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Economias de Urbanização e Condição de Ocupação da Populaç…

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ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO E CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DA<br />

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA DO BRASIL: UMA ABORDAGEM<br />

MULTINÍVEL<br />

Ana Carolina <strong>da</strong> Cruz Lima (CEDEPLAR /UFMG)<br />

Rodrigo Ferreira Simões (CEDEPLAR /UFMG)<br />

RESUMO<br />

O objetivo do trabalho é analisar como o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s estruturas produtivas<br />

estaduais afeta a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo estar ou não ocupado. Foram estimados<br />

mo<strong>de</strong>los hierárquicos <strong>de</strong> dois níveis para verificar em que medi<strong>da</strong> varia a condição <strong>de</strong><br />

ocupação <strong>de</strong> trabalhadores (uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível 1) com características semelhantes, porém<br />

resi<strong>de</strong>ntes em Estados diferentes (uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível 2). Os principais resultados dos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong>monstram que quanto mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> a estrutura produtiva estadual (quanto maior seu<br />

nível <strong>de</strong> urbanização), maior é a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção dos indivíduos no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, <strong>de</strong>vido à maior concorrência pelos postos gerados (excesso <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />

provocado pela migração) e à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> maiores níveis <strong>de</strong> qualificação. Porém, esta<br />

influência é semelhante entre os Estados, o que po<strong>de</strong> estar relacionado à escolha <strong>da</strong> extensão<br />

territorial relativamente ampla <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível dois.<br />

Palavras-Chave: <strong>Economias</strong> <strong>de</strong> <strong>Urbanização</strong>; Emprego; Mo<strong>de</strong>los Multiníveis.<br />

ABSTRACT<br />

The main goal of this paper is analyze how the <strong>de</strong>velopment level of the states’ production<br />

structures affects the individual’s probability to be employed. Two-level hierarchical linear<br />

mo<strong>de</strong>ls were estimated to verify to what extend the employment condition of similar<br />

employees (level 1 units) resi<strong>de</strong>nts in different states (level 2 units). The main results show<br />

that the more <strong>de</strong>veloped is a state (high levels of urbanization), more difficult is to be<br />

employed because the are excess of labor supply and the necessary level of qualification is<br />

very high. Nevertheless, this effect is similar between states what could mean related with the<br />

territorial extension of the two level units.<br />

Keywords: Urbanization Economies; Employment; Multilevel Mo<strong>de</strong>ls.


ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO E CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DA<br />

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA DO BRASIL: UMA ABORDAGEM<br />

MULTINÍVEL<br />

1. Introdução<br />

A análise <strong>da</strong> dinâmica do mercado <strong>de</strong> trabalho brasileiro é bastante discuti<strong>da</strong> no meio<br />

acadêmico, principalmente em relação ao seu comportamento nas macrorregiões do país,<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s as diferenças em seus níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Estudos realizados nesta área<br />

procuram <strong>de</strong>monstrar como as dispari<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, origina<strong>da</strong>s no processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> economia brasileira e intensifica<strong>da</strong>s em seu período <strong>de</strong> industrialização<br />

recente, refletem-se em diferenciais <strong>de</strong> salários entre as regiões (ocupações e trabalhadores<br />

com características similares são remunerados <strong>de</strong> forma diferencia<strong>da</strong> no espaço) e como as<br />

características individuais dos trabalhadores, não necessariamente produtivas, influenciam<br />

seus níveis <strong>de</strong> remuneração.<br />

Neste último caso, <strong>de</strong>stacam-se os trabalhos <strong>de</strong> Valenzuela (1999), Barros et al (2007)<br />

e Soares (2002). Estes autores analisam as diferenças nas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho e na<br />

remuneração do mesmo ao longo do território brasileiro provoca<strong>da</strong>s por questões <strong>de</strong> gênero e<br />

raça. Estas características seriam elementos centrais neste tipo <strong>de</strong> análise e, como <strong>de</strong>stacado<br />

por Valenzuela (1999, p. 150), “estão por trás <strong>da</strong> construção social <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong><br />

expressão que esta adquire no mercado <strong>de</strong> trabalho”. Em torno do gênero é estrutura<strong>da</strong> a<br />

diferença entre trabalho remunerado (produtivo) e doméstico (reprodutivo), bem como as<br />

diferenças <strong>de</strong>ntro do trabalho produtivo entre ocupações e posições <strong>de</strong> maior prestígio social<br />

(que favorece os homens). Ao mesmo tempo, as diferenças no mercado <strong>de</strong> trabalho basea<strong>da</strong>s<br />

na questão racial refletem-se principalmente nas ocupações: os negros concentram-se nas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fun<strong>da</strong>mentalmente manuais e <strong>de</strong> menor valorização social e remuneração, enquanto<br />

os brancos concentram-se, preferencialmente, em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais elabora<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> maior<br />

remuneração e valorização social. Os autores <strong>de</strong>monstram que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

1980, a posição dos indivíduos negros no mercado <strong>de</strong> trabalho melhorou, tanto em termos <strong>de</strong><br />

participação quanto <strong>de</strong> remuneração, mas estas características ain<strong>da</strong> implicam em piores<br />

condições <strong>de</strong> inserção no mercado. Destacam também que as diferenças <strong>de</strong> gênero e raça<br />

tornam-se mais proeminentes em funções que exigem maior nível <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e que no<br />

Brasil há forte sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos salários em relação ao nível educacional. Assim, a educação<br />

torna-se um fator tradicionalmente associado às possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção ocupacional e <strong>de</strong><br />

mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Os autores evi<strong>de</strong>nciam o importante papel que o nível <strong>de</strong> qualificação<br />

pessoal <strong>de</strong>sempenha sobre os diferenciais <strong>de</strong> salários, entretanto, enfatizam que estas<br />

diferenças são insuficientes para explicar este fenômeno, sendo <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância<br />

consi<strong>de</strong>rar as características não produtivas dos indivíduos.<br />

Fontes (2006) e Barros et al (2007) avançam nesta análise ao consi<strong>de</strong>rarem que a<br />

ocupação e os diferenciais <strong>de</strong> remuneração entre os mercados <strong>de</strong> trabalho brasileiros também<br />

são segmentados no espaço. Barros et al (2007) evi<strong>de</strong>nciam que as diferenças salariais <strong>de</strong><br />

trabalhadores com características idênticas e empregados em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s similares chegam a<br />

40% entre as regiões brasileiras. Estas diferenças existem porque homens e mulheres, negros<br />

e brancos, são remunerados <strong>de</strong> forma diferencia<strong>da</strong>, inclusive no espaço, apesar <strong>de</strong> serem<br />

perfeitamente substituíveis no processo <strong>de</strong> produção. Em geral, as regiões mais dinâmicas<br />

costumam remunerar seus trabalhadores <strong>de</strong> forma mais eleva<strong>da</strong>.<br />

O foco <strong>de</strong>ste trabalho resi<strong>de</strong> justamente nesta questão, pois procura avaliar como<br />

lugares mais dinâmicos influenciam o comportamento do mercado <strong>de</strong> trabalho local, sem<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar as características individuais dos trabalhadores. O artigo diferencia-se por<br />

1


ealizar uma análise não sobre os diferenciais <strong>de</strong> salários no espaço, mas sim sobre a<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos indivíduos estarem ou não ocupados <strong>de</strong> acordo com suas características,<br />

produtivas e não produtivas, consi<strong>de</strong>rando-os no espaço – a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que os mesmos<br />

resi<strong>de</strong>m (Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração). O objetivo é mostrar como a estrutura produtiva local<br />

influencia a condição <strong>de</strong> ocupação dos trabalhadores. Serão utilizados dois indicadores para<br />

representar o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> estrutura produtiva estadual: a taxa <strong>de</strong> urbanização<br />

e as respectivas <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos, ambas calcula<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

fornecidos pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE). A idéia subjacente<br />

resi<strong>de</strong> nas hipóteses <strong>da</strong>s Teorias <strong>da</strong> <strong>Urbanização</strong>, pois, segundo as mesmas, quanto mais<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> uma locali<strong>da</strong><strong>de</strong>, maiores são as mu<strong>da</strong>nças na estrutura produtiva em prol <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> alto teor tecnológico e do setor terciário, o que provavelmente afeta a estrutura<br />

ocupacional local.<br />

Para a consecução <strong>de</strong>ste objetivo serão utilizados mo<strong>de</strong>los hierárquicos, nos quais a<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ou não ocupado será controla<strong>da</strong> pela inclusão <strong>de</strong> características<br />

individuais dos trabalhadores (nível 1) e por características do local <strong>de</strong> residência (nível 2).<br />

Este tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo permite realizar observações a partir do indivíduo, estimando diretamente<br />

os efeitos <strong>da</strong> urbanização sobre o mesmo, o que evita a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><br />

eliminação <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> intra-estadual. A fonte <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos é a Pesquisa Nacional por<br />

Amostra <strong>de</strong> Domicílios – PNAD, forneci<strong>da</strong> pelo IBGE, <strong>de</strong> 2008.<br />

Na primeira parte do trabalho é realiza<strong>da</strong> uma breve análise sobre a importância do<br />

processo <strong>de</strong> urbanização para a dinâmica econômica local. Na segun<strong>da</strong> parte a metodologia e<br />

os <strong>da</strong>dos utilizados são <strong>de</strong>talhados. Em segui<strong>da</strong> são analisados os resultados dos mo<strong>de</strong>los<br />

estimados e realiza<strong>da</strong>s as consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

2. O Processo <strong>de</strong> <strong>Urbanização</strong> e a Configuração do Espaço Econômico<br />

A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas que a ca<strong>da</strong> ano entra e sai do mercado <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

dois grupos <strong>de</strong> fatores (Ama<strong>de</strong>o, 1999): a tendência <strong>de</strong>mográfica do país e o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong><br />

própria economia. Estes movimentos estão intimamente relacionados ao processo <strong>de</strong><br />

configuração <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas no espaço. Assim, para compreendê-los é preciso<br />

consi<strong>de</strong>rar os fatores que levam as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a se a aglomerarem em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s regiões.<br />

As economias e <strong>de</strong>seconomias <strong>de</strong> aglomeração estão no cerne <strong>da</strong> discussão <strong>da</strong>s teorias<br />

<strong>da</strong> localização espacial, pois a distribuição <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas é resultado <strong>da</strong> ação <strong>de</strong><br />

forças aglomerativas (centrípetas) e <strong>de</strong> dispersão (centrífugas). Estes conceitos foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos inicialmente por August Lösch (1954) e J. H. Von Thünen (1966), teóricos<br />

clássicos <strong>da</strong> localização espacial 1 . No contexto <strong>de</strong>senvolvido pelos mesmos, é possível haver<br />

concentração <strong>da</strong> produção em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s áreas, mesmo sob a hipótese <strong>de</strong> homogenei<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

espacial, <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> retornos crescentes <strong>de</strong> escala no processo produtivo. Contudo,<br />

este processo é limitado. O conceito fun<strong>da</strong>mental para compreen<strong>de</strong>r como as forças<br />

<strong>de</strong>saglomerativas entram em ação, elaborado por Von Thünen para as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agrícolas, diz<br />

respeito à ren<strong>da</strong> fundiária. A lógica por trás do mesmo refere-se ao fato <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

econômicas como um todo <strong>de</strong>sejarem se localizar nos espaços que fornecem o maior lucro<br />

possível, que são aqueles mais próximos <strong>de</strong> seus mercados, o que gera uma concorrência pelo<br />

espaço, <strong>da</strong>ndo origem à ren<strong>da</strong> fundiária. Assim, quanto mais <strong>de</strong>nso for o centro urbano (em<br />

termos <strong>de</strong> população e ren<strong>da</strong>), maior será a ren<strong>da</strong> fundiária e, por este motivo, apenas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s altamente rentáveis por área terão condições <strong>de</strong> se localizar no núcleo do centro<br />

urbano. As <strong>de</strong>mais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s se localizarão no entorno do mesmo num sistema hierarquizado<br />

(<strong>da</strong>s mais produtivas para as menos).<br />

1 Os conceitos <strong>de</strong> economias <strong>de</strong> escala, <strong>de</strong>senvolvido por Lösch, e <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> fundiária, <strong>de</strong>senvolvido por Von<br />

Thünen, são elementos centrais na análise <strong>da</strong> estruturação do espaço econômico.<br />

2


Os teóricos <strong>da</strong> Economia Urbana (Hen<strong>de</strong>rson, 1988; Glaeser, 1999; etc.) esten<strong>de</strong>ram a<br />

análise realiza<strong>da</strong> por Von Thünen para os setores industriais e terciários. Os mo<strong>de</strong>los<br />

elaborados por estes teóricos consi<strong>de</strong>ram firmas individuais, operando em um ambiente<br />

perfeitamente competitivo e a existência <strong>de</strong> retornos crescentes <strong>de</strong> escala. Os conceitos<br />

centrais em suas análises são as economias externas que po<strong>de</strong>m favorecer ou não a<br />

aglomeração. Estas externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm origem na concentração espacial dos agentes<br />

econômicos e po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>da</strong>s a ganhos pecuniários (pela proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>de</strong><br />

fornecedores e clientes), tecnológicos (spillovers/transbor<strong>da</strong>mentos <strong>de</strong> conhecimento são<br />

facilitados pelo contato físico dos agentes e pela troca <strong>de</strong> informações) e a formação <strong>de</strong><br />

mercados <strong>de</strong> trabalho amplos e especializados (região mais atrativa para trabalhadores e<br />

firmas em um círculo virtuoso) 2 . O foco <strong>de</strong> análise dos teóricos urbanos são as externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

tecnológicas, pois estas só ocorrem mediante interações sociais entre diferentes atores, e as<br />

mesmas são classifica<strong>da</strong>s como “economias <strong>de</strong> localização ou marshallianas” e “economias <strong>de</strong><br />

urbanização ou jacobianas”. No primeiro caso, as firmas são beneficia<strong>da</strong>s pela concentração<br />

<strong>de</strong> firmas <strong>da</strong> mesma indústria ou indústrias similares em <strong>de</strong>terminado centro urbano, como<br />

<strong>de</strong>stacado por Alfred Marshall (importância <strong>da</strong> especialização produtiva – economias externas<br />

às firmas, mas internas à aglomeração). No segundo caso, as firmas são beneficia<strong>da</strong>s pela<br />

diversificação produtiva, pela própria escala urbana e pela oferta <strong>de</strong> serviços sofisticados à<br />

produção, como evi<strong>de</strong>nciado por Jane Jacobs (economias internas à indústria e à locali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

mas externas às firmas).<br />

Cabe ressaltar alguns aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s economias <strong>de</strong> urbanização. Segundo<br />

Jacobs (1969), a especialização produtiva não é fator central para o <strong>de</strong>senvolvimento urbano,<br />

pois não proporciona condições essenciais à inovação e, <strong>de</strong>sta forma, não é capaz <strong>de</strong> evitar<br />

que uma região fique estagna<strong>da</strong> mesmo quando suas indústrias são altamente eficientes. Em<br />

contraparti<strong>da</strong>, nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos que contam com uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviços produtivos e <strong>de</strong> firmas fornecedoras <strong>de</strong> insumos há maior divisão do trabalho, o que<br />

cria um ambiente propício à inovação e favorece o surgimento <strong>de</strong> novas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, inclusive<br />

exportadoras. Estas, por sua vez, incentivam o <strong>de</strong>senvolvimento do sistema <strong>de</strong> transportes, <strong>da</strong>s<br />

comunicações, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras, etc., o que torna estes centros extremamente<br />

atraentes do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> produção (<strong>da</strong>s firmas). Estas vantagens oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

aglomeração urbana também favorecem o consumo <strong>de</strong>vido à maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e<br />

serviços públicos, bem como a maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contato social e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cultural, o que atrai consumidores/trabalhadores. Assim, a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> implica em dinamismo,<br />

maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<strong>de</strong>quação às mu<strong>da</strong>nças, o que torna a economia menos vulnerável. A<br />

autora <strong>de</strong>staca que a aglomeração também é acompanha<strong>da</strong> por <strong>de</strong>seconomias, relaciona<strong>da</strong>s<br />

aos custos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento e às <strong>de</strong>sameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s urbanas (poluição, criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, exclusão<br />

social, elevação <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> fundiária, aceleração <strong>da</strong> migração interna, aumento do <strong>de</strong>semprego e<br />

subemprego urbanos etc.), que contrabalançam as economias <strong>de</strong> aglomeração, mas isto não<br />

impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento, apenas reduz o ritmo <strong>de</strong> expansão urbana. É <strong>de</strong> extrema<br />

importância ressaltar aqui que para Jacobs (1969) a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é o elemento chave <strong>de</strong>ste processo,<br />

pois nela são cria<strong>da</strong>s as melhores condições para a troca <strong>de</strong> informações e o fluxo <strong>de</strong> produtos,<br />

serviços e fatores <strong>de</strong> produção. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> representa o equilíbrio entre as forças aglomerativas<br />

e <strong>de</strong> dispersão.<br />

Assim, as economias externas são fun<strong>da</strong>mentais para explicar a localização, o padrão<br />

<strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas e o <strong>de</strong>senvolvimento urbano. Como as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

tradicionais são favoreci<strong>da</strong>s por economias <strong>de</strong> localização, elas ten<strong>de</strong>rão a se localizar em<br />

regiões com significativa especialização produtiva. Já as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dinâmicas (<strong>de</strong> alto teor<br />

tecnológico), que são favoreci<strong>da</strong>s por economias <strong>de</strong> urbanização, ten<strong>de</strong>rão a se localizar em<br />

2 Tría<strong>de</strong> Marshalliana.<br />

3


egiões mais diversifica<strong>da</strong>s. Duranton & Puga (2002) analisam quais as vantagens e<br />

<strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong> especialização e diversificação urbana e chegam a algumas conclusões, entre<br />

as quais po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar a relação entre o crescimento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e seu nível <strong>de</strong><br />

especialização ou diversificação e à sua localização relativa, a relação entre inovação e<br />

diversificação, e a tendência à diversificação <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Da<strong>da</strong> esta tendência à diversificação dos gran<strong>de</strong>s centros urbanos, é importante<br />

analisar, como já <strong>de</strong>stacava Jacobs (1969), a contribuição do setor <strong>de</strong> serviços para a dinâmica<br />

econômica. Marshall (1995) <strong>de</strong>monstra que no período entre 1970 e 1990 a participação do<br />

emprego no setor <strong>de</strong> serviços cresceu significativamente nas economias <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s. Tal<br />

crescimento foi viabilizado, principalmente, pelo aumento <strong>da</strong> integração entre ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

industriais e <strong>de</strong> serviços (manufatura necessita ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong> serviços especializados para<br />

realizar sua produção e os serviços precisam do avanço industrial para manter sua dinâmica),<br />

pela adoção do modo <strong>de</strong> produção flexível (surgimento <strong>de</strong> pequenas firmas prestadoras <strong>de</strong><br />

serviços à indústria), pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas tecnologias, pelo aumento dos fluxos<br />

internacionais <strong>de</strong> bens e serviços e pela <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por novos serviços coerentes com o novo<br />

padrão <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos consumidores (conquistar nichos <strong>de</strong> mercado). O setor <strong>de</strong> serviços, antes<br />

consi<strong>de</strong>rado trabalho-intensivo, se diversificou, aumentou seu potencial produtivo e sua<br />

competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong>ndo origem a novos métodos <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> difícil padronização, o que<br />

tornou seus segmentos mais sofisticados altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializa<strong>da</strong><br />

(trabalhar com novas tecnologias e pesquisas). Além disso, os serviços mo<strong>de</strong>rnos (serviços<br />

prestados às indústrias – bancários, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> softwares, consultoria, etc. –,<br />

serviços <strong>de</strong> informação, serviços financeiros, etc.) ten<strong>de</strong>m a se aglomerar em áreas urbanas,<br />

pois estas dispõem <strong>de</strong> to<strong>da</strong> infraestrutura necessária ao <strong>de</strong>senvolvimento dos mesmos<br />

(transportes, telecomunicações, mão-<strong>de</strong>-obra qualifica<strong>da</strong>, etc.), nas quais há melhores<br />

condições <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> e acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, bem como a existência <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong><br />

mercado competitivo que estimula a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos serviços ofertados. Estes fatos <strong>de</strong>monstram<br />

a importância relativa do setor <strong>de</strong> serviços para explicar as mu<strong>da</strong>nças nas economias<br />

mo<strong>de</strong>rnas, visto que o mesmo tornou-se elemento essencial para o crescimento econômico<br />

(integração entre indústria e serviços reflete os ajustes realizados para manter a<br />

competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no cenário econômico mundial em constantes transformações).<br />

A oferta <strong>de</strong> serviços sofisticados concentra-se justamente nas regiões mais<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, ou seja, é possível observar uma relação positiva entre urbanização e emprego<br />

nos setores <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos. Entretanto, é preciso salientar que as formas <strong>de</strong> organização<br />

e as tecnologias <strong>de</strong> comunicação presentes nestas regiões ten<strong>de</strong>m a tornar estes serviços ca<strong>da</strong><br />

vez mais intensivos em capital, ou seja, apesar <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong> posição estratégica <strong>de</strong>stas<br />

economias, o crescimento do emprego nestes ramos ten<strong>de</strong> a se ca<strong>da</strong> vez mais seletivo e a<br />

crescer a taxas mais baixas. Assim, à medi<strong>da</strong> que novos bens e serviços surgem, <strong>de</strong>terminados<br />

padrões <strong>de</strong> organização econômica também mu<strong>da</strong>m e isto tem reflexos nas tendências <strong>de</strong><br />

emprego, o que é objeto <strong>de</strong> interesse dos estudiosos do <strong>de</strong>senvolvimento regional e urbano.<br />

Fica claro então que o <strong>de</strong>senvolvimento recente <strong>da</strong>s tecnologias, especialmente <strong>de</strong><br />

comunicações e transportes, e o processo <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong>sempenham papel central na nova<br />

organização espacial <strong>da</strong> produção, o que tem implicações diretas sobre a condição <strong>de</strong><br />

ocupação dos trabalhadores, pois em regiões mais populosas, cujas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s principais são<br />

mais intensivas em capital e em serviços sofisticados, a inserção dos mesmos po<strong>de</strong> ser mais<br />

difícil. Assim, parece interessante analisar como os níveis <strong>de</strong> urbanização afetam a<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo estar ou não inserido no mercado <strong>de</strong> trabalho, visto que este<br />

processo implica em transformações na estrutura ocupacional do emprego por intermédio dos<br />

movimentos populacionais por ele induzidos e pela reorganização dos mercados <strong>de</strong> trabalho.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se que a condição <strong>de</strong> ocupação dos trabalhadores é influencia<strong>da</strong> por seus atributos<br />

4


pessoais, produtivos ou não, e pelas condições econômicas do meio em que os mesmos<br />

resi<strong>de</strong>m.<br />

3. Metodologia e Base <strong>de</strong> Dados<br />

3.1 Mo<strong>de</strong>los multiníveis ou hierárquicos<br />

Muitos são os fatores que po<strong>de</strong>m influenciar a inserção <strong>de</strong> um indivíduo no mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho. Estes fatores po<strong>de</strong>m, a priori, se classificados em duas gran<strong>de</strong>s categorias: a<br />

primeira associa<strong>da</strong> às características dos próprios indivíduos (condições sócio-econômicas) e<br />

a segun<strong>da</strong> relaciona<strong>da</strong> às características do ambiente em que os mesmos estão inseridos<br />

(infraestrutura econômica, institucional, composição <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho, etc.). Este fato<br />

<strong>de</strong>monstra quão importante é i<strong>de</strong>ntificar e explicar as influências do ambiente e do grupo<br />

sobre o comportamento individual em oposição as suas próprias características. Os mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> regressão estimados pelo Método <strong>de</strong> Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) não avaliam a<br />

variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> existente entre os grupos, o que acaba limitando a análise, pois as estimativas<br />

dos <strong>de</strong>svios-padrão apresentam viés. Para minimizar este problema e utilizar os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

forma mais eficiente, é possível utilizar mo<strong>de</strong>los multiníveis ou hierárquicos, visto que os<br />

mesmos permitem a elaboração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> regressão nos quais a variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

medi<strong>da</strong> no menor nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação, é influencia<strong>da</strong> por variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

diferentes níveis, relacionados tanto ao próprio indivíduo quanto ao grupo e ao ambiente em<br />

que o mesmo está inserido.<br />

As vantagens <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los estão relaciona<strong>da</strong>s a: i) melhoria <strong>da</strong>s estimativas dos<br />

parâmetros, pois o controle <strong>da</strong>s características do grupo mais numeroso <strong>da</strong> população evita<br />

que os resultados sejam <strong>de</strong>terminados pelo mesmo (são obti<strong>da</strong>s equações específicas para<br />

ca<strong>da</strong> grupo); ii) possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar testes <strong>de</strong> hipóteses entre os diferentes níveis<br />

analisados, observando a relação entre os indivíduos e seus respectivos grupos; e iii) é<br />

possível <strong>de</strong>terminar a importância dos diferentes níveis na explicação <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

<strong>da</strong>dos por meio <strong>da</strong> partição <strong>da</strong> variância, obtendo, assim, estimativas mais conservadoras dos<br />

<strong>de</strong>svios-padrão (as características não explica<strong>da</strong>s em ambos os níveis são capta<strong>da</strong>s por<br />

componentes residuais específicos, o que possibilita a mensuração <strong>da</strong> contribuição <strong>da</strong><br />

variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> proveniente <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> nível para a variação total).<br />

Os mo<strong>de</strong>los hierárquicos analisam a relação entre uma variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte Y ij (por<br />

exemplo, a condição <strong>de</strong> ocupação) e uma variável explicativa X ij (por exemplo, anos <strong>de</strong><br />

estudo), on<strong>de</strong> i representa o indivíduo (nível 1) e j o grupo a qual este pertence (nível 2, por<br />

exemplo, o Estado), representa<strong>da</strong> pela seguinte equação:<br />

ij = 0 j + β1<br />

j<br />

Y β X + r ( 1)<br />

ij<br />

ij<br />

Consi<strong>de</strong>rando que os grupos po<strong>de</strong>m influenciar o comportamento <strong>de</strong> seus indivíduos, é<br />

preciso inserir uma variável <strong>de</strong> controle, W j , para captar estes efeitos. Assim, as equações <strong>de</strong><br />

nível 2 são:<br />

β = γ + γ + ( 2)<br />

0 j 00 01W<br />

j u0<br />

j<br />

1 j γ 10<br />

( 3)<br />

β =<br />

Substituindo as equações (2) e (3) na equação (1) obtém-se:<br />

5


Y γ + r ( 4)<br />

ij = 00 + γ 01W<br />

j + γ 10 X ij + u0<br />

j<br />

ij<br />

De acordo com as hipóteses do mo<strong>de</strong>lo, os termos <strong>de</strong> erro ij r e u0 j são aleatórios e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, normalmente distribuídos e <strong>de</strong> média igual a um. A variância entre os<br />

2<br />

indivíduos, r ij , é <strong>da</strong><strong>da</strong> por σ e a variância entre os grupos (Estados), u0 j , é representa<strong>da</strong> por<br />

2<br />

τ 0 . Ou seja:<br />

r<br />

u<br />

ij<br />

ij<br />

2<br />

~ N(<br />

0,<br />

σ )<br />

2<br />

~ N(<br />

0,<br />

τ )<br />

0<br />

( 5)<br />

A partir <strong>de</strong>stas variâncias po<strong>de</strong>-se calcular a correlação intragrupo (Estados):<br />

2<br />

τ 0<br />

ρ(<br />

Y ij , Yi<br />

' j ) =<br />

(6)<br />

2 2<br />

( τ + ρ )<br />

0<br />

O coeficiente <strong>de</strong> correlação intra-estadual me<strong>de</strong> a proporção <strong>da</strong> variância entre os<br />

Estados em relação à variância total, ou seja, mostra o quanto <strong>da</strong> variação na probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um indivíduo estar ou não ocupado é explica<strong>da</strong> por diferenças existentes em suas estruturas<br />

produtivas. Este coeficiente varia entre 0 e 1. Quando seu valor é nulo, isso significa que as<br />

estruturas produtivas estaduais são semelhantes, <strong>de</strong> tal forma que não afetam a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> condição <strong>de</strong> ocupação dos indivíduos. Quando seu valor é igual a 1 to<strong>da</strong> a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

condição <strong>de</strong> ocupação é influencia<strong>da</strong> pelas diferenças nas estruturas produtivas estaduais. Se<br />

este coeficiente é diferente <strong>de</strong> zero há uma justificativa para o estudo proposto.<br />

Os mo<strong>de</strong>los serão estimados pelo método <strong>de</strong> Máxima Verossimilhança, cujos<br />

estimadores geram parâmetros consistentes, assintoticamente eficientes e que maximizam a<br />

função <strong>de</strong> verossimilhança (a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se observar esses valores na amostra particular<br />

é máxima), ao mesmo tempo em que são manti<strong>da</strong>s as hipóteses <strong>de</strong> lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> e normali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos resíduos (Rau<strong>de</strong>nbush & Bryk, 2002).<br />

3.2 Fonte <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s variáveis<br />

A base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos utiliza<strong>da</strong> para a estimação do mo<strong>de</strong>lo foi construí<strong>da</strong> a partir dos<br />

micro<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Pesquisa Nacional por Amostra <strong>de</strong> Domicílios (PNAD), do IBGE, para o ano<br />

<strong>de</strong> 2008. Os <strong>da</strong>dos são analisados nos níveis individuais (nível 1) e <strong>de</strong> acordo com a Uni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração (nível 2), com o objetivo <strong>de</strong> mensurar os efeitos <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong>s estruturas<br />

produtivas estaduais sobre a condição <strong>de</strong> ocupação dos trabalhadores brasileiros.<br />

A amostra é comporta por 194.953 indivíduos, agrupados em 27 esferas espaciais<br />

(Estados brasileiros), <strong>de</strong> ambos os sexos, entre 10 e 65 anos, pertencentes a População<br />

Economicamente Ativa (PEA) 3 . O indivíduo pertencente a PEA possui duas condições <strong>de</strong><br />

ocupação: i) ocupado: pessoas que no período <strong>de</strong> referência (período que antece<strong>de</strong> a semana<br />

<strong>da</strong> entrevista), no caso 365 dias, trabalharam ou tinham trabalho; e ii) <strong>de</strong>socupado: pessoas<br />

que não tinham trabalho no período <strong>de</strong> referência, mas estavam dispostos a trabalhar e que,<br />

3 A PEA é composta por indivíduos <strong>de</strong> 10 anos ou mais e equivale ao potencial <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra com que po<strong>de</strong><br />

contar o setor produtivo (IBGE, 2002).<br />

6


para isso tomaram alguma providência efetiva (IBGE, 2002). As variáveis utiliza<strong>da</strong>s nos<br />

mo<strong>de</strong>los propostos estão relaciona<strong>da</strong>s na tabela 01:<br />

Variável Depen<strong>de</strong>nte<br />

cond_ocup <strong>Condição</strong> <strong>de</strong> ocupação do<br />

indivíduo.<br />

Variáveis Explicativas <strong>de</strong> Nível 1 (indivíduo)<br />

Tabela 01 – Definição e <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s variáveis dos mo<strong>de</strong>los<br />

Descrição Comentários<br />

Dummy que assume valor 1 quando “ocupado” e 0 quando “<strong>de</strong>socupado”.<br />

Variável Descrição Comentários<br />

sexo* Sexo do indivíduo. Dummy cujo valor é 1 para “homem” e 0 para “mulher.<br />

cor* Raça ou cor do indivíduo. Dummy cujo valor é 1 quando “branca ou amarela” e 0 quando “preta, par<strong>da</strong> ou indígena”<br />

anest** Anos <strong>de</strong> estudo do indivíduo. Proxy <strong>da</strong> qualificação do trabalhador (incorporação <strong>de</strong> conhecimento).<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>** I<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo. Proxy para a experiência do indivíduo: quanto mais velho maior o acúmulo <strong>de</strong> experiência<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>2** Termo quadrático <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

indivíduo.<br />

e maior o domínio sobre a função.<br />

As recompensas relaciona<strong>da</strong>s ao trabalho não são lineares em relação à i<strong>da</strong><strong>de</strong> (atingem<br />

um máximo e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>crescem).<br />

freq** Freqüência à escola. Dummy cujo valor é 1 para “sim” e 0 para “não”.<br />

area_urb Área <strong>de</strong> residência do indivíduo. Dummy cujo valor é 1 quando “urbana” e 0 quando “rural”.<br />

Variáveis Explicativas <strong>de</strong> Nível 2<br />

Variável Descrição Comentários<br />

tx_urb Taxa <strong>de</strong> urbanização estadual. Proxy para o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> estrutura produtiva estadual: à medi<strong>da</strong> que esta<br />

<strong>de</strong>nserv Densi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

mo<strong>de</strong>rnos.<br />

cresce maior é o nível <strong>de</strong> diversificação.<br />

Proxy para o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> estrutura produtiva estadual: participação<br />

relativa do emprego no setor <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos (economias <strong>de</strong> urbanização).<br />

Obs1: (*) características não produtivas dos indivíduos; (**) características produtivas dos indivíduos.<br />

Obs2: a variável taxa <strong>de</strong> urbanização foi obti<strong>da</strong> dividindo-se a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> domicílios com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto na locali<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo<br />

total <strong>de</strong> domicílios <strong>de</strong>sta locali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Obs3: a variável <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos foi obti<strong>da</strong> dividindo-se a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas ocupa<strong>da</strong>s nos setores <strong>de</strong><br />

serviços mo<strong>de</strong>rnos na locali<strong>da</strong><strong>de</strong> pela quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas ocupa<strong>da</strong>s no setor <strong>de</strong> serviços nesta mesma locali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Obs4: por setores <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos compreen<strong>de</strong>m-se as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> transportes terrestres, aéreos e aquaviários e<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anexas, correios e telecomunicações, intermediação financeira, seguros e previdência priva<strong>da</strong>, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s auxiliares<br />

<strong>de</strong> intermediação financeira, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s imobiliárias, aluguel <strong>de</strong> veículos, máquinas e equipamentos, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> informática e<br />

conexas, pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento nas ciências sociais e humanas e serviços prestados principalmente às empresas.<br />

Apesar do foco do trabalho residir na importância <strong>da</strong> estrutura produtiva urbana, não<br />

foi excluí<strong>da</strong> <strong>da</strong> análise a população rural, visto que o <strong>de</strong>senvolvimento do campo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s não-agrícolas e dos mercados <strong>de</strong> trabalho urbanos locais e<br />

regionais, ou seja, há transmissão do meio urbano para o rural (funciona como fonte<br />

complementar <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>).<br />

As estatísticas <strong>de</strong>scritivas <strong>da</strong>s variáveis são apresenta<strong>da</strong>s na tabela 02:<br />

7


Tabela 02 - Estatísticas <strong>de</strong>scritivas<br />

Variável Nº <strong>de</strong> Obs. Média Desvio-Padrão Min. Max.<br />

Variável Depen<strong>de</strong>nte<br />

cond_ocup 194.953 0,95497 0,20736 0 1<br />

Variáveis <strong>de</strong> Nível 1<br />

sexo 194.953 0,55874 0,49654 0 1<br />

cor 194.953 0,45093 0,49759 0 1<br />

anest 194.953 8,18741 4,33192 0 16<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> 194.953 35,4739 12,70867 10 65<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>2 194.953 1419,912 964,748 100 4.225<br />

freq 194.953 0,14557 0,35262 0 1<br />

area_urb 194.953 0,84171 0,365013 0 1<br />

Variáveis <strong>de</strong> Nível 2<br />

tx_urb 194.953 43,08467 20,25992 2,86 73,58<br />

<strong>de</strong>nserv 194.953 24,6163 4,793136 13,09 32,49<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD.<br />

Abaixo seguem os histogramas <strong>de</strong> algumas variáveis contínuas:<br />

Density<br />

0 ,01 ,02 ,03 ,04 ,05<br />

Gráfico 01 - Histograma <strong>da</strong> variável expl. <strong>de</strong> nível 1 I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

10 20 30 40 50 60<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Density<br />

0 ,2 ,4 ,6 ,8<br />

Gráfico 02 - Hist. variável expl. <strong>de</strong> nível 1 Anos <strong>de</strong> Estudo<br />

0 5 10 15 20<br />

Anos <strong>de</strong> estudo<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD. Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD.<br />

Density<br />

0 ,02 ,04 ,06 ,08 ,1<br />

Gráfico 03 - Histog. <strong>da</strong> variável expl. nível 2 Tx. <strong>Urbanização</strong><br />

0 20 40 60 80<br />

Taxa <strong>de</strong> <strong>Urbanização</strong><br />

Density<br />

0 ,1 ,2 ,3 ,4 ,5<br />

Gráfico 04 - Histog. <strong>da</strong> variável expl. nível 2 Dens. Serviços<br />

8<br />

15 20 25 30 35<br />

Densi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços Mo<strong>de</strong>rnos<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD. Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD.


4. Mo<strong>de</strong>los Estimados e Análise dos Resultados<br />

Para evi<strong>de</strong>nciar a importância <strong>de</strong> incluir variáveis <strong>de</strong> controle em ambos os níveis <strong>de</strong><br />

análise serão estimados quatro mo<strong>de</strong>los alternativos, partindo <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo linear simples,<br />

não hierárquico. Da<strong>da</strong> a pequena amostra <strong>de</strong> nível 2 (27 observações), os mo<strong>de</strong>los que<br />

incluem as características dos Estados serão estimados primeiramente para a variável tx_urb e<br />

em segui<strong>da</strong> para a variável <strong>de</strong>nserv, evitando assim a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Espera-se<br />

que os mo<strong>de</strong>los apresentem resultados semelhantes, corroborando a análise.<br />

4.1 Mo<strong>de</strong>lo 1: mo<strong>de</strong>lo linear simples, não hierárquico<br />

O objetivo <strong>de</strong> estimar este mo<strong>de</strong>lo consiste em verificar a significância <strong>da</strong>s variáveis<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes escolhi<strong>da</strong>s para a análise. Como a variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é binária (assume valor<br />

zero ou um), o mo<strong>de</strong>lo escolhido para estimação foi o probit, cuja função <strong>de</strong> distribuição<br />

acumula<strong>da</strong> é normal. Seus resultados indicarão a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo estar ou não<br />

ocupado. O mo<strong>de</strong>lo é representado pela seguinte equação:<br />

cond _ ocup<br />

= β + β sexo + β cor + β anest + β i<strong>da</strong><strong>de</strong> + β i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+ β freq +<br />

β area _ urb + β tx _ urb + β <strong>de</strong>nserv + ε<br />

7<br />

i<br />

8<br />

0<br />

1<br />

9<br />

2<br />

Suas estimativas estão relaciona<strong>da</strong>s na tabela 03, na qual po<strong>de</strong>mos verificar que to<strong>da</strong>s<br />

as variáveis são significativas. Cabe aqui ressaltar o porquê dos sinais negativos <strong>da</strong>s seguintes<br />

variáveis:<br />

i) freqüência à escola: trabalho e estudo po<strong>de</strong>m ser ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s concorrentes (<strong>de</strong>dicação<br />

à qualificação po<strong>de</strong> atrasar a entra<strong>da</strong> no mercado <strong>de</strong> trabalho) e, além disso, indivíduos que<br />

estu<strong>da</strong>m têm menor disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para trabalhar; e<br />

ii) área urbana e <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços: apesar <strong>de</strong> aglomerações urbanas apresentarem<br />

uma dinâmica econômica eleva<strong>da</strong>, inclusive em termos <strong>de</strong> emprego, isto não necessariamente<br />

implica em maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as características dos<br />

postos <strong>de</strong> trabalho gerados nestas regiões (ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior teor tecnológico e sofisticação,<br />

o que exige maior qualificação dos trabalhadores) e a eleva<strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional.<br />

4.2 Mo<strong>de</strong>lo 2: mo<strong>de</strong>lo nulo ou mo<strong>de</strong>lo ANOVA com efeitos aleatórios<br />

Este é o mo<strong>de</strong>lo hierárquico linear mais simples, pois não consi<strong>de</strong>ra variáveis<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes em ambos os níveis, ou seja, é incondicional. Seus resultados permitem a<br />

partição <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> total observa<strong>da</strong> nos <strong>da</strong>dos entre os resíduos individuais e estaduais.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo prediz o resultado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nível 1 utilizando apenas um<br />

β , e um termo <strong>de</strong> erro aleatório, r ij . Este intercepto por<br />

parâmetro <strong>de</strong> nível 2, o intercepto 0 j<br />

sua vez é <strong>de</strong>terminado por um efeito fixo estadual, γ 00 , aliado a um termo <strong>de</strong> erro aleatório,<br />

u0 j . As equações do mo<strong>de</strong>lo são:<br />

cond _ ocup β + r (8)<br />

ij = 0 j<br />

β = γ + (9)<br />

0 j<br />

00<br />

u0 j<br />

ij<br />

3<br />

i<br />

4<br />

( 7)<br />

Substituindo a equação (9) em (8) obtém-se o mo<strong>de</strong>lo completo:<br />

5<br />

6<br />

9


cond _ ocup γ + r (10)<br />

ij = 00 + u0<br />

j<br />

ij<br />

Este mo<strong>de</strong>lo fornece a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> média do indivíduo estar ocupado, que é <strong>de</strong><br />

aproxima<strong>da</strong>mente 95,59%. Seus resultados po<strong>de</strong>m ser verificados na tabela 03. A variância<br />

total do mo<strong>de</strong>lo é igual a 0,043033. O cálculo do coeficiente <strong>de</strong> correlação entre os indivíduos<br />

pertencentes ao mesmo Estado, , ) Y ρ , <strong>de</strong>monstra que apenas 0,653% <strong>de</strong>sta variância é<br />

( ij i'<br />

j Y<br />

explica<strong>da</strong> por diferenças entre as estruturas produtivas estaduais (99,347% <strong>de</strong>corre <strong>da</strong>s<br />

diferenças entre indivíduos). Estes resultados implicam que a influência <strong>da</strong>s diferenças<br />

estaduais sobre a condição <strong>de</strong> ocupação, quando não há controle pelas características<br />

individuais, é praticamente insignificante, o que po<strong>de</strong> ser um indicativo <strong>de</strong> que as estimativas<br />

obti<strong>da</strong>s por intermédio do mo<strong>de</strong>lo linear simples sejam suficientes para analisar o problema<br />

proposto. Mais adiante serão realiza<strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações sobre este resultado.<br />

4.3 Mo<strong>de</strong>lo 3: mo<strong>de</strong>lo ANCOVA consi<strong>de</strong>rando apenas as covariáveis <strong>de</strong> nível 1<br />

As características produtivas e não produtivas dos indivíduos são incorpora<strong>da</strong>s ao<br />

mo<strong>de</strong>lo por intermédio <strong>da</strong> equação <strong>de</strong> nível 1, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar como os atributos<br />

pessoais influenciam sua condição <strong>de</strong> ocupação. Este mo<strong>de</strong>lo se diferencia dos mo<strong>de</strong>los<br />

β , que representa a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> estar<br />

lineares simples porque seu intercepto, 0 j<br />

ocupado, varia aleatoriamente entre os Estados <strong>de</strong>vido às condições específicas dos mercados<br />

<strong>de</strong> trabalho locais. Assim, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> nível 1 e 2 são:<br />

cond _ ocup<br />

β area _ urb + r<br />

7<br />

0 j<br />

00<br />

ij<br />

u0 j<br />

= β<br />

ij<br />

0 j<br />

+ β sexo + β cor + β anest + β i<strong>da</strong><strong>de</strong> + β i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+ β freq +<br />

1<br />

( 11)<br />

β = γ +<br />

(9)<br />

β = γ , n > 0 (12)<br />

nj<br />

n0<br />

Substituindo (9) e (12) em (11) obtém-se o mo<strong>de</strong>lo completo:<br />

cond _ ocup<br />

γ<br />

60<br />

ij<br />

70<br />

= γ<br />

00<br />

10<br />

freq + γ area _ urb + u<br />

0 j<br />

+ r<br />

ij<br />

2<br />

20<br />

3<br />

+ γ sexo + γ cor + γ anest + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong> + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+<br />

Os resultados do mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>m ser verificados na tabela 03. A variância total do<br />

mo<strong>de</strong>lo, com a inclusão <strong>da</strong>s variáveis explicativas <strong>de</strong> nível um, caiu para 0,041316 (-4,156%),<br />

o que foi provocado por reduções <strong>de</strong> 2,815% e 4,165% nas variâncias entre os Estados e entre<br />

os indivíduos, respectivamente. O coeficiente <strong>de</strong> correlação intra-estados manteve-se<br />

praticamente constante, explicando apenas 0,662% <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> existente nos <strong>da</strong>dos, ou<br />

seja, a distribuição <strong>da</strong> variância entre os níveis não se alterou significativamente.<br />

30<br />

( 13)<br />

4.4 Mo<strong>de</strong>los 4 e 5: mo<strong>de</strong>lo ANCOVA consi<strong>de</strong>rando as covariáveis <strong>de</strong> ambos os níveis<br />

Este mo<strong>de</strong>lo inclui variáveis explicativas <strong>de</strong> ambos os níveis, evi<strong>de</strong>nciando como as<br />

mesmas po<strong>de</strong>m afetar a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou seja, a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ou não<br />

ocupado. Esta é uma tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o impacto dos atributos estaduais sobre a<br />

4<br />

40<br />

5<br />

50<br />

6<br />

10


condição <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> trabalhadores perfeitamente substituíveis no processo produtivo,<br />

mas resi<strong>de</strong>ntes em diferentes Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração. Como <strong>de</strong>stacado anteriormente, serão<br />

utiliza<strong>da</strong>s duas variáveis para representar o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> estrutura produtiva<br />

estadual, a taxa <strong>de</strong> urbanização e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> do emprego no setor <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos, para<br />

as quais serão estimados mo<strong>de</strong>los distintos (evitando a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>). Os<br />

mo<strong>de</strong>los 4.1 e 4.2 referem-se à variável taxa <strong>de</strong> urbanização e os mo<strong>de</strong>los 5.1 e 5.2 referem-se<br />

à variável <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Os mo<strong>de</strong>los 4.1 e 5.1 possuem interceptos aleatórios, com o intuito <strong>de</strong> verificar porque<br />

alguns Estados proporcionam maior possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção dos indivíduos no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho. As equações <strong>de</strong> nível 1 são <strong>da</strong><strong>da</strong>s por (11), as inclinações <strong>de</strong> nível 2 por (12) e os<br />

interceptos <strong>de</strong> nível 2 são os seguintes:<br />

β = γ + γ<br />

(14)<br />

0 j<br />

00<br />

01W<br />

j + u0<br />

j<br />

on<strong>de</strong> W j é igual a taxa <strong>de</strong> urbanização estadual em 4.1 e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

mo<strong>de</strong>rnos em 5.1.<br />

Substituindo (12) e (14) em (11) obtém-se o mo<strong>de</strong>lo completo 4 :<br />

cond _ ocup<br />

γ<br />

60<br />

ij<br />

70<br />

= γ<br />

00<br />

+ γ W<br />

01<br />

freq + γ area _ urb + u<br />

j<br />

+ γ sexo + γ cor + γ anest + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong> + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+<br />

0 j<br />

10<br />

+ r<br />

ij<br />

A incorporação <strong>da</strong> covariável <strong>de</strong> nível 2 taxa <strong>de</strong> urbanização (mo<strong>de</strong>lo 4.1), reduziu<br />

ligeiramente a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos analisados para 0,410311 (que<strong>da</strong> <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente<br />

0.012%). Neste caso não houve alteração <strong>da</strong> variância entre indivíduos, o que <strong>de</strong>monstra que<br />

esta diminuição foi provoca<strong>da</strong> inteiramente pela que<strong>da</strong> <strong>da</strong> variância entre Estados. Além<br />

disso, o coeficiente <strong>de</strong> correlação intra-estados caiu para 0,651%. Os resultados são<br />

praticamente os mesmos quando a variável incorpora<strong>da</strong> ao mo<strong>de</strong>lo refere-se à <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviços mo<strong>de</strong>rnos (as diferenças observa<strong>da</strong>s entre este mo<strong>de</strong>lo, 5.1, e o mo<strong>de</strong>lo 4.1 estão<br />

relaciona<strong>da</strong>s à pequenas variações nas estimativas dos parâmetros), o que corrobora os<br />

resultados encontrados. Estes resultados estão relacionados na tabela 03. Além disso, as<br />

variáveis <strong>de</strong> nível 2 são insignificantes nestas situações.<br />

Da<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> urbanização e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos<br />

afetem algumas variáveis explicativas <strong>de</strong> nível 1, como, por exemplo, a escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

indivíduos (representa<strong>da</strong> pela variável anos <strong>de</strong> estudo) 5 , é interessante estimar este mesmo<br />

mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>rando que as variáveis <strong>de</strong> nível 2 possuem inclinações aleatórias. Esta é uma<br />

forma <strong>de</strong> avaliar porque a associação entre as variáveis <strong>de</strong> nível 2 (estaduais) e a variável<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ocupado) é maior em alguns Estados, ou seja, é uma forma<br />

<strong>de</strong> avaliar as interações entre níveis. A equação <strong>de</strong> nível 1 neste caso é representa<strong>da</strong> por (11) e<br />

as equações <strong>de</strong> nível 2 são representa<strong>da</strong>s por (14) para o intercepto e pela equação abaixo para<br />

as inclinações 6 :<br />

β = γ + γ + u , n > 0 (16)<br />

n0<br />

n0<br />

n1W<br />

j nj<br />

W .<br />

4 Com as mesmas consi<strong>de</strong>rações em relação a j<br />

5<br />

Quanto mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> uma locali<strong>da</strong><strong>de</strong>, maior é o acesso à educação (ou pelo menos <strong>de</strong>veria ser) e maiores<br />

são os pré-requisitos para cumprir as novas funções que surgem.<br />

W é igual a taxa <strong>de</strong> urbanização estadual em 4.2 e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos em 5.2.<br />

6 on<strong>de</strong> j<br />

20<br />

( 15)<br />

30<br />

40<br />

50<br />

11


Constante<br />

Sexo<br />

Cor<br />

Anest<br />

I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

Freq<br />

area_urb<br />

tx_urb<br />

Denserv<br />

O mo<strong>de</strong>lo completo é obtido substituindo (14) e (16) em (11):<br />

cond _ ocup γ γ<br />

+ u X + r (17)<br />

ij = 00 + γ 01W<br />

j + γ n0<br />

X ij + n0<br />

X ijW<br />

j + u0<br />

j<br />

on<strong>de</strong> W j é igual a taxa <strong>de</strong> urbanização estadual em 4.2 e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

mo<strong>de</strong>rnos em 5.2 e X ij é o vetor <strong>da</strong>s variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> nível 1.<br />

Os resultados <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los são praticamente iguais àqueles observados no caso<br />

anterior. As estimativas dos parâmetros pouco se alteram e a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> associação entre<br />

os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s estruturas produtivas e a condição <strong>de</strong> ocupação dos<br />

indivíduos em ca<strong>da</strong> Estado é muito baixa. Há uma pequena redução <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

observa<strong>da</strong> nos <strong>da</strong>dos (entre 0,1% e 0,4%), provoca<strong>da</strong> pela diminuição <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> intraestados<br />

(aproxima<strong>da</strong>mente 5,5%), especialmente quando utilizamos a variável <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviços mo<strong>de</strong>rnos (neste caso, o percentual <strong>da</strong> variância explicado pelas diferenças entre os<br />

Estados cai para apenas 0,307%).<br />

Tabela 03 - Resultados <strong>da</strong>s estimativas dos mo<strong>de</strong>los<br />

Variável Mo<strong>de</strong>lo 1 Mo<strong>de</strong>lo 2 Mo<strong>de</strong>lo 3<br />

Mo<strong>de</strong>lo 4.1<br />

(int. al.)<br />

Mo<strong>de</strong>lo 4.2<br />

(inc. al.)<br />

Mo<strong>de</strong>lo 5.1<br />

(int. al.)<br />

Mo<strong>de</strong>lo 5.2<br />

(inc. al.)<br />

0,6402*** 0,9559*** 0,7605*** 0,7634*** 0,76066*** 0,78133*** 0,76145***<br />

(0,000) (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

0,4484***<br />

0,03850*** 0,0385*** 0,03850*** 0,03850*** 0,03850***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

0,1522***<br />

0,00653*** 0,00655*** 0,00652*** 0,00659*** 0,00651***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

0,00869***<br />

0,00109*** 0,00109*** 0,00109*** 0,00109*** 0,001087***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

0,08061***<br />

0,00953*** 0,00953*** 0,00953*** 0,00953*** 0,00953***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

-0,00076***<br />

-0,00009*** -0,0001*** -0,0001*** -0,0001*** -0,0001***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

-0,1265***<br />

-,01943*** -0,01943*** -0,019422*** -0,01943*** -0,01942***<br />

(0,000) - (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

-0,5874***<br />

-0,03845*** -0,038511*** -0,03847*** -0,03851***<br />

(0,000) - -0,03852*** (0,000) (0,000) (0,000)<br />

(0,000)<br />

0,0023***<br />

-0,0001<br />

(0,000) - - (0,551) - - -<br />

-0,2111**<br />

-0,0001<br />

(0,0280) - - - - (0,129) -<br />

Partição <strong>da</strong> Variância<br />

var(entre UF’s)<br />

var(entre indivíduos)<br />

var(tx_urb)<br />

varr(<strong>de</strong>nserv)<br />

ρ (coeficiente <strong>de</strong> correlação<br />

Intra-grupo)<br />

Pseudo R 2<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

0.1073<br />

0,00028<br />

0,04275<br />

-<br />

-<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos micro<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD – IBGE.<br />

Notas: p-value entre parênteses;<br />

(*) significativa a 10%;<br />

(**) significativa a 5%;<br />

(***) significativa a 1%.<br />

0,00027<br />

0,04104<br />

-<br />

-<br />

0,000269<br />

0,041042<br />

-<br />

-<br />

nj<br />

ij<br />

ij<br />

0,000255<br />

0,041042<br />

1,92E-08<br />

-<br />

0,000249<br />

0,041042<br />

-<br />

-<br />

12<br />

0,000127<br />

0,041042<br />

-<br />

2,86E-07<br />

0,653% 0,662% 0,651% 0,617% 0,604% 0,307%<br />

- - - - - -


4.5 Mo<strong>de</strong>los centralizados na média geral e nas médias dos grupos (mo<strong>de</strong>los 6 e 7)<br />

Como forma <strong>de</strong> complementar a análise, os mo<strong>de</strong>los 4.1 e 4.2 serão estimados<br />

utilizando a variável anos <strong>de</strong> estudo dos indivíduos centraliza<strong>da</strong> nas médias estaduais e geral.<br />

Há duas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> centralização:<br />

i) centralizar a variável em torno <strong>da</strong> sua média geral <strong>de</strong> nível 1, o que permite que o<br />

intercepto do mo<strong>de</strong>lo seja interpretado como uma média ajusta<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> Estado. Os<br />

mo<strong>de</strong>los 6.1 e 6.2 são representados por:<br />

cond _ ocup<br />

γ<br />

60<br />

ij<br />

70<br />

= γ<br />

00<br />

+ γ W<br />

01<br />

freq + γ area _ urb + u<br />

j<br />

0 j<br />

10<br />

+ r<br />

ij<br />

20<br />

( 18)<br />

30<br />

40<br />

50<br />

13<br />

+ γ sexo + γ cor + γ anest _ geral + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong> + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+<br />

on<strong>de</strong> W j é igual a taxa <strong>de</strong> urbanização estadual em 6.1 e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

mo<strong>de</strong>rnos em 6.2 e anest _ geral é uma variável explicativa <strong>de</strong> nível 1 centraliza<strong>da</strong> na média<br />

geral <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estudos <strong>da</strong> amostra.<br />

ii) centralizar a variável em torno <strong>de</strong> sua média <strong>de</strong> nível 2 (médias estaduais), <strong>de</strong> tal<br />

forma que o intercepto do mo<strong>de</strong>lo torna-se uma média não ajusta<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> Estado. Os<br />

mo<strong>de</strong>los 7.1 e 7.2 são representados por:<br />

cond _ ocup<br />

γ<br />

60<br />

ij<br />

70<br />

= γ<br />

00<br />

+ γ W<br />

01<br />

freq + γ area _ urb + u<br />

j<br />

+ γ sexo + γ cor + γ anest _ grupo + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong> + γ i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

+<br />

0 j<br />

10<br />

+ r<br />

ij<br />

on<strong>de</strong> W j é igual a taxa <strong>de</strong> urbanização estadual em 7.1 e a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

mo<strong>de</strong>rnos em 7.2 e anest _ grupo é uma variável explicativa <strong>de</strong> nível 1 centraliza<strong>da</strong> na média<br />

<strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estudos por Estado.<br />

Os resultados <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los po<strong>de</strong>m ser verificados na tabela 04. Percebe-se que<br />

quase não há diferenças entre as estimações quando alteramos a variável <strong>de</strong> nível 2. A<br />

variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong>s diferenças entre indivíduos e entre Estados tem o<br />

mesmo padrão <strong>de</strong> comportamento encontrado nos mo<strong>de</strong>los analisados acima, com pequena<br />

parcela sendo explica<strong>da</strong> pelas diferenças estaduais (0,649%). Nos mo<strong>de</strong>los centralizados nas<br />

médias estaduais e na média geral as variáveis <strong>de</strong> nível 2 são insignificantes. O coeficiente <strong>da</strong><br />

constante assume aproxima<strong>da</strong>mente os valores 0,769 quando utilizamos a variável taxa <strong>de</strong><br />

urbanização e 0,784 quando utilizamos a variável <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços mo<strong>de</strong>rnos, lembrando<br />

que a variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte representa a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ou não ocupado.<br />

20<br />

( 19)<br />

30<br />

40<br />

50


constante<br />

sexo<br />

cor<br />

Tabela 04 - Resultados dos mo<strong>de</strong>los centralizados<br />

Variável Mo<strong>de</strong>lo 6.1 Mo<strong>de</strong>lo 6.2 Mo<strong>de</strong>lo 7.1 Mo<strong>de</strong>lo 7.2<br />

0,7699***<br />

(0,000)<br />

0,0385***<br />

(0,000)<br />

0,00655***<br />

(0,000)<br />

0,78789***<br />

(0,000)<br />

0,03850***<br />

(0,000)<br />

0,00659***<br />

(0,000)<br />

anest_grupo - -<br />

anest_geral<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>2<br />

freq<br />

area_urb<br />

tx_urb<br />

0,00109***<br />

(0,000)<br />

0,09532***<br />

(0,000)<br />

-0,0001***<br />

(0,000)<br />

-0,01943***<br />

(0,000)<br />

-0,03849***<br />

(0,000)<br />

<strong>de</strong>nserv -<br />

Partição <strong>da</strong> Variância<br />

var(entre UF’s)<br />

var(entre indivíduos)<br />

0,76865***<br />

(0,000)<br />

0,03850***<br />

(0,000)<br />

0,00655***<br />

(0,000)<br />

0,00109***<br />

(0,000)<br />

0,78444***<br />

(0,000)<br />

0,03849***<br />

(0,000)<br />

0,00659***<br />

(0,000)<br />

0,00109***<br />

(0,000)<br />

0,00109***<br />

(0,000) - -<br />

0,00953***<br />

(0,000)<br />

-0,0001***<br />

(0,000)<br />

-0,01943***<br />

(0,000)<br />

-0,03847***<br />

(0,000)<br />

-0,00009*<br />

(0,551) -<br />

0,000268<br />

0,041042<br />

0,09532***<br />

(0,000)<br />

-0,0001***<br />

(0,000)<br />

-0,01942***<br />

(0,000)<br />

-0,03849***<br />

(0,000)<br />

-0,00095<br />

(0,129) -<br />

0,000249<br />

0,041042<br />

0,00953***<br />

(0,000)<br />

-0,0001***<br />

(0,000)<br />

-0,01943***<br />

(0,000)<br />

-0,03846***<br />

(0,000)<br />

-0,00006<br />

(0,688) -<br />

0,000268<br />

0,041024<br />

-0,0008<br />

(0,199)<br />

0,000253<br />

0,041042<br />

ρ (coeficiente <strong>de</strong> correlação<br />

Intra-grupo) 0,649% 0,604% 0,649% 0,612%<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos micro<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD – IBGE.<br />

Notas: p-value entre parênteses;<br />

(*) significativa a 10%;<br />

(**) significativa a 5%;<br />

(***) significativa a 1%.<br />

4.6 Análise dos resultados<br />

Duas são as principais consi<strong>de</strong>rações sobre os resultados <strong>da</strong>s estimações dos mo<strong>de</strong>los.<br />

A primeira está relaciona<strong>da</strong> ao local <strong>de</strong> residência do indivíduo. Ao contrário do que se<br />

po<strong>de</strong>ria imaginar a primeira vista, o fato do indivíduo residir em uma área urbana acaba<br />

diminuindo sua probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ocupado em aproxima<strong>da</strong>mente 3,9%. A explicação<br />

para a negativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sinal <strong>de</strong>ste parâmetro e também <strong>da</strong>queles referentes às variáveis <strong>de</strong><br />

nível 2, indicadoras <strong>da</strong> aglomeração urbana, provavelmente está relaciona<strong>da</strong> ao fato <strong>de</strong> que<br />

apesar <strong>de</strong> residir em uma área dinâmica, na qual as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego são mais<br />

eleva<strong>da</strong>s, há maior concorrência pelos postos que surgem, visto que estas áreas tornam-se<br />

extremamente atrativas para a população como um todo (estimulando a migração), em outras<br />

palavras, po<strong>de</strong> haver excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Além disso, os postos <strong>de</strong> trabalho<br />

ten<strong>de</strong>m a ser ca<strong>da</strong> vez mais concentrados em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s poupadoras <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e que<br />

exigem maior nível <strong>de</strong> qualificação e especialização, dificultando o acesso <strong>de</strong> trabalhadores<br />

menos qualificados. Logo, uma forma <strong>de</strong> compensar estas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção é investir<br />

em educação, o que po<strong>de</strong> proporcionar vantagens do ponto <strong>de</strong> vista do indivíduo, pois o<br />

mesmo cria condições para se <strong>de</strong>stacar no mercado <strong>de</strong> trabalho. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se salientar<br />

que quanto mais tempo o indivíduo <strong>de</strong>dica à sua qualificação, mais ele retar<strong>da</strong> sua entra<strong>da</strong> no<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho, ou menos tempo ele dispõe para trabalhar, o que também diminui sua<br />

14


probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ocupado (trabalho e qualificação po<strong>de</strong>m não ser ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

compatíveis, o que é representado pelo sinal negativo do coeficiente <strong>da</strong> variável frequência à<br />

escola).<br />

A segun<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ração diz respeito à baixa variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos explica<strong>da</strong> pelas<br />

diferenças entre as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível 2, ou seja, os Estados. Todos os mo<strong>de</strong>los estimados<br />

mostram que a estrutura produtiva urbana tem influências sobre a condição <strong>de</strong> ocupação dos<br />

indivíduos, porém as diferenças entre as estruturas produtivas estaduais pouco importam para<br />

explicar a variação <strong>de</strong>sta condição entre os indivíduos. Em outras palavras, os mo<strong>de</strong>los não<br />

evi<strong>de</strong>nciam diferenças significativas na probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos com características<br />

semelhantes (produtivas e não produtivas), mas resi<strong>de</strong>ntes em locais distintos, estarem ou não<br />

ocupados. Des<strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo inicial o coeficiente <strong>de</strong> correlação intra-estados é muito baixo e à<br />

medi<strong>da</strong> que a análise evoluí ele ten<strong>de</strong> a diminuir <strong>de</strong>vido à inclusão <strong>da</strong>s variáveis <strong>de</strong> controle.<br />

Apesar <strong>de</strong>stes resultados, teoricamente é plausível afirmar que as diferenças entre as<br />

estruturas produtivas estaduais têm influencias significativas sobre a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

indivíduo estar ou não ocupado, pois a heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> na composição <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho<br />

entre regiões não é capaz por si só <strong>de</strong> explicar esta condição. O nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

uma região (representado aqui por seu nível <strong>de</strong> urbanização e diversificação do setor <strong>de</strong><br />

serviços) tem implicações diretas sobre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que nela são <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s. Uma<br />

possível explicação para os resultados dos mo<strong>de</strong>los neste aspecto serem tão simplórios referese<br />

à extensão territorial <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível 2 analisa<strong>da</strong>s. A extensão estadual é<br />

relativamente ampla, o que acaba espalhando os efeitos <strong>da</strong>s economias <strong>de</strong> aglomeração, o que<br />

diminui a heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> nível 2. Fujita & Thisse (2000) <strong>de</strong>stacam que as<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem constituir-se nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise do estudo <strong>da</strong> localização espacial <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas e seus possíveis <strong>de</strong>sdobramentos, pois é neste nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação<br />

espacial que ocorrem os diferentes tipos <strong>de</strong> interação entre os agentes econômicos e as<br />

resultantes inovações tecnológicas e sociais. Ou seja, como já evi<strong>de</strong>nciava Jacobs (1969), a<br />

análise seria mais rica se focasse nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, pois to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> econômica passa e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

mesmas. Evidências neste sentido foram encontra<strong>da</strong>s, por exemplo, por Fontes (2006) na<br />

análise dos diferenciais <strong>de</strong> salário entre diversos centros urbanos no Brasil.<br />

A limitação para a realização <strong>da</strong> análise neste nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação está relaciona<strong>da</strong> à<br />

fonte <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos utiliza<strong>da</strong>, PNAD, que não possui informações municipais.<br />

To<strong>da</strong>via, isto não <strong>de</strong>smerece o trabalho visto que o mesmo procura estabelecer os<br />

principais fatores que influenciam a condição <strong>de</strong> ocupação dos trabalhadores, o que já trás<br />

alguns resultados interessantes, por meio dos quais verificam-se os seguintes padrões <strong>de</strong><br />

ocupação:<br />

15


Probabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

,9 ,92 ,94 ,96 ,98<br />

Gráfico 05 - Prob. <strong>de</strong> estar ocupado por categoria<br />

1<br />

0<br />

1<br />

0<br />

sexo cor freq_esc urb<br />

Variáveis <strong>de</strong> controle<br />

Fonte: elaboração própria a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD.<br />

O gráfico 05 <strong>de</strong>monstra a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo estar ocupado <strong>de</strong> acordo com<br />

algumas <strong>de</strong> suas características não produtivas. Em relação ao gênero, como esperado, são os<br />

homens aqueles que têm maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> para encontrar emprego (aproxima<strong>da</strong>mente 97% <strong>de</strong><br />

chances contra 93%). O mesmo ocorre em relação à cor, pois os não brancos possuem menor<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estarem ocupados. Vale salientar que esta diferença é menor do que aquela<br />

relaciona<strong>da</strong> ao gênero, o que é consistente com os resultados <strong>de</strong> trabalhos sobre a<br />

discriminação no mercado <strong>de</strong> trabalho. Os indivíduos que não frequentam a escola, ou porque<br />

já se qualificaram ou porque preferem trabalhar a estu<strong>da</strong>r, também encontram emprego com<br />

mais facili<strong>da</strong><strong>de</strong> (aproxima<strong>da</strong>mente 96,5% contra 90%), e pessoas resi<strong>de</strong>ntes em áreas nãourbanas<br />

têm probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar trabalho mais alta <strong>de</strong>vido à baixa concentração<br />

populacional nestas regiões e às características <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas ali <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s.<br />

Em relação à i<strong>da</strong><strong>de</strong>, observa-se que quanto mais velho o indivíduo, ou seja, quanto mais<br />

experiente, maior é a sua probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção. Esta relação po<strong>de</strong> ser verifica<strong>da</strong> no<br />

gráfico 06, <strong>de</strong> acordo com o gênero e a cor dos indivíduos:<br />

0<br />

1<br />

0<br />

1<br />

16


Por fim, os gráficos 07 e 08 <strong>de</strong>monstram que a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos indivíduos estarem<br />

ocupados quase não se altera <strong>de</strong> acordo com as variáveis indicadoras do nível <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s estruturas produtivas estaduais (a reta ajusta<strong>da</strong> é praticamente plana em<br />

ambos os casos, mas ain<strong>da</strong> assim é possível perceber uma pequena <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong> à medi<strong>da</strong> que<br />

a estrutura produtiva urbana torna-se mais <strong>de</strong>nsa).<br />

17


5. Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

A dinâmica do mercado <strong>de</strong> trabalho brasileiro é bastante diferencia<strong>da</strong> entre seus<br />

Estados, seja em termos salariais, <strong>de</strong> participação ou <strong>de</strong> ocupação. Estas diferenças são<br />

provoca<strong>da</strong>s pela composição dos próprios mercados <strong>de</strong> trabalhos locais, cujos participantes<br />

possuem características específicas <strong>de</strong> seu grupo, bem como pelas próprias estruturas<br />

produtivas estaduais. Da<strong>da</strong> a importância <strong>de</strong>stas diferenças, o trabalho procurou mensurar a<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo estar ou não ocupado nas diferentes Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração<br />

realizando controles por intermédio <strong>de</strong> características individuais e estaduais.<br />

O principal resultado do trabalho diz respeito ao fato <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar<br />

ocupado diminuir <strong>de</strong> acordo com o nível <strong>de</strong> urbanização estadual. Isto ocorre <strong>de</strong>vido à maior<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção do trabalhador nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ali <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, uma vez que as<br />

mesmas ten<strong>de</strong>m a ser intensivas em capital e à maior concorrência por postos <strong>de</strong> trabalho já<br />

que a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> é atraente para a população como um todo e não há barreiras à mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

fator trabalho (áreas mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s pagam melhores salários, têm maior disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> bens e serviços, inclusive públicos, etc., o que estimula a migração e eleva a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

populacional local) Este fato provavelmente po<strong>de</strong> ser compensado pelo aumento <strong>da</strong><br />

qualificação do trabalhador, direcionando suas ações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

específicas, porém isto po<strong>de</strong> retar<strong>da</strong>r sua entra<strong>da</strong> no mercado <strong>de</strong> trabalho. Além disso, o<br />

controle pelas características individuais mostra que a discriminação <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong> cor<br />

também influência a inserção dos trabalhadores, visto que homens brancos continuam a<br />

apresentar uma vantagem em relação aos <strong>de</strong>mais trabalhadores.<br />

Estas duas consi<strong>de</strong>rações abrem espaço para uma possível preocupação: o mercado <strong>de</strong><br />

trabalho po<strong>de</strong> estar se tornando ca<strong>da</strong> vez mais seletivo e exclu<strong>de</strong>nte, o que po<strong>de</strong> agravar a<br />

situação <strong>de</strong> alguns grupos populacionais, já que os mesmos não conseguem aten<strong>de</strong>r os prérequisitos<br />

necessários para ocupar a maior parcela dos novos postos <strong>de</strong> trabalho. Claro que<br />

mesmo nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos continuam a existir ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s informais e que não<br />

necessitam <strong>de</strong> qualificação, o que contrabalança em alguma medi<strong>da</strong> esta tendência principal.<br />

Contudo, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar estes efeitos, que po<strong>de</strong>m funcionar como <strong>de</strong>sameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

urbanas (criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pobreza, poluição, favelização, etc.). Parece haver uma incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do setor urbano <strong>de</strong> criar empregos em número suficiente para absorver todo o contingente<br />

populacional que chega aos centros urbanos, atraídos por suas facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

As estimativas dos mo<strong>de</strong>los propostos em relação à maior preocupação do trabalho,<br />

que era <strong>de</strong>monstrar a importância <strong>da</strong>s diferenças entre as estruturas produtivas urbanas<br />

estaduais sobre a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos semelhantes estarem ou não ocupados, não<br />

forneceram os resultados esperados. Pequena parcela <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos analisados<br />

(menos <strong>de</strong> 1%) é explica<strong>da</strong> por variações nas estruturas produtivas estaduais, logo o uso <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>los lineares simples torna-se mais apropriado. Apesar <strong>de</strong>stes resultados, <strong>de</strong>staca-se que<br />

teórica e empiricamente é comprovado que a distribuição espacial <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas<br />

tem influência sobre os <strong>de</strong>sdobramentos <strong>da</strong>s mesmas, inclusive no mercado <strong>de</strong> trabalho (por<br />

exemplo, diferenciais <strong>de</strong> salários entre regiões). A explicação mais plausível para isto não ter<br />

aparecido nos mo<strong>de</strong>los estimados <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s territoriais analisa<strong>da</strong>s serem<br />

relativamente extensas, o que acaba diluindo os efeitos <strong>da</strong>s economias <strong>de</strong> urbanização, já que<br />

o foco <strong>de</strong>stas é a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais especificamente o centro urbano.<br />

6. Referências Bibliográficas<br />

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