Projeto Arara-azul - Viva Marajó
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Casos de Sucesso na Educação Ambiental<br />
aconteceu com a ararinha-<strong>azul</strong> (Cyanopsitta spiixi) e com a arara-cinza-<strong>azul</strong>ada<br />
(Anodorhynchus glaucus).<br />
Apesar da arara-<strong>azul</strong>-grande também ser encontrada nos estados de Tocantins,<br />
Pará, Maranhão e na região norte da Bahia, pouco se sabe sobre as populações<br />
dessas regiões; as pesquisas ainda estão no início, colocando-as como prioridade<br />
de conservação nas discussões do comitê.<br />
Além disso, o levantamento do número de aves que estão em poder dos<br />
criadouros científicos e conservacionistas é outro objetivo do comitê, pois podem<br />
ser manejadas e fazer parte das pesquisas sobre comportamento e genética da<br />
espécie.<br />
Atualmente, o <strong>Projeto</strong> <strong>Arara</strong>-<strong>azul</strong> é um exemplo bem sucedido de pesquisa<br />
associada à conscientização e mobilização para a conservação e transformou a<br />
arara <strong>azul</strong> em um símbolo do Pantanal. Ela tem inspirado artistas, biólogos, turistas<br />
e amantes da natureza em geral, e mais do que isso, tem garantido que a<br />
espécie continuará a existir em detrimento do que vem sendo feito com a mesma<br />
em outras regiões do Brasil.<br />
Histórico do tráfico<br />
(RENCTAS, 2006)<br />
A fauna silvestre sempre foi um importante elemento cultural das diversas tribos indígenas<br />
brasileiras. As mais variadas espécies eram utilizadas para a alimentação, que incluía quase<br />
todos os mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos, como também seus ovos. De suas partes<br />
(dentes, ossos, garras, peles e outras) se fabricavam instrumentos e ferramentas, utilizadas para<br />
diversos fins. Os animais, principalmente as aves, eram essenciais para a ornamentação indígena,<br />
que usava penas coloridas de qualquer espécie para enfeitar as flechas, cocares, braçadeiras,<br />
colares, brincos e diversos outros itens. Muitas aves, como as araras e a harpia, eram capturadas<br />
e mantidas nas aldeias como fornecedoras de penas para ornamentação. Esses adornos eram<br />
utilizados pelos índios em seus rituais, festas e comemorações, e os que usavam as peças mais<br />
bonitas eram mais prestigiados pela tribo (CARVALHO, 1951; JÚNIOR, 1980; RAI, 1978a, b;<br />
MACHADO, 1992a; SICK, 1997b).<br />
As populações indígenas também incorporavam elementos faunísticos em seus mitos, lendas<br />
e superstições (muitos ainda presentes no folclore brasileiro atual), como também em suas<br />
canções, danças e obras de arte (Júnior, 1980; Andrade, 1993). Os índios também amansavam<br />
espécimes da fauna silvestre, sem nenhuma função útil, mas unicamente para diversão doméstica,<br />
alegria e curiosidade para os olhos. Esses animais eram mantidos nas aldeias como xerimbabos,<br />
que significa “coisa muito querida”, nome dado aos animais silvestres mantidos como de estimação,<br />
pelos índios brasileiros (CARVALHO, 1951; CASCUDO, 1973; SPIX e MARTIUS, 1981).<br />
Grande número de xerimbabos, das mais diferentes espécies, era encontrado nas aldeias indígenas,<br />
como araras, papagaios, periquitos, mutuns, bem-te-vi, diversos primatas, quatis, veados,<br />
jibóias e muitos outros. Os índios eram bastante apegados a esses animais, mas não se empenhavam<br />
em reproduzi-los. Domesticavam os espécimes e não as espécies. Os animais eram mantidos<br />
por motivos afetivos e circulavam livremente nas aldeias. Por terem perfeito conhecimento do