produção teórica em economia regional - das formulações ... - LinkPE
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(1975), que poderia englobar todos os tipos de mercados, de <strong>em</strong>presas, de famílias e de<br />
Estados, nos mercados nacionais e internacionais, implicava <strong>em</strong> uma impossibilidade de<br />
determinação dos setores-chave ou de quantificação de um tamanho ótimo do polo (SILVA,<br />
1976).<br />
Outra contestação à teoria de Perroux (1975) diz respeito ao papel da indústria motriz, que foi<br />
questionado <strong>em</strong> algumas situações. Conforme Silva (1976), observações de Chinitz indicam<br />
que justamente a presença de uma poderosa indústria motriz pode inibir o desenvolvimento<br />
industrial, impedindo o aparecimento de novas firmas. Por outro lado, muitos polos de<br />
crescimento constituíram-se s<strong>em</strong> a presença de uma indústria motriz e, de forma s<strong>em</strong>elhante,<br />
há casos <strong>em</strong> que a indústria motriz só foi instalada após a formação de um importante e<br />
diversificado complexo industrial.<br />
Contudo, <strong>em</strong> que pes<strong>em</strong> as limitações da teoria de Perroux (1975), seu modelo também t<strong>em</strong><br />
sido objeto de várias constatações <strong>em</strong>píricas e ainda hoje t<strong>em</strong> servido de orientação para a<br />
formulação de políticas de desenvolvimento <strong>em</strong> muitos países e regiões.<br />
Diante do exposto, infere-se que a busca pelo desenvolvimento polarizado, que justificou a<br />
intervenção centralizada de muitos governos, especialmente na época <strong>das</strong> reconstruções<br />
nacionais do pós-guerra, levou, na maioria dos casos, a um crescimento ainda maior <strong>das</strong><br />
regiões centrais s<strong>em</strong> que os efeitos de difusão tivess<strong>em</strong> se verificado. Dessa forma, o<br />
probl<strong>em</strong>a <strong>das</strong> desigualdades entre e dentro dos países não só persistiu como se acentuou ainda<br />
mais.<br />
O economista sueco Gunnar Myrdal já havia apontado, <strong>em</strong> fins dos anos 1950, a possibilidade<br />
de as desigualdades entre países e regiões aumentar<strong>em</strong> por processos de polarização. Myrdal<br />
(1965) procurou d<strong>em</strong>onstrar o caráter desigual do crescimento, sustentando que o<br />
desenvolvimento econômico <strong>das</strong> nações ricas e o <strong>das</strong> nações pobres pode jamais convergir, já<br />
que as regiões historicamente industrializa<strong>das</strong> beneficiam-se de sua posição favorável para<br />
drenar fatores produtivos <strong>das</strong> regiões mais atrasa<strong>das</strong>. Na concepção do autor, esse mecanismo<br />
gera um “círculo virtuoso” nas regiões inicialmente favoreci<strong>das</strong> e um “círculo vicioso” nas<br />
regiões subdesenvolvi<strong>das</strong> que, <strong>em</strong> função da concentração <strong>das</strong> atividades mais dinâmicas <strong>em</strong><br />
outros locais, tend<strong>em</strong> a continuar fada<strong>das</strong> à <strong>produção</strong> de bens primários de menor valor<br />
agregado.<br />
Ao analisar os efeitos produzidos pela chegada de uma indústria <strong>em</strong> determinada região,<br />
Myrdal (1965) d<strong>em</strong>onstrou que, inicialmente, verifica-se um aumento dos níveis de <strong>em</strong>prego,<br />
renda e d<strong>em</strong>anda nas d<strong>em</strong>ais atividades, configurando um processo de causação circular<br />
cumulativa <strong>em</strong> um ciclo virtuoso que tende a atrair mais fatores de <strong>produção</strong> para aquela<br />
localidade. Em contrapartida, mostrou que a perda de uma indústria gera efeitos opostos,<br />
desencadeando um processo de causação circular e cumulativa <strong>em</strong> um ciclo vicioso que torna<br />
a localidade cada vez menos atrativa e provoca a migração de seus fatores de <strong>produção</strong> para<br />
outras regiões, fato que gera uma nova diminuição da renda e da d<strong>em</strong>anda local. Para conter<br />
ou contrabalançar esses efeitos negativos, o autor recomendava a adoção de políticas<br />
intervencionistas, como redução de impostos ou atração de uma nova indústria.<br />
Myrdal (1965) não considerava o fator mão de obra barata como um atrativo de indústrias.<br />
Para ele, os poucos ex<strong>em</strong>plos <strong>em</strong> que a oferta de mão de obra foi eficaz <strong>em</strong> levar a indústria<br />
para regiões atrasa<strong>das</strong> são exceções a uma regra geral, já que, comumente, é a mão de obra<br />
que se desloca para as localidades onde existe d<strong>em</strong>anda crescente por esse fator de <strong>produção</strong>.