Projeto Arara-azul - Viva Marajó
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Hoje, a equipe conseguiu acertar o material e a arquitetura dos ninhos artificiais<br />
para que eles fossem aceitos pelas araras-azuis. São cerca de 362 ninhos<br />
naturais e 198 artificiais em uma área de 450 mil hectares no Pantanal sul-matogrossense,<br />
em 47 fazendas. Com um total de mais de 3 000 indivíduos monitorados,<br />
o projeto ainda conta com a colaboração de pesquisadores de outras instituições.<br />
Um exemplo é o trabalho desenvolvido pelas cientistas Cristina Y. Miyaki<br />
e Patrícia Faria, da Universidade de São Paulo, que identificaram um padrão genético<br />
característico das araras-azuis do Pantanal. Com isso, as aves poderão ser<br />
identificadas quando forem apreendidas pela fiscalização, auxiliando no mapeamento<br />
da rota do tráfico e permitindo a reintrodução da espécie no seu respectivo<br />
local de origem.<br />
O trabalho com os fazendeiros e peões foi feito através do desenvolvimento<br />
do orgulho e do privilégio de terem animais tão belos livres à sua volta. Esse<br />
apoio foi fundamental para o sucesso do projeto, pois além de não permitirem a<br />
caça em suas terras, eles preservam o manduvi e as palmeiras, espécies-chave<br />
para a arara-<strong>azul</strong>. Ver um bando de araras-azuis sobrevoando as fazendas é uma<br />
das recompensas que eles têm diariamente por ajudar a proteger esses animais.<br />
Depois de 16 anos de muito trabalho, a equipe do <strong>Projeto</strong> <strong>Arara</strong>-<strong>azul</strong> sentese<br />
orgulhosa, pois a população de araras triplicou. Hoje, são monitorados mais de<br />
3 000 adultos e estima-se que exista um total de 5 000 aves em vida livre no Pantanal.<br />
O tráfico de arara-<strong>azul</strong> diminuiu bastante, graças ao apoio da população local,<br />
que se conscientizou de que é muito melhor ver uma arara voando livre do que<br />
confinada a uma gaiola. Com isso, o foco principal, que era a conscientização para<br />
deixar o animal livre, hoje é para a preservação do seu ambiente natural. Com isso,<br />
o projeto consegue beneficiar não só a arara, mas também todos os outros seres<br />
vivos que compartilham com ela o Pantanal.<br />
Um resultado importantíssimo desse projeto foi o desenvolvimento de técnicas<br />
de monitoramento e proteção da ave, que atualmente servem de base para<br />
outros estudos de psitacídeos no Brasil e no exterior.<br />
<strong>Arara</strong>-<strong>azul</strong> ganha comitê exclusivo<br />
A partir de 2003, o Ibama separou a arara-<strong>azul</strong>-grande (Anodorhynchus<br />
hyacintinus) em um comitê exclusivo; essa espécie fazia parte de um comitê<br />
junto com a arara-<strong>azul</strong>-de-lear (Anodorhynchus leari). A separação ocorreu<br />
porque as duas espécies requerem manejos diferenciados, e com comitês exclusivos<br />
poderão receber mais atenção de instituições envolvidas no manejo e<br />
conservação de cada espécie.<br />
O comitê da arara-<strong>azul</strong>-grande é composto pelo Ibama, pela Sociedade de<br />
Zoológicos do Brasil (SZB) e a Sociedade Brasileira de Ornitologia (SOB), além<br />
dos especialistas Neiva Guedes (<strong>Projeto</strong> <strong>Arara</strong>-<strong>azul</strong>), Yara de Melo Barros (Ibama),<br />
Ricardo Bonfim Machado (Conservação Internacional) e Pedro Scherer Neto<br />
(Museu Capão da Imbuia-PR).<br />
O comitê tem caráter consultivo e atuará no estabelecimento de estratégias<br />
para estudo, manejo e conservação da arara-<strong>azul</strong>-grande. O objetivo é restabelecer<br />
populações geneticamente viáveis da espécie, evitando que seja extinta, como já<br />
<strong>Projeto</strong> <strong>Arara</strong>-<strong>azul</strong><br />
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