Por fim, os gráficos 07 e 08 <strong>de</strong>monstram que a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos indivíduos estarem ocupados quase não se altera <strong>de</strong> acordo com as variáveis indicadoras do nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s estruturas produtivas estaduais (a reta ajusta<strong>da</strong> é praticamente plana em ambos os casos, mas ain<strong>da</strong> assim é possível perceber uma pequena <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong> à medi<strong>da</strong> que a estrutura produtiva urbana torna-se mais <strong>de</strong>nsa). 17
5. Consi<strong>de</strong>rações Finais A dinâmica do mercado <strong>de</strong> trabalho brasileiro é bastante diferencia<strong>da</strong> entre seus Estados, seja em termos salariais, <strong>de</strong> participação ou <strong>de</strong> ocupação. Estas diferenças são provoca<strong>da</strong>s pela composição dos próprios mercados <strong>de</strong> trabalhos locais, cujos participantes possuem características específicas <strong>de</strong> seu grupo, bem como pelas próprias estruturas produtivas estaduais. Da<strong>da</strong> a importância <strong>de</strong>stas diferenças, o trabalho procurou mensurar a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo estar ou não ocupado nas diferentes Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração realizando controles por intermédio <strong>de</strong> características individuais e estaduais. O principal resultado do trabalho diz respeito ao fato <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar ocupado diminuir <strong>de</strong> acordo com o nível <strong>de</strong> urbanização estadual. Isto ocorre <strong>de</strong>vido à maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção do trabalhador nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ali <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, uma vez que as mesmas ten<strong>de</strong>m a ser intensivas em capital e à maior concorrência por postos <strong>de</strong> trabalho já que a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> é atraente para a população como um todo e não há barreiras à mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> do fator trabalho (áreas mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s pagam melhores salários, têm maior disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e serviços, inclusive públicos, etc., o que estimula a migração e eleva a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional local) Este fato provavelmente po<strong>de</strong> ser compensado pelo aumento <strong>da</strong> qualificação do trabalhador, direcionando suas ações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas, porém isto po<strong>de</strong> retar<strong>da</strong>r sua entra<strong>da</strong> no mercado <strong>de</strong> trabalho. Além disso, o controle pelas características individuais mostra que a discriminação <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong> cor também influência a inserção dos trabalhadores, visto que homens brancos continuam a apresentar uma vantagem em relação aos <strong>de</strong>mais trabalhadores. Estas duas consi<strong>de</strong>rações abrem espaço para uma possível preocupação: o mercado <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> estar se tornando ca<strong>da</strong> vez mais seletivo e exclu<strong>de</strong>nte, o que po<strong>de</strong> agravar a situação <strong>de</strong> alguns grupos populacionais, já que os mesmos não conseguem aten<strong>de</strong>r os prérequisitos necessários para ocupar a maior parcela dos novos postos <strong>de</strong> trabalho. Claro que mesmo nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos continuam a existir ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s informais e que não necessitam <strong>de</strong> qualificação, o que contrabalança em alguma medi<strong>da</strong> esta tendência principal. Contudo, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar estes efeitos, que po<strong>de</strong>m funcionar como <strong>de</strong>sameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s urbanas (criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pobreza, poluição, favelização, etc.). Parece haver uma incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do setor urbano <strong>de</strong> criar empregos em número suficiente para absorver todo o contingente populacional que chega aos centros urbanos, atraídos por suas facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. As estimativas dos mo<strong>de</strong>los propostos em relação à maior preocupação do trabalho, que era <strong>de</strong>monstrar a importância <strong>da</strong>s diferenças entre as estruturas produtivas urbanas estaduais sobre a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos semelhantes estarem ou não ocupados, não forneceram os resultados esperados. Pequena parcela <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos analisados (menos <strong>de</strong> 1%) é explica<strong>da</strong> por variações nas estruturas produtivas estaduais, logo o uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los lineares simples torna-se mais apropriado. Apesar <strong>de</strong>stes resultados, <strong>de</strong>staca-se que teórica e empiricamente é comprovado que a distribuição espacial <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas tem influência sobre os <strong>de</strong>sdobramentos <strong>da</strong>s mesmas, inclusive no mercado <strong>de</strong> trabalho (por exemplo, diferenciais <strong>de</strong> salários entre regiões). A explicação mais plausível para isto não ter aparecido nos mo<strong>de</strong>los estimados <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s territoriais analisa<strong>da</strong>s serem relativamente extensas, o que acaba diluindo os efeitos <strong>da</strong>s economias <strong>de</strong> urbanização, já que o foco <strong>de</strong>stas é a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais especificamente o centro urbano. 6. Referências Bibliográficas AMADEO, E. Mercado <strong>de</strong> trabalho brasileiro: rumos, <strong>de</strong>safios e o papel do Ministério do trabalho. In: POSTHUMA, A. C. (org.). Abertura e ajuste do mercado <strong>de</strong> trabalho no Brasil: 18