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O QUE O IMPERIALISMO QUER? - PCO

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27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA A7<br />

ELDORADO DOS CARAJÁS<br />

STF suspende julgamento<br />

de responsável por<br />

massacre de sem-terra<br />

Comandante da ação que assassinou 19 sem-terra no<br />

Pará teve julgamento novamente suspenso<br />

Em sessão no dia 15 de junho,<br />

os juízes do Supremo<br />

Tribunal Federal resolveram<br />

suspender com um pedido de<br />

vista o julgamento de habeas<br />

corpus requisitado pelo coronel<br />

da Polícia Militar do estado<br />

do Pará, Mário Colares<br />

Pantoja, acusado de comandar<br />

o massacre de Eldorado<br />

dos Carajás.<br />

O coronel pede a nulidade<br />

do processo que o condenou<br />

a 228 anos de prisão pela<br />

morte de 19 sem-terra no<br />

massacre.<br />

O pedido de vista, feito pelo<br />

ministro Celso de Mello paralisa<br />

o caso mais uma vez, depois<br />

de quase 15 anos de indefinição<br />

sobre o caso.<br />

Pantoja já havia sido absolvido<br />

em agosto de 1999 em<br />

um primeiro julgamento que<br />

foi anulado em 2000 pelo Tribunal<br />

de Justiça do Pará, por<br />

MATO GROSSO DO SUL<br />

irregularidades. Foi condenado<br />

em novo julgamento, em<br />

maio 2002, mas obteve liminar<br />

do STF em 2005 para responder<br />

ao processo em liberdade<br />

até que não caiba mais<br />

recurso, proposta do ministro<br />

Cezar Peluso, atual presidente<br />

do STF.<br />

Pantoja é acusado de comandar<br />

nada menos que 155<br />

policiais que foram indiciados<br />

pela ação em Eldorado do Carajás,<br />

em 17 de abril de 1996,<br />

contra 1.500 sem-terra que<br />

estavam acampados. O massacre<br />

ocorreu durante uma<br />

marcha em protesto contra a<br />

demora da desapropriação de<br />

terras da Fazenda Macaxeira,<br />

em meio a protestos que duravam<br />

uma semana na região.<br />

O coronel teve orientações<br />

na época do Secretário de Segurança<br />

do Pará, Paulo Sette<br />

Câmara no governo de Almir<br />

Gabriel (PSDB), o O secretário<br />

chegou a declarar depois<br />

do ocorrido, que autorizara<br />

“usar a força necessária, inclusive<br />

atirar” e que dava orientações<br />

de dentro do gabinete<br />

do ex-governador.<br />

Os policiais começaram a<br />

atirar alegando que os semterra<br />

reagiram com facões e<br />

foices justificando o massacre.<br />

Dezenove pessoas morreram<br />

na hora, outras duas morreram<br />

anos depois, vítimas<br />

das seqüelas, e outras 79 foram<br />

mutiladas.<br />

No entanto, nem Almir Gabriel<br />

ou Sette Câmara foram<br />

julgados por qualquer crime.<br />

É preciso exigir a condenação<br />

não só de Pantoja e dos<br />

outros policiais que atuaram<br />

no massacre, mas também do<br />

ex-governador e do secretário<br />

de Segurança na época e de<br />

todos os assassinos dos semterra<br />

no Pará, estado conhecido<br />

por ser palco dos maiores<br />

conflitos no País.<br />

Juízes decidem pela expulsão de seis<br />

mil trabalhadores de assentamento<br />

em favor de empresa estrangeira<br />

O Tribunal Regional Federal<br />

da 3ª Região em Mato Grosso do<br />

Sul decidiu reverter um decreto<br />

presidencial de desapropriação<br />

dos donos de um terreno de 27<br />

mil hectares. A propriedade, a<br />

Fazenda Teijin, ocupada por<br />

1.067 famílias (cerca de seis mil<br />

pessoas) em Nova Andradina foi<br />

considerada improdutiva em<br />

2002 e retirada de seus donos.<br />

O tribunal decidiu multar o<br />

INCRA (Instituto Nacional de<br />

Colonização e Reforma Agrária)<br />

em R$ 45,3 milhões a serem<br />

pagos ao grupo estrangeiro japonês<br />

Teijin, valor que se corrigi-<br />

do chega a até R$ 80 milhões. Os<br />

juízes aprovaram que devem ser<br />

cobrados juros de 12% ao ano a<br />

partir da ocupação da fazenda.<br />

A multa seria pelo fato de que<br />

o INCRA teria vistoriado as terras<br />

no ano de 2002 e considerado<br />

estas improdutivas, quando,<br />

segundo o grupo, estas seriam<br />

produtivas pela criação de 10 mil<br />

cabeças de gado.<br />

A decisão do tribunal mostra<br />

como a Justiça do País está nas<br />

Para os juízes ligados aos latifundiários vale mais o interesse de meia dúzia de capitalistas<br />

estrangeiros do que de seis mil trabalhadores do campo.<br />

BAHIA<br />

mãos dos latifundiários.<br />

Esta decisão é um ataque contra<br />

seis mil trabalhadores semterra<br />

em favor de um grupo estrangeiro<br />

no País.<br />

A medida é uma aberração<br />

jurídica já que prevê que um<br />

órgão do governo que seria responsável<br />

pela fiscalização das<br />

Polícia Federal é denunciada por<br />

tortura e perseguir indígenas<br />

Denúncias feitas pelo Conselho<br />

Indigenista Missionário<br />

(Cimi) e a ONG Justiça Global,<br />

trouxeram à tona a ação criminosa<br />

da Polícia Federal contra<br />

os indígenas da etnia Tupinambá,<br />

localizados no Sul da Bahia.<br />

De acordo com as denúncias,<br />

agentes da Polícia Federal<br />

teriam prendido de forma<br />

ilegal uma das líderes indígenas,<br />

Glicéria de Jesus da Silva,<br />

conhecida como Glicéria<br />

Tupinambá. Segundo o documento,<br />

que inclusive foi enviado<br />

à Organização das Nações<br />

Unidas (ONU), “Glicéria<br />

foi detida logo ao descer<br />

do avião, ainda na pista de<br />

pouso do aeroporto da cidade<br />

de Ilhéus. A líder indígena<br />

estava com Erúthawã, seu<br />

filho de dois meses, no colo,<br />

quando foi detida (...). Após<br />

ser interrogada durante toda<br />

a tarde na sede da PF, em<br />

Ilhéus, sempre com o bebê<br />

no colo, Glicéria recebeu voz<br />

de prisão. A prisão se deu em<br />

pleno feriado de Corpus<br />

Christi, decorrendo daí dificuldades<br />

de acesso aos autos<br />

mencionados e à divulgação<br />

da prisão. Mãe e filho foram<br />

transferidos no dia seguinte<br />

para um presídio na cidade de<br />

Jequié, distante cerca de 200<br />

quilômetros da aldeia”, (Correio<br />

Braziliense, 9/6/2010).<br />

O caso da líder indígena é<br />

apenas um dentre centenas<br />

de casos. O fato de o mesmo<br />

ter sido divulgado, e ainda<br />

assim de forma muito “tímida”<br />

pela imprensa capitalista,<br />

está relacionado ao fato de a<br />

vítima fazer parte da Comissão<br />

Nacional de Política In-<br />

digenista (CNPI), órgão consultivo<br />

do governo ligado ao<br />

Ministério da Justiça, ou seja,<br />

por se trata de uma pessoa<br />

que tem relações com o governo.<br />

Essa situação, no entanto,<br />

ocorre com freqüência,<br />

mas não recebe nenhuma<br />

notoriedade porque se trata<br />

de pessoas pobres, marginalizadas,<br />

sem nenhuma influência,<br />

contra a ação de poderosos,<br />

pessoas ligadas aos<br />

governos. O fato é que não<br />

apenas na Bahia, mas em todos<br />

os estados, está sendo<br />

organizada uma ofensiva direitista<br />

contra a população.<br />

No campo esse massacre é<br />

ainda mais intenso, seja contra<br />

os sem-terra ou contra os<br />

indígenas, como nesse caso.<br />

Trata-se de uma intensa ofensiva<br />

do latifúndio e seus ca-<br />

O STF dá tempo para Mário Colares Pantoja, acusado de comandar o massacre de Eldorado<br />

dos Carajás, onde 19 sem-terra morreram e dezenas ficaram feridos.<br />

terras a serem distribuídas pague<br />

um valor como indenização,<br />

quando a decisão foi referendada<br />

pelo próprio governo.<br />

A decisão dos juízes é totalmente<br />

contra os sem-terra, pois<br />

nem sequer coloca a possibilidade<br />

de indenização do governo aos<br />

trabalhadores sem-terra que foram<br />

realocados para a fazenda<br />

com a promessa de um lugar para<br />

viver e produzir.<br />

Esta decisão mostra que para<br />

os juízes ligados aos latifundiários<br />

vale mais o interesse de meia<br />

dúzia de capitalistas estrangeiros<br />

do que de seis mil trabalhadores<br />

do campo. Mais que isto, a decisão<br />

do TRF do Mato Grosso<br />

do Sul impõe que ocorra um<br />

imenso conflito entre as famílias<br />

e a polícia do governo que,<br />

caso esta seja aprovada, será enviada<br />

ao local.<br />

Os trabalhadores sem-terra<br />

devem exigir a desapropriação da<br />

empresa estrangeira e manter-se<br />

ocupados, exigindo que nenhuma<br />

indenização seja paga aos<br />

capitalistas pelo INCRA.<br />

Assim também os trabalhadores<br />

sem-terra devem exigir a<br />

distribuição de todas terras dos<br />

latifundiários para todos os trabalhadores<br />

sem-terra, para<br />

aqueles que nela trabalham e<br />

produzem e não para os especuladores<br />

da terra e grandes empresas<br />

que exploram a população<br />

local e expulsam os pequenos<br />

produtores.<br />

pangas, em razão da qual o<br />

número de execuções contra<br />

líderes sem-terra vem aumentando<br />

assustadoramente.<br />

O caso dos índios segue<br />

essa mesma lógica, uma vez<br />

que como os sem-terra, este<br />

é um setor que está em confronto<br />

direito com os interesses<br />

dos latifundiários e grandes<br />

empresários do campo.<br />

Para se ter idéia do absurdo,<br />

além da prisão ilegal, os<br />

agentes também estão sendo<br />

acusados de torturar ao menos<br />

cinco índios tupinambás.<br />

O crime teria acontecido em<br />

junho de 2009 e até agora os<br />

torturadores permanecem<br />

impunes. Essa é a realidade<br />

dos trabalhadores do campo<br />

e deve ser amplamente denunciada<br />

e combatida por<br />

toda a população.<br />

RONDÔNIA<br />

Trabalhadores da usina<br />

de Santo Antônio<br />

realizam protesto por<br />

condições de trabalho<br />

Trabalhadores do canteiro<br />

de obras da usina hidrelétrica<br />

de Santo Antônio, no rio Madeira,<br />

em Porto Velho (RO),<br />

realizaram no dia 17 um protesto<br />

contra as péssimas condições<br />

de trabalho a que estão<br />

submetidos.<br />

Os trabalhadores realizavam<br />

um protesto pacífico até<br />

que um encarregado (possivelmente<br />

um engenheiro da<br />

usina) agrediu um operário. A<br />

reação dos trabalhadores foi<br />

imediata, aumentando a paralisação,<br />

e as ações de mobilização.<br />

Veículos do consórcio<br />

CSAC (Consórcio Santo Antônio<br />

Civil), gerido pelas construtoras<br />

Odebrecht e Andrade<br />

Gutierrez foram incendiados,<br />

35 ônibus foram quebrados<br />

e os trabalhadores queimaram<br />

pneus na BR-364, que<br />

liga Porto Velho ao Acre, na<br />

altura do km 725, a 15 quilômetros<br />

da usina.<br />

De acordo com o Sticcero<br />

(Sindicato dos Trabalhadores<br />

da Indústria da Construção<br />

Civil de Rondônia), “cerca de<br />

3.000 trabalhadores noturnos<br />

já haviam suspendido as atividades<br />

para exigir melhores<br />

salários e mais segurança,<br />

entre outras reivindicações”.<br />

Ainda segundo o sindicato trabalham<br />

na usina cerca de<br />

10.000 operários.<br />

No entanto, apesar de o sindicato<br />

reconhecer a agressão<br />

cometida por um alto funcionário<br />

da Odebrecht, condenou<br />

a ação dos trabalhadores<br />

que considerou “excessiva”.<br />

Os trabalhadores devem<br />

Cerca de 3 mil trabalhadores participaram da greve.<br />

superar a direção do sindicato<br />

e garantir que suas reivindicações<br />

sejam atendidas.<br />

Como aconteceu recentemente<br />

em outras usinas<br />

(como em Jirau), onde trabalhadores<br />

conseguiram algumas<br />

melhorias nas condições<br />

de trabalho, apenas após intensas<br />

mobilizações.<br />

Algumas das reivindicações<br />

dos trabalhadores segundo<br />

o sindicato são: aumento<br />

de 20% no salário,<br />

folga aos sábados e feriados,<br />

direito de visita aos familiares<br />

a cada três meses e aditivo<br />

de insalubridade e periculosidade.

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