15.04.2013 Views

Aprender e ensinar Ciências: do laboratório à sala de aula e vice ...

Aprender e ensinar Ciências: do laboratório à sala de aula e vice ...

Aprender e ensinar Ciências: do laboratório à sala de aula e vice ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

24<br />

Xvi e Xvii com a Revolução industrial que sobreveio séculos mais tar<strong>de</strong>. tu<strong>do</strong><br />

isto, é claro, não passou <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong> para as classes <strong>do</strong>minantes, que compreen<strong>de</strong>ram<br />

muito ce<strong>do</strong> que “o conhecimento (científico) é po<strong>de</strong>r”, e se <strong>de</strong>dicaram<br />

a fomentar as ciências e suas aplicações com visões que excediam, em muito,<br />

a mera diversão <strong>de</strong> um bom experimento para a hora da sobremesa. Assim, a<br />

motivação científica passou <strong>de</strong> simples e nunca bem pon<strong>de</strong>rada curiosida<strong>de</strong> para<br />

motor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e, eventualmente, das riquezas pessoais e nacionais.<br />

efetivamente, até o advento da Revolução industrial, a ciência e a técnica<br />

partiam por estradas separadas. Sem ir mais longe, o termo técnica tem sua<br />

raiz grega em uma palavra que se refere a “relativo a uma arte”. o técnico é,<br />

assim, quem possui uma habilida<strong>de</strong> particular, um ofício que passou <strong>de</strong> geração<br />

a geração. no final <strong>do</strong> século Xviii foi publicada a História das Invenções,<br />

<strong>de</strong> Johann Beckmann, que colocou o nome <strong>de</strong> tecnologia ao conjunto <strong>de</strong> saberes<br />

<strong>do</strong>s cientistas que contribuíam para a nascente Revolução industrial. 3<br />

Po<strong>de</strong>ríamos<br />

dizer que hoje o limite entre ciência e tecnologia é difuso – um fato que costuma<br />

escapar a nossos alunos na <strong>aula</strong> <strong>de</strong> ciências, e até em muitos casos, existe uma<br />

disciplina tecnológica completamente separada da <strong>aula</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong>.<br />

neste caminho, o conceito <strong>de</strong> disciplina científica, que escolarmente se apresenta<br />

em forma segmentada, também merece ser revisa<strong>do</strong> em termos históricos. estas disciplinas,<br />

nas classificações com que são conhecidas atualmente, são, na realida<strong>de</strong>,<br />

recentes, com pouco mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is séculos <strong>de</strong> história, e não necessariamente correspon<strong>de</strong>m<br />

a um recorte <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com diversas visões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, mas, sim, a épocas<br />

e interesses que promoveram as divisões <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com critérios não especialmente<br />

naturais. 4<br />

Em outras palavras, a <strong>de</strong>limitação disciplina<strong>do</strong>ra da ciência é, em muitos<br />

casos, um fato cultural – mesmo assim, a apresentamos a nossos alunos como profunda<br />

e díspar, como se ver o mun<strong>do</strong> com olhos <strong>de</strong> físico seja radicalmente diferente<br />

<strong>de</strong> fazê-lo com os <strong>de</strong> um biólogo.<br />

nesta história, <strong>de</strong>sempenham um papel fundamental as socieda<strong>de</strong>s científicas,<br />

que foram marcan<strong>do</strong> seu próprio terreno a partir <strong>do</strong> século Xviii, crian<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, revistas <strong>de</strong> saberes específicos que excluíam os vizinhos da frente.<br />

<strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, as universida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas inventam a figura <strong>do</strong> cientista profissional,<br />

aquele que estuda ciências e recebe um título que lhe habilita a falar<br />

em seu nome – toda uma novida<strong>de</strong>.<br />

3 FeRRARo, R.A. Para qué sirve la tecnología / un <strong>de</strong>safío para crecer, Capital Intelectual - Claves para to<strong>do</strong>s. Buenos Aires, 2005.<br />

4 KReimeR, P. De probetas, computa<strong>do</strong>ras y ratones. La construcción <strong>de</strong> una mirada sociológica sobre la Ciencia. Buenos Aires: Editorial <strong>de</strong><br />

la universidad nacional <strong>de</strong> quilmes, 1999. SAlomon, J.J. Una búsqueda incierta. ciencia, tecnología, <strong>de</strong>sarrollo. méxico: Fon<strong>do</strong> <strong>de</strong> cultura<br />

económica, 1997. lAtouR, B. La vida <strong>de</strong> laboratorio. La construcción social <strong>de</strong> los hechos científicos. madrid: Alianza, 1996.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!