Exegese do Alcorão Sagrado - Parte II - Mesquita do Brás
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homem modificou os detalhes. Assim, o homem não se<br />
transforma em cria<strong>do</strong>r, mas, em produtor de formas, basea<strong>do</strong><br />
na regra estabelecida pelo Cria<strong>do</strong>r.”<br />
“À luz disso, não achamos que seja um processo<br />
de criação contrário à crença religiosa, porque a criação<br />
se dá com o estabelecimento de um novo código,<br />
e a clonagem não representa o estabelecimento de um<br />
novo código. Portanto, o nascimento não se restringe<br />
ao espermatozóide ou ao óvulo em particular, mas à<br />
formação da célula, com o processo de sua fertilização.<br />
Com base nisso, cada célula efetiva e viva que<br />
possui o que o espermatozóide e o óvulo possuem pode<br />
ser a base para o nascimento de um ser vivo.”<br />
Quarta Questão: Alguém pode dizer que o clone é<br />
um ser de mãe sem pai, ou de um pai sem mãe. Quan<strong>do</strong><br />
se pergunta a eles, o que proíbe isso? Eles falam da destruição<br />
da família. Sua Eminência responde a esse argumento,<br />
dizen<strong>do</strong>: “A família é uma realidade com a qual<br />
o homem se acostumou. Mas, por que não pode haver<br />
a produção de um ser fora <strong>do</strong> círculo familiar? O que<br />
acontece fora <strong>do</strong> costume não pode ser proibi<strong>do</strong>, com a<br />
condição de que lhe tracemos um novo programa, como<br />
é o caso em muitas situações de nossa vida. Aplicamos a<br />
elas regras e programas que passam a ser comuns para<br />
o homem. Por que estranhamos tu<strong>do</strong> que é novo e não<br />
possuímos um programa para seu advento? Por que não<br />
criamos esse programa de acor<strong>do</strong> com o princípio divino:<br />
‘Ensinou ao homem o que este não sabia’ (<strong>Alcorão</strong><br />
Sagra<strong>do</strong>, 96:5)?”<br />
Quinta Questão: A clonagem gera problemas e<br />
complexidades relacionadas com a paternidade, a herança<br />
e a atividade humana. Sua Eminência diz: “Essas<br />
são questões que devem ser estudadas à luz da realidade.<br />
Se acharmos que os malefícios são maiores de que<br />
os benefícios, as coisas passam a ser ilícitas, como é<br />
esclareci<strong>do</strong> pela lei islâmica. Porém, se os benefícios<br />
forem maiores de que os malefícios ou iguais, não há<br />
inconveniente. Temos no <strong>Alcorão</strong> Sagra<strong>do</strong> uma regra geral,<br />
segun<strong>do</strong> a qual tu<strong>do</strong> o que gera malefícios maiores<br />
que benefícios, é ilícito; se, contu<strong>do</strong>, os benefícios forem<br />
maiores que os malefícios, é lícito. Por isso, devemos<br />
estudar o desenvolvimento dessa nova produção científica<br />
na prática, verifican<strong>do</strong> se ela age positivamente<br />
ou negativamente para determinarmos, por meio de um<br />
exercício de observação atento, a sentença legal. Portanto,<br />
não podemos estipular, agora, uma sentença legal<br />
final quanto ao processo de produção efetiva.”<br />
Sua Eminência trata os fatos com realismo e vê que<br />
“quan<strong>do</strong> o processo é bem-sucedi<strong>do</strong> e nasce um ser clona<strong>do</strong>,<br />
nós o consideramos um ser normal, com direitos<br />
humanos e legais. A diferença, porém, é que ele talvez<br />
seja de mãe apenas, da mesma forma que Jesus (A.S.),<br />
que, no entanto, nasceu milagrosamente. É considera<strong>do</strong><br />
filho legal de sua mãe. Com base nisso, completa-se a<br />
herança e se estende a filiação, de acor<strong>do</strong> com as origens<br />
da mãe.”<br />
Quanto à questão de que se o clone deve pertencer<br />
à mãe ou ao pai, Sua Eminência diz que quan<strong>do</strong> a célula<br />
é tirada da mãe, ele deve pertencer à mãe.<br />
Essa questão, porém, cria ambigüidade, uma vez<br />
que o filho pode ser considera<strong>do</strong>, geneticamente falan<strong>do</strong>,<br />
“irmão” da mãe. A esse respeito, Sua Eminência diz:<br />
“Nós sabemos que os filhos de Adão se multiplicaram<br />
através <strong>do</strong> casamento de irmãos, quan<strong>do</strong> isso era permiti<strong>do</strong>.<br />
Sabemos, também, que é possível que haja filho<br />
sem pai, como aconteceu no caso de Jesus (A.S.).”<br />
Sexta Questão: A oposição de alguns à clonagem<br />
baseia-se no fato de que todas as pessoas teriam uma só<br />
feição. Esse fenômeno causará o surgimento de muitas<br />
coisas negativas. Sua Eminência diz: “A questão não<br />
chega a esse ponto. Devemos nos tranqüilizar quanto a<br />
essa questão, por uma simples razão. É que o processo<br />
de clonagem é muito trabalhoso e caro, enquanto que o<br />
processo generativo natural não necessita de muita despesa.<br />
Por isso, creio que esse fenômeno científico não<br />
se ampliará na vida humana. Está fora de cogitação a<br />
utilização da clonagem em vez <strong>do</strong> processo generativo<br />
natural, levan<strong>do</strong>-se em conta que a realidade natural<br />
é a realidade inata que o homem utiliza para suas necessidades<br />
sexuais. Por outro la<strong>do</strong>, a clonagem de uma<br />
criança exige que se vá a um laboratório de clonagem,<br />
contratar os seus serviços, pagar o seu preço, etc., o que<br />
não é fácil para a maior parte das pessoas.”<br />
Sétima questão: A clonagem elimina o casamento,<br />
o que contraria as leis divinas. Sua Eminência, porém,<br />
vê o contrário disso. Ele diz: “Observamos que a produção<br />
de um filho fora <strong>do</strong> casamento acontece através de<br />
processos em provetas, que levam o espermatozóide <strong>do</strong><br />
homem e o óvulo da mulher, sem levar em consideração<br />
a sua legalidade ou ilegalidade. Na realidade, acontece<br />
o nascimento sem uma relação sexual.”<br />
Por isso, o processo não contraria as leis divinas<br />
quanto ao mun<strong>do</strong> e à natureza, nem cancela o casamento.<br />
A questão <strong>do</strong> casamento não está restrita à questão<br />
generativa. Deus fez <strong>do</strong> casamento uma instância de<br />
repouso e complemento entre o homem e a mulher, forman<strong>do</strong><br />
a primeira célula social na qual age a relação de<br />
amor e de misericórdia.<br />
Sua Eminência aborda essa questão por outro ângulo:<br />
“O casamento, basicamente, ou a geração natu-<br />
Nós sabemos que os<br />
filhos de Adão se<br />
multiplicaram através<br />
<strong>do</strong> casamento de irmãos,<br />
quan<strong>do</strong> isso era permiti<strong>do</strong>.<br />
Evidências Islâmica - 1