15.04.2013 Views

Superexploração da Força de Trabalho e Concentração de Riqueza ...

Superexploração da Força de Trabalho e Concentração de Riqueza ...

Superexploração da Força de Trabalho e Concentração de Riqueza ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

perversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, longe <strong>de</strong> diminuir, é acentua<strong>da</strong> ao apelar a economia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para o aumento <strong>da</strong><br />

produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mediante o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico. (MARINI, 2000: 176-177)(grifos próprios)<br />

Como aponta Carcanholo (2012), está em discussão o status <strong>da</strong> superexploração na<br />

interpretação do capitalismo latino-americano proposta por Marini. Ao tomar a<br />

superexploração como categoria, Marini a consi<strong>de</strong>ra indispensável à caracterização que faz do<br />

capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O procedimento metodológico é <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> abstração<br />

em relação a Marx, fazendo uma aproximação <strong>de</strong> concretu<strong>de</strong>. 17<br />

Como se viu, a superexploração <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma categoria em<br />

Marx, até em função do nível <strong>de</strong> abstração em que ele estava em O Capital. Ao contrário, para a<br />

teoria marxista <strong>da</strong> <strong>de</strong>pendência, em um menor nível <strong>de</strong> abstração em relação a Marx, trata-se <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Como afirmamos antes, preten<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>monstrar agora que a superexploração não é apenas um conjunto <strong>de</strong> mecanismos que levam à<br />

elevação <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> mais-valia, mas, para além disso, constitui-se em uma categoria central - aliás a<br />

mais importante – <strong>da</strong> teoria marxista <strong>da</strong> <strong>de</strong>pendência. (CARCANHOLO, 2012:8)<br />

A respeito <strong>da</strong> possível observação empírica <strong>da</strong> superexploração <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho, é preciso<br />

antes acertar a leitura que Marini faz <strong>da</strong> constituição do capitalismo brasileiro, e mesmo<br />

dialogar com outras interpretações. Isto parece ser possível pelo distanciamento histórico que<br />

uma análise hoje apresenta em relação ao <strong>de</strong>bate teórico e político do qual Marini fez parte.<br />

Registre-se que a discussão que ocorreu nos anos 1970 e 1980 foi eminentemente política. Isto<br />

po<strong>de</strong> ser percebido por dois aspectos. O primeiro pelo tom <strong>de</strong> argumentação do artigo feito<br />

por Serra e Fernando Henrique Cardoso, que é flagrantemente <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificação ao trabalho<br />

<strong>de</strong> Marini. O segundo pela interdição <strong>da</strong> leitura dos textos <strong>de</strong> Marini nos programas <strong>de</strong> pósgraduação<br />

em economia, surpreen<strong>de</strong>nte, sobretudo, naqueles poucos programas<br />

consi<strong>de</strong>rados heterodoxos (ALMEIDA FILHO, 2011). 18<br />

À parte o uso <strong>da</strong> superexploração <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho como centro <strong>da</strong> interpretação, Marini<br />

tem aproximação bastante perceptível à interpretação do Capitalismo Tardio (MELLO, 1985),<br />

bastante difundi<strong>da</strong> no Brasil (ALMEIDA FILHO, op.cit). Em ambos os casos, trata-se <strong>de</strong> mostrar<br />

como o capitalismo avançado se <strong>de</strong>senvolve no Brasil, pais que po<strong>de</strong> ser tomado como<br />

expressão <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> região, no sentido <strong>de</strong> ser a maior economia em termos <strong>de</strong><br />

população, território e potencial <strong>de</strong> produção.<br />

Em Mello (1985), a caracterização do capitalismo brasileiro é duplamente feita, pela origem -<br />

uma economia colonial -, vincula<strong>da</strong> à metrópole Portugal, e pelo momento em que ocorre a<br />

transição ao capitalismo avançado, entendido como aquele em que as condições <strong>de</strong> produção<br />

são especificamente capitalistas. Este momento é <strong>de</strong>marcado pela emergência do trabalho<br />

assalariado como norma dominante do processo produtivo e pela Abolição <strong>da</strong> Escravatura.<br />

17 Esta mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> abstração está aponta<strong>da</strong> em Osorio (2004:90): “Las categorías y relaciones<br />

<strong>de</strong> aquella obra [O Capital] constituyen el punto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para analizar la organización <strong>de</strong> las uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> análisis menos abstracta (o más concretas), pero no las agotan. De allí la necesi<strong>da</strong>d <strong>de</strong> nuevas<br />

categorías para abor<strong>da</strong>r el análisis <strong>de</strong>l sistema mundial capitalista, los patrones <strong>de</strong> reproducción <strong>de</strong>l<br />

capital, las formaciones económico-sociales y la coyuntura. […] La noción <strong>de</strong> superexploitation explica la<br />

forma como en las economías <strong>de</strong>pendientes se reproduce el capital, en el marco <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> dicho<br />

sistema. Su tratamiento, como el <strong>de</strong>l imperialismo o las categorías para el análisis <strong>de</strong> coyuntura, en las<br />

encontraremos en la obra mayor <strong>de</strong> Marx, porque las uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> análisis que ellas expresan no es el<br />

que se abor<strong>da</strong> en El Capital.”<br />

18 Os trabalhos tanto <strong>de</strong> Rui Mauro Marini quanto os <strong>de</strong> Theotônio dos Santos são mais bem conhecidos<br />

em outros países <strong>da</strong> América Latina, como México, Chile, Argentina, Venezuela e Cuba do que no Brasil.<br />

Esta informação consta do prefácio ao “Dialética <strong>da</strong> Dependência” escrito por Emir Sa<strong>de</strong>r e na<br />

Introdução <strong>da</strong> Coletânea Rui Mauro Marini – vi<strong>da</strong> e obra.<br />

9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!