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Economias de Urbanização e Condição de Ocupação da Populaç…

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Os teóricos <strong>da</strong> Economia Urbana (Hen<strong>de</strong>rson, 1988; Glaeser, 1999; etc.) esten<strong>de</strong>ram a<br />

análise realiza<strong>da</strong> por Von Thünen para os setores industriais e terciários. Os mo<strong>de</strong>los<br />

elaborados por estes teóricos consi<strong>de</strong>ram firmas individuais, operando em um ambiente<br />

perfeitamente competitivo e a existência <strong>de</strong> retornos crescentes <strong>de</strong> escala. Os conceitos<br />

centrais em suas análises são as economias externas que po<strong>de</strong>m favorecer ou não a<br />

aglomeração. Estas externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm origem na concentração espacial dos agentes<br />

econômicos e po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>da</strong>s a ganhos pecuniários (pela proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>de</strong><br />

fornecedores e clientes), tecnológicos (spillovers/transbor<strong>da</strong>mentos <strong>de</strong> conhecimento são<br />

facilitados pelo contato físico dos agentes e pela troca <strong>de</strong> informações) e a formação <strong>de</strong><br />

mercados <strong>de</strong> trabalho amplos e especializados (região mais atrativa para trabalhadores e<br />

firmas em um círculo virtuoso) 2 . O foco <strong>de</strong> análise dos teóricos urbanos são as externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

tecnológicas, pois estas só ocorrem mediante interações sociais entre diferentes atores, e as<br />

mesmas são classifica<strong>da</strong>s como “economias <strong>de</strong> localização ou marshallianas” e “economias <strong>de</strong><br />

urbanização ou jacobianas”. No primeiro caso, as firmas são beneficia<strong>da</strong>s pela concentração<br />

<strong>de</strong> firmas <strong>da</strong> mesma indústria ou indústrias similares em <strong>de</strong>terminado centro urbano, como<br />

<strong>de</strong>stacado por Alfred Marshall (importância <strong>da</strong> especialização produtiva – economias externas<br />

às firmas, mas internas à aglomeração). No segundo caso, as firmas são beneficia<strong>da</strong>s pela<br />

diversificação produtiva, pela própria escala urbana e pela oferta <strong>de</strong> serviços sofisticados à<br />

produção, como evi<strong>de</strong>nciado por Jane Jacobs (economias internas à indústria e à locali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

mas externas às firmas).<br />

Cabe ressaltar alguns aspectos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong>s economias <strong>de</strong> urbanização. Segundo<br />

Jacobs (1969), a especialização produtiva não é fator central para o <strong>de</strong>senvolvimento urbano,<br />

pois não proporciona condições essenciais à inovação e, <strong>de</strong>sta forma, não é capaz <strong>de</strong> evitar<br />

que uma região fique estagna<strong>da</strong> mesmo quando suas indústrias são altamente eficientes. Em<br />

contraparti<strong>da</strong>, nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos que contam com uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviços produtivos e <strong>de</strong> firmas fornecedoras <strong>de</strong> insumos há maior divisão do trabalho, o que<br />

cria um ambiente propício à inovação e favorece o surgimento <strong>de</strong> novas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, inclusive<br />

exportadoras. Estas, por sua vez, incentivam o <strong>de</strong>senvolvimento do sistema <strong>de</strong> transportes, <strong>da</strong>s<br />

comunicações, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras, etc., o que torna estes centros extremamente<br />

atraentes do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> produção (<strong>da</strong>s firmas). Estas vantagens oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

aglomeração urbana também favorecem o consumo <strong>de</strong>vido à maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e<br />

serviços públicos, bem como a maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contato social e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cultural, o que atrai consumidores/trabalhadores. Assim, a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> implica em dinamismo,<br />

maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<strong>de</strong>quação às mu<strong>da</strong>nças, o que torna a economia menos vulnerável. A<br />

autora <strong>de</strong>staca que a aglomeração também é acompanha<strong>da</strong> por <strong>de</strong>seconomias, relaciona<strong>da</strong>s<br />

aos custos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento e às <strong>de</strong>sameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s urbanas (poluição, criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, exclusão<br />

social, elevação <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> fundiária, aceleração <strong>da</strong> migração interna, aumento do <strong>de</strong>semprego e<br />

subemprego urbanos etc.), que contrabalançam as economias <strong>de</strong> aglomeração, mas isto não<br />

impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento, apenas reduz o ritmo <strong>de</strong> expansão urbana. É <strong>de</strong> extrema<br />

importância ressaltar aqui que para Jacobs (1969) a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é o elemento chave <strong>de</strong>ste processo,<br />

pois nela são cria<strong>da</strong>s as melhores condições para a troca <strong>de</strong> informações e o fluxo <strong>de</strong> produtos,<br />

serviços e fatores <strong>de</strong> produção. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> representa o equilíbrio entre as forças aglomerativas<br />

e <strong>de</strong> dispersão.<br />

Assim, as economias externas são fun<strong>da</strong>mentais para explicar a localização, o padrão<br />

<strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas e o <strong>de</strong>senvolvimento urbano. Como as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

tradicionais são favoreci<strong>da</strong>s por economias <strong>de</strong> localização, elas ten<strong>de</strong>rão a se localizar em<br />

regiões com significativa especialização produtiva. Já as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dinâmicas (<strong>de</strong> alto teor<br />

tecnológico), que são favoreci<strong>da</strong>s por economias <strong>de</strong> urbanização, ten<strong>de</strong>rão a se localizar em<br />

2 Tría<strong>de</strong> Marshalliana.<br />

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