Marisa Valladares - Uninove

professora. A Geografia só me ajuda a ser professora. Mas, está chegando a hora de
parar. Fica aí pras meninas novas continuarem...
(Professora O. – escola)
A história de vida inclui a formação, que não se esgota no sujeito apenas, mas se projeta
dele para o outro, como perspectiva de continuidade. E a escola e a academia têm um
papel reconhecido no processo, num momento histórico em que a universalização do
estudo formal, escolar e acadêmico, ganha cada vez mais notoriedade na sociedade.
Então, o que parecem ser permanências, não serão traduções ou negociações
(BHABHA, 2005) que produzem novos sentidos, que revelam movimentos engendrados
no seio de práticas que deslizam, que fogem, que se metamorfoseiam em outras? Há
pistas que sinalizam rupturas, movimentos...
Do ano 2000 até 2002, quando as Resoluções CNE/CP 001 e 002/2002 se tornaram
instrumentos legais e não mais apenas propostas. Estávamos em plena luta, avaliando o
modelo de distribuição das vagas da universidade, reunindo dados, registrando
cuidadosamente toda a produção de docência, de pesquisa e de extensão dos
professores, assim como toda publicação, toda participação em atividade administrativa
ou acadêmico-científica, como meios de melhorar nossa posição no ranking
universitário... Então, chegaram as resoluções: uma num dia, outra no outro. Foi um
acontecimento. Os departamentos de disciplinas específicas dos cursos começaram a
reivindicar o direito de compartilhar a carga horária do estágio, das práticas... Com o
passar do tempo, constatando-se que não haveria atendimento às demandas de vagas
docentes como se esperava, começaram outras discussões sobre quem se
responsabilizaria pela carga horária acrescida às licenciaturas. Novas negociações.
...O problema é integrar as disciplinas específicas com as de formação pedagógica -
como se na licenciatura todas elas não fossem formação docente! No imaginário dos
alunos, quando chegam às aulas de Estágio, não é bom ser professor de escola. A
sociedade ajuda a construir essa concepção: desvalorização profissional, salários
repugnantes! Por isso ninguém quer ser professor: penso que, brevemente, nem de
universidade! Cursos como o de Geografia servirão apenas para o „nível superior‟
de concursos... A Universidade aceita isto. Um curso de Geografia não fica muito
caro, não incomoda muito porque não tem „brilho‟ social e incorpora números.
(Professora M. – ECL - BA)