A grande Babilônia - Assembleia de Deus do Cruzeiro
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QD 07 - Área Especial 01 <strong>Cruzeiro</strong> Velho - DF<br />
(61) 3233-2527<br />
www.adcruz.org/ebd<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Pastor João Adair Ferreira<br />
Dirigente e Consultor Doutrinário: Pastor Argileu Martins da Silva<br />
Superinten<strong>de</strong>nte: Presbítero Jorge Luiz Rodrigues Barbosa<br />
Lição 10<br />
03 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2012<br />
Texto Áureo<br />
A <strong>gran<strong>de</strong></strong> <strong>Babilônia</strong><br />
“E ouvi outra voz <strong>do</strong> céu que dizia: Sai <strong>de</strong>la, povo meu, para que não sejas participante<br />
<strong>do</strong>s seus peca<strong>do</strong>s e para que não incorrais nas suas pragas”. Ap 18.4<br />
Verda<strong>de</strong> Aplicada<br />
Sob nenhuma hipótese, a Igreja <strong>do</strong> Senhor na terra, pela qual Ele entregou a própria vida<br />
na morte, <strong>de</strong>ve ser confundida nem comparada com a meretriz <strong>do</strong> Apocalipse.<br />
Objetivos da Lição<br />
► Enten<strong>de</strong>r que os falsos cristãos são, por Satanás, introduzi<strong>do</strong>s na igreja, mas não<br />
fazem parte <strong>de</strong>la;<br />
► Ensinar que a meretriz não é somente a instituição religiosa, mas to<strong>do</strong> o conjunto<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utrinas e i<strong>de</strong>ias que apoiam projetos contrários a <strong>Deus</strong> e ao Seu reino; e<br />
► Enfatizar que a verda<strong>de</strong>ira igreja não <strong>de</strong>ve tolerar a Meretriz. Mas rejeitá-la através<br />
<strong>de</strong> ensino veemente e constante da sã <strong>do</strong>utrina.<br />
Textos <strong>de</strong> Referência<br />
Ap 17.1 E veio um <strong>do</strong>s sete anjos que falava comigo, dizen<strong>do</strong>-me: Vem e mostrar-te-ei<br />
a con<strong>de</strong>nação da <strong>gran<strong>de</strong></strong> prostituta que está assentada sobre muitas águas,<br />
Ap 17.2 com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se<br />
embebedaram com o vinho da sua prostituição.<br />
Ap 17.3 E levou-me em espírito a um <strong>de</strong>serto, e vi uma mulher assentada sobre uma<br />
besta, que estava cheia <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> blasfêmia e tinha sete cabeças e <strong>de</strong>z chifres.<br />
Ap 17.6 E vi que a mulher estava embriagada <strong>do</strong> sangue <strong>do</strong>s santos e <strong>do</strong> sangue das<br />
testemunhas <strong>de</strong> Jesus. E ven<strong>do</strong>-a, eu maravilhei-me com <strong>gran<strong>de</strong></strong> admiração.
<strong>Babilônia</strong>, a meretriz (17:1-6a).<br />
Não nos <strong>de</strong>vemos olvidar que o Apocalipse foi originalmente escrito para a igreja cristã<br />
primitiva, que sofria perseguições por parte <strong>do</strong> império romano. Essa perseguição era<br />
especialmente intensa porque os cristãos se recusavam a a<strong>do</strong>rar ao impera<strong>do</strong>r romano,<br />
conforme se requeria no culto ao impera<strong>do</strong>r. A besta saída <strong>do</strong> mar representa a Roma<br />
secular e pagã. Historicamente, representa o impera<strong>do</strong>r Nero; profeticamente, o «Nero<br />
redivivo» ou anticristo. A besta saída da terra representa a Roma religiosa, o culto ao<br />
impera<strong>do</strong>r (historicamente falan<strong>do</strong>); mas, profeticamente, ela representa o «João Batista»<br />
<strong>do</strong> anticristo, o falso profeta, que promoverá por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> o culto ao anticristo,<br />
mediante os meios <strong>de</strong> comunicação em massa. Na antiguida<strong>de</strong>, a própria cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma<br />
fora <strong>de</strong>ificada, e uma <strong>de</strong>usa, chamada «Roma», veio a ser a <strong>de</strong>usa protetora das cida<strong>de</strong>s<br />
romanas da Ásia Menor. Roma era a divinda<strong>de</strong> tutelar <strong>de</strong> Cartago. Em 29 a.C., foram<br />
erigi<strong>do</strong>s por Otávio templos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a «Dea Roma» e a «Divus Julius». Também houve<br />
templos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ao próprio Otávio em Pérgamo, na Nicomédia e naBitínia. Os<br />
remanescentes <strong>de</strong>sses templos pagãos até hoje po<strong>de</strong>m ser vistos em Pérgamo. E isso<br />
talvezseja os restos <strong>do</strong> «trono <strong>de</strong> Satanás», que figura na epístola à igreja <strong>de</strong> Pérgamo,<br />
neste livro <strong>do</strong> Apocalipse. Parece que o culto <strong>de</strong> Roma estava associa<strong>do</strong> à a<strong>do</strong>ração <strong>do</strong>s<br />
«impera<strong>do</strong>res faleci<strong>do</strong>s», ao passo que o culto ao impera<strong>do</strong>r dirigia-se aos impera<strong>do</strong>res<br />
reinantes. De tu<strong>do</strong> isso é que se <strong>de</strong>senvolveu uma espécie <strong>de</strong> <strong>do</strong>utrina da «Roma eterna».<br />
Não há que duvidar que o vi<strong>de</strong>nte João, no capítulo que passamos a comentar, zombava<br />
<strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia, sen<strong>do</strong> provável também que ele fustigava todas as formas da «i<strong>do</strong>latria<br />
romana», representadas no culto a Roma e no culto ao impera<strong>do</strong>r.<br />
A meretriz, que figura neste capítulo, é essa i<strong>do</strong>latria romana <strong>de</strong> muitas facetas, ainda que<br />
o culto ao impera<strong>do</strong>r seja o ponto mais <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>, conforme se vê por to<strong>do</strong> o Apocalipse.<br />
Roma se tornara o centro das formas mais ousadas e horrendas <strong>de</strong> i<strong>do</strong>latria; mas João<br />
predisse que nada disso perduraria, pois estava con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a sofrer a mais contun<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong>rrota que se possa imaginar. Também não se <strong>de</strong>ve duvidar que João esperava que isso<br />
ocorresse em seus próprios dias, pois não antecipava a aplicação a «longo prazo» <strong>de</strong><br />
suas predições. Nessa expectação, que não se cumpriu em seus próprios dias, João não<br />
se mostrou diferente <strong>do</strong>s profetas <strong>do</strong> A.T., como Isaías, que esperava o reino messiânico<br />
para imediatamente <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> julgamento da Assíria (ver os capítulos <strong>de</strong>z e onze <strong>do</strong> livro<br />
<strong>de</strong> Isaías); ou como Daniel, que pensou que o fim ocorreria imediatamente após o<br />
julgamento <strong>de</strong> Antíoco IV Epifânio. Jeremias esperava o reino para imediatamente <strong>de</strong>pois<br />
<strong>do</strong> retorno <strong>do</strong> exílio. É evi<strong>de</strong>nte, pois, que as visões <strong>do</strong>s profetas ultrapassavam seu<br />
próprio entendimento e as suas expectações pessoais, que tão frequentemente ficaram<br />
sem cumprimento, ainda que <strong>Deus</strong> tenha <strong>de</strong>creta<strong>do</strong> seu cumprimento para os últimos<br />
dias.<br />
Normalmente, as predições bíblicas têm um cumprimento a curto prazo e outro a longo<br />
prazo. Portanto, nos «últimos dias», veremos o aparecimento tanto <strong>de</strong> um império político,<br />
a fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z reinos, controlada pelo anticristo, que terá a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma<br />
como seu centro, como também veremos o aparecimento <strong>de</strong> um novo «culto ao<br />
impera<strong>do</strong>r», que consistirá da a<strong>do</strong>ração conferida ao homem <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>. Esse culto tornarse-á<br />
tão forte que <strong>do</strong>minará as mentes <strong>do</strong>s homens e os tornará virtuais escravos<br />
da malignida<strong>de</strong>; pois Satanás será a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> por intermédio <strong>do</strong> anticristo (ver Ap 13:4). A<br />
maior perseguição religiosa <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tempos será promovida pelos a<strong>de</strong>rentes <strong>do</strong> culto<br />
ao anticristo; e essa a<strong>do</strong>ração será corrupta e maligna <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que fará o comunismo<br />
parecer santo comparativamente.
Para o vi<strong>de</strong>nte João, essa «i<strong>do</strong>latria», quer em seu aspecto antigo - «culto ao impera<strong>do</strong>r»,<br />
quer em seu aspecto futuro - «culto ao anticristo», é a «meretriz». Mas<br />
essa meretriz também será a Roma política e econômica. Não se duvida que João<br />
não pô<strong>de</strong> antecipar muitas das «implicações» <strong>de</strong>ssas predições.Somente os próprios<br />
acontecimentos nos ensinarão o que precisamos saber acerca <strong>de</strong>ssas coisas.<br />
A dupla <strong>de</strong>struição. É claro que nos capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito <strong>de</strong>ste livro, nas sete<br />
visões da con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Roma, se retrata a <strong>de</strong>struição tanto «política» quanto religiosa <strong>de</strong><br />
Roma. Porém, erraríamos se fizéssemos unicamente a Igreja Católica Romana ser a Roma<br />
«religiosa». Sem dúvida, porções <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nominações cristãs serão atraídas para o<br />
terrível culto ao anticristo. Muitos <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s cristãos serão engana<strong>do</strong>s, encaran<strong>do</strong> o<br />
anticristo como um novo Messias. Na verda<strong>de</strong>, entretanto, o «culto» ao anticristo será uma<br />
religião inteiramente nova, combinan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ias e crenças <strong>do</strong> oriente com as <strong>do</strong> oci<strong>de</strong>nte.<br />
Também será uma religião extremamente «antidivina» e «anticristo», por inclinar-se para<br />
as i<strong>de</strong>ias <strong>do</strong> ateísmo e <strong>do</strong> agnosticismo. Tornar-se-á algo tão imensamente maligno que o<br />
comunismo parecerá algo santo, paralelamente a isso.<br />
Não cremos que qualquer <strong>de</strong>nominação verda<strong>de</strong>iramente evangélica venha a ser enganada<br />
<strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que aceite esse culto ao anticristo como algo provin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Senhor, e que dê<br />
lealda<strong>de</strong> ao anticristo. O mais provável é que as <strong>de</strong>nominações evangélicas venham a ser<br />
«purificadas» pelo fogo da tribulação, e que finalmente se formará a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as<br />
<strong>de</strong>nominações evangélicas, e um «movimento subterrâneo» (porquanto a igreja<br />
visível <strong>de</strong>saparecerá, tão atroz será a perseguição religiosa). Não há como chamar o<br />
«romanismo» <strong>de</strong> a meretriz tonta com o sangue <strong>do</strong>s santos e <strong>do</strong>s mártires <strong>de</strong> Jesus,<br />
quan<strong>do</strong>, historicamente, reconhecemos que isso é uma referência ao «culto ao impera<strong>do</strong>r».<br />
Esse culto era algo inteiramente fora <strong>do</strong>s círculos cristãos. Mas é verda<strong>de</strong> que o culto ao<br />
anticristo, em muitos lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, se assemelhará, pelo menos no princípio, com<br />
uma espécie <strong>de</strong> «neocristianismo». Todavia, todas as <strong>de</strong>nominações cristãs que realmente<br />
sejam formadas <strong>de</strong> pessoas regeneradas, e que se apegam às <strong>do</strong>utrinas centrais da Bíblia,<br />
como a «trinda<strong>de</strong>», a «divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo», etc., não po<strong>de</strong>rão ficar enganadas para sempre.<br />
Duvidamos que a Roma <strong>do</strong> décimo sétimo capítulo <strong>de</strong>ste livro seja o «romanismo», e que a<br />
<strong>do</strong> capítulo <strong>de</strong>zoito seja a Roma «secular e comercial». Devemos consi<strong>de</strong>rar esses quadros<br />
apenas como ângulos diversos <strong>de</strong> uma única coisa. Ambos retratam a «meretriz»,<br />
porquanto ambos representam a Roma pagã e ímpia - uma <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> culto ao<br />
impera<strong>do</strong>r, e outra <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista político e econômico <strong>de</strong> Roma. Particularmente em<br />
foco, por toda a parte, está a «cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma», e isso ocorre em ambos esses cita<strong>do</strong>s<br />
capítulos. (Ver Ap 17:18, on<strong>de</strong> a «meretriz» é aquela «<strong>gran<strong>de</strong></strong> cida<strong>de</strong>». Comparar com Ap<br />
18:7, que retrará a «rainha», o que aponta para a mesma figura feminina -mas note-se que<br />
essa rainha é uma prostituta). Isso se harmoniza com Ap 17:2-5. Outrossim, Ap 18:10<br />
mostra que continua em foco a «cida<strong>de</strong>» <strong>de</strong> Roma. O <strong>de</strong>cimo nono versículo reitera<br />
a i<strong>de</strong>ia. Mas a cida<strong>de</strong> «subenten<strong>de</strong>» o império inteiro, por ser seu centro e capital. Essa é<br />
uma interpretação que se coaduna com o que sabemos que João atacava em seus dias; e<br />
supomos que outro tanto se dará no caso <strong>do</strong> aspecto profético <strong>do</strong>s capítulos<strong>de</strong>zessete e<br />
<strong>de</strong>zoito. Temos aqui as «sete visões» da queda <strong>de</strong> Roma, e, naturalmente, cada visão dará<br />
um ponto <strong>de</strong> vista diverso <strong>de</strong> uma mesma e única queda. Profeticamente falan<strong>do</strong>, isso<br />
retrata a queda <strong>do</strong> anticristo, porquanto seu po<strong>de</strong>r envolverá muitos aspectos, religioso,<br />
político, militar, etc. Em to<strong>do</strong>s esses aspectos, entretanto, ele cairá; e é isso que os<br />
capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito <strong>do</strong> Apocalipse estão <strong>de</strong>screven<strong>do</strong>. Notemos que em Ap 17:9<br />
e ss. temos a Roma «política», mas imediatamente antes disso, no sexto versículo <strong>de</strong>ste<br />
capítulo, temos uma alusão inequívoca ao «culto ao impera<strong>do</strong>r», que perseguia aos<br />
cristãos que não anuíam a esse culto. Portanto, não há como pôr o capítulo <strong>de</strong>zessete em
contra distinção ao décimo oitavo capítulo, estabelecen<strong>do</strong> qualquer distinção básica entre<br />
eles, a não ser que alisão retrata<strong>do</strong>s diferentes aspectos da queda da mesma Roma.<br />
Também não <strong>de</strong>vemos ver aqui o reavivamento da «literal cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>», que viria a<br />
ser a capital política e comercial <strong>do</strong> anticristo. <strong>Babilônia</strong> é apenas um código para Roma,<br />
conforme se vê nas notas expositivas sobre Ap 14:8; e é evi<strong>de</strong>nte que o vi<strong>de</strong>nte João<br />
escreveu contra Roma, e não contra a literal cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>. Isso é uma verda<strong>de</strong><br />
histórica, e também será uma verda<strong>de</strong> profética. A profecia bíblica <strong>de</strong>monstra claramente<br />
(ver Ap 17:9 e ss.) que o centro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> anticristo será a literal cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma, e<br />
não a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>, reconstruída.<br />
Para alguns intérpretes, o trecho <strong>de</strong> Ap 17:16 fala <strong>de</strong> uma «Roma religiosa», que a Roma<br />
política se <strong>de</strong>leitará em <strong>de</strong>struir. É o décimo oitavo capitulo <strong>de</strong>ste livro presumivelmente<br />
aludiria a essa Roma política, diante <strong>de</strong> cuja queda subsequente o mun<strong>do</strong> inteiro<br />
se lamentará. Porém, não são retratadas aqui duas Romas, uma política e outra<br />
religiosa. Os povos oprimi<strong>do</strong>s se «alegrarão» ante a queda <strong>de</strong> Roma (ver Ap 17:16), mas, ao<br />
perceberem que isso os prejudicará, pois Roma os tornou ricos, se lamentarão. Os<br />
pequenos po<strong>de</strong>res sempre se regozijam ante a queda <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res maiores, mas<br />
geralmente logo <strong>de</strong>scobrem que seu bem-estar está vincula<strong>do</strong> a estes últimos, pelo que<br />
têm motivos <strong>de</strong> pensar novamente, com maior sobrieda<strong>de</strong>.<br />
O décimo oitavo versículo <strong>de</strong>ste capítulo mostra que a «cida<strong>de</strong>» <strong>de</strong> Roma está<br />
essencialmente em foco, embora ela represente o império to<strong>do</strong>. Alguns intérpretes supõem<br />
haver aqui uma clara distinção (nos capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito), entre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma<br />
e o império romano.<br />
A razão por que alguns eruditos fazem tão radical distinção entre as duas Romas é que,<br />
nos versículos<strong>de</strong>zesseis a <strong>de</strong>zoito, há a predição <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Roma por parte da<br />
besta e sua fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> <strong>de</strong>zreinos. O pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> histórico disso é a tradição (que<br />
nunca teve lugar, historicamente falan<strong>do</strong>) <strong>de</strong> que o «Nero redivivo», que era i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong><br />
com o anticristo nas antigas tradições cristãs, retornaria a Roma, à testa <strong>de</strong> um exército<br />
parta, a fim <strong>de</strong> assaltá-la, cometen<strong>do</strong> «matricídio». (Ver os Oráculos Sibilinos 5:363-369).<br />
Portanto, é fácil enten<strong>de</strong>r isso «historicamente». Porém, como enten<strong>de</strong>r isso profeticamente<br />
não é tão fácil. Os intérpretes protestantes não têm dificulda<strong>de</strong>s aqui, pois supõem que o<br />
anticristo, após ter coopera<strong>do</strong> com a Igreja Católica Romana, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>la (como<br />
também <strong>de</strong> seus alia<strong>do</strong>s, as <strong>de</strong>nominações protestantes apóstatas), repentinamente<br />
<strong>de</strong>struirá toda a imensa organização. Mas, apesar disso ser uma conveniente<br />
interpretação «protestante», <strong>de</strong> forma alguma é certo que isso é o que se <strong>de</strong>ve ver aqui.<br />
Provavelmente haverá a unida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cristãos apóstatas (<strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nominações) que<br />
prestarão lealda<strong>de</strong> ao anticristo e promoverão seu culto, os quais<br />
serãosubsequentemente persegui<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s por ele; e isso po<strong>de</strong>ria cumprir o<br />
aspecto profético das <strong>de</strong>scrições à nossa frente. Contu<strong>do</strong>, sentimo-nos sobre terreno<br />
precário quan<strong>do</strong> começamos a «nomear as <strong>de</strong>nominações». Esse «cristianismo apóstata»<br />
sem dúvida se unirá a muitíssimas outras religiões mundanas, porquanto a influência <strong>do</strong><br />
anticristo será universal. É claro que o anticristo não procurará <strong>de</strong>struir o culto que o<br />
incensa, mas tão-somente um certo aspecto <strong>do</strong> mesmo, e as <strong>de</strong>nominações cristãs<br />
apóstatas, por exemplo, po<strong>de</strong>rão cair em seu <strong>de</strong>sagra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> reduzidas a quase nada. A<br />
predição sobre a <strong>de</strong>struição da «meretriz» (ver o <strong>de</strong>cimo sexto versículo <strong>de</strong>ste capítulo),<br />
provavelmente inclui a i<strong>de</strong>ia que todas as religiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>saparecerão, por serem<br />
<strong>de</strong>struídas, ou serão absorvidas no culto ao anticristo. Todas as religiões, excetuan<strong>do</strong> seu<br />
culto imediato, terão <strong>de</strong> existir apenas subterraneamente, incluin<strong>do</strong> os membros fiéis a<br />
Cristo da igreja cristã.
17:1 Veio um <strong>do</strong>s sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizen<strong>do</strong>: Vem, mostrar-te-ei<br />
a con<strong>de</strong>nação da <strong>gran<strong>de</strong></strong> prostituta que está assentada sobre muitas águas;<br />
Essas palavras servem <strong>de</strong> introdução aos capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito, juntamente. A<br />
<strong>gran<strong>de</strong></strong> «meretriz» é o paganismo romano, mas, especificamente, é a «cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma»<br />
(ver Ap 17:18). E é a mesma Roma que é <strong>de</strong>scrita aqui, <strong>do</strong> princípio ao fim, embora <strong>de</strong><br />
diversos ângulos e <strong>de</strong> diferentes maneiras. Sete visões revelam-nos a queda <strong>de</strong> Roma.<br />
Notemos que o trecho <strong>de</strong> Ap 18:3 enfatiza a «fornicação» <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>; e aqui ela (Roma,<br />
chamada «<strong>Babilônia</strong>»—ver Ap 14:8) é a «meretriz». Há uma única Roma, mas ela é <strong>de</strong>scrita<br />
segun<strong>do</strong> duas perspectivas ou mais; em to<strong>do</strong>s esses aspectos, porém, ela experimentará<br />
<strong>de</strong>struição. Lembremo-nos que João estava escreven<strong>do</strong> contra a Roma <strong>de</strong> seus dias,<br />
contra o império que perseguia e matava aos cristãos, tentan<strong>do</strong> fazê-los a<strong>do</strong>rar ao<br />
impera<strong>do</strong>r, no «culto ao impera<strong>do</strong>r». Não se <strong>de</strong>ve pensar em duas Romas aqui, e nem<br />
na ereção literal da antiga cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>, que alguns estudiosos imaginam que será<br />
reconstruída no futuro. Não obstante, há certo contraste entre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma<br />
(a meretriz, ver o décimo oitavo versículo <strong>de</strong>ste capítulo) e o império romano em geral, que<br />
está em foco nestes capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito. A «besta» será Roma como um império,<br />
mas também será onerônico anticristo, que incorporará em si mesmo toda a malda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Roma. Contrastar entre si os versículos terceiro e décimo primeiro <strong>de</strong>ste capítulo.<br />
«...um <strong>do</strong>s sete anjos que têm as sete taças...» O fato que os anjos <strong>do</strong>s juízos das taças<br />
(<strong>de</strong>scritos individualmente no décimo sexto capítulo) estão envolvi<strong>do</strong>s nas sete visões<br />
sobre a queda <strong>de</strong> Roma, permite-nos ver que isso faz parte das sete últimas pragas, como<br />
vimos na lição anterior, por ser um aspecto das mesmas, e não algo distinto <strong>de</strong>las. O anjo<br />
age como um guia, o que é comum no simbolismo apocalíptico. (Ver Ap 7:13).<br />
«...falou comigo...» Em visão mística audível. (já comentamos isso na lição inicial)<br />
«...mostrar-te-ei o julgamento da <strong>gran<strong>de</strong></strong> meretriz...» Roma (a meretriz, e, portanto, o<br />
império) é chamada <strong>de</strong> prostituta «<strong>gran<strong>de</strong></strong>» <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua i<strong>do</strong>latria e <strong>de</strong>sabri<strong>do</strong> paganismo,<br />
que nega a autêntica a<strong>do</strong>ração a <strong>Deus</strong>, mas, especialmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu «culto ao<br />
impera<strong>do</strong>r», no qual os impera<strong>do</strong>res reinantes eram a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>s como se fossem divinda<strong>de</strong>s.<br />
Além disso, havia a a<strong>do</strong>ração da <strong>de</strong>usa «Roma», que eternizava a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma<br />
e, supostamente, exaltava o sistema romano, promoven<strong>do</strong> ainda o «culto ao impera<strong>do</strong>r». O<br />
simbolismo <strong>de</strong> «adultério», para indicar i<strong>do</strong>latria, é uma comum equação judaica.<br />
«Esse julgamento, é claro, é a iminente <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Roma, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua i<strong>do</strong>latria,<br />
porquanto ela perseguia aos santos. O retrato da <strong>de</strong>usa Roma como uma meretriz<br />
correspon<strong>de</strong> ao retrato anterior <strong>do</strong>s impera<strong>do</strong>res como uma horrenda besta satânica, além<br />
<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r ao fato que ela atraía as nações às práticas idólatras, o que é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
„fornicação‟, no quarto versículo. Outrossim, havia nos escritos proféticos bons<br />
prece<strong>de</strong>ntes para esse simbolismo. João bem po<strong>de</strong> ter ti<strong>do</strong> consciência que Naumchamara<br />
Nínive <strong>de</strong> meretriz, porquanto seduzia às nações, em face <strong>do</strong> que terrível con<strong>de</strong>nação<br />
sanguinária fora proferida contra ela (ver Na 3:1-4). De mo<strong>do</strong> bem similar, e por razões<br />
idênticas, um outro profeta aplicara o mesmo epíteto vergonhoso a Tiro, predizen<strong>do</strong> sua<br />
ruína (ver Is 23:15). Em várias outras passagens, Jerusalém é chamada <strong>de</strong> meretriz<br />
sedutora, <strong>de</strong>sleal ao Senhor e <strong>de</strong>sviada para a i<strong>do</strong>latria (ver Is 1:21; Ez 16:15; conf. Os<br />
2:5). Figuras simbólicas semelhantes são usadas nas profecias sibilinas que predisseram<br />
a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Roma, com as seguintes palavras: „Ó Roma, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte amimalha<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Lácio! Tu, virgem com frequência intoxicada por muitos preten<strong>de</strong>ntes, como uma escrava<br />
(isto é, prostituta), haverás <strong>de</strong> casar-te sem cerimônias‟. (Oráculos Sibilinos 3:356-358). O<br />
gosto dramático <strong>de</strong> João pelo contraste já pô<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> antes. Agora ele está<br />
evi<strong>de</strong>ntemente preparan<strong>do</strong> o palco para o contraste entre essa ímpia meretriz e a noiva <strong>de</strong>
Cristo, em toda a sua pureza e em seu resplen<strong>do</strong>r, como também entre o bestial consorte<br />
da meretriz e Cristo, o Noivo». (Rist, in loc.).<br />
Quem é esta prostituta repugnante?<br />
1. Historicamente falan<strong>do</strong>, ela representa a Roma pagã e sua i<strong>do</strong>latria e a<strong>do</strong>ração <strong>do</strong><br />
impera<strong>do</strong>r.<br />
2. Profeticamente falan<strong>do</strong>, ela representa o novo paganismo <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> anticristo, e<br />
especificamente, o cultus <strong>de</strong>le, a nova i<strong>do</strong>latria. Certamente a <strong>gran<strong>de</strong></strong> parte das<br />
<strong>de</strong>nominações cristãs farão parte <strong>do</strong> cultos<strong>do</strong> anticristo, ten<strong>do</strong> entra<strong>do</strong> numa apostasia <strong>de</strong><br />
dimensões incríveis. As <strong>gran<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong>nominações como a Igreja Católica Romana, as maiores<br />
entre as <strong>de</strong>nominações protestantes, aquelas que tem mais dinheiro e po<strong>de</strong>r, sem dúvida,<br />
serão os lí<strong>de</strong>res neste movimento (<strong>do</strong> la<strong>do</strong> cristão <strong>de</strong>le). Mas a influência <strong>do</strong> anticristo será<br />
universal e através <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>le, será realizada uma união das religiões oci<strong>de</strong>ntais e<br />
orientais. O resulta<strong>do</strong> será um tipo <strong>de</strong> cristianismo pagão. Este novo cristianismo será<br />
hostil aos verda<strong>de</strong>iros cristãos, e uma perseguição <strong>de</strong> <strong>gran<strong>de</strong></strong>s dimensões resultará disso.<br />
De fato, o anticristo promoverá a maior perseguição religiosa da história humana. A<br />
iniquida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cultus <strong>do</strong> anticristo dará para o homem uma oportunida<strong>de</strong> para expressar<br />
suas inclinações mais baixas. A mocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> seguirá o anticristo com todas as<br />
suas forças e sentirá uma auto realização extraordinária, não saben<strong>do</strong>, ou não queren<strong>do</strong><br />
saber, a profunda perversão <strong>de</strong> seu herói. A geração atual, sem objetos sagra<strong>do</strong>s, e<br />
envolvida em entorpecentes e outros vícios, quase sem controle, será incorporada,<br />
facilmente, no movimento <strong>do</strong> anticristo. A sabe<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>ste mun<strong>do</strong> que faz da escravidão<br />
ao peca<strong>do</strong> um sinônimo <strong>de</strong> «liberda<strong>de</strong>» <strong>de</strong>struirá uma geração completa e a ceifa será<br />
<strong>gran<strong>de</strong></strong>mente amarga. Quan<strong>do</strong> o anticristo ganhar seu po<strong>de</strong>r, Marx, Lenin, Stalin, Hitler e<br />
outros personagens perversos da história, parecerão bons professores da escola <strong>do</strong>minical<br />
em comparação.<br />
Será, afinal, uma união <strong>do</strong>s verda<strong>de</strong>iros cristãos <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nominações, não em<br />
termos <strong>de</strong> organização, mas sim, em termos <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espírito e intenção.<br />
Cristo estará fora da igreja no fim <strong>de</strong>ste século (ver Ap 3:20) e o anticristo será seu lí<strong>de</strong>r;<br />
alguns poucos se reunirão, entre perseguições, no nome <strong>do</strong> Senhor.<br />
«...sentada sobre muitas águas...» <strong>Babilônia</strong>, a cida<strong>de</strong> protótipo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma, estava<br />
assim situada, porquanto o Eufrates atravessava por seu centro, e a cida<strong>de</strong> contava com<br />
muitos canais artificiais. (Ver Jr 51:13, on<strong>de</strong> isso é dito acerca da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>).<br />
Roma, naturalmente, não estava literalmente assentada sobre muitas águas. Alguns<br />
supõem que já que <strong>Babilônia</strong> serve aqui <strong>de</strong> protótipo <strong>de</strong> Roma, que o autor, ao assim<br />
falar, não tencionava nada <strong>de</strong> especial, mas apenas visava dar-nos uma <strong>de</strong>scrição mais<br />
gráfica. Mas dificilmente esse po<strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> o motivo <strong>do</strong> autor sagra<strong>do</strong> por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssas<br />
palavras. Portanto, muitos eruditos supõem que as «muitas águas», neste caso, indicam<br />
as «nações». Nesse caso, a <strong>gran<strong>de</strong></strong> meretriz seria vista a exercer controle sobre as nações,<br />
como se estivesse assentada em um trono, sujeitan<strong>do</strong>-as a to<strong>do</strong>s os seus caprichos. Havia<br />
um mito babilônico que aludia ao «abismo», «tiamat»; e alguns estudiosos pensam que as<br />
«muitas águas» se referem a esse abismo. Assim sen<strong>do</strong>, Roma estaria assentada, por<br />
assim dizer, sobre o abismo <strong>do</strong> ha<strong>de</strong>s. Porém, não é muito provável que isso é o que o<br />
vi<strong>de</strong>nte João tinha em mente, embora ele talvez conhecesse tal mito. O décimo quinto<br />
versículo fornece-nos a <strong>de</strong>finição tencionada pelo próprio João. As águas são «povos,<br />
multidões, nações e línguas».<br />
É interessante observar-se que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong> adquiriu suas riquezas por meio <strong>do</strong><br />
rio Eufrates e seus numerosos canais <strong>de</strong> irrigação. Por semelhante mo<strong>do</strong>, a pagã cida<strong>de</strong>
<strong>de</strong> Roma coletou as riquezas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e prosperou como uma meretriz ricamente<br />
enfeitada.<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o primeiro versículo <strong>de</strong>ste capitulo:<br />
1. Historicamente falan<strong>do</strong>, parece que Ninro<strong>de</strong>, segui<strong>do</strong> por muitos, edificou a cida<strong>de</strong><br />
original <strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s dias <strong>do</strong> dilúvio. Nessa cida<strong>de</strong> havia um templo<br />
consagra<strong>do</strong> a Belo, que mais tar<strong>de</strong> passou a ser chama<strong>do</strong> «Baal». Foi ali<br />
que Ninro<strong>de</strong> erigiu a torre <strong>de</strong> Babel. A primeira <strong>gran<strong>de</strong></strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Babel, e o reino da<br />
<strong>Babilônia</strong>, eram governa<strong>do</strong>s por duas pessoas, um homem e uma mulher. A mulher<br />
estava encarregada das funções religiosas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, e o homem, das funções políticas.<br />
<strong>Babilônia</strong> veio a tornar-se cabeça <strong>de</strong> um imenso sistema mundial, conforme os homens<br />
viam a extensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, naqueles dias. Era uma fe<strong>de</strong>ração iníqua, pelo que o termo<br />
«<strong>Babilônia</strong>» veio a indicar qualquer sistema iníquo, especialmente aqueles <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rável po<strong>de</strong>r e extensão. O programa encabeça<strong>do</strong> porNinro<strong>de</strong> é retrata<strong>do</strong> nos<br />
capítulos <strong>de</strong>z e onze <strong>do</strong> livro <strong>de</strong> Gênesis. O nome daquele homem significava «rebel<strong>de</strong>», e<br />
sua pessoa e obra prediziam uma muito maior rebelião e a exaltação <strong>do</strong> paganismo, que<br />
em breve apareceriam em cena. O nome «Babel» significa «portão <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>», e foi em<br />
<strong>Babilônia</strong> que os homens tentaram criar o seu próprio conceito <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, bem como o seu<br />
próprio caminho, em rebeldia franca contra o caminho <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> que fora revela<strong>do</strong> aos<br />
homens. O A.T. mostra a queda tanto <strong>de</strong> Ninro<strong>de</strong> como da torre <strong>de</strong> Babel, como também<br />
<strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong> como um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> âmbito mundial. Por conseguinte, tornou-se um símbolo<br />
apropria<strong>do</strong> para qualquer sistema pagão que rejeite o caminho divino da vida em Cristo.<br />
Por essa razão, tanto o vi<strong>de</strong>nte João quanto muitos outros autores sagra<strong>do</strong>s, empregaram<br />
tal símbolo para aludir à cida<strong>de</strong> e ao império <strong>de</strong> Roma. No entanto, repelimos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
alguns estudiosos que pensam que essa cida<strong>de</strong> será reconstruída nos últimos dias,<br />
porquanto nada disso estava na mente <strong>do</strong> autor sagra<strong>do</strong>.<br />
Profeticamente falan<strong>do</strong>, o revivi<strong>do</strong> império romano, forma<strong>do</strong> pelo anticristo e sua<br />
fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> <strong>de</strong>z nações, está em foco. Essa fe<strong>de</strong>ração, com seu culto ao anticristo será o<br />
«novo paganismo», muito mais terrível e corrupto que a antiga Roma pagã. Esse culto<br />
incorporará em si mesmo a cristanda<strong>de</strong> apóstata, formada <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nominações;<br />
mas não cremos que uma única <strong>de</strong>nominação particular esteja em foco aqui, com<br />
exclusão <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais. A <strong>gran<strong>de</strong></strong> «meretriz», entretanto, não se comporá apenas<br />
dacristanda<strong>de</strong> apóstata. Será algo muito mais vasto e mais extenso, uma nova religião<br />
mundial e enlouquecida, que incorporará o oriente e o oci<strong>de</strong>nte em um maciço esgoto <strong>de</strong><br />
iniquida<strong>de</strong>. Será tão estupendamente maligno que fará o comunismo parecer<br />
comparativamente santo; e os homens, sobretu<strong>do</strong> a juventu<strong>de</strong>, seguirá esse novo culto<br />
com lealda<strong>de</strong> cega e com senso <strong>de</strong> realização.<br />
17:2 com o qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam sobre a terra se embriagaram<br />
com o vinho da sua prostituição.<br />
A referência histórica é a a<strong>do</strong>ração da <strong>de</strong>usa Roma e ao «culto ao impera<strong>do</strong>r». A i<strong>do</strong>latria<br />
associada a essas formas <strong>de</strong> culto é chamada aqui <strong>de</strong> «prostituição», em harmonia com o<br />
que se vê no primeiro versículo, on<strong>de</strong> a própria Roma é chamada <strong>de</strong> «<strong>gran<strong>de</strong></strong> meretriz», e<br />
em consonância com o simbolismo <strong>do</strong> A.T. (Quanto à i<strong>do</strong>latria simbolizada pelo conceito<br />
<strong>de</strong> «imoralida<strong>de</strong>» e «adultério», por ser uma forma <strong>de</strong> infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> a <strong>Deus</strong>, a quem se <strong>de</strong>ve<br />
toda a lealda<strong>de</strong>, ver as seguintes passagens: Is 1:21; Jr 2:20; 3:1,6,8; Ez 16;<br />
15,16,28;31,35,41; 23:5,19,44; Os 2:5; 3:3 e 4:14). Esse simbolismo também foi usa<strong>do</strong><br />
acerca <strong>de</strong> diversas cida<strong>de</strong>s: Tiro (ver Is 23:15-17); Nínive (ver Na 3:4); e agora Roma é<br />
chamada <strong>Babilônia</strong>, segun<strong>do</strong> a criptologia <strong>do</strong> trecho <strong>de</strong> Ap 14:8.
Esse vil «adultério» <strong>de</strong> Roma atingiu posições elevadas e baixas, tanto os «reis» quanto os<br />
habitantes comuns da terra. João mostra a universalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> «culto ao impera<strong>do</strong>r» e a<br />
a<strong>do</strong>ração <strong>de</strong> «Roma». Nenhuma localização escapou, e nenhuma pessoa, por ser <strong>gran<strong>de</strong></strong><br />
<strong>de</strong>mais (como se não pu<strong>de</strong>sse ser forçada), ou por ser insignificante <strong>de</strong>mais (como se<br />
pu<strong>de</strong>sse escapar à atenção), ficou isenta <strong>de</strong> dar sua lealda<strong>de</strong> a esse culto. Profeticamente<br />
falan<strong>do</strong>, isso também suce<strong>de</strong>rá quan<strong>do</strong> o anticristo subir ao po<strong>de</strong>r. Por pouco tempo ele<br />
<strong>do</strong>minará a terra toda, e to<strong>do</strong>s se encurvarão ante a sua vonta<strong>de</strong>. Por causa disso, tal<br />
como na Roma antiga, surgirá uma temível perseguição religiosa, a pior da história,<br />
segun<strong>do</strong> se apren<strong>de</strong> no sexto versículo <strong>de</strong>ste capítulo, porquanto<br />
a «meretriz» ficará intoxicada com o sangue <strong>do</strong>s «santos», isto é, <strong>do</strong>s «crentes», conforme se<br />
vê por to<strong>do</strong> o Apocalipse. Isso suce<strong>de</strong>u historicamente. O Apocalipse foi escrito para os<br />
«mártires cristãos». Profeticamente, também se aplica a eles.<br />
«Assim como Nínive e Tiro <strong>de</strong>sviaram outros povos, forçan<strong>do</strong>-os a cometer i<strong>do</strong>latria, agora<br />
será com Roma, a meretriz <strong>do</strong> Mediterrâneo, que seduzirá os „reis‟, juntamente com seus<br />
súditos, fazen<strong>do</strong>-os „beber‟ <strong>do</strong> „vinho‟ <strong>de</strong> sua „fornicação‟; isto é, ela os seduzirá à a<strong>do</strong>ração<br />
idólatra <strong>de</strong> si mesma e seu consorte, e besta, o que o vi<strong>de</strong>nte João compara<br />
com „fornicação‟ (comparar com Ap 2:21; 9:21 e 14:8)».(Rist, in loc.).<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o segun<strong>do</strong> versículo:<br />
1. Os «reis» <strong>do</strong> tempo da antiga Roma tentaram influenciar Roma para seu<br />
autobenefício, no comercio, etc. A fim <strong>de</strong> receberem esses benefícios, foi mister se<br />
tornarem parte <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>la, chegan<strong>do</strong>, finalmente, a aceitar seu culto religioso, o<br />
«culto ao impera<strong>do</strong>r». Nos últimos dias será necessário aceitar o culto ao anticristo, até<br />
mesmo para comprar e ven<strong>de</strong>r. (Ver Ap 13:17). Os crentes terão <strong>de</strong> valer-se <strong>do</strong> «câmbio<br />
negro», até mesmo para obter alimentos. Como conseguirão manter seus empregos e o<br />
suprimento <strong>de</strong> alimentos para as suas famílias?<br />
2. Todas as nações compartilharam <strong>do</strong>s vícios e das imoralida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Roma. O mun<strong>do</strong><br />
inteiro seguirá o culto ao anticristo, e ficará satura<strong>do</strong> com sua perversida<strong>de</strong>. Muitas<br />
coisas temíveis suce<strong>de</strong>rão àqueles que se recusarem a tal. Por conseguinte, o Apocalipse é<br />
o «manual <strong>do</strong>s mártires». Adverte, mas também consola à igreja sofre<strong>do</strong>ra, asseguran<strong>do</strong>lhe<br />
a vitória final em Cristo. Os capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito <strong>de</strong>ste livro mostram que<br />
Roma será <strong>de</strong>rrubada. Os capítulos <strong>de</strong>zenove e vinte mostram que Satanás será<br />
<strong>de</strong>rrota<strong>do</strong>. Os capítulos vigésimo primeiro e vigésimo segun<strong>do</strong> mostram que o bem,<br />
finalmente, haverá <strong>de</strong> triunfar.<br />
17:3: Então ele me levou em espirito a um <strong>de</strong>serto; e vi uma mulher montada numa besta<br />
cor <strong>de</strong> escarlata, que estava cheia <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> blasfêmia, e que tinha sete cabeças e <strong>de</strong>z<br />
chifres.<br />
«...Transportou-me...» Em visão mística, e não fisicamente, ainda que as palavras «no<br />
espírito» possam significar «estan<strong>do</strong> em forma espiritual», e isso seria uma projeção <strong>do</strong><br />
«psique» ou «alma», sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo. Alguns intérpretes, entretanto, discutem se aqui<br />
<strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r «no espírito» ou «no Espírito». Na verda<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong>ssa experiência ser<br />
causada pelo Espírito <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, provavelmente é uma experiência fora <strong>do</strong> corpo.<br />
(Comparar isso com Ap 1:10 e 4:2, on<strong>de</strong> há algo similar).<br />
«...a um <strong>de</strong>serto...» Lugar <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>, faminto, se<strong>de</strong>nto, habitação apropriada para<br />
uma meretriz horrenda. A esse lugar o anjo levou João. (Comparar com Ap 21:10, on<strong>de</strong> se<br />
lê que ele foi leva<strong>do</strong> a um «monte», a fim <strong>de</strong> ver a <strong>de</strong>scida da Nova Jerusalém, vinda <strong>do</strong>s<br />
céus, como «Noiva <strong>de</strong>
Cristo»). Sem dúvida há um contraste entre o «monte» e o «<strong>de</strong>serto», como também a<br />
«Noiva» e a«meretriz», sen<strong>do</strong> possível que João tenha queri<strong>do</strong> que entendêssemos<br />
esse vívi<strong>do</strong> contraste.<br />
«...montada numa besta escarlate...» Sem dúvida temos aqui a primeira besta, aquela saída<br />
<strong>do</strong> «mar». (Ver Ap 13:1,2). Neste capítulo há um duplo simbolismo no termo «besta». Fala<br />
<strong>do</strong> império romano, mas também fala <strong>do</strong> «Nero redivivo», como um indivíduo, que<br />
incorporará em si mesmo toda a malda<strong>de</strong> daquele império. Historicamente falan<strong>do</strong>, foi<br />
essa besta antecipada como o anticristo, segun<strong>do</strong> vê em Ap13:3 e notadamente, em<br />
17:10,11, mui claramente. Muitos cristãos criam que a reencarnação <strong>de</strong> Nero seria o<br />
anticristo. Outros continuam acreditan<strong>do</strong> nisso, por causa <strong>de</strong>ssa antiga crença, que é<br />
aludida no Apocalipse. Profeticamente falan<strong>do</strong>, vemos aqui o próprio anticristo, que terá<br />
seu centro na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma. Ele é visto aqui como uma besta «escarlate» por haver<br />
morto aos «santos». Está mancha<strong>do</strong> com o sangue <strong>de</strong>les. (Ver o sexto versículo <strong>de</strong>ste<br />
capítulo). A meretriz montará sobre o impera<strong>do</strong>r (historicamente), e sobre o anticristo<br />
(profeticamente), por ser ele o símbolo <strong>de</strong> todas as iniquida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Roma. Portanto, há um<br />
vínculo bem próximo entre o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r e o culto idólatra à sua pessoa. Eles<br />
andarão como um cavalo e seu cavaleiro; mas não se tratará <strong>de</strong> um cavalo comum, e, sim,<br />
da horrenda besta <strong>do</strong> capítulo treze.<br />
Alguns estudiosos creem que, historicamente, a mulher sobre a besta simboliza a conexão<br />
entre a a<strong>do</strong>ração à <strong>de</strong>usa «Roma» e o «culto ao impera<strong>do</strong>r». Porém, parece mais certo ver<br />
aquela <strong>de</strong>usa e tal culto como a «mulher», ao passo que o impera<strong>do</strong>r e tu<strong>do</strong> quanto ele<br />
representa, como a «besta», sobre a qual a mulher cavalga.<br />
«...besta repleta <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> blasfêmia...» (Quanto às blasfêmias <strong>do</strong> anticristo, ver Ap<br />
13:5). Sua blasfêmia é essencialmente a usurpação da a<strong>do</strong>ração a <strong>Deus</strong> para si mesmo,<br />
exigin<strong>do</strong> isso no culto ao impera<strong>do</strong>r. A passagem <strong>de</strong> II Ts 2:4, afirma: «...o qual se opõe e se<br />
levanta contra tu<strong>do</strong> que se chama <strong>Deus</strong>, ou objeto <strong>de</strong> culto, a ponto <strong>de</strong> assentar-se no<br />
santuário <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, ostentan<strong>do</strong>-se como se fosse o próprio <strong>Deus</strong>...» Notemos que seus<br />
segui<strong>do</strong>res participarão <strong>de</strong> sua natureza, pelo que também serão blasfema<strong>do</strong>s (ver Ap<br />
16:9,21). Ele e eles «blasfemarão» <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> e lhe «difamarão» o nome, que é santo,<br />
juntamente com tu<strong>do</strong> quanto é santifica<strong>do</strong>. E disso consistirá tal blasfêmia.<br />
Em Ap 13:1 vemos muitos «dia<strong>de</strong>mas» sobre a cabeça da besta, mas agora esses dia<strong>de</strong>mas<br />
não são menciona<strong>do</strong>s.<br />
«...com sete cabeças e <strong>de</strong>z chifres...» Já pu<strong>de</strong>mos ver isso em Ap 12:3 e 13:1. Em Ap 17:9<br />
vê-se a <strong>de</strong>finição das «cabeças». São «sete montes», uma referência à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma, em<br />
sua posição geográfica. Mas os «montes» também são «reis» (ver o décimo versículo <strong>de</strong>ste<br />
capítulo); e esses são os reis «<strong>de</strong>ifica<strong>do</strong>s» <strong>do</strong> império romano, que o vi<strong>de</strong>nte esperava que<br />
surgissem antes <strong>do</strong> «oitavo», o anticristo ou «Nero redivivo», aparecer no palco <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
João esperava ver o fim pessoalmente, porquanto não antecipava um longo «império<br />
romano», e nem a já longa ida<strong>de</strong> da graça, ou da igreja. Os «<strong>de</strong>z chifres» são «<strong>de</strong>z reis», <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com o décimo segun<strong>do</strong> versículo <strong>de</strong>ste capítulo, e isso se aplica, profeticamente, à<br />
fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> <strong>de</strong>z reis encabeçada pelo anticristo. Historicamente falan<strong>do</strong>, como é óbvio,<br />
isso se aplica aos po<strong>de</strong>res mundiais que apoiavam Roma. Isso envolveria, quiçá, as<br />
províncias cujos governantes eram nomea<strong>do</strong>s pelo sena<strong>do</strong> romano, que podiam governar<br />
apenas por um ano (pouco tempo, Segun<strong>do</strong> se vê no décimo segun<strong>do</strong> versículo). Mas<br />
outros eruditos supõem que esses reis seriam sátrapas partas, que se esperava<br />
acompanhassem o Nero redivivo (que era ti<strong>do</strong> e espera<strong>do</strong> como o anticristo, pelos cristãos<br />
primitivos), a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma (ver Ap 17:18), os quais só teriam po<strong>de</strong>r<br />
porque acompanhariam a Nero em seu assédio.
A «besta», por conseguinte, incorporará em sua própria pessoa tu<strong>do</strong> quanto simbolizava<br />
Roma, pelo que é equiparada com ela, tal como a besta se comporá <strong>de</strong> sete cabeças e <strong>de</strong>z<br />
chifres.<br />
Os «<strong>de</strong>uses» <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r são repudia<strong>do</strong>s zombeteiramente por João. Suas sátiras contra<br />
eles, por fazerem parte da besta satânica, mostram que eles nada serão, exceto veículos<br />
para a meretriz. Assim sen<strong>do</strong>, longe <strong>de</strong> serem divinos, tais impera<strong>do</strong>res, no dizer <strong>de</strong> João,<br />
são apenas feras satânicas, que surgiram a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir tu<strong>do</strong> quanto é bom e hígi<strong>do</strong>. E<br />
assim, em linguagem vívida e dramática, João adverte aos cristãos contra qualquer<br />
participação na i<strong>do</strong>latria romana.<br />
«Roma fora a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>ra das leis civis; mas o homem <strong>de</strong> Patmos <strong>de</strong>screve amargamente a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma como a <strong>gran<strong>de</strong></strong> viola<strong>do</strong>ra das leis. E com intensa ironia <strong>de</strong>screve a <strong>gran<strong>de</strong></strong><br />
cida<strong>de</strong> como uma meretriz, que <strong>de</strong>riva sua força <strong>de</strong> uma besta apaixonada e po<strong>de</strong>rosa.<br />
Platão <strong>de</strong>screveu a boa vida, que consiste da participação na realida<strong>de</strong> das <strong>gran<strong>de</strong></strong>s e<br />
eternas i<strong>de</strong>ias. Do alto e <strong>do</strong> após-vida é que vem esse <strong>gran<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>r. Mas Roma recebeu<br />
po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> que é sub-humano, abusan<strong>do</strong> da vida humana. Um escritor esperto <strong>de</strong> certa<br />
feita escreveu uma história sobre um homem que viveu uma vida dupla. Era membro <strong>do</strong><br />
grupo <strong>de</strong> jurisconsultos que traçavam as leis, mas também era um secreto e bemsucedi<strong>do</strong><br />
viola<strong>do</strong>r das leis. Esse livro foi intitula<strong>do</strong> „Lawmaker and Lawbreaker‟<br />
(„Legisla<strong>do</strong>r e Transgressor da Lei‟). Quan<strong>do</strong> o <strong>gran<strong>de</strong></strong> legisla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> tornar-se<br />
no <strong>gran<strong>de</strong></strong> transgressor <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> quanto é bom nas leis, a situação se tornará realmente<br />
uma tragédia profunda e <strong>do</strong>lorosa. Assim, pois, Roma tornou-se a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sregrada, sem<br />
lei». (Hough, in loc.).<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o terceiro versículo:<br />
1. A cor «escarlate» que envolve a besta po<strong>de</strong> referir-se ao «sangue <strong>do</strong>s santos», que a<br />
manchara. Mas outros veem nisso o luxo e as ostentações pretenciosas <strong>de</strong> Roma, civil ou<br />
religiosa.<br />
2. O <strong>de</strong>serto fala <strong>do</strong> ressequi<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> espiritual <strong>de</strong> Roma pagã e seu culto. (Ver os<br />
comentários antes da exposição). Esse <strong>de</strong>serto também po<strong>de</strong> subenten<strong>de</strong>r «<strong>de</strong>solação<br />
iminente», <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao juízo, o que é <strong>de</strong>scrito nos capítulos <strong>de</strong>zessete e <strong>de</strong>zoito. Certamente<br />
não há nenhuma localização geográfica específica, como «Europa», «Itália», etc., conforme<br />
supõem alguns intérpretes. Alguns veem aqui o «<strong>de</strong>serto» <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o lugar on<strong>de</strong> a besta<br />
<strong>do</strong>minará. Mas, apesar disso não ser a aplicação primária <strong>do</strong> termo, é uma boa aplicação.<br />
3. Os intérpretes da escola histórica, protestantes, muitos se esforçam por ver a Roma<br />
papal em todas essas <strong>de</strong>scrições. Mas o significa<strong>do</strong> transcen<strong>de</strong> esta i<strong>de</strong>ia <strong>gran<strong>de</strong></strong>mente.<br />
4. A mulher e a besta são magnificentes, esplen<strong>do</strong>rosas em suas vestes e em seu<br />
po<strong>de</strong>r, mas habitam no <strong>de</strong>serto. Isso se dá também com muitos «insensatos<br />
magnificentes», que se gloriam nos valores da terra, mas habitam em um <strong>de</strong>serto<br />
espiritual.<br />
5. «Nomes <strong>de</strong> blasfêmia», tal como em Ap 13:1, exceto que ali esses nomes estão em<br />
suas cabeças. Muitas conjecturas têm si<strong>do</strong> apresentadas sobre o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tais «nomes»,<br />
e as notas expositivas em Ap13:1 dão um sumário das i<strong>de</strong>ias. Os intérpretes protestantes<br />
veem aqui os muitos títulos e honrarias que a Roma papal tem da<strong>do</strong> a si mesma. Mas sem<br />
dúvida não é isso que está aqui em pauta.
17:4 A mulher estava vestida <strong>de</strong> púrpura e <strong>de</strong> escarlata, e a<strong>do</strong>rnada <strong>de</strong> ouro, pedras preciosas e<br />
pérolas; e tinha na mão um cálice <strong>de</strong> ouro, cheio das abominações e da imundícia da sua<br />
prostituição;<br />
Essa meretriz não é uma <strong>de</strong>caída comum. Suas vestes eram caras e principescas, o que é<br />
simboliza<strong>do</strong>pelo púrpura e pela escarlata. Sua posição era «imperial». Além disso, estava<br />
a<strong>do</strong>rnada <strong>de</strong> «ouro e pedras preciosas», recoberta <strong>de</strong> pérolas. Isso quer dizer que ela será<br />
riquíssima. Seu comércio iníquo muito lhe ren<strong>de</strong>rá, e ela se enriqueceu com os presentes<br />
que lhe foram da<strong>do</strong>s pelos reis. Ela cobrará caro por seus serviços, tornan<strong>do</strong>-se, por<br />
assim dizer, a «superprostituta».' Historicamente falan<strong>do</strong>, João <strong>de</strong>screvia como Roma se<br />
enriquecera, sen<strong>do</strong> reconhecida como Senhora por toda a parte, extrain<strong>do</strong> das nações<br />
todas as riquezas que ela quis. Mas essa mulher riquíssima também é uma prostituta.<br />
Roma impunha às nações o seu culto idólatra, afastan<strong>do</strong>-as <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Conforme nos é<br />
sugeri<strong>do</strong> por seu simbolismo, João po<strong>de</strong> ter ti<strong>do</strong> em mente o preço eleva<strong>do</strong> das<br />
prostitutas cultuais. A sua renda sustentava o culto e pagava os salários daqueles que<br />
cuidavam da a<strong>do</strong>ração nos templos, além <strong>de</strong> financiar os reparos e a construção <strong>de</strong> outros<br />
templos. Mas para as próprias «meretrizes» ainda sobrava muito. Nos dias <strong>de</strong><br />
Paulo, Corintocontava pelo menos com mil <strong>de</strong>ssas «prostitutas cultuais» profissionais, pelo<br />
que aquela cida<strong>de</strong> se tornara uma atração turística. Assim, João visualizava a própria<br />
Roma como uma daquelas luxuosasmeretrizes cultuais. João se espantou, horroriza<strong>do</strong>,<br />
ante a aparência da mulher. Era uma aparência imponente, mas ao mesmo tempo,<br />
asquerosa (ver o sexto versículo).<br />
«...ten<strong>do</strong> na mão um cálice <strong>de</strong> ouro...» Seus súditos a serviam como se fora uma rainha.<br />
Esse <strong>de</strong>talhe po<strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> tira<strong>do</strong> por empréstimo <strong>de</strong> Jr 51:7, on<strong>de</strong> <strong>Babilônia</strong> aparece como<br />
um «cálice <strong>de</strong> ouro» nas mãos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, cheia <strong>de</strong> vinho que <strong>de</strong>ixava as nações alucinadas<br />
e bêbedas (comparar com Ap 14:10 e notar o segun<strong>do</strong> versículo <strong>de</strong>ste capítulo). Os reis e<br />
os habitantes da terra ficaram «intoxica<strong>do</strong>s» com asfornicações <strong>de</strong>ssa meretriz. (Ver<br />
também Ap 14:8,10). Tem segura esse «cálice», mas o mesmo é um cálice <strong>de</strong> «cólera».<br />
Aqueles que beberem <strong>do</strong> «cálice da meretriz» não po<strong>de</strong>rão evitar, finalmente, o «cálice da<br />
ira <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>».<br />
«....abominações...» No grego é «b<strong>de</strong>lugma», palavra usada na Septuaginta para indicar<br />
todas as formas <strong>de</strong> impureza cerimonial, sobretu<strong>do</strong> o que se relaciona a qualquer contato<br />
com os ritos idólatras. Esse termo indica, em primeiro lugar, qualquer coisa «<strong>de</strong>testável»,<br />
algo digno <strong>de</strong> repúdio e <strong>de</strong>sdém. A forma verbal, «b<strong>de</strong>lusso», significa «fazer cheirar mau»<br />
ou «ser repelente». O anticristo será a «<strong>de</strong>sgraça mau cheirosa» <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, um indivíduo<br />
<strong>de</strong>testável e repelente. O cálice idólatra (fornicação), brandi<strong>do</strong> pela meretriz,está repleto <strong>de</strong><br />
coisas <strong>de</strong>testáveis e fe<strong>do</strong>rentas, todas as formas <strong>de</strong> imundícia. Portanto, aquela que é tão<br />
atrativa é mulher <strong>do</strong>entia e nojenta. É um esgoto <strong>de</strong> imundícia. Essa é a espécie <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia<br />
que o vi<strong>de</strong>nte João <strong>de</strong>sejava transmitir.<br />
Este versículo po<strong>de</strong> ser confronta<strong>do</strong> com Dn 11:31; 12:11; 9:27 e Mt 24:15. Antíoco IV<br />
Epifânio e o anticristo (o antítipo daquele) são algumas <strong>de</strong>ssas «abominações», dignas <strong>de</strong><br />
serem repelidas. São atrativos em to<strong>do</strong> o seu esplen<strong>do</strong>r e pompa. Eles fazem muitos<br />
favores a seus segui<strong>do</strong>res; em última análise, porém, são apenas prostitutos <strong>do</strong>entes e<br />
imun<strong>do</strong>s. Assim é que João <strong>de</strong>screvia Roma, a Romapagã e seu culto ao impera<strong>do</strong>r. Tratase<br />
<strong>de</strong> uma linguagem bastante vívida, cortante e impressionante, que <strong>de</strong>ve ter servi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
advertência eficaz para a igreja primitiva, a fim <strong>de</strong> não se envolver com a a<strong>do</strong>ração à<br />
<strong>de</strong>usa «Roma» ou com o «culto ao impera<strong>do</strong>r».<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o quarto versículo:
1. «Roma é aqui <strong>de</strong>clarada luxuosa, licenciosa e asquerosa. Aqui, tal como no livro<br />
contemporâneo <strong>de</strong> IV Esdras 3:2,29, sente-se ser um mistério que a prosperida<strong>de</strong> e a<br />
permanência pertençam a um esta<strong>do</strong> que apregoa sua impieda<strong>de</strong> e opressão não apenas<br />
<strong>de</strong>sfrutan<strong>do</strong>, mas também propalan<strong>do</strong> os seus vícios» (Moffatt, in loc.).<br />
2. Conforme fazem acerca <strong>de</strong> toda a passagem, os intérpretes protestantes veem aqui a<br />
Roma papal, com to<strong>do</strong> o seu luxo.<br />
3. O «cálice» é um símbolo <strong>de</strong> «comunhão». A meretriz propaga a comunhão em torno<br />
da imundícia e <strong>do</strong> <strong>de</strong>boche. Alguns estudiosos chegam a pensar que se trata <strong>do</strong> cálice da<br />
«transubstanciação» romanista; mas certamente isso está longe da verda<strong>de</strong>.<br />
4. Algumas prostitutas dão bebidas fortes a seus amantes, ou até mesmo drogas, a fim<br />
<strong>de</strong> arrancar <strong>de</strong>les o que querem, sobretu<strong>do</strong> o dinheiro. Talvez haja algo <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia nesse<br />
símbolo. É certo, pelo menos, que os homens ficarão intoxica<strong>do</strong>s e totalmente <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s<br />
sob o controle da meretriz.<br />
5. «A aparência <strong>de</strong>la era alegre e afetada. Ali havia to<strong>do</strong>s os atrativos das honras, das<br />
riquezas, da pompa, <strong>do</strong> orgulho mundanos, próprios para atrair mentes mundanas e<br />
sensuais» (Matthew Henry, in loc.).<br />
Variante Textual: A «fornicação <strong>de</strong>la» é a forma que aparece nos mss A, 1006, 2344, na Vg, no Si(ph).<br />
A «fornicação da terra» é a forma que aparece em vários manuscritos insignificantes, evi<strong>de</strong>ntemente<br />
uma influência com base no quinto versículo, «abominações da terra». O ms Aleph tem um texto<br />
composto, «fornicação <strong>de</strong>la e da terra»; e o saídico diz «dafornicação <strong>de</strong>la com aqueles da terra».<br />
O boárico diz «com toda a terra». Mas a primeira forma certamente é a original. As outras formas<br />
representam equívocos e a<strong>do</strong>rnos escribais.<br />
17:5 na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A <strong>gran<strong>de</strong></strong> <strong>Babilônia</strong>, a mãe das prostituições<br />
e dasabominações da terra.<br />
«...na sua fronte...» Temos aqui uma marca i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>ra, tal como no caso <strong>do</strong>s<br />
a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res da besta (ver Ap 13:16), ou no caso <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cor<strong>de</strong>iro (ver Ap 7:3). A<br />
besta blasfema tem «nomes» <strong>de</strong> sua perversão sobre as suas cabeças (ver Ap 13:1), e isso<br />
também serve para indicar uma imensa perversão. Não nos é dito o que está escrito sobre<br />
as cabeças da besta, mas João informa sobre o que está escrito na testa da meretriz, sem<br />
faltar nenhuma letra. Em Roma era costume «marcar» as prostitutas, com um nome na<br />
marca, a fim <strong>de</strong> «rotulá-la». As prostitutas traziam rótulos na testa, para serem<br />
i<strong>de</strong>ntificadas. (Ver Sêneca, Contr. i.2 e Juv. 6.112 e 55.). Essas<br />
marcas i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>ras também têm si<strong>do</strong> feitas em tempos mo<strong>de</strong>rnos, como os alemães<br />
marcaram suas vítimas, ao tempo <strong>de</strong> Hitler. Até mesmo asmeretrizes eram marcadas por<br />
eles, e elas se tornavam virtuais escravas da solda<strong>de</strong>sca. Seja como for, toda a prostituta é<br />
reconhecida pelos seus mo<strong>do</strong>s e por seus trajes. A pior meretriz <strong>de</strong> todas fica bem<br />
i<strong>de</strong>ntificada nesta visão.<br />
«...mistério...» Nas páginas <strong>do</strong> N.T., um «mistério» é uma verda<strong>de</strong> antes oculta nos<br />
conselhos divinos, mas que agora foi revelada. É um «segre<strong>do</strong> <strong>de</strong>svenda<strong>do</strong>». Contu<strong>do</strong>, não<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>svenda<strong>do</strong> pela mera investigação humana. Só a revelação divina po<strong>de</strong><br />
esclarecer um <strong>de</strong>sses mistérios, e o presente contexto o <strong>de</strong>monstra. (Ver Ef 3:4 sobre a<br />
<strong>de</strong>finição neotestamentária <strong>de</strong> «mistério». Quanto a mistérios <strong>do</strong> N.T., verMt 13:13 e Rm<br />
11:25). João nos revela, como que por iluminação divina, a imensa <strong>de</strong>pravação <strong>de</strong> Roma e<br />
seu «culto ao impera<strong>do</strong>r». O uso da palavra «mistério», neste ponto, nos permite enten<strong>de</strong>r<br />
que <strong>de</strong>vemos buscar um significa<strong>do</strong> espiritual oculto, na <strong>de</strong>scrição que se segue. Devemos<br />
não esquecer que «<strong>Babilônia</strong>» é Roma, e compreen<strong>de</strong>r que sua i<strong>do</strong>latria é imoralida<strong>de</strong>
espiritual, e que, consi<strong>de</strong>rada <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista espiritual, Roma é<br />
uma abominação diante <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, embora, aos olhos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, pareça uma rainha<br />
a<strong>do</strong>rnada <strong>de</strong> joias caríssimas.<br />
«...<strong>Babilônia</strong>...» Isto é, «Roma», segun<strong>do</strong> se vê nas consi<strong>de</strong>rações esboçadas em Ap 14:8.<br />
Em Roma se vê o reavivamento <strong>do</strong> sistema ímpios originalmente cria<strong>do</strong> na antiga<br />
<strong>Babilônia</strong>. (Ver as notas expositivas quanto à introdução ao primeiro versículo <strong>de</strong>ste<br />
capítulo, a esse respeito).<br />
«...a <strong>gran<strong>de</strong></strong>...» Por ser vasta, ten<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> inteiro sob os seus pés, levan<strong>do</strong> todas as<br />
nações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>rarem perante seus altares. Aqui temos a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma, com<br />
sua a<strong>do</strong>ração à «Dea Roma» e seu «culto ao impera<strong>do</strong>r».<br />
«...a mãe das meretrizes...» Ela mesma é uma prostituta, o que se vê claramente nos<br />
versículos primeiro e segun<strong>do</strong>. De fato, é a maior <strong>de</strong> todas elas, aquela que faz o maior<br />
número <strong>de</strong> vítimas. Em seus «adultérios» ela produz muitas filhas, as quais, por sua vez,<br />
nascem com as mesmas inclinações <strong>de</strong>la, e seguem a sua mesma «profissão».<br />
Espiritualmente falan<strong>do</strong>, isso significa que Roma tornou-se a influência que causou<br />
muitas seitas, nações, socieda<strong>de</strong>s e povos se voltarem para a i<strong>do</strong>latria, especificamente,<br />
para se unirem ao culto ao impera<strong>do</strong>r e à a<strong>do</strong>ração à «Dea Roma». Na Ásia Menor, on<strong>de</strong> o<br />
«culto ao impera<strong>do</strong>r» era segui<strong>do</strong> com tanto zelo, o que fora incorpora<strong>do</strong> à a<strong>do</strong>ração em<br />
muitíssimos templos pagãos, os cristãos certamente enten<strong>de</strong>riam a sugestão <strong>de</strong> João.<br />
Essa Dea Roma e o «culto ao impera<strong>do</strong>r» po<strong>de</strong>m ser compara<strong>do</strong>s com a «Magna Mater», a<br />
Gran<strong>de</strong> Mãe <strong>do</strong>s <strong>Deus</strong>es, representada como uma <strong>de</strong>usa pura e casta, na Ásia Menor, a<br />
qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 204 A.C. vinha sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>rada em Roma e cercanias. A <strong>de</strong>vassa Roma<br />
mostrara o que a i<strong>do</strong>latria realmente é a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong>s nomes e tradições por ela<br />
patrocina<strong>do</strong>s.<br />
«...e das abominações da terra...» Com frequência, a própria i<strong>do</strong>latria, nos escritos<br />
judaicos, é chamada«abominação» e é isso, essencialmente, que se <strong>de</strong>ve compreen<strong>de</strong>r<br />
aqui. (Ver as notas expositivas sobre essa palavra, no quarto versículo <strong>de</strong>ste capítulo). O<br />
cálice <strong>de</strong> ouro, que a meretriz exibe, está repleto <strong>de</strong>abominações e imundícias.<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o quinto versículo:<br />
1. Uma comum interpretação protestante diz que a meretriz é a «Roma papal», e que<br />
suas filhas imundas são as <strong>de</strong>nominações protestantes apóstatas. O culto final, ao re<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> anticristo, sem dúvida enganará a muitos cristãos <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nominações; mas os<br />
crentes fiéis se afastarão disso e existirãosubterraneamente; e haverá certa unida<strong>de</strong> nesse<br />
movimento subterrâneo, pois as muralhas <strong>do</strong>gmáticas ruirão por terra, fican<strong>do</strong> <strong>de</strong> pé tãosomente<br />
a verda<strong>de</strong> bíblica. Porém, a meretriz e suas filhas envolvem mais que as<br />
<strong>de</strong>nominações cristãs apóstatas. O movimento incorporará religiões orientais e nãocristãs.<br />
O trecho <strong>de</strong> Ap 18:4 lança o apelo à separação, para que os crentes nada tenham<br />
a ver com o culto ao anticristo, sem importar suas vinculações. Essa é a aplicação<br />
profética. Historicamente, João estava convocan<strong>do</strong> os cristãos autênticos a não se<br />
imiscuírem com o culto ao impera<strong>do</strong>r, algo inteiramente não-cristão.<br />
2. Que horrenda responsabilida<strong>de</strong> é a daqueles que são maus, que treinam outros à<br />
malda<strong>de</strong>, ou que os influenciam à <strong>de</strong>pravação!<br />
17:6 E vi que a mulher estava embriagada com o sangue <strong>do</strong>s santos e com o sangue <strong>do</strong>s mártires<br />
<strong>de</strong> Jesus. Quan<strong>do</strong> a vi, maravilhei-me com <strong>gran<strong>de</strong></strong> admiração.
«...vi...» Em visão mística. (Ver sobre isso em Ap 1:10 em ebd areia branca).<br />
«...mulher...» Roma, a meretriz. (Ver as notas expositivas no primeiro versículo <strong>de</strong>ste<br />
capítulo).<br />
«...embriagada...» Houve <strong>do</strong>is <strong>gran<strong>de</strong></strong>s peca<strong>do</strong>s pratica<strong>do</strong>s pela Roma pagã, nos tempos <strong>do</strong><br />
vi<strong>de</strong>nte João. O primeiro era a sua i<strong>do</strong>latria, sua fornicação espiritual, o tema da<br />
passagem imediatamente anterior. (Ver Ap 17:1-5). Em segun<strong>do</strong> lugar,<br />
Roma martirizava um <strong>gran<strong>de</strong></strong> número <strong>de</strong> cristãos, por se recusarem a prestar culto ao<br />
impera<strong>do</strong>r. Esse <strong>gran<strong>de</strong></strong> peca<strong>do</strong> é aqui frisa<strong>do</strong>; e a linguagem simbólica usada é a <strong>de</strong><br />
umameretriz embriagada com o sangue <strong>do</strong>s mártires, que ela sorvera. E o resulta<strong>do</strong><br />
natural é que a meretrizembriagada haveria <strong>de</strong> querer mais e mais sangue, porquanto<br />
assim agem os embriaga<strong>do</strong>s. João escreveu este livro para consolar e fortalecer aos<br />
mártires em potencial. Escreveu para a igreja cristã. Portanto, somos força<strong>do</strong>s a<br />
interpretar o livro como <strong>de</strong> aplicação histórica primária à igreja primitiva. Porque, quan<strong>do</strong><br />
o interpretamos profeticamente, temos <strong>de</strong> aplicar suas predições a outro povo, que não<br />
os crentes <strong>do</strong>s últimos dias?. É evi<strong>de</strong>nte que a igreja atravessará a tribulação, se é que o<br />
Apocalipse diz a verda<strong>de</strong>.<br />
«...o sangue <strong>do</strong>s santos...» Esses são os cristãos, os «santos» <strong>do</strong> N.T. (Ver também Ap 8:3,4;<br />
11:18; 13:7,10; 14:12; 15:3; 16:6; 17:6; 18:24; 19:8; 20:9). Assim, a «igreja» está bem<br />
presente nas predições<strong>de</strong>ste livro, até mesmo nos capítulos quarto a décimo nono e não<br />
ausente, conforme alguns supõem. (Ver Rm 1:7, no tocante ao termo «santos», que se<br />
aplica aos cristãos). Esse é um termo moral, que salienta a «santificação» <strong>do</strong>s crentes.<br />
Sem a santificação ninguém jamais verá a <strong>Deus</strong> (ver Hb 12:4). A santificação é algo<br />
necessário à salvação (ver II Ts 2:13). A conversão será falsa, se não for acompanhada da<br />
santificação.<br />
«...testemunhas <strong>de</strong> Jesus...» Essas são as «testemunhas mártires» <strong>de</strong>ste livro, que são tão<br />
exaltadas. (Ver as <strong>de</strong>scrições sobre elas, nos capítulos sete e catorze). As «testemunhas»<br />
que João <strong>de</strong>screveu originalmente eram os cristãos que sofriam nos primeiros anos <strong>do</strong><br />
estabelecimento da igreja cristã. Profeticamente, isso aponta para os «cristãos» que<br />
sofrerão sob o anticristo. Cremos que ele já vive à face da terra. Teremos <strong>de</strong> enfrentá-lo e<br />
certamente nossos filhos terão <strong>de</strong> enfrentá-lo. Terão <strong>de</strong> ser crentes melhores <strong>do</strong> que<br />
nós, a fim <strong>de</strong> resistirem à prova.<br />
«...admirei-me com <strong>gran<strong>de</strong></strong> espanto...» Não se <strong>de</strong>ve pensar aqui que João manifestou<br />
«admiração» pelameretriz, por causa <strong>do</strong> esplen<strong>do</strong>r <strong>de</strong>la, apesar <strong>de</strong> suas inclinações<br />
naturais. Tal <strong>de</strong>claração significa apenas que ele foi muito surpreendi<strong>do</strong>, e que sua mente<br />
ficou atônita ante o espetáculo, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r o que ela significaria. O versículo<br />
seguinte mostra que ele precisou receber explicações sobre ameretriz.<br />
Outras i<strong>de</strong>ias sobre o sexto versículo:<br />
1. Talvez esteja particularmente em foco a perseguição nerônica, <strong>de</strong>scrita tão<br />
vividamente por Tácito(Anais xv.44). Profeticamente, a maior perseguição religiosa <strong>de</strong><br />
to<strong>do</strong>s os tempos, promovida pelo anticristo está em foco.<br />
2. O conceito <strong>de</strong> uma nação embriagada <strong>de</strong> sangue é bastante comum na literatura<br />
antiga. (Ver Josefo, Guerras <strong>do</strong>s Ju<strong>de</strong>us v.8.2, acerca <strong>do</strong>s enfatua<strong>do</strong>s compatriotas seus,<br />
cerca<strong>do</strong>s pelos romanos; ver Eurípe<strong>de</strong>s, preserva<strong>do</strong> em Filo, leb. Alleg. iii.71;
em Cic. Phil. ii.29; em Suetônio, Tib. 59; em Plínio,História Natural xiv. 22,28; ver também<br />
Jr 46:10).<br />
3. A meretriz e suas filhas são a antítese mesma da moralida<strong>de</strong>. Mas na igreja <strong>de</strong> hoje,<br />
a atmosfera cultural da <strong>Babilônia</strong> é <strong>de</strong>stacada. As melodias <strong>do</strong>s clubes noturnos<br />
transformam-se em «hinos evangélicos». São usadas expressões mundanas, e a fé cristã se<br />
<strong>de</strong>grada em face <strong>de</strong>ssa irreverência e pouco caso.<br />
4. Essas palavras po<strong>de</strong>m ser confrontadas com Ap 12:5,6, on<strong>de</strong> aparece a mulher no<br />
<strong>de</strong>serto, que <strong>de</strong>u à luz a um «menino» como já vimos em ebdareiabranca. Alguns<br />
intérpretes veem nisso um quadro paralelo. Supõem que a «igreja» é a mulher tanto <strong>do</strong><br />
décimo segun<strong>do</strong> capitulo como <strong>de</strong>ste capitulo; assim, a igreja fiel dali é vista como a igreja<br />
apóstata daqui. Porém, visto que o vi<strong>de</strong>nte João escreveu sobre o «culto ao impera<strong>do</strong>r»<br />
(Roma e sua i<strong>do</strong>latria), ao <strong>de</strong>screvê-la como a meretriz, não estava falan<strong>do</strong> da igreja em<br />
nenhum senti<strong>do</strong>. Essas passagens só po<strong>de</strong>m ser paralelas verbalmente, mesmo que<br />
pensássemos que a mulher <strong>do</strong> décimo segun<strong>do</strong> capítulo é a igreja. Na realida<strong>de</strong>, aquela<br />
mulher é a nação <strong>de</strong> Israel, o seu «menino» é Cristo; e a igreja nem está em foco naquela<br />
cena. Por igual mo<strong>do</strong>, a igreja não está em foco aqui, e, sim, o culto ao anticristo, embora<br />
isso venha a incorporar supostos elementos cristãos.<br />
5. «Os agioi (santos)... mártires cristãos. Esses não se contaminarão como os <strong>de</strong>mais<br />
homens; mas sua pureza será conquistada ao preço da vida <strong>de</strong>les» (Moffatt, in loc.).<br />
6. Os visitantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma, ao falarem com certo papa, eram por ele<br />
instruí<strong>do</strong>s que se queriam relíquias <strong>de</strong> Roma, bastava tomar um pouco da areia <strong>do</strong><br />
Coliseu, porquanto tal areia estariaempapada <strong>do</strong> sangue <strong>do</strong>s mártires.<br />
7. Um po<strong>de</strong>r cruel intoxicará aqueles que o brandirem. Há quem sinta um prazer<br />
sádico no sofrimento alheio. A perseguição da igreja cristã é ao mesmo tempo longa e<br />
terrível. Basta-nos ler o Livro <strong>do</strong>s Mártires, <strong>de</strong> Fox. Sabe-se <strong>de</strong> um prega<strong>do</strong>r que,<br />
consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a história <strong>do</strong>s mártires, disse: «A igreja cristã tem pago, não com dinheiro,<br />
mas com sangue».<br />
Bibliografia R. N. Champlin<br />
http://www.ebdareiabranca.com/2012/2trimestre/licao10.htm