouco<br />

enfatizada no documento programático agora em<br />

discussão.<br />

Valorizar o papel dos formadores<br />

Numa fórmula pouco feliz, um ex-ministro da Educação<br />

referiu-se aos professores como a “alavanca<br />

humana” da reforma do ensino. Apesar disso, teve o<br />

mérito de reconhecer que em matéria de aprendizagens<br />

os recursos fundamentais são as pessoas dos<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

que aprendem e dos que asseguram o papel de formadores.<br />

Sem a colaboração, o empenho, o zelo e a motivação<br />

destes últimos, nenhuma “batalha” da educação<br />

ou da formação pode ser ganha. É estranho que numa<br />

“sociedade do conhecimento” os profissionais da educação<br />

e da formação não sejam particularmente reconhecidos<br />

e incentivados. Aquilo a que assistimos é a<br />

uma preocupante degradação e “proletarização” desse<br />

tipo de profissionais. No campo da formação profissional<br />

predomina o vínculo laboral incerto, o salário baixo<br />

e pago ao sabor das contingências dos mecanismos de<br />

financiamento. Sob o manto diáfano do recibo verde<br />

multiplica-se uma multidão de “empresários de si”,<br />

vivendo de biscates. Quanto aos professores (decisivos<br />

para melhorar a “primeira oportunidade” e adequar as<br />

escolas a uma política de educação permanente), a sua<br />

situação profissional tem vindo a degradar-se em termos<br />

objectivos e subjectivos. Melhorar o funcionamento<br />

das escolas significa, em termos técnicos, aumentar a<br />

sua produtividade. Para alcançar esse objectivo seria<br />

sensato pensar em incorporar mais conhecimento no<br />

desempenho profissional e mudar os métodos e a<br />

organização do trabalho, em vez de alongar a jornada<br />

de trabalho (método característico dos períodos de<br />

acumulação primitiva de capital). Será possível apostar<br />

na inteligência, revalorizando e acarinhando os profissionais<br />

da educação e da formação?<br />

RUI CANÁRIO<br />

Professor na Universidade de Lisboa


Escolas Populares<br />

Um Lugar de Aprendizagem<br />

para Idades Diferentes<br />

Quando no ano passado fui a uma conferência na Dinamarca, visitei a escola Krogerup Hojskole,<br />

que era denominada de “folk school”. Esta visita confrontou-me com um modo diferente de organizar<br />

e pensar a escola.<br />

Escolas secundárias populares<br />

“folk schools”<br />

Como é que reagiriam se o professor de filosofia<br />

dessa escola vos explicasse que em vez de seguir um<br />

currículo previamente estabelecido, integra quem se<br />

inscreve nas suas aulas na pesquisa e estudo que ele no<br />

momento estiver a fazer? Ou seja, os seus alunos irão<br />

acompanhar alguém no estudo de um autor ou no<br />

processo de pensar filosoficamente sobre um tema.<br />

Nesta altura já devem ter perguntado qual o sentido<br />

de se falar de “escolas secundárias” numa revista<br />

essencialmente dedicada ao conceito de Aprendizagem<br />

ao Longo da Vida? Talvez a resposta mais imediata seja<br />

a de que Grundtvig, o ideólogo que está na origem das<br />

“folk school” (ou escolas populares), foi um dos pensadores<br />

fundamentais na história da Educação de Adultos<br />

e da Educação Popular. Por outro lado, porque percebi<br />

que, ainda hoje, estas escolas são espaços pensados e<br />

organizados para a aprendizagem mas com um forte<br />

sentido de construção e partilha de saberes entre todos<br />

os envolvidos, de forma vivida e co-responsável.<br />

Para Grundtvig, a escola popular tinha de ser um lugar<br />

de encontro para idades diferentes e para participantes<br />

de diferentes áreas geográficas, onde “diferentes formas<br />

de responsabilidade partilhada e co-determinação de-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

35


36<br />

Escolas Populares<br />

viam criar interacção, troca e diálogo entre professores<br />

e alunos” (Nimela, 2004).<br />

Nem grau académico, nem qualificação formal<br />

A expressão “folk school” é difícil de traduzir, em<br />

especial porque ao lermos a palavra “escola” tendemos<br />

a procurar fazer sentido dela à luz da organização escolar<br />

que conhecemos. As “folk schools” actuais são, em<br />

geral, “folk high schools” ou seja, “escolas secundárias<br />

populares” (denominação utilizada no site oficial da<br />

Noruega em Portugal). Convém, no entanto, alertar<br />

desde já que esta é uma denominação adaptada ao<br />

modo actual de categorizar as escolas mas que elas, de<br />

facto, não se enquadram no que é usual esperarmos das<br />

escolas secundárias. Por exemplo, não conferem qualquer<br />

grau académico ou qualquer qualificação formal,<br />

embora sejam hoje bastante procuradas nos países<br />

nórdicos por jovens adultos que já completaram o ensino<br />

secundário.Aí, a maioria dos jovens que as procuram<br />

já se encontra em condições de iniciar os seus estudos<br />

universitários; no entanto, preferem fazer um compasso<br />

de espera que lhes permita explorar vias e modos<br />

alternativos de aprendizagem, e é nesse contexto que a<br />

vivência de algum tempo nas escolas populares é procurada<br />

pelos jovens.<br />

Durante a visita, uma professora dinamarquesa<br />

que nos acompanhava contou-nos como se tinha sentido<br />

surpreendida quando a sua filha mais velha, ao terminar<br />

a escola secundária, manifestou o desejo de se<br />

inscrever num curso de seis meses numa escola popular.<br />

No imaginário desta mãe, tais escolas tinham ficado<br />

associadas à educação das classes populares. Daí o seu<br />

interesse na visita, ela queria perceber o porquê destas<br />

escolas continuarem a ser tão atraentes para os jovens<br />

de hoje (o que revela como esta nova faceta das esco-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong>


Escolas Populares<br />

las populares não é conhecida por muitos dos próprios<br />

dinamarqueses). No final desse dia, estava de tal forma<br />

convicta da relevância das aprendizagens que os jovens<br />

aí podiam fazer, que desejava que a sua filha mais nova<br />

manifestasse o mesmo interesse. Mas a população que<br />

frequenta estas escolas não é só constituída por jovens<br />

adultos. Por exemplo, no dia da visita estava a decorrer<br />

um curso de quatro dias sobre a temática “Viver com<br />

qualidade” essencialmente frequentado por pessoas<br />

(homens e mulheres) já adultas. As actividades versavam<br />

aspectos variados, desde a alimentação até noções<br />

de saúde física e de bem-estar psíquico ou espiritual.<br />

Plataforma de igualdade para a educação<br />

Falar das escolas populares “folk schools” é mais do<br />

que falar de um tipo de escolas, é pensar num conceito<br />

e num movimento iniciado no século XIX pelo bispo<br />

e poeta dinamarquês N. F. S. Grundtvig, um nome que<br />

talvez seja familiar a quem está dentro da área da<br />

Formação de Adultos.As “folk schools” que foram fundadas<br />

por este clérigo visavam criar uma plataforma de<br />

igualdade para a educação em que todas as pessoas –<br />

os camponeses e as elites – se sentavam juntos como<br />

iguais em capacidade para discutir as questões e ideias<br />

do seu tempo. Na época, o seu maior investimento era<br />

a educação das classes camponesas como resposta às<br />

necessidades emergentes das modificações sociais da<br />

época. Dedicavam-se, por exemplo, à sua alfabetização,<br />

mas também à tomada de consciência dos seus direitos<br />

democráticos enquanto cidadãos, num sentido próximo<br />

das ideias de Paulo Freire.<br />

Actualidade das “folk schools”<br />

Este tipo de escolas continua a ter, actualmente,<br />

uma forte implantação nos países nórdicos (Dinamarca,<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

37


38<br />

Escolas Populares<br />

Suécia, Noruega e Finlândia) mas também existem noutros<br />

locais do Mundo como, por exemplo, nos Estados<br />

Unidos da América. Hoje, encontram-se em pleno funcionamento<br />

e com popularidade 86 escolas na Dinamarca,<br />

77 na Noruega, 90 na Finlândia e 147 na Suécia. O<br />

conjunto de áreas de formação e de acção que hoje<br />

apresentam é bastante diferente das existentes nos primeiros<br />

anos do movimento. Podemos encontrar, por<br />

exemplo, música, artes do espectáculo, vida ao ar livre,<br />

meios de comunicação social, cinema, fotografia, informática,<br />

artes e ofícios, solidariedade internacional, ao lado<br />

de sociologia, filosofia, antropologia, política internacional,<br />

astronomia e ecologia.Também são notórias as diferenças<br />

entre as escolas nórdicas e as que ainda hoje<br />

subsistem nos EUA, como H. Stubblefield salienta num<br />

artigo em que analisa o impacto do conceito das escolas<br />

populares dinamarquesas nos EUA, em particular, no<br />

âmbito da Educação de Adultos. Discute algumas das<br />

razões pelas quais este conceito de educação teve pouco<br />

impacto nos EUA afirmando, por exemplo, que “possivelmente<br />

não foi encontrada uma base cultural Americana<br />

comum” (http://www-distance.syr.edu/stubblefield.html).<br />

Nesta diversidade encontra-se um conjunto de<br />

características comuns que decorrem dos princípios<br />

básicos desenvolvidos por Grundtvig, o que permite<br />

continuar a reconhecê-las, ainda hoje, como “folk<br />

schools”. E um desses princípios, defendidos pelo próprio<br />

Grundtvig, fomenta que a escola deve reinterpretar<br />

a ideologia em que se integra. Assim, as diferenças<br />

que encontramos entre elas revelam a forte integração<br />

de cada uma dessas escolas na comunidade local que se<br />

concretiza, hoje, pela intervenção activa dos vários<br />

agentes dessa comunidade (desde as autoridades locais<br />

aos agentes produtivos) na direcção da escola. Eles<br />

podem ter um papel activo em várias decisões relativas,<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong>


Escolas Populares<br />

por exemplo, à gestão da escola, à escolha dos seus<br />

professores, à definição das áreas e tipos de cursos a<br />

proporcionar. Esta característica, associada à forte orientação<br />

para o encorajamento do desenvolvimento<br />

individual dos alunos, a par com o seu desenvolvimento<br />

social, pode continuar a exprimir-se pela ampla liberdade<br />

que, ainda hoje, é reconhecida a cada uma destas escola<br />

(no seu todo) quanto ao desenho dos seus cursos.<br />

A primazia “à palavra vivida” é uma orientação de<br />

Grundtvig, em que se procura que, mesmo a palavra falada,<br />

por exemplo nas aulas expositivas, seja proporcionada<br />

de modo a que todos consigam relacionar a mensagem da<br />

fala com o que acontece nas suas vidas aqui e agora (mais<br />

uma proximidade forte com as ideias de Paulo Freire).Esta<br />

preocupação de Grundtvig com a “palavra vivida” (e não<br />

só com a “palavra escrita”) interliga-se com a ideia de que<br />

mais do que “ensinar conhecimentos” ou do que dar soluções<br />

às pessoas, é importante ajudá-las a adquirir uma<br />

base educacional que lhes permita tomar controlo das<br />

suas próprias vidas, ou seja, predispô-las para mudanças<br />

estruturais. E isso passa pelo envolvimento de todos cooperativamente<br />

na vivência da aprendizagem.A educação é<br />

aqui encarada como algo mais que o resultado de uma<br />

transmissão e aquisição de conteúdos, e o enriquecimento<br />

de “saberes” específicos decorre em paralelo com o<br />

desenvolvimento de um sentido de orgulho pelas competências<br />

que desenvolve. A rede de conexões pessoais<br />

intensas que se podem estabelecer nessa conjugação de<br />

vivências e aprendizagem constitui um enquadramento<br />

para o desenvolvimento do indivíduo como um membro<br />

não só respeitado mas que se auto-respeita. Esta mesma<br />

preocupação continua viva, actualmente, embora com<br />

modos de o expressar adaptados aos momentos presentes.<br />

Por exemplo, ela é visível quando uma escola secundária<br />

popular sueca apresenta no seu site (http://www.sjo-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

39


40<br />

Escolas Populares<br />

vik.fhsk. se/english.phd) como objectivo global de escola<br />

“dar uma educação cívica geral”. A junção da aprendizagem<br />

com a vivência cooperativa de responsabilidades<br />

mantém-se como uma prática actual pelo que a frequência<br />

dos cursos implica a experiência partilhada e comunitária<br />

no mesmo espaço físico. Ou seja, tanto professores<br />

como alunos vivem em regime de internato na escola,<br />

sendo a capacidade desta definida pelo número de quartos<br />

disponíveis para os alunos.Todos são responsáveis pela<br />

vida quotidiana do colectivo o que inclui, por exemplo, a<br />

gestão dos espaços e recursos (dos locais em que dormem<br />

e daqueles em que trabalham; o modo como organizam<br />

e concretizam as refeições).A viabilidade económica<br />

destas escolas é garantida por diversos meios, desde a<br />

participação do Estado, das autoridades locais e até de<br />

empresas sendo, no entanto, comum que os alunos<br />

paguem uma mensalidade. Esta co-responsabilização reve-<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

la a convicção de que a educação/formação é vista como<br />

algo que não só beneficia o indivíduo mas é a base de uma<br />

sociedade saudável.<br />

Um caso exemplar<br />

Gostaria de contar uma pequena história vivida na<br />

escola que visitei e que considero que ilustra estas ideias.<br />

Uma das áreas de temáticas oferecidas era a de Trabalho<br />

de Projecto mas que só se concretizava quando um<br />

grupo de pessoas com um interesse comum se candidatava<br />

à escola. Foi o caso de um grupo de jovens interessados<br />

em aprender a construir casas ecológicas. Embora<br />

nenhum dos professores da escola fosse perito nesse<br />

tema, foi decidido apoiar o propósito desses alunos. Foi<br />

definido um dos professores como o que iria acompanhar<br />

e orientar o projecto, ou seja, ele seria um professor<br />

que,não sabendo do conteúdo,ficava responsável por


apoiar o grupo nas aprendizagens necessárias para a concretização<br />

do seu objectivo – aprender a construir uma<br />

casa ecológica. Professor e alunos tornaram-se, por isso,<br />

co-responsáveis por um percurso de aprendizagem que<br />

envolvia a construção de um produto. Mas não se tratava<br />

REFERÊNCIAS E ALGUNS SITES ACONSELHADOS<br />

Seppo Niemela, 2004, in http://www.vsy.fi/evk/grundtvig/enlighten.html<br />

http://www.hojskolerne.dk (site das escolas populares dinamarquesas que pode<br />

ser lido em inglês e em que se pode fazer o download de uma brochura informativa)<br />

http://www.noruega.org.pt/education/education/folk/folk.htm<br />

(site oficial da Noruega em Portugal, escrito em português)<br />

http://www.kansanopistot.fi/gb/yhdistys_gb/general.html<br />

(informação sobre as escolas secundárias populares na Finlândia)<br />

http://www.haapop.fi/sivu/en/ (uma escola secundária popular na Finlândia)<br />

http://www.sjovik.fhsk.se/english.php (uma escola secundária popular na Suécia)<br />

http://www-distance.syr.edu/stubblefield.html<br />

(com uma comparação das escolas populares dinamarquesas e as dos EUA)<br />

http://www.vsy.fi/evk/grundtvig/enlighten.html<br />

(com um trabalho profundo sobre a herança pedagógica de Grundtvig)<br />

Escolas Populares<br />

só de planear a construção de uma casa com determinadas<br />

características, ela teria de ser mesmo concretizada.<br />

Todo o processo teve de ser planeado, pesquisado e realizado<br />

por essa equipa em que o professor não era mais<br />

do que um participante,talvez mais experiente no que diz<br />

respeito a gerir esforços em comum e a encontrar vias<br />

de pesquisa de saberes e de apoios (por exemplo, para<br />

adquirir os materiais).A equipa de professores da escola<br />

não estava muito convicta inicialmente da capacidade de<br />

se ter sucesso no propósito que os alunos se propunham,<br />

mas resolveu arriscar com eles e o sucesso foi total. Para<br />

lá de aprendizagens fortes e significativas para todos, surgiu<br />

uma mais-valia não antecipada quando alguns dos alunos<br />

se lançaram, profissionalmente, a partir daí, na área da<br />

construção de casas ecológicas.Associar a aprendizagem<br />

à experiência e à co-responsabilidade é reconhecer que<br />

o poder (e o direito) de aprender está na mão de cada<br />

um e de todos nós, ou seja, de quem aprende, e que é<br />

demasiado arriscado deixar unicamente na mão de quem<br />

tem o poder explícito de ensinar definir como é que ele<br />

deve ser vivido.<br />

Este artigo foi publicado no n.<strong>º</strong> 3 da Revista Aprender<br />

ao Longo da Vida,e gentilmente cedido à FORMAR<br />

MADALENA PINTO<br />

DOS SANTOS<br />

Professora de Matemática, doutorada<br />

em Ciências da Educação pela<br />

Faculdade de Ciências da<br />

Universidade de Lisboa<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

41


42<br />

Escolas Populares<br />

Associação<br />

“O Direito<br />

de Aprender”<br />

O tema “Folk Schools” que é abordado no artigo anterior (transcrição de um artigo do terceiro número da<br />

revista Aprender ao Longo da Vida) é também focado no quinto número da mesma revista, na entrevista a Johan<br />

Norbeck, de que poderão ler uma parte no site da Associação O Direito de Aprender –<br />

http://www.direitodeaprender.com.pt/<br />

Estamos actualmente a preparar o sexto número que vai ser um número especial sobre o Encontro de<br />

Educação de Adultos realizado na Fundação Gulbenkian no dia 12 de Dezembro de 2005.<br />

Neste Encontro verificou-se uma grande adesão de pessoas e organizações, o que demonstrou a oportunidade<br />

da sua organização assim como revelou que a experiência da Educação e Formação de Adultos em Portugal é<br />

um capital rico e diversificado que não deve ser mais encarado como “parente pobre” das políticas e sistemas<br />

de educação.<br />

A inexistência em Portugal de um movimento social capaz de afirmar a sua relevância cultural e estratégica<br />

levou a que várias pessoas envolvidas nas mais diversas práticas de educação e formação de adultos tomassem<br />

a iniciativa de criar, em 2004, a Associação O Direito de Aprender para promover e debater a<br />

educação/formação como um direito inalienável das pessoas adultas. Na sua curta existência, já concretizámos<br />

estes três projectos – a revista, o site e o encontro nacional – mas pretendemos continuar a crescer, pelo que<br />

serão bem-vindas todas as pessoas que pretendam ser nossos associados.<br />

Poderá ser associada qualquer pessoa disposta a actuar no sentido de ver reconhecido e concretizado o<br />

direito de todos os adultos a aceder e participar activamente num processo de educação completo e<br />

permanente, ao longo da vida. Um processo que lhes permita adaptar-se às constantes mudanças da sociedade,<br />

às transformações do mundo do trabalho, ao acesso às novas tecnologias, à ocupação criativa dos tempos<br />

livres, à formação para a inserção socioprofissional, à consciência ecológica e ao desenvolvimento de uma<br />

democracia mais participativa.<br />

Ficamos à sua espera.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong>


Eslovénia<br />

Nome Oficial<br />

Eslovénia<br />

Nome Comum Local<br />

Slovenija<br />

Sistema Político<br />

República Democrática Parlamentar<br />

Entrada na União Europeia<br />

1 de Maio de 2004<br />

Língua Oficial<br />

Esloveno<br />

Conhecer Europa<br />

Situação Geográfica<br />

Sudoeste da Europa,Alpes Orientais na margem do mar<br />

Adriático, entre a Áustria e a Croácia.<br />

Superfície Total<br />

20 273 Km2 População<br />

2 milhões de habitantes<br />

Capital<br />

Liubliana<br />

Fronteiras<br />

Áustria, Croácia, Itália, Hungria<br />

Clima<br />

Moderado<br />

Grupos Étnicos mais Significativos<br />

Eslovenos, croatas, sérvios, bósnios, jugoslavos, húngaros<br />

Religiões<br />

Católica, luterana, muçulmana e ateísta<br />

Moeda<br />

Tolar<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

43


44<br />

Conhecer Europa<br />

História<br />

Em 1918, os Eslovenos uniram-se aos Sérvios e<br />

Croatas, formando uma nova nação, denominada Jugoslávia,<br />

em 1929.Após a Segunda Guerra Mundial, a Eslovénia<br />

tornou-se uma república da Jugoslávia renovada<br />

que, embora comunista, se distanciou do governo de<br />

Moscovo. Insatisfeitos com o exercício do poder da<br />

maioria sérvia, os Eslovenos conseguiram estabelecer a<br />

sua independência em 1991. Em Março de 2004 a Eslovénia<br />

integra a NATO e, em Maio do mesmo ano,<br />

torna-se membro da União Europeia.<br />

O Sistema de Educação e Formação<br />

Profissional<br />

O Sistema de Educação é tutelado pelo Ministério<br />

da Educação e do Desporto, e o Ministério do Trabalho,<br />

da Família e dos Assuntos Sociais assume a tutela do<br />

ensino pré-escolar e profissional. O ensino superior é<br />

regulado pelo Ministério do Ensino Superior, da Ciência<br />

e da Tecnologia.<br />

1. Educação Pré-Escolar<br />

• Idade entre 1 a 6 anos<br />

• Escolas geridas e administradas pelos municípios<br />

“Pré-primária” (Priprava na solo)<br />

• 6 anos de idade<br />

• Ano obrigatório, cuja finalidade é preparar as crianças<br />

para a entrada na escola básica<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

ˆ


2. Ensino Obrigatório<br />

2.1 Escola Básica (Osnovnosolsko Izobrazevanje)<br />

A escola básica divide-se em três ciclos. O primeiro<br />

ciclo (razredni pouk) abrange 4 anos de escolaridade,<br />

o segundo ciclo (predmetni pouk) compreende o 5.<strong>º</strong> ano<br />

de escolaridade até ao 8.<strong>º</strong> ano e o terceiro ciclo o 9.<strong>º</strong><br />

ano de escolaridade.<br />

• Idade: 7 aos 15 anos<br />

• 9 anos escolares<br />

Conhecer Europa<br />

2.2 Ensino Secundário (Srednjesolsko Izobrazevanje)<br />

O ensino secundário inicia-se após a conclusão,<br />

com sucesso, do ensino básico. Existem três tipos de<br />

escolas de nível secundário:<br />

Ensino Geral Secundário (Gimnazije)<br />

• Idade: 15 aos 18/19 anos<br />

• 4 anos escolares<br />

• Tem como objectivo preparar os alunos para o ensino<br />

superior.<br />

• Após concluir com sucesso o 4.<strong>º</strong> ano, o aluno fará o<br />

exame final (matura gimnazije), cujo resultado positivo<br />

permite o acesso ao ensino superior.<br />

• Exame final é condição obrigatória de acesso ao ensino<br />

superior.<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

ˆ<br />

45


46<br />

Escola Técnica Secundária (Tehniske in Strokovno)<br />

• Idade: 15 aos 18/19 anos<br />

• 4 anos escolares<br />

• Formação geral, com orientação prática e técnica ao<br />

nível de determinadas profissões.<br />

• No final do 4.<strong>º</strong> ano, os alunos farão uma prova de avaliação<br />

ao nível técnico-profissional (poklicna matutra).<br />

• Estas escolas têm como principal objectivo preparar<br />

os alunos para os estudos ao nível do ensino profissional<br />

pós-secundário profissional (visjesolski strokovni<br />

studij) ou do ensino profissional universitário (visokosolski<br />

strokovni studij).<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

Conhecer Europa<br />

Para aceder ao ensino profissional universitário, o<br />

aluno obrigatoriamente deverá realizar um exame suplementar<br />

de fim de curso no qual terá de ter aproveitamento.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

ˆ<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

Escola Vocacional Secundária (Poklicno Vocational)<br />

• Idade: 16 a 18/19 anos<br />

• Prepara os alunos para obtenção de uma qualificação<br />

profissional (vocacional).<br />

• 2 a 3 anos escolares com exame final de âmbito profissional<br />

(zakljucni izpit) específico da profissão escolhida.<br />

O certificado de passagem no exame final<br />

(spricevalo o zakljucnem izpitu) permite aos alunos ingressarem<br />

no mundo do trabalho ou inscreverem-se<br />

no primeiro ano de um qualquer programa de formação<br />

profissional e técnica.<br />

• Sistema Dual: O ensino vocacional pode ser ministrado,<br />

de modo autónomo, por uma escola profissional<br />

ou em conjunto com uma empresa e tem a duração<br />

aproximada de 3 anos, terminando com o exame final<br />

(zakljucni izpit). A prova prática do exame final é


desenvolvida pelas comissões de exames das câmaras<br />

profissionais.<br />

3. Ensino Pós-Secundário Profissional<br />

(Visje strokovno izobraz)<br />

O ensino profissional e técnico nasceu na Eslovénia<br />

em 1996. Os programas desenvolvidos têm, maioritariamente,<br />

componentes técnicas e práticas associadas<br />

ao mundo do trabalho, uma vez que a empresa é o local<br />

privilegiado no decorrer dos anos lectivos.<br />

ˆ<br />

• As escolas de ensino pós-secundário profissional (visja<br />

strokovna sola) são institutos independentes ou unidades<br />

organizadas, compostas por vários centros escolares.<br />

• Podem inscrever-se todos os alunos que tenham realizado,<br />

com aproveitamento, o exame de fim de curso<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

Conhecer Europa<br />

geral (splosna matura) ou o exame de fim de curso<br />

profissional (poklicna matutra) ou, ainda, o exame final<br />

da escola secundária vocacional (zakljucni izpit).<br />

• Tem a duração de dois anos lectivos e termina com o<br />

exame para o diploma do curso pós-secundário profissional<br />

(diplomski izpit).<br />

• Os alunos destas escolas poderão prosseguir os seus<br />

estudos no ensino universitário na vertente de um<br />

programa universitário de estudos profissionais<br />

(visokosolski strokovni studij).<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

4. Ensino Superior (Visoko solstvo)<br />

O ensino universitário, na Eslovénia, está organizado<br />

em dois níveis de programas de estudo: programas<br />

de estudo de licenciatura (dodiplomski studijski programi)<br />

e programas de estudo de pós-licenciatura (podiplomski<br />

ˆ<br />

ˆ<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

47


48<br />

ˆ<br />

Conhecer Europa<br />

studijski programi). Os programas de estudo de licenciaturas<br />

subdividem-se em duas categorias: programas<br />

universitários académicos (univerzitetni) e os programas<br />

universitários profissionais (visokosolski strokovni).<br />

5. Formação Contínua para Adultos<br />

(Kszyalcenie Ustawiczne)<br />

A formação de adultos na Eslovénia é desenvolvida<br />

de forma similar ao ensino básico e superior. Contudo,<br />

alguns programas são adaptados às necessidades<br />

específicas deste grupo.<br />

Em 2000 foi introduzido o sistema de certificação<br />

na Esvlovénia, que permite aos adultos certificarem as<br />

suas competências pela via da experiência e obterem,<br />

também, uma qualificação profissional sem necessariamente<br />

frequentarem a escola tradicional.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

ˆ<br />

FONTES<br />

EURYDICE/CEDEFOP/ETF 2003<br />

“Structures of Education, Vocational Training and Adult Education<br />

System in Europe – Poland 2004”<br />

INOFOR<br />

“Educação e Formação Profissional nos Países de Europa Central e<br />

de Leste”, Fevereiro de 2002<br />

Ministry for Higher Education, Science and Technology, Education<br />

Recognition Unite, Naric<br />

“Recognition and assessment of education in Republic of Slovenia”,<br />

Maio de 2005<br />

Embaixada da Eslovénia em Portugal<br />

Sítio Ploteus: http//Europa.eu.int/ploteus<br />

www.gov.si<br />

www.uvi.si


Centros de Recursos<br />

em Conhecimento<br />

Visam:<br />

• Contribuir para a construção da Sociedade do Conhecimento.<br />

• Desenvolver mecanismos de aproximação entre quem<br />

produz e quem utiliza o conhecimento.<br />

• Facilitar e melhorar a intervenção dos profissionais<br />

de formação, apoiando-os no seu esforço de melhoria<br />

contínua e autoformação.<br />

Divulgação<br />

• Disseminar práticas formativas bem sucedidas, recur-<br />

sos técnico-pedagógicos desenvolvidos nomeadamente<br />

com os apoios comunitários e nacionais.<br />

• Apoiar a formação ao longo da vida.<br />

• Disponibilizar a informação e os recursos necessários<br />

à actividade dos profissionais de formação e entidades<br />

formadoras.<br />

• Difundir e conceder visibilidade às experiências for-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

49


50<br />

Divulgação<br />

mativas, metodologias e recursos técnico-pedagógicos<br />

desenvolvidos, nomeadamente com o apoio do Fundo<br />

Social Europeu.<br />

• Partilhar experiências e soluções formativas.<br />

A Rede de Centros de Recursos em Conhecimento<br />

(RCRC) apoia entidades formadoras e profissionais<br />

de formação no desenvolvimento das competências<br />

necessárias ao reforço da competitividade das<br />

pessoas e das organizações, no espaço de influência de<br />

cada uma destas infra-estruturas de conhecimento.<br />

O CRC Virtual é a plataforma colaborativa da<br />

RCRC, possibilitando a disponibilização e a partilha de<br />

conhecimento. Os utilizadores podem receber aconselhamento<br />

directo de qualquer CRC que detenha as<br />

competências ou conteúdos ajustados às suas necessidades.<br />

O CRC Virtual pode, assim, ser utilizado como<br />

recurso complementar ou alternativo ao atendimento<br />

presencial.<br />

A Rede de Centro de Recursos em Conhecimento<br />

possibilita a pesquisa e preparação da actividade<br />

formativa, tendo como principal objectivo gerir e<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

difundir informação técnica, pedagógico-didáctica e<br />

científica, de suporte às actividades de ensino, aprendizagem<br />

e investigação, contribuindo para:<br />

• Facilitar e melhorar a intervenção dos formadores e<br />

consultores nas áreas de formação profissional, gestão<br />

de recursos humanos e desenvolvimento organizacional.<br />

• Facilitar o acesso à informação estratégica, designadamente<br />

nas áreas de orientação profissional, educação/<br />

formação, inserção profissional, gestão de recursos<br />

humanos, desenvolvimento organizacional e outras,<br />

consideradas estratégicas na área da inovação técnica<br />

e tecnológica.<br />

• Desenvolver interfaces entre quem produz e quem<br />

utiliza o conhecimento, entre instituições de I&D e<br />

organismos de educação/formação e outras empresas<br />

e respectivas associações.<br />

• Difundir e conceder visibilidade às experiências formativas,<br />

metodologias e recursos técnico-pedagógicos<br />

desenvolvidos, nomeadamente, com o apoio do FSE.<br />

• Desenvolver a transferência de experiências e soluções<br />

nas áreas supramencionadas.<br />

• Promover uma formação permanente ao longo da vida.


O Voluntariado<br />

Um Olhar Sobre...<br />

Ao longo da história, o trabalho voluntário<br />

acompanhou sempre, e até precedeu, o trabalho<br />

remunerado. Pratica-se de maneira informal<br />

no âmbito familiar, na vizinhança e entre amigos.<br />

Atinge maior formalização nos inúmeros grupos e associações<br />

de voluntários existentes e atinge níveis de<br />

formalização profissional em algumas organizações,<br />

perfeitamente comparável ao trabalho remunerado.<br />

O voluntariado recebeu um forte impulso do cristianismo<br />

e desenvolveu-se ao longo da Idade Média. Foi<br />

notável, nesse período, o voluntariado social, o da educação,<br />

o da saúde e o da protecção civil.<br />

A partir do século XIX, desenvolveu-se decisivamente<br />

o voluntariado de base laica. Irromperam, a partir<br />

desta época, o voluntariado ligado ao mutualismo, ao<br />

cooperativismo, às associações de cultura e recreio, ao<br />

sindicalismo, à política.<br />

Nas últimas décadas, assistiu-se a um movimento<br />

de aproximação entre as diferentes tradições de volun-<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

51


52<br />

Um Olhar Sobre...<br />

tariado e ao aparecimento de novos domínios de actividade,<br />

tais como: ambiente, património, desenvolvimento<br />

(dentro e fora do país), defesa de direitos humanos.<br />

Como se pode definir o voluntariado? O que o<br />

distingue do trabalho remunerado? Quais as perspectivas<br />

de desenvolvimento futuro?<br />

Muito sumariamente, dir-se-á, nesta abordagem do<br />

tema, que o voluntariado equivale ao trabalho voluntário<br />

e se pode definir como actividade pessoal, ao<br />

serviço de outrem e do bem comum, caracterizado<br />

pela gratuitidade e respectivas motivações. O trabalho<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

voluntário não se distingue do remunerado pelo grau<br />

superior de dedicação nem pelo grau inferior de profissionalismo.<br />

Embora essa diferenciação possa ocorrer<br />

na prática, só a gratuitidade distingue os dois tipos<br />

de trabalho, e ambos são igualmente dignificantes (cfr. o<br />

art.<strong>º</strong> 2.<strong>º</strong> e os n.<strong>º</strong> 1 a 6 do art.<strong>º</strong> 6.<strong>º</strong> da Lei n.<strong>º</strong> 71/98, de 3 de<br />

Novembro).<br />

As perspectivas de desenvolvimento futuro vão<br />

sendo abertas, em cada momento, por cada voluntário<br />

e cada organização de voluntariado. Contudo, vale a<br />

pena enunciar aqui as linhas de acção adoptadas pelo


Um Olhar Sobre...<br />

A Acção pela Participação<br />

Na sequência do reconhecimento de que o voluntariado representa<br />

hoje um dos instrumentos básicos de participação da sociedade<br />

civil nos diversos domínios de actividade, foi publicada a Lei n.<strong>º</strong> 71/98,<br />

de 3 de Novembro, que define as bases do seu enquadramento<br />

jurídico.<br />

Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 389/99, de 30 de<br />

Setembro, que estabeleceu, no artigo 20.<strong>º</strong>, a criação do Conselho Nacional<br />

para a Promoção do Voluntariado (CNPV).<br />

O Conselho Nacional é um órgão colegial constituído por<br />

representantes de vários ministérios e de organizações nacionais de<br />

voluntariado com intervenção nos diferentes domínios de actividade.<br />

Com o objectivo de assegurar o apoio permanente necessário ao<br />

bom funcionamento do Conselho Nacional e à execução das suas deliberações,<br />

foi criado o Núcleo de Apoio Técnico ao Conselho (NAT).<br />

A acção desenvolvida pelo NAT reparte-se por várias iniciativas,<br />

das quais podemos destacar:<br />

• Apoio técnico na concepção e criação de Bancos Locais de Voluntariado.<br />

• Sítio na Internet sobre voluntariado.<br />

• Emissão do cartão de identificação do voluntário a nível nacional.<br />

• Organização de acções de formação para formadores em voluntariado,<br />

de forma descentralizada e a nível nacional, com a criação<br />

de bolsas de formadores em voluntariado.<br />

• Publicação do boletim trimestral Voluntariado, Hoje.<br />

• Organização e gestão de bases de dados de organizações promotoras.<br />

• Publicações especializadas e material de divulgação.<br />

• Organização de encontros e colóquios temáticos.<br />

• Participação em encontros, seminários e conferências nacionais e<br />

internacionais.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

53


<strong>54</strong><br />

Um Olhar Sobre...<br />

Congresso do Ano Internacional dos Voluntários –<br />

2001 – e às que o Conselho Nacional para a Promoção<br />

do Voluntariado procura ser fiel. São elas:<br />

a) a expansão do voluntariado, em todas as localidades<br />

e domínios de acção, de acordo com as necessidades<br />

e potencialidades;<br />

b) a qualificação dos voluntários e das organizações de<br />

voluntariado;<br />

c) a organização do voluntariado, caminhando-se, eventualmente,<br />

para a criação da respectiva confederação;<br />

d) o aprofundamento da identidade do voluntariado e<br />

do seu papel na sociedade.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

• Organização das comemorações do Dia Internacional<br />

dos Voluntários (DIV), que se celebra a nível mundial<br />

no dia 5 de Dezembro.<br />

• Parceria com o GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio<br />

à Cidadania Empresarial) para elaboração de um manual<br />

de boas práticas no âmbito da responsabilidade<br />

social das empresas.<br />

• Elaboração de estudos com a colaboração do OEFP<br />

(Observatório de Emprego e Formação Profissional)<br />

para a caracterização do voluntariado em Portugal e<br />

sua representação no PIB nacional.<br />

• Parceria com outras entidades/organismos para apoio<br />

em projectos específicos.<br />

Estas actividades desenvolvem-se no sentido do<br />

cumprimento das competências do Conselho Nacional...<br />

para mais, melhor e mais reconhecido voluntariado.<br />

Se o voluntariado é um serviço a favor dos outros,<br />

do bem comum e da comunidade, os voluntários serão<br />

certamente os agentes da mudança, um arauto da liberdade<br />

e do desenvolvimento.<br />

A participação gratuita de cada um ao serviço de<br />

uma causa generosa é um acto de cidadania onde cabe<br />

a cada um de nós o tributo do serviço pelos outros.<br />

NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO AO CONSELHO NACIONAL<br />

PARA A PROMOÇÃO DO VOLUNTARIADO<br />

ACÁCIO FERREIRA<br />

CATARINO<br />

Presidente do Conselho Nacional<br />

para a Promoção do Voluntariado


Aproveite as férias e faça contas à vida…<br />

Responda a este questionário e descubra a idade<br />

que lhe vai tocar – e o que você pode fazer para alterar<br />

as probabilidades.<br />

Em primeiro lugar, consulte a tabela para ficar a<br />

saber qual é a esperança média de vida correspondente<br />

à sua faixa etária e ao seu sexo.Aí descobrirá quantos<br />

anos poderia viver se fosse o Senhor ou a Senhora<br />

Média. Mas você não o é. Assim, para ficar a saber se<br />

vai viver mais ou menos anos, há duas séries de questões<br />

que você vai avaliar em termos de se enquadrarem,<br />

ou não, no seu caso. Descobrirá quais os “factores<br />

mais” que aumentarão as probabilidades de você<br />

Passatempo<br />

Vai Viver até<br />

aos 100 Anos?<br />

O futuro do Homem não está nas estrelas mas na sua vontade.<br />

Shakespeare<br />

vir a receber a sua reforma e quais os “factores<br />

menos” que reduzirão as suas perspectivas de a receber<br />

e/ou gozar.<br />

Seja sincero nas suas respostas e na sua pontuação.<br />

Não vale a pena fazer batota. Não é por isso que<br />

vai viver mais cinco minutos. Mas, se levar a peito a<br />

mensagem enviada tanto pelos seus factores menos<br />

como pelos factores mais que não pontuou, ainda vai a<br />

tempo de inverter as probabilidades.<br />

Pode não conseguir alterar alguns factores como,<br />

por exemplo, quem eram os seus pais ou os seus avós.<br />

Mas outros – como, por exemplo, o que come, o que<br />

bebe, o que fuma, o exercício que faz e mesmo a sua<br />

maneira de encarar a vida – estão ao seu alcance.<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

55


56<br />

Passatempo<br />

Os Factores Mais<br />

• Se lhe garantissem que viveria até aos 100 anos ficaria<br />

encantado ................................................................. +2<br />

• Leva a vida com calma. É preciso muito para o exasperar<br />

................................................................................ +3<br />

• Tem relações sexuais regularmente com o mesmo<br />

parceiro uma ou duas vezes por semana ............... +2<br />

• Bebe moderadamente – bebe algo que aprecia mas<br />

uma vez por outra, não diariamente ................... +1,5<br />

• Bebe diariamente uma média de uns quantos golos de<br />

aguardente ou meio litro de vinho ou quatro copos<br />

de cerveja ....................................................................... +3<br />

• Prefere alimentos simples, vegetais e fruta a pratos<br />

mais ricos e mais gordos ....................................... +0,5<br />

• Praticamente nunca se levanta da mesa sentindo-se<br />

cheio ........................................................................... +0,5<br />

• Tem uma profissão .................................................. +1,5<br />

• O seu trabalho envolve especialização técnica/faz<br />

parte da direcção ou da administração/trabalha na<br />

agricultura ...................................................................... +1<br />

• O seu trabalho não é manual mas mantém-no activo<br />

tanto físico como intelectualmente .......................... +2<br />

• Vive, ou viveu no campo ............................................. +1<br />

• É casado e vive com o seu cônjuge ......................... +1<br />

• Tem um QI acima da média ....................................... +2<br />

Os Factores Menos<br />

• Bebe bastante – mais do que uns quantos golos de<br />

aguardente, meio litro de vinho ou quatro copos de<br />

cerveja por dia .............................................................. -8<br />

• Sente-se frequentemente como um vulcão prestes a<br />

explodir a qualquer momento .................................. -2<br />

• Raramente, ou nunca, põe o cinto de segurança... -1<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

• Tem pelo menos um amigo íntimo com quem pode<br />

desabafar as suas preocupações .............................. +1<br />

• Pelo menos um dos seus avós viveu até aos 80 ou<br />

mais anos. Por cada um ............................................ +1<br />

• Pelo menos um dos seus avós viveu até aos 70 ou<br />

mais anos – por cada um ...................................... +0,5<br />

• A sua mãe viveu até aos 80 ou mais anos ............. +4<br />

• O seu pai ultrapassou os 80 anos ........................... +2<br />

• Faz um check-up médico completo de dois em dois<br />

anos (para homens) e uma vez por ano, incluindo um<br />

exame de despiste do cancro do colo do útero (para<br />

mulheres) ....................................................................... +3<br />

• Faz exercício físico três vezes por semana ........... +3<br />

• Frequentou a universidade e tirou um curso de pós-<br />

-graduação ..................................................................... +3<br />

• Obteve uma licenciatura ............................................ +2<br />

• Fez o curso geral dos liceus ...................................... +1<br />

• Tem 65 ou mais anos e ainda trabalha .................... +3<br />

• Tem 60 anos e ainda trabalha .................................... +2<br />

• Tem pelo menos um hobby a que planeia dedicar mais<br />

tempo quando se reformar ....................................... +1<br />

• Subiu a uma montanha ou fez algo de igualmente<br />

arrojado nos últimos 18 meses ................................ +1<br />

• Não pratica desportos perigosos ............................ +1<br />

• Teve três ou mais multas por excesso de velocidade<br />

ou, se não teve, sabe que é apenas uma questão de<br />

sorte ............................................................................... -1<br />

• Fecha-se em si mesmo – tem mais que fazer do que<br />

envolver-se na vida de outras pessoas ............... -3,5<br />

• Detesta a mudança – é uma coisa que dá cabo de si -2


• Gosta tanto de mudar que o está sempre a fazer – de<br />

emprego, de penteado, de parceiro, de casa .......... -2<br />

•Vive numa cidade ou numa vila de grandes dimensões -1<br />

• O seu trabalho é semi-especializado ................... -0,5<br />

• O seu trabalho é manual ............................................ -4<br />

• Nestes últimos dois anos, esteve frequentemente preocupado<br />

ou deprimido ................................................ -2<br />

• Adoece com frequência ............................................... -5<br />

• Sofre de doença crónica, tipo enxaqueca ou afecção<br />

dos brônquios ................................................................ -5<br />

•Tem mais dificuldades financeiras que a maioria da sua<br />

família, amigos ou vizinhos .......................................... -1<br />

• Passa muito tempo sentado no emprego ............... -2<br />

• Dorme mais de 10 horas ou menos de cinco horas<br />

por noite ......................................................................... -2<br />

Se algum dos seus irmãos, irmãs, pais ou avós<br />

morreu:<br />

• De doença cardíaca ou trombose antes dos 50 anos –<br />

por cada .......................................................................... -4<br />

• Entre os 50 e os 60 anos – por cada ...................... -2<br />

• De diabetes ou com uma úlcera antes dos 60 anos –<br />

por cada .......................................................................... -3<br />

• De cancro no estômago antes dos 60 anos – por cada -2<br />

• De qualquer doença (não acidente) antes dos 60 anos<br />

– por cada ....................................................................... -1<br />

• É uma mulher sem filhos que não pode ou que não<br />

planeia tê-los .................................................................. -1<br />

• É uma mulher com mais de sete filhos .................... -1<br />

Se fumar por dia:<br />

• Menos de 20 cigarros .................................................. -2<br />

• Entre 20 a 40 ................................................................. -7<br />

• Mais de 40 ................................................................... -12<br />

Se tem até 3 Kg a mais:<br />

Homens<br />

Passatempo<br />

• dos 20 aos 25 anos ................................................... -11<br />

• dos 25 aos 30 anos ...................................................... -8<br />

• dos 30 aos 35 anos ...................................................... -5<br />

• dos 35 aos 40 anos .................................................. -3,5<br />

• dos 40 aos 50 anos .................................................. -2,5<br />

Mulheres<br />

• dos 20 aos 30 anos .................................................. -5,5<br />

• dos 30 aos 45 anos ...................................................... -5<br />

• dos 45 aos 55 anos .................................................. -3,5<br />

• se tem mais de 3 Kg em excesso, conte ................. -2<br />

• Sofreu de excesso de peso no passado .................. -2<br />

Se é divorciado ou separado:<br />

• Homens que vivem sós ............................................... -7<br />

• Homens que vivem acompanhados ...................... -3,5<br />

• Mulheres que vivem sós .............................................. -4<br />

• Mulheres que vivem acompanhadas ......................... -2<br />

• Se é viúva e vive só .................................................. -3,5<br />

• Se é viúva e vive acompanhada ................................. -2<br />

• Se é viúvo e vive só ...................................................... -7<br />

• Se é viúvo e vive acompanhado ............................ -3,5<br />

Se é uma mulher solteira (com ou sem amante<br />

fixo):<br />

• Por cada 10 anos a partir dos 25 ............................. -1<br />

Se é um homem solteiro que vive acompanhado:<br />

• Por cada década após o seu 25.<strong>º</strong> aniversário ........ -1<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

57


58<br />

Passatempo<br />

Resultados<br />

Adicione os factores mais à sua idade estimada que<br />

consta da tabela seguinte e deduza depois os seus factores<br />

menos.Terá como resultado a sua idade final – a<br />

não ser que altere os seus hábitos!<br />

Já ficou a saber o que o espera.Agora, está na sua mão<br />

fazer o que puder para tentar melhorar as suas hipóteses.<br />

Mas há mais coisas em jogo do que a idade que<br />

aparece na tabela: o teste também lhe revela o ponto<br />

da situação.<br />

Todavia, não são aqui ainda tomadas em consideração<br />

as pesquisas que estão a ser feitas sobre como tornar<br />

Idade actual Homem Mulher Idade actual Homem Mulher<br />

15 70.7 73.7 48 73.5 76.5<br />

16 70.8 73.8 49 73.6 76.6<br />

17 70.8 73.8 50 73.8 76.8<br />

18 70.9 73.9 51 74.0 77.0<br />

19 71.0 70.0 52 74.2 77.2<br />

20 71.1 70.1 53 74.4 77.4<br />

21 71.1 70.1 <strong>54</strong> 74.7 77.7<br />

22 71.2 74.2 55 74.9 77.9<br />

23 71.3 74.3 56 75.1 78.1<br />

24 71.3 74.3 57 75.4 78.4<br />

25 71.4 74.4 58 75.7 78.7<br />

26 71.5 74.5 59 76.0 79.0<br />

27 71.6 74.6 60 76.3 79.3<br />

28 71.6 74.6 61 76.6 79.6<br />

29 71.7 74.7 62 77.0 80.0<br />

30 71.8 74.8 63 77.3 80.3<br />

31 71.9 74.9 64 77.7 80.7<br />

32 71.9 74.9 65 78.1 81.1<br />

33 72.0 75.0 66 78.4 81.4<br />

34 72.0 75.0 67 78.9 81.9<br />

35 72.1 75.1 68 79.3 82.3<br />

36 72.2 75.2 69 79.7 82.7<br />

37 72.2 75.2 70 80.2 83.2<br />

38 72.3 75.3 71 80.7 83.7<br />

39 72.4 75.4 72 81.2 84.2<br />

40 72.5 75.5 73 81.7 84.7<br />

41 72.6 75.6 74 82.2 85.2<br />

42 72.7 75.7 75 82.8 85.8<br />

43 72.8 75.8 76 83.3 86.3<br />

44 72.9 75.9 77 83.9 86.9<br />

45 73 76 78 84.5 87.5<br />

46 73.2 76.2 79 85.1 88.1<br />

47 73.3 76.3 80 85.7 88.7<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

a raça humana mais longeva e sobre futuras curas para<br />

doenças específicas. O que isto quer dizer é que quanto<br />

mais você prolongar a sua esperança de vida, mais<br />

provável se tornará ainda cá estar para lucrar com as<br />

descobertas dos laboratórios de investigação.<br />

Esta é a sua esperança de vida média<br />

A primeira coluna diz respeito à sua idade actual. A<br />

coluna seguinte corresponde à idade que um homem<br />

dessa idade pode esperar atingir e a terceira coluna é a<br />

esperança de vida média para uma mulher dessa idade.


Endereços Úteis<br />

@<br />

@<br />

Esp@ço Internet<br />

www.novasoportunidades.gov.pt<br />

Novas Oportunidades<br />

O sítio Novas Oportunidades foi criado na sequência<br />

da Iniciativa Novas Oportunidades, a qual visa<br />

dar resposta aos baixos níveis de escolarização e de<br />

qualificação dos jovens que actualmente se registam em<br />

Portugal, bem como a elevação dos níveis de qualificação<br />

de base da população adulta<br />

Neste sítio poderá encontrar um conjunto diverso<br />

de informação apresentada em função do tipo de utilizador.<br />

http://europa.eu.int/eures/home.jsp?<br />

lang=pt<br />

Portal Europeu da Mobilidade<br />

Profissional – Eures<br />

A EURES (European Employment Service) é uma<br />

rede em que participam a Comissão Europeia e os serviços<br />

públicos de emprego dos países pertencentes ao<br />

Espaço Económico Europeu e à Suíça,outros organismos<br />

regionais e nacionais dedicados às questões de emprego,<br />

como sindicatos e organizações de empregadores,<br />

bem como autoridades locais e regionais. O objectivo da<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

59


60<br />

rede EURES é fornecer serviços para trabalhadores e<br />

empregadores, bem como para qualquer cidadão que<br />

pretenda beneficiar da livre circulação de pessoas.<br />

Envolve três tipos de serviços: informação, aconselhamento<br />

e recrutamento/colocação.<br />

No Portal Europeu da Mobilidade Profissional está<br />

disponível informação diversa relativa a oportunidades<br />

de emprego e de formação na Europa. Pode-se também<br />

aceder a informação sobre 2006 – Ano Europeu da<br />

Mobilidade dos Trabalhadores.<br />

@<br />

Esp@ço Internet<br />

http://europa.eu.int/comm/employment<br />

_social/workersmobility2006/<br />

Neste sítio podem-se obter mais informações sobre<br />

actividades e eventos a realizar no âmbito do Ano<br />

Europeu da Mobilidade e aceder-se a uma grande diversidade<br />

de informações relativas à mobilidade dos trabalhadores.<br />

O objectivo é suscitar o debate sobre as vantagens<br />

e desafios reais do trabalho no estrangeiro ou<br />

da mudança de trabalho.<br />

Ao designar 2006 como o Ano Europeu da Mobilidade<br />

dos Trabalhadores, a União Europeia visa realizar<br />

três objectivos concretos:<br />

Sensibilizar os cidadãos para:<br />

• os direitos dos trabalhadores à liberdade de circulação<br />

entre Estados-membros;<br />

• as possibilidades existentes para a mobilidade geográfica<br />

e de emprego e dos serviços que existem para as apoiar;<br />

• as barreiras que se deparam aos trabalhadores potencialmente<br />

móveis, tanto dentro como entre Estados-<br />

-membros, e a necessidade de acção a favor dos serviços<br />

de apoio.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

@ www.inducar.pt<br />

Inducar: Organização de direito privado sem fins<br />

lucrativos, que visa a promoção da educação não formal<br />

e integração social.<br />

Neste sítio encontrará informação sobre a actividade<br />

central da Inducar, que assenta na conceptualização,<br />

desenvolvimento e implementação de programas<br />

de educação não-formal:<br />

• sessões de formação temáticas – em vários formatos,<br />

para vários públicos;<br />

• workshops integrados – acções de formação focalizadas,<br />

inseridas em processos/projectos de desenvolvimento<br />

pessoal ou colectivo;<br />

• formação especializada – adaptada a contextos de<br />

trabalho específicos, ao encontro de necessidades pré-<br />

-identificadas;<br />

• intercâmbios nacionais ou internacionais – com<br />

o objectivo de promover a mobilidade e a aprendizagem<br />

intercultural;<br />

• reforço de actividades/projectos em curso – reforço<br />

de equipas de formadores, complemento de<br />

tarefas ou competências, outsourcing;<br />

• consultoria – no âmbito da educação não-formal em<br />

geral (apoio à elaboração de projectos e organização<br />

de actividades educativas, nacionais ou internacionais).


Aconteceu…<br />

Prémio de Mérito 2004<br />

21 de Dezembro de 2005<br />

Centro de Congressos de Lisboa<br />

No dia 21 de Dezembro de 2005 realizou-se no<br />

Centro de Congressos de Lisboa – Auditório 2 – a<br />

cerimónia de entrega do Prémio de Mérito de 2004.<br />

Este prémio visa prestigiar empresas que tenham<br />

apostado em pessoas portadoras de deficiência para a<br />

integração no seu quadro de recursos humanos, bem<br />

como premiar pessoas com deficiência que tenham<br />

criado o seu próprio emprego.<br />

Ao Prémio de Mérito 2004 foram apresentadas 76<br />

candidaturas de entidades empregadoras e 12 candidaturas<br />

de pessoas com deficiência que criaram o seu<br />

próprio emprego. O júri deliberou distinguir e homenagear<br />

como primeiro classificado a empresa ISS Facility<br />

Services, Lda, pelo seu empenho e contributo exemplar<br />

na integração socioprofissional de pessoas com deficiência,<br />

e deliberou também atribuir o primeiro prémio<br />

a José Alberto da Silva Nunes que, através da criação do<br />

seu próprio emprego, contribuiu para a elevação do seu<br />

nível de participação social e defesa do estatuto de<br />

plena cidadania da pessoa portadora de deficiência.<br />

A edição do Prémio de Mérito de 2005 terá candidaturas<br />

abertas até 30 de Junho de 2006.<br />

Debaixo d’Olho<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

61


62<br />

Debaixo d’Olho<br />

Lançamento de 122 Novos Centros<br />

Novas Oportunidades (Centros RVCC)<br />

No dia 31 de Maio de 2006 e em sessão presidida<br />

por sua Excelência o Primeiro-Ministro, foram lançados<br />

122 Novos Centros RVCC (Reconhecimento,Validação<br />

e Certificação de Competências). Nesta cerimónia que<br />

ocorreu no CENFIC – Centro de Formação Profissional<br />

da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas<br />

do Sul – estiveram também presentes Suas Excelências<br />

a Ministra da Educação e o Ministro do Trabalho e<br />

Solidariedade Social.<br />

O Sistema RVCC que consta da Iniciativa Governamental<br />

“Novas Oportunidades” visa permitir aos<br />

adultos verem reconhecidas as suas aprendizagens não-<br />

-formais (escolares e profissionais), através de uma<br />

metodologia de reconhecimento e validação de competências<br />

adquiridas ao longo da vida e nos mais variados<br />

contextos.<br />

Este processo visa ainda complementar a formação<br />

escolar e profissional desses adultos, através de um<br />

percurso formativo ajustado caso a caso, bem como<br />

promover a formação ao longo da vida, permitindo-lhes<br />

o acesso a uma dupla certificação, fora dos sistemas<br />

regulares de educação/formação.<br />

Actualmente, o sistema RVCC destina-se a adultos<br />

com o 4.<strong>º</strong>,6.<strong>º</strong> e 9.<strong>º</strong> ano de escolaridade,prevendo-se a curto<br />

prazo o seu alargamento ao 12.<strong>º</strong> ano de escolaridade.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Com a abertura destes 122 Centros pretende-se<br />

que no final de 2006 estejam em funcionamento 220<br />

Centros de Novas Oportunidades, ultrapassando assim<br />

a meta de 165 estabelecida na Iniciativa Novas Oportunidades.<br />

Os discursos proferidos pelos Srs. Ministros e por<br />

Sua Excelência o Primeiro-Ministro realçaram o papel-<br />

-chave que estes Centros desempenham numa estratégia<br />

de aumento da competitividade, de melhoria das<br />

qualificações e do aumento da empregabilidade dos<br />

adultos activos, bem como da sua auto-estima e valorização<br />

pessoal.<br />

Foi distribuído o Guia de Acesso ao Secundário –<br />

Educação e Formação, onde se encontra reunida de<br />

forma organizada toda a informação sobre a oferta<br />

escolar e de formação para adultos e jovens, ao nível do<br />

ensino secundário.


Livros…<br />

Guia de Métodos e Práticas<br />

em Formação<br />

Apresentação das correntes de pensamento que,<br />

desde há cinquenta anos, deram origem à maior parte<br />

dos métodos actualmente utilizados em formação.<br />

Um guia para aprender, comunicar, trabalhar em<br />

grupo, desenvolver o seu potencial, que propõe:<br />

• pontos de referência para situar e compreender;<br />

• métodos para conceber e agir;<br />

• instrumentos para elaborar, animar e avaliar<br />

acções de formação.<br />

Concebido e escrito por uma equipa de professores<br />

universitários, de consultores e especialistas, este<br />

guia dirige-se aos formadores, professores, animadores,<br />

directores de recursos humanos, consultores e quadros<br />

que têm de conceber, recomendar ou avaliar acções de<br />

formação.<br />

Destinatários que, pela primeira vez, num só volume,<br />

têm ao seu dispor um resumo de teorias, métodos<br />

e instrumentos utilizados em formação.<br />

Ficha Técnica<br />

Debaixo d’Olho<br />

Título: Guia de Métodos e Práticas em Formação<br />

Autores: Edmond Marc e Jacqueline Garcia-Locqueneux<br />

Editora: Instituto Piaget<br />

N.<strong>º</strong> páginas: 567<br />

N.<strong>º</strong> <strong>54</strong> FORMAR<br />

63


64<br />

Debaixo d’Olho<br />

Exercícios de Word 2003 & XP<br />

• A boa utilização vem com a prática<br />

Esta obra, dedicada à componente prática do Word,<br />

vem suprir a escassez de obras de cariz essencialmente<br />

prático, não esquecendo a teoria, que surge na resolução<br />

dos exercícios.<br />

• Aprenda e teste os seus conhecimentos<br />

Todos os exercícios propostos apresentam enunciado,<br />

solução e resolução, de modo a que qualquer<br />

utilizador acompanhe facilmente as matérias abordadas.<br />

São incluídas ainda fichas de revisão, apropriadas a cada<br />

fase de aprendizagem, com o intuito de consolidar e<br />

aplicar em conjunto os conhecimentos adquiridos nas<br />

fichas anteriores.<br />

• Utilização de situações do quotidiano<br />

Os exercícios baseiam-se em situações do quotidiano<br />

para que o leitor não encontre dificuldade em<br />

adaptar as acções apresentadas a circunstâncias com<br />

que se depara no seu dia-a-dia e às suas necessidades.<br />

• Destinado a públicos diversos<br />

Esta obra é uma ferramenta útil para autodidactas,<br />

iniciados ou experientes, que queiram pôr em prática os<br />

seus conhecimentos na matéria; formadores e professores<br />

que necessitem de complementar as suas acções<br />

de formação e aulas com exercícios práticos e também<br />

alunos que queiram completar a parte prática das acções<br />

de formação.<br />

Este manual inclui a matéria dos cursos básico e<br />

avançado e os exercícios apresentados podem ser resolvidos<br />

quer na versão 2003, quer em versões anteriores<br />

do Word.<br />

FORMAR N.<strong>º</strong> <strong>54</strong><br />

Ficha Técnica<br />

Título: Exercícios de Word 2003 & XP<br />

Autora: Carla Jesus<br />

Editora: FCA – Editora de Informática, Lda.<br />

N.<strong>º</strong> páginas: 296

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