Revista nº 39 - MULTIRIO
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Ode ao ‘maestro soberano’<br />
Centro construído no Jardim Botânico mantém vivo o legado de Tom Jobim no Rio de Janeiro<br />
Poucas personalidades se confundem tanto com<br />
o espírito de uma cidade quanto o maestro e<br />
compositor Tom Jobim. Doze anos depois de<br />
sua morte, os cariocas poderão enfim revisitar<br />
momentos de sua vida e obra exatamente no lugar<br />
que, nas palavras do filho mais velho, ele mais<br />
amou no mundo: o Jardim Botânico.<br />
O memorial foi construído em um pavilhão reformado.<br />
É um lugar em que pesquisadores e fãs<br />
do artista poderão ter acesso a partituras, desenhos,<br />
cartas, músicas, videoclipes e entrevistas.<br />
O espaço é decorado com fotografias de Tom,<br />
uma referência viva até mesmo para os grandes<br />
nomes da MPB, como o também compositor<br />
Chico Buarque, cuja admiração e devoção a ele<br />
está expressa na canção Paratodos: “Meu maestro<br />
soberano foi Antonio Brasileiro”.<br />
Bem ao lado da sala onde os vídeos são exibidos,<br />
desponta uma gigantesca e nostálgica fotografia<br />
de Tom sentado com seu famoso chapéu<br />
em algum canto do Jardim Botânico. Suas canções,<br />
aliás, remetem a um Rio exatamente nesse<br />
tom. Quem ao sobrevoar a cidade não se<br />
emociona quando minutos antes do pouso ouve<br />
tocar o Samba do avião?<br />
É esse viés de identificação com a cidade que<br />
o Centro quer resgatar. O lugar, além de uma<br />
ode ao legado de Tom, é um elogio à cidade<br />
A música, a felicidade, os bichos...<br />
“A criação resolve em parte a angústia. Eu acho<br />
que quando você faz uma música você dissolve<br />
uma depressão. O piano funcionava como<br />
espelho na correção de meus defeitos.<br />
Procurava uma harmonia, uma coisa boa. Eu<br />
não ia fazer uma música para incentivar o<br />
suicídio, para arregimentar o ódio, nem para<br />
conduzir à droga. Nós temos uma<br />
responsabilidade. Não posso fazer uma música<br />
que leve alguém à desgraça. A música tem que<br />
Quem for ao Centro terá acesso a um acervo com partituras, músicas e entrevistas<br />
levar ao reflorestamento, ao amor aos bichos e<br />
à família. Aquele negócio que o Caetano Veloso<br />
disse sobre a Bossa Nova: ‘O Brasil tem que<br />
merecer a Bossa Nova’. A gente tem que<br />
merecer a Bossa Nova: ter uma mulher bonita, ir<br />
à praia, talvez um dia ter um barco, navegar<br />
num barquinho azul. O conselho da Bossa Nova<br />
é de levar a pessoa à vida. Apesar de que todos<br />
nós éramos esquerdistas. Todos nós fomos<br />
presos pela ditadura militar”.<br />
carioca<br />
<strong>nº</strong> <strong>39</strong>/2006 13