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ELA
Por Francy Wagner
Mulher, feminino, fêmea, criadora e procriadora,
amor e doação, companheirismo e amizade.
Estou aqui diante dela e não consigo parar de
olhar. Fico vasculhando sua figura: os olhos, a
boca, os cabelos, o colo, o corpo inteiro e ela
sorri! Esta ficando encabulada com o meu
olhar? Acho que não. Ela sabe o que estou fazendo.
Ela sabe o que estou procurando e gentilmente
esconde para que eu continue a procurar.
Ela, que no inicio me trouxe tantas dores de
cabeça! Ela, que no inicio era motivo da minha
raiva! Eu não tolerava seu jeito seguro de ser,
colocando tudo em ordem na minha desordem,
o que para mim significava exatamente o contrario.
Então, com minha forca, meu imperialismo
masculino, virava tudo pelo avesso! Ela ficava
com raiva também e brigávamos. E como
brigávamos!...
Nunca nos agredimos fisicamente, claro. Eu
não bateria nela! Mas procurava alcançar seu
ponto fraco... e nunca consegui! Eu não o
achei.
Ela achou o meu!
No final, não houve perdedor. Nós nos ganhamos.
Eu não recuei, ela recuou e venceu. Venceu
meus argumentos, cansou as minhas forças e
quando menos percebi, ela ja morava no meu
coração.
Para os conceitos atuais de beleza, ela não é
uma modelo fotográfica! Ainda bem. Ela é uma
mulher normal, se é que existem mulheres normais.
Nem sempre esta com o cabelo arrumadinho,
ja achei até alguns fios brancos e nada falei;
ela os encontrou e pintou o cabelo, trocou a
Varal do Brasil fevereiro de 2013
cor. Depois cortou, e eu não notei... dois dedos!
Eu achei que foram dois centímetros, daqueles
bem pequenos! Nem sempre esta na moda,
mas adora bolsas e sapatos... tantos que os
meus ficaram relegados a uma das cinco prateleiras.
Vitrines? Ah, minha tortura, sair com ela
para as compras... e ja desisti de tomar café
com as suas amigas... fico com dor de cabeça:
falam demais e não sei como se entendem- todas
ao mesmo tempo. E como tem assunto!...
Sabem de tudo!
Tem uma barriguinha que acho linda, um corpinho
que se encaixa direitinho no meu!
Ela consegue me enlouquecer de todas as maneiras.
Em primeiro lugar não consigo entender como
ela consegue ver tudo!
Em casa vê o que ela acha que está sujo, as
tarefas das crianças, a dispensa, o lixo para
levar para fora,... uma canseira. Se tivesse um
batalhão de pessoas ao seu comando, tenho
certeza que ninguém conseguia ficar parado!
Não sei como ela consegue fazer tudo e, pasmem(!),
ao mesmo tempo!
Lembro que fiquei um dia desses sentado, fingindo
ler um livro, e observando sua movimentação,
normal e diária, em um dia comum da
semana, quando todos estávamos em casa. Eu
cansei!
E quando ela ficou doente e teve que ser internada
durante alguns dias no hospital! Eu quase
enlouqueci. Esquecia de tudo. Compras, casa,
crianças, trabalho, e ela... no hospital. Tudo me
faltava. Ela me faltava!
Isso! Ela! Ela me faltando eu não sou eu inteiro.
Eu sou menos de trinta por cento, pois ela
constrói o universo onde habito.
Seu humor, de variações escandalosas, deixa
meus dias... digamos, agitados! Ou ela esta
muito bem, sorrindo, colorindo minhas arvores,
meu céu, meu caminho, meu trabalho, ou ela
esta com TPM e provoca uma revolução, um
terremoto, vai tirando tudo do lugar, para colocar
novamente daqui há alguns dias... e os meses
vão se passando. Os anos foram se passando.
Perdi minha paz? Não, ela é minha paz!
Perdi a minha “monotonidade”. Perdi minha
unidade, minha individualidade? Nada disso:
com ela eu sou uno, sou um individuo melhor:
minha companheira é a melhor mulher do mundo!
... apesar de tudo.
(segue)
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