VARAL DO BRASIL 20 FEV 2013.pdf - coracional
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A chegada de Anita, que os italianos igualmente<br />
admiravam, conhecendo-lhe os atos de<br />
bravura, valeu-lhe entusiástica recepção em<br />
Gênova, onde desembarcou, a 2 de março de<br />
1848, sendo recebida por cerca de três mil<br />
pessoas. Tendo aprendido o idioma italiano,<br />
na convivência com Garibaldi e seus amigos,<br />
Anita fez um discurso dirigido ao povo. Pelos<br />
registros da imprensa genovesa, pode-se verificar<br />
que sua fala foi concisa e precisa, plenamente<br />
adequada àquele momento, revelandose<br />
uma mulher inteligente e segura de si, muito<br />
diferente da jovem inexperiente e de uma<br />
simplicidade quase rude, que deixara Laguna<br />
há cerca de dez anos. Nesse aspecto, foi a<br />
longa estadia no Uruguai que a transformou.<br />
Ali viveu em permanente contacto com pessoas<br />
de bom nível cultural e social, fossem essas<br />
das relações de Garibaldi, fossem da sociedade<br />
uruguaia e dos círculos oficiais, pois<br />
Anita fez-se grande amiga da esposa do presidente<br />
Frutuoso Rivera.<br />
A 21 de junho daquele ano de 1848, Garibaldi<br />
chegava à Itália. Vinha acompanhado por 86<br />
legionários (membros da Legião Italiana, que<br />
ele liderara no Uruguai). Desembarcou em<br />
Nizza, onde recebeu várias homenagens, inclusive<br />
um banquete a que compareceu o intendente<br />
do Condado. Muitas outras reuniões<br />
se seguiram, com Garibaldi sempre pregando<br />
a unificação italiana. Por onde passava ia ganhando<br />
adeptos, reunindo, assim, um exército<br />
particular, com o que tomava a dianteira dos<br />
acontecimentos. Era um grupo de voluntários,<br />
sem organização e sem maior preparo, mas<br />
dispostos a tudo pela causa que os empolgava.<br />
O batismo de fogo de Garibaldi nesta sua nova<br />
cruzada deu-se na batalha de Luino, da<br />
qual Anita participou. Foi pesada, entretanto, a<br />
derrota sofrida, fazendo com que Garibaldi fugisse,<br />
disfarçado, para a Suíça, de onde voltou<br />
pouco depois.<br />
Chamado pelos sicilianos para auxiliá-los na<br />
sua sublevação contra a coroa de Nápoles,<br />
para lá dirigiu Garibaldi a sua legião. Ele e Ani-<br />
Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />
ta cavalgavam à frente, e depois de saudados<br />
por onde passavam, entraram triunfalmente<br />
em Ravena, à noite, formando-se um longo<br />
préstito à luz de tochas.<br />
Os acontecimentos se sucediam velozmente.<br />
Em Roma, proclamara-se a República. Para lá<br />
dirigiu-se Anita, ao encontro de Garibaldi e<br />
animada a participar das lutas que pressentia<br />
seriam muitas e intensas até se consolidar a<br />
nova situação. Garibaldi fora eleito deputado<br />
constituinte. Feito general pelo governo republicano,<br />
preparou-se para lutar contra os franceses,<br />
que atacaram Roma atendendo a um<br />
apelo do Papa Pio IX. A auxiliar os franceses,<br />
vieram tropas austríacas, espanholas, napolitanas<br />
e do Vaticano. Anita, que havia deixado<br />
Roma, ao saber do agravamento da situação,<br />
voltou para junto de seu marido, apesar de estar<br />
grávida de cinco meses. A luta a atraía, sobretudo<br />
porque nela estava o homem a quem<br />
entregara sua vida.<br />
Foi uma viagem difícil e acidentada, desde<br />
Nizza, onde residia a família Garibaldi. Depois<br />
de cavalgar sozinha, sob o rigor do verão, durante<br />
três dias, fugindo à implacável vigilância<br />
de franceses e austríacos, Anita conseguiu<br />
romper o cerco de Roma e colocar-se ao lado<br />
do marido. Era o final de junho de 1849.<br />
Mas Anita já estava doente. Daí para a frente,<br />
freqüentemente indisposta e fraca, atribuía à<br />
gravidez tais sintomas. Já era, porém, o impaludismo<br />
a que sucumbiria.<br />
Roma capitulou e os chefes republicanos concordaram<br />
num armistício, mas não Garibaldi,<br />
que conclamou o povo a continuar a luta fora<br />
de Roma. A retirada de Roma, sob o comando<br />
dele, enfrentando a resistência dos exércitos<br />
inimigos (franceses, espanhóis e austríacos),<br />
foi um episódio glorioso e que ficou célebre<br />
pelas ousadias e pelos requintes estratégicos<br />
que permitiram seu êxito, nas mais adversas<br />
circunstâncias.<br />
(Segue)<br />
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