Marisa Valladares - Uninove
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professoras revela táticas e negociações empreendidas no trabalho pedagógico que se<br />
faz opção de investimento num modo de vida em sociedade.<br />
Essa história coletiva tem no último século como que um sobressalto. Os fios que tecem<br />
e percorrem os acontecimentos têm a dramaticidade da urgência do amanhã hoje ainda,<br />
mas têm também a dinâmica de deslizamento do hoje para o ontem que foi agorinha...<br />
Quem conta bem essa história é Santos (1997), numa narrativa que celebra nossos<br />
espantos, nossas dores e dá chão para as esperanças do que é razão da formação<br />
docente. Como Abrahão (2006) sinaliza, essa é uma narrativa biográfica de todos nós e<br />
de outros que se foram e que virão:<br />
Vivemos num tempo atônito que ao debruçar-se sobre si próprio<br />
descobre que os seus pés são um cruzamento de sombras que vêm do<br />
passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos não termos<br />
deixado de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já<br />
sermos, ora pensamos nunca virmos a ser.[...] E de tal modo é assim<br />
que é possível dizer que em termos científicos vivemos ainda no<br />
século XIX e que o século XX ainda não começou, nem talvez comece<br />
antes de terminar. [..] Por um lado, as potencialidades de tradução<br />
tecnológica dos conhecimentos acumulados fazem-nos crer no limiar<br />
de uma sociedade de comunicação e interactiva libertada das carências<br />
e inseguranças que ainda hoje compõem os dias de muitos de nós: o<br />
século XXI a começar antes de começar. Por outro lado, uma reflexão<br />
cada vez mais aprofundada sobre os limites do rigor científico<br />
combinada com os perigos cada vez mais verossímeis da catástrofe<br />
ecológica ou da guerra nuclear fazem-nos temer que o século XXI<br />
termine antes de começar. (SANTOS, 1997, p. 5-6)<br />
O século que acabou deixou marcas brutais na história humana, sem que os grandiosos<br />
avanços de tecnologia e de ciência pudessem sobrepujar as condições que criam a fome,<br />
a miséria, a dor, a ignorância e a violência entre os povos. Os benefícios do<br />
extraordinário desenvolvimento produtivo se desvanecem ao concentrar, intensamente,<br />
a riqueza de poucos, em detrimento de, numerosamente, muitos... Estas podem parecer<br />
marcas iguais em todos os séculos, mas, neste, parecem ter sido sua peculiaridade e<br />
foram fortes demais...Acentuam limites, abrem e fecham fronteiras com um ímpeto<br />
mais forte, mais evidente...<br />
Muitas alterações legais e muitas tentativas de produção de uma alternativa para cursos<br />
de formação de professores têm sido propostas e efetivadas no rastro de mudanças,<br />
datadas em dois períodos recentes da história brasileira e mundial, com profundas