clique aqui para baixar - Entre Irmãos
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serão recebidos se forem de boa reputação e bons costumes”. No<br />
mesmo manuscrito, indica-se que os <strong>Irmãos</strong> e Irmãs deverão<br />
prestar juramento sobre um livro, e, várias vezes, faz-se alusão à<br />
“Dama”, particularmente no juramento do Aprendiz, onde se<br />
jura obedecer ao “Mestre”, ou à “Dama”, ou a todo outro<br />
Franco-Maçom.<br />
Enfim, um último documento nos é apresentado. Na<br />
Idade Média, havia já desenhos especiais e um modo<br />
característico, inscritos sobre a campa sepulcral dos Franco-<br />
Maçons, tal qual ainda se encontram nos velhos cemitérios, o<br />
que permite aos irmãos reconhecerem que ali jaz um dos seus.<br />
Ora, um velho testamento apresenta uma perturbadora conexão<br />
com este costume. Está datado de 4 de fevereiro de 1482, e<br />
emana da falecida Margaret, esposa de John Paston, Escudeiro, e<br />
filha e herdeira de John Mauteboy, também Escudeiro. Ela<br />
ordena ali que uma inscrição, coincidente com o moto dos<br />
Franco-Maçons, seja gravada em sua tumba, em respeito às<br />
prescrições maçônicas: “Uma placa de mármore conterá escudos<br />
nos quatro cantos e, no meio da mesma, desejo ter um escudo só<br />
com as armas paternas, encimando esta inscrição: “Em Deus está<br />
a minha confiança”.<br />
E a M∴ Il∴ Ir∴ termina seu trabalho de investigação<br />
com uma pergunta muito judiciosa: “Se os Antigos Mistérios<br />
nunca excluíram as mulheres e se mesmo as Corporações<br />
Operativas, as mais maçônicas, as recebiam de muito bom<br />
grado, por que, então, a Maçonaria Especulativa masculina de<br />
nossa época persiste tanto na discriminação contra elas?”.<br />
Na longa história da Maçonaria, a primeira vez que<br />
aparece a proibição discriminatória contra o elemento feminino é<br />
no “Livro das Constituições”, compilado e publicado em 1723,<br />
por James Anderson, presbítero anglicano e Gr∴ Vig∴ da<br />
Grande Loja de Londres, que, no final de seu artigo 3º, diz: “As<br />
pessoas admitidas a fazer parte de uma Loja devem ser boas,<br />
sinceras, livres e de idade madura; não são admitidos escravos,<br />
mulheres, pessoas imorais e escandalosas, mas exclusivamente<br />
as que são de boa reputação”. Esta proibição foi repetida,<br />
posteriormente, no 18º Landmark, compilado por Mackey em<br />
sua Enciclopédia, donde outros a tem copiado. No entanto, não<br />
tardou a reação.<br />
A Maçonaria continental jamais se conformou com tão<br />
estranha discriminação contra a mulher. E, por triste ironia, o<br />
golpe lhe foi desferido no exato momento em que se promovia a<br />
ampliação dos estreitos horizontes da Maçonaria Operativa <strong>para</strong><br />
os mais brilhantes e esperançosos da Maçonaria Especulativa.<br />
Consequentemente, em 1730, esboçou-se, na França, a<br />
Maçonaria de Adoção, destinada às mulheres, em quatro graus.<br />
Outras Ordens surgiram depois, como a Moisés, em 1738,<br />
fundada por alemães, e a dos Lenhadores, em 1747, derivada<br />
dos Carbonários da Itália. Mais associações similares vieram<br />
depois, como a Ordem do Machado, na França, onde o Grande<br />
Oriente acabou criando um novo Rito, em 1774, chamado de<br />
Adoção, com seus regulamentos próprios e sob o patrocínio de<br />
uma Loja regular.<br />
Em 27 de Julho de 1786, o Conde Cagliostro, iniciado por<br />
volta de 1770, na antiga Maçonaria Egípcia, pelo Conde de Saint<br />
Germain, fundava em Lyon, França, a Loja Mater Sabedoria<br />
Triunfante, do Rito da Maçonaria Egípcia, adaptado a homens e<br />
mulheres, declarando que, desde que as mulheres haviam sido,<br />
indistintamente, admitidas nos Antigos Mistérios, não havia<br />
nenhuma razão <strong>para</strong> excluí-las das ordens modernas. A princesa<br />
Lamballe aceitou, prazerosamente, a dignidade de Mestra<br />
Honorária de sua sociedade secreta, e, à sua iniciação, assistiram<br />
membros dos mais importantes da corte francesa. As Lojas de<br />
Adoção acabaram por se espalhar por toda a Europa e, depois,<br />
pela América do Norte, e o movimento culminou na fundação,<br />
em 4 de abril de 1893, em Paris, pelo Dr. Georges Martin e sua<br />
esposa, da Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit<br />
Humain (“O Direito Humano”), também, denominada<br />
CoMaçonaria Internacional. Outorga iguais direitos a homens e<br />
mulheres e os admite e inicia no mesmo nível de igualdade; hoje<br />
está instalada nos cinco continentes.<br />
Importa assinalar que os preconceitos e discriminações<br />
contra as mulheres e outras classes e raças, sempre, existiram em<br />
toda parte, mas, ao Maçom, como a toda pessoa bem informada,<br />
cumpre combatê-los e desfazê-los, e não apoiá-los. Já há cinco<br />
mil anos, o divino Avatar Shri Krishna os impugnava nas castas<br />
da Índia com estas palavras: “Aqueles que em Mim se refugiam,<br />
ó Arjuna, ainda que concebidos em pecado, sejam mulheres,<br />
comerciantes ou artífices, também, vão <strong>para</strong> o Eterno”<br />
(Bhagavad Gita, IX, 32). Há 2500 anos, Buda contestava o regime<br />
de castas na Índia e aceitava, igualmente, homens e mulheres<br />
como seus discípulos no seu Sangha (Confraria). Há 2000 anos,<br />
Cristo prestigiou as mulheres, dialogando com elas, escolhendoas<br />
<strong>para</strong> anunciar sua chegada e partida, defendo-as das injustiças<br />
dos homens e escolhendo a maior delas <strong>para</strong> ser sua Mãe.<br />
Por último, temos as palavras de São Paulo, um Iniciado<br />
nos Antigos Mistérios, que, por isso, apresenta-se como “sábio<br />
mestre construtor” (I Cor. 3:10). Assim aconselha ele sobre o<br />
trato com as mulheres e os servos: “Porque todos quantos fostes<br />
batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há<br />
judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem<br />
fêmea, porque todos vós sois um, em Cristo” (Gal. III, 27, 28).<br />
Parodiando o grande Apóstolo, diríamos: “Quem honra<br />
suas insígnias maçônicas perde todo preconceito de<br />
nacionalidade, classe social e sexo”. <br />
Revista Arte Real 61 14