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Superexploração da Força de Trabalho e Concentração de Riqueza ...

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Carcanholo (2012) mostra que <strong>da</strong> proposição <strong>de</strong> Marx se po<strong>de</strong> extrair que a compra <strong>da</strong><br />

mercadoria força <strong>de</strong> trabalho dá o direito legal, social, ao capitalista <strong>de</strong> utilizar esta força como<br />

bem quiser, <strong>de</strong> modo que para ele o sentido do termo exploração é <strong>de</strong> utilização ou <strong>de</strong><br />

aproveitamento. Assim, não seria incorreto dizer que a taxa <strong>de</strong> exploração po<strong>de</strong>ria ser<br />

também entendi<strong>da</strong> como taxa <strong>de</strong> utilização, sentido nem sempre observado pelos leitores <strong>da</strong><br />

obra 3 .<br />

O sentido mais amplo <strong>da</strong> discussão <strong>de</strong> Marx n’O Capital é <strong>de</strong> <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r a lei econômica <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa, num contexto histórico <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção do capitalismo industrial,<br />

sobretudo na Inglaterra, país on<strong>de</strong> viveu no período <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> obra. O contexto político<br />

era <strong>de</strong> revolução burguesa em diversos países <strong>da</strong> Europa, <strong>de</strong> modo que se tratava <strong>de</strong><br />

instrumentalizar politicamente as classes subalternas:<br />

[...] em O Capital, a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> do autor consistiu em <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r a lei econômica <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa ou, em diferente formulação, as leis do nascimento,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e morte do modo <strong>de</strong> produção capitalista.<br />

Numa época em que prevalecia a concepção mecanicista nas ciências físicas, Marx foi<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>svencilhar-se <strong>de</strong>ssa concepção e formular as leis econômicas<br />

precipuamente como leis ten<strong>de</strong>nciais. Ou seja, como leis <strong>de</strong>terminantes do curso dos<br />

fenômenos em meio a fatores contrapostos, que provocam oscilações, <strong>de</strong>svios e<br />

atenuações provisórias. (GORENDER, 1983: pag. XXVIII)<br />

Por outro lado, o contexto histórico em que Marini formula sua interpretação sobre a natureza<br />

do capitalismo periférico é <strong>de</strong> hegemonia do <strong>de</strong>senvolvimentismo na América Latina, via <strong>de</strong><br />

regra embalado por ditaduras militares. 4 Segundo sua autobiografia 5 , as bases teóricas que<br />

viriam a compor o Dialética <strong>da</strong> Dependência (1973) foram frutifica<strong>da</strong>s na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> dos<br />

anos 1960 e começo dos anos 1970, no período <strong>de</strong> transição entre o que Marini chama <strong>de</strong> seu<br />

primeiro e segundo exílios (México e Chile).<br />

O <strong>de</strong>senvolvimentismo po<strong>de</strong> ser entendido como um i<strong>de</strong>ário que <strong>de</strong>u base a projetos sociais<br />

<strong>da</strong> classe dominante. 6 No campo <strong>da</strong> economia, o <strong>de</strong>senvolvimentismo tinha nas proposições<br />

<strong>da</strong> CEPAL seu suporte mais importante, pois esta agência legitimava políticas econômicas<br />

mo<strong>de</strong>rnizadoras, sem colocar em risco a opção pelo capitalismo.<br />

Com efeito, a CEPAL colocava-se criticamente no contexto <strong>da</strong>s Teorias do Desenvolvimento do<br />

pós Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial 7 . Entretanto, suas proposições atinham-se à discussão <strong>da</strong><br />

inserção internacional <strong>da</strong>s economias <strong>da</strong> América Latina, tomando como elemento empírico as<br />

pautas e preços <strong>de</strong> importação/exportação. Sustentava-se que o <strong>de</strong>senvolvimento capitalista<br />

3 O sentido mais comum que se dá ao termo exploração é <strong>de</strong> “abuso <strong>da</strong> boa-fé, <strong>da</strong> ignorância ou <strong>da</strong><br />

especial situação <strong>de</strong> alguém, para auferir interesse ilícito”. Este é um dos onze significados possíveis<br />

segundo o Mo<strong>de</strong>rno Dicionário <strong>da</strong> Língua Portuguesa. No Aurélio este significado <strong>de</strong> conotação negativa<br />

sequer aparece como um dos significados possíveis.<br />

4<br />

Veja-se lista <strong>de</strong> ditaduras no mundo em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar, acesso em<br />

22/01/2012. Na América Latina são registra<strong>da</strong>s ditaduras militares na Argentina (1966-1983), Bolívia<br />

(1971-1985), Brasil (1964-1985), Chile (1973-1989), Colômbia, (1953-1957), Cuba (1933-1959), República<br />

Dominicana (1989-1899; 1930-1961), El Salvador (1931-1979), Equador (1972-1979), Guatemala (1970-<br />

1985), Haiti (1988-1990; 1991-1994), Honduras (1963-1974), México (1853-1855; 1876-1910), Nicarágua<br />

(1967-1979), Panamá (1968-1989), Paraguai (1954-1989), Peru (1968-1980), Suriname (1980-1988),<br />

Uruguai (1973-1984) e Venezuela (1908-1935; 1952-1958).<br />

5<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata-se <strong>de</strong> um Memorial Descritivo, exigência acadêmica feita pela UnB no processo <strong>de</strong><br />

reintegração após seu retorno ao Brasil.<br />

6<br />

Veja-se Fonseca (2004).<br />

7<br />

Veja-se a este respeito Bonente e Almei<strong>da</strong> Filho (2008), Almei<strong>da</strong> Filho e Corrêa (2011) e Bonente<br />

(2011)<br />

3

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