ItinerárioRomânicoBeneditino - Rota do Românico

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Itinerário Românico Beneditino ________________________________ do rei de Leão, era sobrinhoneto de D. Hugo, abade do mosteiro de Cluny. A vinda dos Beneditinos e a sua protecção por parte de D. Afonso Henriques fica a deverse ao facto dos laços de sangue que uniam o rei à região de Borgonha, de onde o conde D. Henrique era natural e por outro lado devido à necessidade de ocupação dos territórios, com fraquíssima densidade populacional, que eram reconquistados aos mouros. Dada a influência dos Cistercienses não admira também essa atitude, no sentido de conseguir apoio para a fundação do reino de Portugal. O primeiro mosteiro beneditino instaurado em Portugal foi o de Lorvão, doado no ano de 1109 à Sé de Coimbra pelo conde D. Henrique e D. Teresa. Desta época são também os mosteiros de Tibães e Tarouca. No ano de 1100, por doação de D. Henrique e D. Teresa, os monges Cluniacenses fundam o mosteiro de D. Pedro de Rates. A ligação dos monges Cluniacenses ao poder real deu origem a grandes doações, riqueza essa que contribuiu para o enriquecimento dos mosteiros levando os monges a relegar para segundo plano os ideais de S. Bento, dando lugar ao luxo e ao ócio. No ano de 1098 deuse uma cisão na ordem Beneditina. Muitos frades descontentes com o desvio dos ideais de S. Bento abandonaram o mosteiro de Molesme e dirigiramse para Cister com o objectivo de observar a regra de S. Bento em todo o seu rigor. Reformularam a antiga regra de S. Bento e trocaram o hábito preto por uma capa branca, vivendo do trabalho da terra e da oração. Mais tarde os “Monges Brancos” de Cister receberam S. Bernardo, um jovem que veio reformular a regra seguida pelos seus companheiros dando origem à ordem de Cister consagrada na “Carta de Caridade” seguindose o movimento monástico expansionista, reunindo todos os seus mosteiros numa única família tendo como núcleo central o de Cister. O confronto entre a ordem de S. Bento (Beneditinos/ Cluniacenses) e os seus dissidentes (Cistercienses) só ficou resolvido após um escrito de S. Bernardo intitulado “Apologia a Guilherme de SaintThierry”. Em Portugal a ruralidade e habitat dispersos dominavam. Com a solidificação da reconquista seguemse as transformações económicas, técnicas, demográficas e políticoadministrativas formandose novos aldeamentos. As ordens vão ter influência na implementação de novos 35
Itinerário Românico Beneditino ________________________________ cultivos, novas técnicas sobretudo o uso do arado e da força do gado bem como na utilização dos espaços de cultivo para áreas mais distantes dos cursos de água. 4.1.2 A ESCOLHA DO LOCAL A escolha do local onde implementar um mosteiro não é aleatória. Normalmente esses já eram espaços sacralizados, pela eventual existência de cultos, igrejas ou cemitérios. Eram espaços privilegiados com cursos de água e arvoredos instalados em áreas planas, exemplo do mosteiro de Pombeiro ou em áreas montanhosas sobre as encostas. A eles estão agregados espaços agrícolas para corresponder às necessidades dos monges e habitat envolvente. 4.1.3 A REGRA DE S. BENTO A regra de S. Bento tem como característica essencial a procura incessante de Deus. Para S. Bento o mosteiro é uma escola onde o monge aprende a servir a Deus, a corrigir os seus defeitos, a trabalhar diariamente para assegurar a sobrevivência e obedecer ao abade – Ora et Labora. No mosteiro não se admitia pessoas do mesmo sexo, que reunidos para fazer uma vida comum se sujeitavam a regras rigorosas e privações. Dentro do mosteiro os monges tinham desde água, moinho, horta, forno etc. As tarefas eram distribuídas desde os trabalhos domésticos de lavagem de roupa, à confecção das refeições. Naquele espaço tudo era de todos, não havia lugar à propriedade individual. A alimentação era racionada, havia duas refeições diárias onde era proibida a carne, à excepção da carne branca e o vinho era restrito. A oração era a principal ocupação dos frades. Os monges deviam acordar a meio da noite para as suas orações em comum. As virtudes que se recomendam na regra são a humilhação completa e a abnegação total de vontade própria, ou seja, o monge deve obedecer cegamente aos seus superiores que detém a direcção do convento. Impunhase absoluta castidade e castigos corporais, nomeadamente o açoite, para aqueles que violassem as regras. Cada mosteiro vivia isolado sobre si, e os abades dependiam do bispo das respectivas dioceses. Só no século XI os cluniacenses criam a primeira forma de centralização, subordinando os abades ao abade do mosteiro de Cluny, que dependiam directamente do papa. Em cada mosteiro os abades eram eleitos pelos monges e deviam reunirse anualmente para tomarem decisões relativas a toda a ordem. 36
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