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Francisco Campos tratou-se no Porto, em instituições públicas. “Portugal tem meios humanos,<br />
hoje, para tratar seja o que for”, afi rma o cirurgião plástico<br />
“A minha ex-mulher e o meu fi lho deram-me uma ajuda tremenda.<br />
Sem o apoio deles, as coisas não teriam corrido tão bem„<br />
de que muitas pessoas estavam<br />
informadas de que eu não estava<br />
em actividade. E, desde que<br />
me foi diagnosticado o cancro,<br />
nunca parei de trabalhar, nem<br />
mesmo quando fi z quimioterapia.<br />
Mas obviamente que há um certo<br />
receio, por parte dos doentes,<br />
que se justifica plenamente.<br />
Se um cirurgião está com uma<br />
doença grave, é atingido, porque<br />
os doentes vão procurar outras<br />
pessoas com mais saúde, naturalmente.<br />
Mas o que me interessa<br />
é continuar a operar, e operar<br />
bem. E isso tem sido feito. Portanto<br />
os doentes voltarão a saber<br />
que estou perfeitamente bem,<br />
com as minhas capacidades todas<br />
no sítio, porventura mais activo<br />
do que estava.<br />
<strong>Lux</strong> – Durante a doença, esta casa<br />
foi o seu refúgio. Até que ponto<br />
é que o apoio da Elisabete e do<br />
Afonso foram importantes neste<br />
processo?<br />
F.C. – Foram determinantes!<br />
A minha ex-mulher e o meu fi lho<br />
deram-me uma ajuda tremenda.<br />
Estou convencido de que<br />
sem o apoio que tive deles,<br />
as coisas não teriam corrido<br />
tão bem. Porque comecei<br />
a tomar o pequeno-almoço,<br />
a almoçar e a jantar a horas, e a<br />
comer coisas saudáveis. É também<br />
um factor de grande importância,<br />
o apoio que se tem numa altura<br />
em que parece que desabou o<br />
mundo, que vai cair tudo e que<br />
vamos morrer. Foi um apoio fundamental<br />
para que eu vencesse<br />
esta maldita doença.<br />
<strong>Lux</strong> – O Francisco e a Elisabete<br />
estão divorciados há 18 anos,<br />
mas mantêm uma relação<br />
quase familiar...<br />
F.C. – Mantivemos sempre uma<br />
amizade inquestionável. Não<br />
foi só uma amizade por causa<br />
do Afonso, ou porque o Afonso<br />
era miúdo e poderia ver os<br />
pais chateados. Não, foi um<br />
divórcio sem nenhum litígio, e<br />
mantém-se uma amizade sólida.<br />
Essa amizade irá perdurar.<br />
Eu presumo que o facto de estar<br />
a dar esta entrevista em casa da<br />
Elisabete, com ela ao lado, vai<br />
levantar imensas especulações<br />
sobre o possível regresso a uma<br />
situação anterior. Não é nada<br />
disso, nem sequer se pensa<br />
nisso. Aqui, pensa-se em amigos<br />
que precisam de ajuda, e os que<br />
estão mais próximos ajudam.<br />
É o caso da Elisabete, que teve,<br />
de facto, uma atitude única.<br />
A ajuda que ela me deu foi<br />
determinante para a cura. ■<br />
texto Rodrigo Ferreira fotos António Pedrosa<br />
produção Teresa Abrunhosa