produção teórica em economia regional - das formulações ... - LinkPE
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transformar-se <strong>em</strong> instrumento que drena as poupanças <strong>das</strong> regiões mais pobres para<br />
as mais ricas onde a r<strong>em</strong>uneração do capital é alta e segura.<br />
Por outro lado, o autor chama de efeitos propulsores (spread effects) centrífugos aqueles que<br />
se propagam do centro da expansão econômica para outras regiões. Esses efeitos ag<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
direção oposta aos efeitos regressivos. Refer<strong>em</strong>-se aos ganhos obtidos pelas regiões<br />
estagna<strong>das</strong> por meio do fornecimento de matérias-primas e/ou bens intermediários destinados<br />
ao abastecimento <strong>das</strong> indústrias situa<strong>das</strong> na região <strong>em</strong> expansão. Para o autor, caso um<br />
número expressivo de trabalhadores seja <strong>em</strong>pregado nessas localidades, até as indústrias de<br />
bens finais serão estimula<strong>das</strong>, podendo-se formar novos centros de expansão econômica se os<br />
efeitos propulsores conseguir<strong>em</strong> superar os efeitos regressivos.<br />
Entretanto, ainda que os efeitos propulsores sejam suficientes para cobrir os efeitos<br />
regressivos, as regiões menos desenvolvi<strong>das</strong> continuarão relativamente estagna<strong>das</strong>, pois<br />
dificilmente conseguirão acompanhar as taxas de expansão <strong>das</strong> regiões centrais. Neste<br />
sentido, “[...] o probl<strong>em</strong>a <strong>das</strong> desigualdades torna-se então o probl<strong>em</strong>a dos diferentes níveis<br />
de progresso entre as regiões do país” (MYRDAL, 1965, p. 60). Mesmo nos países <strong>em</strong> rápido<br />
desenvolvimento, muitas regiões se atrasarão, estagnarão ou ficarão mais pobres. Deste modo,<br />
haverá mais regiões nas duas últimas categorias se apenas as forças do mercado<br />
predominar<strong>em</strong> livr<strong>em</strong>ente e absolutas.<br />
Um ex<strong>em</strong>plo do que Myrdal (1965) chamou de backwash effects (efeitos regressivos) foi o<br />
que aconteceu no Nordeste do Brasil durante todo o período de impl<strong>em</strong>entação <strong>das</strong> Políticas<br />
de Substituição de Importações, que fomentaram o processo de industrialização no país<br />
mediante o incentivo à <strong>produção</strong> interna de bens que até então eram importados. Como as<br />
indústrias instalaram-se prioritariamente na região Sudeste, especialmente no estado de São<br />
Paulo, um grande fluxo de mão de obra migrou do Nordeste <strong>em</strong> direção a essa região <strong>em</strong><br />
busca de <strong>em</strong>prego e de melhores condições de vida. Como a falta de água impossibilitava o<br />
desenvolvimento da agricultura e a criação de animais, a seca, associada à falta de alternativas<br />
econômicas, gerava fome e miséria no sertão nordestino e <strong>em</strong>purrava para os centros<br />
industrializados uma parcela significativa da sua população. Consequent<strong>em</strong>ente, acentuavamse<br />
ainda mais as desigualdades regionais no país.<br />
Por outro lado, a instalação de indústrias de bens finais no Sul e Sudeste gerou uma d<strong>em</strong>anda<br />
significativa por bens intermediários, que passaram a ser fornecidos, <strong>em</strong> grande parte, pelo<br />
estado da Bahia. Isso só aconteceu <strong>em</strong> função da farta disponibilidade de insumos petrolíferos<br />
e matérias-primas no território baiano, que até os anos 1980 dispunha de 80% <strong>das</strong> reservas<br />
nacionais de petróleo do país. A <strong>produção</strong> de bens intermediários destinados a atender a<br />
d<strong>em</strong>anda <strong>das</strong> <strong>em</strong>presas instala<strong>das</strong> no Centro-Sul conferiu maior dinamismo à <strong>economia</strong><br />
baiana e levou o estado a crescer acima da média nacional. Dessa forma, pode-se identificar<br />
aqui a presença do que Myrdal (1965) chamou de spread effects (efeitos propulsores).<br />
Chamando a atenção para o caráter desigual do crescimento, o autor defende a intervenção do<br />
Estado como forma de conter as forças de mercado, que, de outra forma, tenderiam a acentuar<br />
os níveis de desigualdade <strong>regional</strong> <strong>em</strong> num processo contínuo no qual os ricos ficariam cada<br />
vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.<br />
As ações do Estado deveriam orientar-se para buscar uma combinação do progresso<br />
econômico com o desenvolvimento social. Ao analisar a situação desfavorável dos países<br />
subdesenvolvidos, recomendou a adoção de um plano de desenvolvimento e integração